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Tuesday, December 28, 2010

Fim de ano chegando, época de retrospectivas mais longas e mais abrangentes - mas não farei nada muito sofisticado. Pensei em fazer um post analisando o governo Lula, mas confesso que deu preguiça, então farei algo bem simples e breve. Destaco como pontos positivos a forma como a crise econômica foi contornada apenas manejando a abusiva carga tributária brasileira. Além disso, o governo atual ajudou a levar renda aos esquecidos.

No entanto, a lista de pontos negativos é avassaladora: a escolha de relacionamentos com países como Irã e Venezuela, a conivência com nomes fortes do partido envolvidos em escândalos de corrupção e a incapacidade de fazer algo pelo ensino básico foram eclipsados pelo marketing, esse sim executado com maestria desde as eleições de 2002. Obras do PAC são abandonadas e semi-analfabetos chegam a universidades precárias, mas esses são detalhes que não precisam manchar "grandes feitos" do governo de Luís Inácio.

Enfim, seguindo em frente com o último post do ano, um balanço do que foi 2010 para este que vos rabisca: passei a morar sozinho e amadureci muito com a experiência. Ter que correr atrás de gente para trabalhar no apartamento, cuidar das contas e garantir meu sustento ajudaram a aumentar meu senso de responsabilidade. Claro, eu sou todo comedido e nunca fui de sair jogando dinheiro pela janela, mas eliminei alguns gastos supérfluos.
"QUANTO gasto em jogos de PS2?? Mas é pirata mesmo??"
Se tive que fazer essa mudança, a vida profissional não mudou muito: voltei à IBM para minha terceira encarnação em junho e apesar de todos os tropeços, finalmente as ferramentas estão começando a funcionar por aqui. Tenho me enturmado com o pessoal também, apesar de minha dificuldade natural para lidar com grupos maiores.

No âmbito de relacionamentos, minha vida de perdição, luxúria, ninfetas e vinho Chapinha felizmente foi interrompida pela Lucila, minha amada namorada e vizinha de porta. Ela ter o mesmo nome de minha irmã foi um excelente primeiro passo (quem aí conhece alguma Lucila? E duas??), mas a cada encontro no corredor/elevador notei mais e mais que ela é uma mulher inteligente, de personalidade forte, independente, afetuosa e de bondade ímpar. Começamos a sair em abril, o namoro oficial nasceu em 16 de maio e continuamos firmes e fortes vencendo os obstáculos com golpes violentíssimos.

De resto, não sei se há algo muito relevante. Mudei de academia, comprei uma bicicleta mas não pedalo tanto quanto deveria, consegui que arrumassem a infiltração do banheiro... comentei alguns eventos esportivos do ano mas, como o blog não tem esse como seu principal assunto, deixei vários outros passarem em branco (por falta de interesse, paciência ou tempo para comentar o falido centenário corinthiano, o vexame do Inter contra o Mazembe ou a polêmica entregada da seleção brasileira de vôlei). Deve ter mais que está de fora, mas retrospectiva é assim mesmo.

Ficam aqui meus votos para que os leitores tenham um ótimo 2011 e que o ano não sirva apenas como aquecimento para o apocalíptico ano de 2012. Deixo também meus parabéns ao sempre esquecido Guilherme Pilotti, que faz aniversário exatamente no primeiro dia do ano.

Sunday, December 19, 2010

Solo

De vez em quando ouço um trompetista tocando algumas músicas em algum lugar nas redondezas. Não sei se ele toca de seu quarto, se da rua, nem de onde vem o som. Os muitos prédios permitem que o som se propague, mas não que eu veja o músico. De qualquer forma, já não consigo achar as melodias - e, principalmente, as "apresentações" - tão interessantes quanto no começo da minha moradia aqui. Hoje me pergunto se aquela pessoa toca para espalhar alegria, se faz isso apenas para se agradar ou se é para que alguém no mundo ainda lembre que ela ainda está viva.

Saturday, December 18, 2010

A César o que é de César

Por algum tempo reclamei sobre uma nova ferramenta de trabalho que teria que utilizar, uma automação implantada em setembro que deveria ajudar na execução de meu trabalho mas que, na prática, apenas tornava tudo mais lento, burocrático e estressante. Primeiro resmunguei acintosamente, depois xinguei muito no Twitter, só então fiz comentários sobre o funcionamento da ferramenta - que, em momentos críticos, nem era utilizada pois eu dava preferência a fazer tudo manualmente.

Mesmo com uma ou outra alteração, as melhorias eram insignificantes, até o meio desta semana. A reviravolta foi a revelação de um detalhe omitido/"esquecido" até agora: muitas das planilhas processadas recebiam erros pois as datas contidas nelas estava em formatos inválidos. Em vez de quatro caracteres para o ano, apenas dois deveriam ser usados, ou seja, "10" no lugar de "2010". Esse detalhe, essa minúscula novidade transformou um elefante branco num dínamo da instalação, num fenômeno da agilidade, no filho do vento digital.... sim, exagerei, mas agora falo sério: assim como reclamei no começo, agora comemoro esse advento que deve salvar meu fim de ano.

Questionário de Proust

Motivado um pouco pela insônia, um pouco pelo tédio, um tanto pelo vinho barato que bebi agora a pouco e muito pela postagem do colorado Guilherme Pilotti, resolvi responder o Questionário de Proust. Tentarei ser breve e objetivo pois o questionário é longo. Além disso, prometo não voltar atrás após responder uma pergunta. Toco y me voy!
 
1. Qual é sua maior qualidade?
Paciência, mas isso pode se tornar um defeito.

2. E seu maior defeito?
Minha passividade.

3. A coisa mais importante em um homem?
Manter seus valores através de provações.

4. E em uma mulher?
Mesmo se caminhar em direção à independência, que mantenha sua ternura.

5. O que você mais aprecia nos seus amigos?
Lealdade, apesar de que acabo sempre me aproximando dos "marginalizados", então a solidariedade dentro do grupo se torna quase obrigatória.

6. Sua atividade favorita é...
Escrever a esmo.

7. Qual é sua idéia de felicidade?
Aceitação.

8. E o que seria a maior das tragédias?
Pessoalmente, eu me conformar.

9. Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
O Charlie Brown - pelo menos ele sintetiza algumas coisas que não consigo definir.

10.E onde gostaria de viver?
No passado.

11.Qual sua cor favorita?
Azul.

12.Sua flor?
 Begônia, sempre achei esse nome engraçado.

13.Um pássaro?
A andorinha.

14.Seus autores preferidos?
Aldous Huxley, Cervantes, Millôr Fernandes, o cartunista André Dahmer, Joe Sacco.

15.E os poetas de que mais gosta?
Leio pouca poesia, mas John Milton e Vinícius de Moraes.

16.Quem são seus heróis de ficção?
A ficção que mais admiro hoje é a da minha realidade: Peter Gibbons.

17.E as heroínas?
Minha mãe, minha irmã, minha namorada.De famosas não lembro nenhuma de bate-pronto.

18.Seu compositor favorito é...
Roger Waters.

19.E os artistas que você mais curte?
Acho que a maioria já parou ou morreu, exceto meu pai (que está para aposentar).

20.Quem são suas heroínas na vida real?
Puts, respondi ali em cima.

21.E quem são seus heróis?
Meu pai e uns vagabundos profissionais da FAECV. Vejo esses caras que se viram sei lá como e penso "será que preciso ser tão cuidadoso assim com minha grana?".

22.Qual é sua palavra favorita?

"Genial". Tanto que banalizei a palavra.

23.O que você mais detesta?
Nossa incapacidade de tomar as rédeas de nossas vidas.

24.Quais são os personagens históricos que você mais despreza?
Josef Stalin e Getúlio Vargas.

25.Quais os dons da Natureza que você gostaria de possuir?
Nenhum, passei dessa fase.

26.Como você gostaria de morrer?
De maneira indolor, seja dormindo ou atropelado por um trem.

27.Agora, já, como você está se sentindo?
Estou ouvindo Supertramp (Dreamer) e isso está me deixando de bom humor, mas acho que bebi um pouco além da conta, então já prevejo que falarei com o Hugo daqui poucas horas.

28.Que defeito é mais fácil perdoar?
A ignorância, mas isso também não é defeito (prefiro acreditar que funciona assim).

29.Qual é o lema da sua vida?
Não tenho uma frase inspiradora nem alguma citação de algum ilustre para colocar aqui... tento viver de uma forma que valorizo mais o ser do que o ter/parecer, acredito também que o respeito ao próximo é o valor mais importante que precisamos seguir - e, claro, é o mais negligenciado. Sim, sou idealista (queria entrar na Polícia Civil para tentar servir à sociedade hahaha), mas acho que isso também é fase.

Bom, agora que respondi minhas perguntas, publico o texto e vou ler as respostas do Guilherme - citado no começo do post.

Sunday, December 12, 2010

O futuro chegou

Geralmente o período de fim de temporada é recheado de especulações no futebol: reforços e "reforços" chegam aos clubes, contratos de patrocínio são anunciados, dirigentes aproveitam promessas eternas para abafar crises e por aí vai. No entanto, duas notícias mais alarmantes pipocaram nos corredores do estádio Moisés Lucarelli após a Série B de 2010: a possibilidade de venda do terreno do Majestoso, tradicional palco construído pela própria torcida há décadas e a possibilidade de Eduardo Uram, empresário, se tornar um nome forte na construção do elenco.

Primeiro a "cancha": a construção duma arena já não é novidade e é discutida desde que se começou a falar em Copa do Mundo no Brasil. No entanto, a torcida foi surpreendida pois a construção, usada algumas vezes para desviar o foco dos fracassos do clube nas temporadas passadas, tornou-se iminente com anúncio do acordo - tratado silenciosamente e só tornado público em pleno andamento.

A construtora Gafisa, principal interessada na compra, teria que esperar até o novo local de jogos ser erguido para ter a posse do terreno. Aí, é claro, entra a parte assustadora: o risco de demolição para que condomínios residenciais tomem o lugar do lar da Ponte Preta, local batizado em homenagem a um ex-presidente (este, tão humilde que precisou ser "traído" enquanto viajava pelo exterior pois não aceitava a honraria).

Highbury, antigo estádio do Arsenal, em seus últimos suspiros
Dentro das quatro linhas, o boato que surgiu foi o contato com Eduardo Uram, empresário de jogadores que já serviu ao Flamengo e atualmente é o principal "fornecedor" do Figueirense - clube que alcançou neste ano o acesso à Série A. Detentor de bons nomes - AQUI - e a credencial de ajudar um clube de médio porte a chegar à elite do futebol tornam a possibilidade de acordo algo tentador, porém não consigo evitar ressalvas e pensar na hora em que o pacto não for mais interessante para Uram. Todo o seu grupo de "uranianos" poderia sair numa debandada, deixando a Macaca esfacelada e com um elenco em frangalhos.

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A Ponte Preta, clube centenário, mostra que já não é mais um bastião de resistência do tradicionalismo no futebol paulista. A impressão é que o clube parou em frente a uma bifurcação: pode escolher o rumo da resistência e do apego a seus valores, seu estádio e sua integridade. No entanto, faltam dirigentes competentes para manter um nível competitivo desta forma. Considerando como o clube cai de rendimento ano após ano, é mais fácil Carnielli transformar a Nega Veia num XV de Piracicaba do que botar ordem na casa.

Resta então a opção da modernização, da adequação aos rumos que o futebol mundial tomou. No entanto, mãos inaptas que poderiam fazer muito mais pela Ponte Preta correm sério risco de transformar o clube num Barueri ou num São Caetano da vida, com dois ou três anos de sucesso servindo de prenúncio a vários anos de catástrofe. Pior: o desespero da torcida é tão grande que os dois eventos que citei acima são acatados e até aguardados com uma certa ansiedade por parte dos torcedores (muitos relutam quanto ao estádio, mas a entrada de empresários e seus jogadores é de aceitação quase unânime).

A falta dum título de expressão, a formação de elencos apáticos e os últimos anos passados na Série B desanimaram o torcedor. A média de público, antes respeitável, caiu a níveis ridículos e a torcida se limitou a ter "os três mil de sempre". Essa má fase, criada após anos de incompetência e erros, pode transformar um antigo celeiro de revelações em um mero balcão de venda de jogadores. 

Claro que essas mudanças podem trazer bons frutos, principalmente a formação dum time de aluguel, mas agora é necessário um ato desesperado para compensar os erros cometidos outrora. Torço apenas para que quem apoia tudo isto - imprensa, dirigentes e torcedores - tenham decência de assumirem sua postura daqui uns anos, caso um elenco mirrado tenha que lutar para fugir do rebaixamento enquanto bugrinos vivem sobre as ruínas do Moisés Lucarelli.

Saturday, December 11, 2010

Weekend Update

Semana corrida, consegui um dia de folga na quarta-feira e passei o feriado campineiro em Sampa, um pouco de tudo:

- Domingo com o Fluminense campeão brasileiro novamente após mais de vinte anos sem tocar essa taça. Parabéns ao clube, à Unimed, que colhe o fruto de tantos anos de investimento e principalmente ao Muricy, treinador que continua "o cara dos pontos corridos". Apesar de não ser genial, sabe contratar bem e produz times eficientes, mesmo que raramente agradáveis de se assistir. Falta-lhe algo nos campeonatos de mata-mata, mas não sei bem dizer se seus elencos ficam com muita cara de pontos corridos - jogadores versáteis e "operários" que não conseguem desequilibrar uma decisão - ou se falta aquela preleção carregada de emoção para incendiar o time no vestiário. De qualquer forma, admiro o estilo turrão do treinador e acredito que ele vai se firmar como um dos grandes comandantes do futebol brasileiro.

- O caso WikiLeaks ainda repercute e deve continuar nas manchetes por algum tempo tanto pelo teor das informações vazadas quanto pelo ineditismo do episódio. O acesso às informações confidenciais de embaixadas, o alcance que elas atingiram, a repercussão imediata na imprensa ao redor do globo e a onda de solidariedade a Assange - com ataques virtuais ao banco que congelou as contas bancárias do idealizador do WL - mostram como a Internet tornou-se uma arma perigosíssima.

Além disso, o "mundo livre ocidental" teve sua fachada demolida nessa semana com a prisão de Julian Assange e a coincidente entrega do Prêmio Nobel da Paz ao também enclausurado Liu Xiaobo, chinês que pede reformas políticas, direitos à população e eleições multipartidárias em seu país. Liberdade é muito boa, desde que dentro das regras do jogo.

Julian Assange
- Viagem a São Paulo: saída, passagem por uma loja da Adidas e uma de enfeites do Sul da Ásia (Bali Thai), almoço no Mercado Municipal e não encarei o tradicional sanduíche de mortadela. Na boa, não tenho mais gula e nem desprezo meu fígado o suficiente para comer um lanche assim. O pastel, não tão saudável e do tamanho da minha fome, foi o almoço do dia. Seguimos com um giro pelas barracas, uma delas muito interessante: o dono serve saladas de frutas, morangos com leite condensado, pacotes de melancia cortada e fatias de abacaxi (mais ou menos do tamanho dum pastel de feira). Excelente ideia, só encontrada por aqui nos arredores da Lagoa do Taquaral, um ponto de prática de esportes.

Após o Mercado, visita com a namorada e a cunhada ao sogro em seu apartamento. De lá fomos a um restaurante japonês cujo nome me fugiu e pegamos o ônibus das 22:30 para voltar a Campinas, com chegada já na quinta-feira. Tive tempo de ver apenas a prorrogação e os pênaltis da decisão da Copa Sul-Americana em que o "raçudo" Goiás tentou, mas não conseguiu passar por cima do gigante adormecido Independiente. Por enquanto fico devendo fotos, já que minha namorada (que está fora da cidade no fim de semana) foi a fotógrafa do passeio.

Saturday, December 4, 2010

Papai Noel, velho batuta

Dezembro já chegou, trazendo consigo mais um fechamento de quartil, calor infernal, comércio efervescente e as festas de fim de ano. Devido à incompatibilidade de agendas, não poderei acompanhar minha namorada em suas viagens (ela tem recesso e, em janeiro, tira um mês de férias). Além disso, não sei o que me aguarda nos últimos dias de 2010 e a possibilidade de trabalhar durante a chegada de 2011 - mesmo que de casa - é grande. Não é o que as pessoas desejam para si, mas terei que dizer um conformista "pelo menos foi melhor do que o reveillon passado, já que agora estou empregado".

Para não dizer que só resmungo, vou falar das coisas boas: está chegando o Festivus Natal e a maratona de compras que o acompanha. Comprei um presente para minha irmã, uma "lembrancinha" para minha namorada (que faz aniversário no dia 26), comecei a ver algo para meu pai e não reencontrei o DVD que planejava dar para minha sogra - o religioso Irmão Sol, Irmã Lua. Felizmente hoje existe a Internet e devo me adiantar para não depender da 13 de Maio lotada de novo.

Dá para piorar muito
De resto, poucas novidades. Venho trabalhando bastante e por isso o blog anda um pouco negligenciado - deve continuar assim até o começo de janeiro. O futebol de Campinas continua patético, mas o fundo do poço parece nunca chegar: a Ponte Preta anunciou a possível venda do terreno do Estádio Moisés Lucarelli, do outro lado da Av. Ayrton Senna o Guarani já caiu e disputará dois campeonatos de segunda divisão em seu centenário. Enfim, a única constante no futel da cidade é a decadência.

P.s.: esqueci de comentar que quarta-feira é feriado em Campinas graças à santa padroeira da cidade e ao aniversário que, apesar de ser oficialmente em 14 de julho, é comemorado nessa data - deve ser por causa do feriado da Revolução de 32. Como sigo o calendário de feriados americanos no trabalho e ele é bem mais "magro" que nossas inúmeras celebrações, acabo recebendo uns dias de folga no ano para compensar a diferença no número de feriados - e vou conseguir usar um dos meus dias bem no feriado campineiro.
O plano inicial era dar um pulo no Museu do Futebol do Pacaembu, mas como meu sogro deve passar por uma breve intervenção cirúrgica para tratar o coração, ainda iremos à "capitar", mas ainda vamos traçar direito os planos da viagem. De qualquer forma, pelo menos o sanduíche de mortadela do mercado municipal já está garantido.

Friday, November 26, 2010

Som de Sexta XX - Rio de Janeiro

Não vou lamentar aqui as cenas que todos têm visto nos últimos dias, isso seria redundante e eu não tenho nada de novo a acrescentar. Acho apenas que há muito que ser debatido, em âmbito estadual e também nacional, desde a forma como se trata o tráfico de drogas (e talvez a legalização), os usuários, a forma de ação policial e como evitar que o tráfico cresça/se renove.

Especialistas em segurança pública e militares também deveriam dar espaço a outras opiniões sobre esse problema: psicólogos, educadores, sociólogos, profissionais da saúde pública (que deveriam discutir a questão das drogas, assim como a do aborto)... enfim, não é possível que se continue eternamente nesse jogo de "siga o mestre" com a polícia um passo atrás do crime organizado.

Sim, eu sei que há muitos peixes grandes envolvidos, que há muitos interesses por trás do tráfico e até da violência, mas acredito que um dia isso irá mudar. Talvez o tráfico resolva andar com suas próprias pernas como as Farc na Colômbia, depois disso a criatura pode se rebelar contra o criador. Espero que não seja preciso vermos a execução de deputados, prefeito ou governador, mas talvez um mártir seria muito melhor que milhares de inocentes.

Como forma de despedida aos posts da série Som de Sexta, que me fez lembrar umas músicas interessantes mas é meio cansativa, vou postar um samba que fala dum Rio que parece de mentira, especialmente nessa guerrilha urbana que não sai da televisão. A música é de Dicró e fala da Chatuba, comunidade carente do Rio.

Seguem dois links para galerias de fotos, um do Terra e outro do G1. Abaixo, uma fotografia impressionante: policiais armados de fuzis, a população assustada, pixações, uma moradora de rua dormindo e um "Ordem e Progresso" que parece até irônico no desenho da bandeira do Brasil.

Thursday, November 25, 2010

Feriado

Felicidade verdadeira e condensada!

Feriado, dia de acordar cedo sem necessidade, vadiar um pouco e caminhar bastante. Caí da cama pouco antes das 7 da manhã, tomei café na rua após ficar um pouco por aqui - enquanto navegava, vi uma abalada Ana Maria Braga* mostrar cenas de tiroteio na Vila Cruzeiro - e comecei a resolver algumas pendências, comprar uma ou outra coisa que precisava para a casa e "ver a cara da rua", como dizia minha mãe nos dias em que eu passava muitas horas dentro de casa. A principal aquisição foi uma panela, jã que eu vinha usando a da minha namorada há mais de um mês.

Agora já almocei, vou tentar cochilar um pouco, mas acho que as obras dum prédio a um quarteirão daqui não vão deixar. De qualquer forma, ainda tenho muito para fazer apesar dos dias de folga.

* Eu estava vendo o jornal matinal da Globo e, como o televisor estava longe, deixei no programa da irmã do Louro José. Não tenho hábito de ver o programa dela, apesar dela mandar bem na culinária. Ops!

Monday, November 22, 2010

Sinal dos tempos

Breve divagação

Na tarde do último sábado, dia 20 de novembro, "debati" via Twitter com minha amiga e ex-colega de faculdade Lígia sobre uma espécie que anda em bandos, tem horários sabáticos-vespertinos para saída de seus esconderijos e tem como local para aproximação do sexo oposto (ou do mesmo) o Centro de Convivência de Campinas. Sua alimentação não existe, já que só vejo amostras consumirem líquidos: vinho Chapinha, vodka Balalaika e outras alternatividades etílicas.

Muitos deles devem ter olhos pouco desenvolvidos, já que utilizam trajes de cores gritantes, talvez para se localizarem mais facilmente. Além disso, devem ser portadores de glaucoma, já que constantemente fazem uso de plantas medicinais. A solidariedade dentro dos bandos é notável, já que evitam obstáculos e possíveis quedas com abraços coletivos, indivíduos se carregando com o apoio do ombro ou até nos braços um do outro.

Sobre o acasalamento: trocam as cores das pelagens e penachos. Verde, amarelo, pink e outros tons alegres dão destaque e podem elevar qualquer um a macho-alfa. Além disso, secreções aquosas atraem fêmeas, mesmo que em contatos não sexuais. Posse de relíquias ou conhecimentos pouco difundidos (como o EP de alguma banda já extinta ou alguma curiosidade sobre o baixista daquela banda do Turcomenistão) também são atrativos.

Encerrando, o tempo de vida dessa espécie é curto, dura cerca de dois ou três anos - até o envelhecimento, que causa a metamorfose, ou então até a mudança da moda adolescente a migração coletiva.

Comunicação através de sinais, visão comprometida

Friday, November 19, 2010

Som de Sexta XIX

Mais um post da série que mantenho religiosamente, apesar de que ela está começando a encher o saco hehehe Hoje, som dos ingleses (God save the queen!) do Led Zeppelin, a música é How Many More Times, do primeiro álbum, chamado apenas de "I" (o número um, em algarismo romano). Dá-lhe!

John Bonham, um monstro

Wednesday, November 17, 2010

Macro-twittering IX

No pique:

- Deprimente a situação do futebol campineiro. A Ponte Preta tem menos de cinquenta por cento de aproveitamento dos pontos disputados em casa, amargará mais um ano na Série B e não desperta o mínimo de otimismo do torcedor para o Paulista. Mesmo com a nova fórmula que põe oito clubes no mata-mata, ainda assim acho que nenhum torcedor está entusiasmado. Enquanto isso, o outro clube tem a pior campanha do returno (inacreditáveis onze por cento de aproveitamento) e praticamente tem o caixão fechado. É verdade, eles disputarão só divisões inferiores no centenário, farão dérbi contra o Red Bull no Paulista, mas se contentar apenas com o vexame do rival já nem é tãããão animador.

Nossa, como vocês estão ridículos ROFL Ops...
- Acabei de fazer um risoto usando arroz (óbvio), presunto, azeitona fatiada, creme de leite (não tinha arroz arbório, que é o ideal) e uma uma seleta de legumes com pedaços de batata e ervilhas. Além disso, tomei uma taça dum vinho branco barato que estava encostada na geladeira. Nada muito especial aí, exceto pelo feito hercúleo de abrir a lata de legumes sem um abridor apropriado. Mas, não sabendo que era impossível, usei uma chave de fenda para fazer uma abertura no alto do recipiente. Um corte mínimo virou um talho, o talho se tornou um rasgo e do rasgo saiu minha gororoba. Tudo isso graças ao meu atraso na hora de levantar, que me fez sair correndo e esquecer de descongelar carne para o jantar.

- Semana que vem tenho feriado do Dia de Ação de Graças. Como sigo o calendário dos Estados Unidos, acabo perdendo as muitas datas brasileiras, porém acabo folgando em dias úteis daqui. Bom para resolver minhas pendências burocráticas, procurar algo que preciso no comércio campineiro pois não preciso viajar até Hortolândia para trabalhar e para ficar de bobeira (é feriado, caramba!), mas infelizmente é difícil conciliar o tempo livre com a agenda da namorada ou dos amigos. O plano, então, será ficar em casa, ter uma overdose de chimarrão, ler, escrever e jogar muito videogame.

- Na última sexta-feira troquei meu PC por um laptop no trabalho. Ainda tenho dificuldade com o teclado da máquina nova, principalmente por não ter aquelas teclas de número na lateral, mas com o tempo me acostumo. O que melhora é que, em caso de hora extra, será possível trazer o computador para casa em vez de eu ficar até altas horas na IBM. Claro, com uso moderado - primeiro porque preciso ter minha vida pessoal e também pois é perigoso ficar andando com um ThinkPad.

Tuesday, November 16, 2010

Meia volta...

... da Terra ao redor do Sol. Cento e oitenta dias. Passagem por outono, inverno e primavera. Volta ao trabalho, a perda do hamster Mickey e vitória sobre outras adversidades - além do apoio para suportar as que ainda estão no caminho. Pratos feitos a quatro mãos. Carinho de duas famílias conquistasdo. Enfim, há muitas lembranças, momentos, sorrisos. Somando tudo, seis meses de felicidade com minha namorada.

Friday, November 12, 2010

Wednesday, November 10, 2010

Supernatural

Não lembro, mas acho que já falei aqui que sou fã da série de suspense/terror Supernatural. Em sua primeira temporada, mostrava dois irmãos (os Winchesters) que caçavam assombrações do folclore como lobisomens e o nível de batalhas foi crescendo até que os protagonistas tornaram-se ferramentas para a realização do Apocalipse. Sim, megalomaníaco, mas dá para fazer essas coisas quando o orçamento cresce - fora que conseguiram executar tudo isso mantendo uma certa coerência.

Fim da quinta temporada. Tensão e pânico.
Acontece que esse ponto da história foi o fim da quinta temporada e também o último episódio que assisti - e a sexta temporada já está sendo exibida até na Warner, canal brasileiro que retransmite a série. Graças à minha lentidão, acabei vendo um spoiler num dos anúncios do canal, então chegou a hora de tomar vergonha e ver os episódios novos.

Só para encerrar: eu pensava em fazer um post longo e elaborado de como seria a versão tupiniquim do seriado, mas não tenho tido inspiração para isso. Até preparei o elenco (lembro dos irmãos sendo interpretados por Marcos Palmeira como Dean e Caio Blat como Sam), quando tiver paciência - e meu caderno com as notas - por perto eu talvez faça esse post.

Saturday, November 6, 2010

Ciclos

"Ainda assim, Brejnev continuou avançando cada vez mais na hierarquia. A verdade é que, na política, a promoção de uma mediocridade óbvia pode resultar da necessidade de lados opostos para explorarem suas fraquezas. Ele pode ter sido visto como transitório ( como, na realidade, o foi no início) e útil para fazer a ponte entre personalidades mais fortes, em outras palavras, uma marionete .... manipulado à vontade pelos dedos mais influentes de de membtros do Politburo como Ustinov, Chernenko, Grishin, Tikhonov e Gromyko.

Quanto mais alto Brejnev subia na direção do píncaro do poder, mais esse poder parecia escapulir entre seus dedos. E a razão de não ter perdido completamente as rédeas foi que Andropov, o chefe da KGB, e Chernenko, seu chefe de gabinete, as mantiveram em suas próprias mãos. O sistema totalitário demonstrou que podia funcionar mesmo sem a pessoa dum ditador".

Explico o trecho escrito pelo falecido historiador e ex-militar soviético Dmitri Volkogonov: após o afastamento do reformista Nikita Khruschev, havia necessidade de escolher um novo líder para a URSS. Receosos de retornar aos anos sangrentos do stalinismo e de apostas em mudanças como fez o aposentado NK, os principais membros do partido escolheram o apático e indeciso Leonid Brejnev, uma espécie de "Forrest Gump" ucraniano capaz de rolar de um lado ao outro, sempre na direção correta. Mesmo com trajetória sempre ascendente, nosso personagem ainda não tinha força (nem política, nem graças à sua personalidade) nem vontade para impôr mudanças ao rumo da União Soviética, apenas fazer os discursos escritos por outras mãos e assinar o que chegasse à sua mesa.

Entre uma e outra homenagem a si mesmo, Brejnev
Hoje a personagem que assume o poder é a presidenta Dilma Rousseff. Claro, ela tem uma personalidade diferente da de Leonid, porém rispidez, um tom de foz frme e cara fechada não se traduzem em força numa eventual queda de braço. Pior: não corre o risco de ceder apenas à oposição ou a líderes de outros países (como no caso das unidades da Petrobrás nacionalizadas na Bolívia),  mas a vozes mais influentes dentro do próprio PT. 

Minha suspeita não precisou nem chegar à posse para ser confirmada: os últimos votos mal haviam sido computados e já surgiram rumores de que havia pressão sobre Dilma para o retorno da CPMF. Governadores aliados pedem que a não tão provisória taxa volte, mesmo sem haver necessidade disso - ou uso do dinheiro arrecadado na saúde. Torço para errar, mas creio que a contribuição volta apesar da (vaga) promessa de oposição forte dos tucanos.

Assim, um governo que aparentava estar voltado à continuidade das políticas de Lula e que seria só para "administrar o resultado", como se diz no futebol, mantendo a  supremacia petista por mais quatro/oito anos já começa a perder credibilidade em sua gestação. Novamente, espero que a recém-eleita Dilma seja uma surpresa positiva e mostre ser a mulher forte que anúncios prometeram por meses.

Friday, November 5, 2010

Som de Sexta XVII

Eis uma banda que quase ignorei graças a uma barreira de preconceito - não por causa da sexualidade do vocalista Freddie Mercury, mas sim do repertório da década de 80. Ouvia sucessos como Radio Ga-Ga, We Are the Champions e We Will Rock You sem entender como aquele grupo inglês podia ser idolatrado. Mesmo assim, até achava uma ou outra música interessante (Bohemian Rhapsody, claro, manteve minhas esperanças vivas) dessas mais modernas e de vez em quando baixava algumas mp3 deles no já saudoso Napster. Pois bem, num desses repentes acabei baixando algumas músicas simplesmente baseado na sorte e uma delas foi Ogre Battle, do segundo álbum.

Após os primeiros segundos de silêncio, um fade-in e uma gravação invertida, veio a surpresa: riffs cortantes, baixo marcante e bateria tocada a patadas. Eu mal acreditava que aquela era a mesma banda que gravou I Want to Break Free. Claro que a partir desse momento fiquei curioso ao resto do material da banda, já que eu começava a ver motivos para os ingleses serem um colosso do rock. Comecei a baixar comprar discos, ler um pouco sobre a história da banda e sobre a formação musical de Freddie, que passou por conservatórios e fez aulas de piano desde sua infância em Zanzibar. Não deixarei o link para Ogre Battle, apesar dela ser o motivo para o post. Preferi My Fairy King, que descobri há meia hora (quando procurava alguma coisa da banda para postar). Enjoy!

Haters gonna hate

Thursday, November 4, 2010

Benjamin Button corporativo

Dia desses conversei com minha namorada e notei como, apesar de ter só alguns meses nesse retorno à IBM (completo cinco na semana que vem), estou saturado com alguns elementos que deveriam demorar mais para incomodar um novato. O problema, então, não é da empresa: ao retornar, passei pelos corredores como um recém-contratado, mas já acumulava mais de quatro anos de contrariedade, questionamentos, dúvidas e, principalmente, não conformismo. Claro, ainda resta um pouco da esperança quase adolescente de não ficar trancafiado num cubículo, mas hoje vejo que me tornei uma espécie de Benjamin Button corporativo.

Para quem não conhece, esse personagem foi interpretado por Brad Pitt e conta com uma peculiaridade: ao invés de envelhecer, Ben nasce idoso e rejuvenesce. O bebê de pele enrugada e com problemas como pressão alta e artrite vai melhorando sua forma física, volta a andar, tem seus cabelo coloridos naturalmente, ganha tônus muscular, perde a barba e torna-se uma criança senil. No meu caso, a comparação é bem menos interessante e, se Deus quiser, bem mais curta. Comecei ranzinza, mal humorado, recusando o sorvete que foi oferecido como premiação pelo bom desempenho das centenas de funcionários do projeto.

Agora que vem o "xis" da questão: não sei se passarei pela mesma mudança que meu hollywoodiano exemplo. Pior, creio que a tendência é apenas piorar, já que algumas situações desgastantes vêm se repetindo ultimamente. Minha namorada Lucila falou o óbvio: talvez eu precise apenas arrumar emprego em outro lugar. Entre idas e vindas, trabalho no mesmo lugar desde 2004, ouvindo a mesma linguagem corporativa, tentando acreditar nas mesmas promessas e até vendo as mesmas pessoas.

Por enquanto, sigo pelejando com todas as forças enquanto não mudo de time - isso deve acontecer em janeiro. Por mais que esteja com minhas questões pessoais, isso não significa que eu vá abandonar tudo, pular fora ou fazer "operação tartaruga". Deixo apenas meu último protesto resmungo sobre a instituição trabalho.


Tuesday, November 2, 2010

Finados

Finados, dia em que se lembra dos que se foram e que eram queridos, mas não tão próximos. Já os que eram e continuam sendo especiais, estes são lembrados no decorrer do ano todo. Saudações à minha mãe, Dona Nair, à meus avós, ao meu meio irmão Sérgio e a quem já deixou os leitores.

Monday, November 1, 2010

LOL

Tirinha que achei no site Comixed. Está em inglês, mas é genial.

Sunday, October 31, 2010

Um domingo de preguiça

Hoje fiquei com algumas horas de ócio absoluto para preencher, já que minha namorada precisou viajar (votação na cidade dela e casamento dum amigo de infância em Monte Verde, escoltada pelo irmão) e... bom, eu estava a fim de ficar a toa mesmo, não há nada vergonhoso em assumir isso. Até pensei em sair para pedalar ou andar agora no fim da tarde, mas a internet e uma cuia de chimarrão estavam mais chamativos. Compensarei com uma pedalada de madrugada matinal antes do trabalho, que renderá uma entrada num posto de gasolina ainda fechado para calibrar os pneus. Mas enfim, isso fica para amanhã.

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Hoje recebi uma visita do meu pai, que passou aqui para devolver um tupperware, entregar um doce e falar um oi. Acho engraçada a maneira formal que passamos a nos tratar quando nos vemos, inclusive com um aperto de mão na chegada e na despedida. O teor das conversas também mudou, hoje falamos mais do mundo, de acontecimentos e de futebol. Aliás, hoje nos falamos mais, já que não éramos nem de sentar e jogar conversa fora - ele é muito fechado, eu também não sou bom de puxar papo, então aconteciam cenas como viajarmos seiscentos quilômetros e nos falarmos apenas poucas vezes (história real). Acho que a personalidade do meu pai, assim como a minha, fez com que tívesses muito conhecidos e raros amigos, então hoje sou polivalente e faço papel de filho e de amigo.

Sobre a operação no ombro dele: deve ser feita em janeiro e ele já está se preparando para a nova rotina, então treina para amarrar os cadarços, se vestir, comer e navegar pela Internet apenas com a mão esquerda. Muito legal essa antecipação, fora os benefícios trazidos pela ativação do lado direito do cérebro. Ainda pretendo passar duas ou três semanas com ele e minha irmã após a operação, mas estou vendo que ele já planejou bem esse período.

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Após tomar um litro de chimarrão, voltarei a tomar um pouco mais enquanto leio sobre o fim da crise dos mísseis cubanos acontecida nos anos '60. Como despedida, deixo aqui uma charge sobre a Guerra Fria, algo já distante hoje, mas é assustador pensar como ficamos perto dum desastre (algo como A Batalha dos Aflitos gremista).


Friday, October 29, 2010

Som de Sexta XVI

No pique: ária de Johann Sebastian Bach que conheci através da animação japonesa Neon Genesis Evangelion. Sim, é triste, é mórbido e nem tem cara de sexta-feira véspera de feriado prolongado, mas essa merecia constar aqui. Bem sombrio falar isso, mas essa é a composição que gostaria que tocassem enquanto meu corpo é enterrado. Aqui vai o LINK para ouvi-la.

O grito da selva

Não, não é mais um post sobre a Ponte Preta. Dessa vez escrevo sobre o livro homônimo que terminei de ler a poucas horas, um clássico da literatura americana escrito por Jack Londo (na verdade, John Griffith Chaney). A narrativa trata do cachorro Buck, uma mistura de são bernardo com border collie que é raptado duma fazenda da ensolarada Califórnia e levado para trabalhar puxando trenós do estado do Alasca até o outro lado do continente, no leste do Canadá. O protagonista adapta-se rapidamente, passa até a gostar da tarefa e torna-se líder da matilha. O nosso valente cão passa por outras aventuras que não detalharei aqui para não contar a história, mas uma parte me chamou mais atenção.

Apesar da impressão de que se trata duma obra infantil, há vários trechos pesados que me parecem mais uma metáfora de como meninos vão se transformando em homens: saem do conforto do lar, passam pelo serviço militar, começam a trabalhar, até que chegam ao ponto em que precisam conciliar interesses, como quando Buck abandona seu dono por horas e depois dias para caçar, mas retorna ao lar. 

Além disso, a obra de 1902 já parecia prever o dilema que passaria a viver o homem moderno: o cãozinho passa algum tempo em dúvida sobre como encarar seus momentos de mansidão após ser resgatado por Thornton. Ele pode ter a tranquilidade e o conforto de seus dias da Califórnia, mas algo que ele nem compreende o chama e faz com que ele queira sair para buscar o desconhecido. Hoje o homem "domesticado" trabalha, se mantém e se desenvolve intelectualmente, mas mesmo que nas profundezas mais distantes do seu subconsciente resta algum vestígio de iniciativa que o faz querer viver como seus antepassados viveram. 

Claro, não é preciso largar tudo para viver da caça no meio do mato, mas aí algumas "coisas de homem", às vezes programas de qualidade duvidosa, são defendidos com unhas e dentes: acampar, andar por aí como alguns conhecidos já fizeram - um foi do RS a SC a pé/de bicicleta - ou apenas destrinchar livros e mais livros de História sobre grandes conquistadores. Há inúmeras formas de deixar esse instinto extravasar - e é mais saudável que ele tenha uma válvula de escape.

Fiel ao homem ou ao andarilho?
Enfim, isso tudo é uma primeira impressão, ainda refletirei sobre o livro tomando um bom chimarrão, lerei tudo mais algumas vezes... mas fica aqui meu palpite. Aliás, enquanto escrevia falei da metáfora do cachorro representando os homens. Acredito que cada cachorro da história seria um tipo de pessoa e não o animal representando o gênero humano todo ou uma classe (como fez a banda Pink Floyd com a letra de Dogs, em que esses animais representavam homens de negócios). Várias outras observações surgirão, mas não devo voltar a escrever sobre o livro.

Tuesday, October 26, 2010

Teorias

Nos últimos tempo, algumas poucas vozes começavam a levantar suspeitas sobre um suposto plano para que a Ponte Preta não alcançasse a elite do futebol brasileiro. Como toda teoria de conspiração, ela foi logo repelida por boa parte da torcida - inclusive eu, que considerava isso tudo conversa de perdedor. Porém, alguns fatos inusitados dos últimos anos e alguns números levantados já me fazem crer que há, realmente, algum interesse na permanência da Macaca na Segundona.

Após o vexame da derrota em casa para o Bragantino, tentava chegar a alguma conclusão sobre essa conspiração interna com o amigo de longa data Marquinho Perrotta. Achamos incoerente a teoria que foi formulada, a qual afirma que o objetivo de manter o time na divisão de acesso seria equilibrar as contas do clube. Com maior visibilidade e com o estádio mais cheio, seria mais fácil fazer caixa do que na deprimente segunda divisão. Pensei então que seria mais fácil manter um time de baixo custo na Série B do que na A, mas em alguns anos a Ponte Preta teve uma folha salarial maior do que times de nível superior.

Refleti mais sobre isso e lembrei da quantidade de partidas disputadas em noites de sexta-feira, algumas inclusives alteradas poucos dias antes da realização da rodada. Também lembrei do fato que a Ponte é um dos times que mais vende pacotes do pay per view no campeonato. Comecei então a suspeitar de que não é o caixa do time que está em manutenção, mas de seu mecenas, Sérgio Carnielli - que também é presidente da Tecnol, empresa que ele deve dirigir com pulso mais firme do que o clube.

O interesse televisivo é até compreensível: enquanto clubes tradicionais desmoronam em dívidas e incompetência (Paysandu, Remo, Caxias, Juventude, Fortaleza, América-RJ e o supra-sumo Santa Cruz, para não falar de todos os pequenos que agonizam pelo interior paulista), a Segundona vai dando lugar para clubes sem tradição, recém-nascidos e desprovidos de torcedores (vulgo "consumidores", em tempos modernos). Ora, se um produto precisa vender, é necessário que se crie uma forma de segurar a clientela - no caso, evita-se que o produto escape.

Claro, isso é só uma teoria minha que pode estar certa, mas torço para não estar. Claro, ver o ídolo e ex-jogador Dicá abandonar o clube assim como o treinador Jorginho (que, com suas próprias palavras, viveu mais a AAPP nos últimos meses do que gente que está lá a anos) deixa um ponto de interrogação nas cabeças da torcida. Além disso, a incoerência entre alguns números também levanta suspeitas: Carnielli afirma que cerca de 25 milhões de reais entram todo ano nos caixas, porém a dívida chegou a aumentar em R$ 2 milhões desde o rebaixamento - mesmo com elencos de "operários", sem estrelas. 

Essa última janela de transferências, aliás, torna tudo mais estranho: o treinador alertava desde o meio do primeiro turno que faltavam peças de reposição, inclusive deu a declaração de que "o suco acabou, agora vai ser só o bagaço". Mesmo assim, nomes foram indicados, mas nenhum reforço de qualidade chegou - os Paraíbas do São Paulo, Tcheco do Corinthians, Romerito, todos perdidos para equipes que também disputam o acesso.

Para encerrar, o nível discrepante do futebol apresentado pela equipe chegou a levantar até suspeitas de salários atrasados e rachas internos. É incrível como o mesmo grupo de atletas pode atropelar o Sport no Majestoso, vencer o América-MG jogando fora ou até superar equipes como Corinthians e Palmeiras no Paulistão, mas ser derrotado em casa inúmeras vezes por equipes que lutam para não serem rebaixadas - isso quando não escapam da degola.

Acho que não chega tão longe, mas quem garante?
Fica aqui meu palpite para tentar explicar o que acontece nos corredores do Majestoso. Claro, tudo isso pode ser apenas incompetência da diretoria atual - repito: até espero que estes fatos sejam apenas uma série de coincidências infelizes e que Carnielli apenas tenha problemas para indicar nomes, não que esteja comprado.

Friday, October 22, 2010

Som de Sexta XV

Hoje posto aqui sobre uma banda, para a minha surpresa, veterana. Fundada no distante ano de 1984, The Offspring foi uma das poucas aparições da música punk no mainstream. Ironicamente, o maior sucesso - comercial, pelo menos - foi a música Pretty Fly (For a White Guy), que brincava  com a explosão do rap nos Estados Unidos e como ele foi adotado por jovens que não tinham o perfil tradicional de seguidores do estilo.

Conheci os californianos lá por volta de 1999 através dessa música, até gostava de alguns materiais, mas não era um grande fã. Vários anos depois, com as facilidades da Internet, obtive os discos do grupo. Lamentei ter perdido tanto tempo sem conhece-los, mas talvez não daria tanto valor se tivesse tentado ouvir tudo há uma década.

Vai aqui o clipe para All I Want.

Thursday, October 21, 2010

Queda

Ontem a noite passei por um momento inusitado. Ao passar no Carrefour para reabastecer a geladeira, vi de longe um homem alto, de cabelo desgrenhado, roupas surradas e acompanhado por uma jovem, loira, com um estilo próximo ao "indie". Esse maltrapilho homem chamou atenção não por seu desleixo ou por seu carrinho lotado de bebidas, mas por um detalhe: uma faixa em sua testa que costumava prender longos cabelos. Aquela pessoa era o ex-jogador Sócrates, médico formado pela USP e antigo meia do Corinthians.

Apesar de não ser corinthiano, confesso que admirava o personagem Sócrates. Além dos elogios que ouvi sobre o jogador, também havia os comentários sobre o cidadão, principalmente graças à sua participação como protagonista da Democracia Corinthiana - movimento criado nos anos da ditadura que saiu dos gramados e ganhou as arquibancadas. Hoje em dia, meu contato com ele girava em torno de seus textos, os quais eu admirava enquanto ele escrevia sobre o esporte que praticou e seus bastidores.

Reconhecível principalmente pela faixa
Ontem, porém, ver aquela figura desmoronante me causou uma impressão péssima. Lógico, todos comentam sobre como ele tem tido problemas com o álcool e inclusive minha sogra disse que sabia da assiduidade dele em bares de Ribeirão Preto-SP, porém nada disso me preparou para ver o pouco que sobrou de Sócrates. Pior: saber que uma pessoa esclarecida, que conseguiu escapar da miséria - essa indesejável companheira de tantos outros ex-atletas - caiu na vala comum dos desiludidos e mergulhou de cabeça no álcool. Enquanto seu irmão Raí comanda uma ONG (a Fundação Gol de Letra), o ex-ativista colabora esporadicamente com o projeto 1Gol, mas passa seus dias comentando, dando seus palpites e apontando dedos, mas apenas - com o perdão do trocadilho - como filósofo de bar.

Tuesday, October 19, 2010

Nada de novo no front

Como esperado, a Ponte Preta desperdiçou mais um acesso fácil - este, talvez, o mais fácil dos anos em que disputou a série B. Sem a presença de clubes de folha salarial milionária como Atlético-MG, Corinthians, Vasco, Palmeiras ou Grêmio, a oportunidade de acesso foi jogada fora pelos próprios dirigentes alvinegros. A falta de força de bastidores, inclusive, é apontada como um dos algozes da Macaca nesta Segundona: ninguém esperava reforços como Ballack ou Drogba, mas ficar sem um meia para auxiliar Ivo enquanto Tcheco e Marcelinho Paraíba foram respectivamente para Coritiba e Sport foi inaceitável.

Além disso, árbitros agem da maneira que querem dentro do Majestoso, inclusive com erros grotescos, anulação de gols legítimos e pênaltis não são apitados. Uma diretoria de futebol mais influente pressionaria o homem do apito nessas circunstâncias, coibindo esse tipo de trabalho tendencioso, mas ultimamente alguns assaltos foram observados apaticamente no Moisés Lucarelli.

Para encerrar, a tacada de mestre do presidente Sérgio Carnielli: com a contratação de Cláudio Henrique Albuquerque, o "Kiko" ex-integrante da Torcida Jovem para algum cargo referente ao futebol (hora diretor técnico, hora supervisor de futebol) há alguns anos, o atual presidente realizou seu melhor ato estratégico e conseguiu se blindar dos protestos contundentes da principal organizada do clube. Hoje, após a derrota para um limitadíssimo e retrancado Bragantino por 1 a 0, ouviram-se queixas da TJP aos jogadores e até um coro de "burro" para o esforçado técnico Jorginho ("esforçado" pois tirou leite de pedra), mas apenas meia dúzia de torcedores de outro setor do estádio puxou um coro referente a Kiko e a Carnielli.

Uma hora o desânimo chega
No final de 2011 haverá novas eleições na Ponte Preta e não há sinal de oposição. Uma nova chapa surgiu, mas já adiantou que apoiará Carnielli, então qual é a sua função? Manutenção da hegemonia? Torço para que surja alguma voz insatisfeita nos corredores do Majestoso, a torcida (a da Ponte, não a que torce para si mesma) já está cansada dessa apatia e desse comodismo.

Sunday, October 17, 2010

Dias melhores vieram

Praticamente sem aviso, muito antes do que eu esperava, chegou o horário de verão! Tardes eternas, saída do trabalho ainda com luz solar, impressão de dias mais longos... tirando os primeiros dias de adaptação, não consigo ver nada de negativo nesse período de economia de energia elétrica. Há quem o odeie, um amigo até diz que é "coisa de vagabundo", mas como só dura alguns meses, logo tudo estará de volta ao normal. Até lá, conseguirei chegar em casa andando pela sombra.

Hoje, por exemplo: minha namorada viajou para sua cidade, Araras. Enquanto ela fica lá, fico aqui cuidando de seu hamster Golias, escrevo um pouco, boto tudo em ordem no apartamento e, lá por volta das 17 horas, ainda dá tempo de pegar a bicicleta para pedalar - ou, pelo menos, fazer uma caminhada, já que estou meio baleado graças à volta aos treinos após mais de um mês parado.

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Já é noite e fiz minha caminhada. O Cambuí, que parecia tão sonolento no fim de semana, ainda tinha alguns bares abertos no final da tarde. Consegui ouvir um pouco das torcidas de Guarani e Corinthians quando entrei na Padre Almeida, mas o empate sem gols não rendeu um buzinaço pelas ruas campineiras. Aliás, achei curioso o número de bugrinos que sai de casa, gasta dezenas de reais nos bares, mas prefere isso a uma visista ao estádio de seu time.

Ver o dia acabar aos poucos lembra minha chegada aqui, quando não tinha nem televisão aberta nem internet. Passava os dias lendo e andando por aí, comprando ítens básicos que só foram lembrandos quando se tornaram necessários (ninguém lembra dum ralo de pia até a primeira vez que lava louças) e hoje, como minha namorada precisou viajar, passei a tarde lendo, andando e agora ouvi o final do excelente São Paulo 4 x 3 Santos.

É legal olhar para trás e ver como as coisas mudaram um pouco: hoje continuo me preocupando com trabalho e não em conseguir um trabalho. Antes comprava coisas novas, hoje também (quebrei o cabo duma panela e tive que fazer Miojo para a janta numa panelinha de acampamento). Um dia tentei botar comida para passarinhos na janela, agora sou baby sitter do Golias. Mais mudanças virão por aí, mas algumas só em 2011.

Não é preciso ir ao Alasca para mudar ou crescer

Thursday, October 14, 2010

Som de Sexta XIV

Essa música não é realmente uma grande preferência minha. Longe disso, não sou tão fã dela e muito menos do autor, o onipresente e pedante Caetano Veloso. No entanto, vou explicar o motivo dela estar aqui, é claro. A Rádio Bandeirantes AM, durante as noites da semana em que não transmite partidas de futebol, tem por hábito encerrar o dia com um jornal que faz um apanhado dos acontecimentos diários e, no momento em que um dia termina e outro começa, tocam "Amanhã" em versão ao vivo do cantor baiano.

Além do alento que a canção me trouxe nas várias noites em que fui dormir sem saber se acharia um emprego no dia seguinte, também achei que seria apropriada pelo que vem acontecendo nessa semana. Parte graças ao novo fôlego da Macaca na Série B, um pouco pelas dificuldades que venho encarando em meu emprego, mas muito devido ao épico resgate dos mineiros chilenos que passaram mais de dois meses sob a terra.
Triunfal

Segue, então, o LINK para a música.

Wednesday, October 13, 2010

A maré mudou

Ontem, dia de Nossa Senhora, a Ponte Preta renasceu na Série B 2010 com uma empolgante vitória sobre o Sport. Os três gols do time campineiro levaram a Macaca de volta à quinta colocação, manteve vivas as esperanças de acesso e garantiu fôlego à "Nega Veia". Os gols foram marcados por Kieza, William e Ivo, com Élton descontando para os pernambucanos.

O jogo não teve muito de especial, mas valeu muito pois renovou a confiança da equipe com a vitória frente a tão preparado adversário. Os principais nomes do elenco eram os veteranos meias Marcelinho Paraíba e Romerito, além do eterno goleiro Magrão. Havia até boatos de salários atrasados, mas isso virou passado (o boato ou, se existia, a dívida). A tabela também começa a ficar mais favorável à Ponte: no primeiro turno, a arrancada do time começou após a sétima rodada, com o risco de rebaixamento (!!!) sendo afastado e a chegada ao G-4.

Resta agora ter o mesmo fôlego e conseguir a mesma boa sequência da primeira metade do campeonato. Caso isso se confirme, pelo menos o acesso já está garantido - título, no momento, nem passa pela minha cabeça. O próximo jogo é contra o Ipatinga, em Minas, nesta sexta-feira - e creio na vitória, assim como foi contra o América-MG!

Monday, October 11, 2010

Mudança de ares

Após longo hiato, volto a escrever. Devido à correria do fechamento de quartil em setembro fiz muitas horas adicionais (trinta e quatro, para ser exato), o que resultou em falta de tempo e ânimo. Hoje ainda não está tudo às mil maravilhas, os sistemas que vêm implantando ainda precisa de muitas melhorias, mas acredito que a coisa não vai ficar muito mais feia - otimismo nem sempre é significado de sucesso, é claro.

Essa correria do mês passado, no entanto, me levou a uma mudança que eu acharia impossível há trinta dias: decidi me inscrever numa nova academia, esta mais próxima. Enquanto levo vinte minutos para chegar à que eu ia antigamente (metade do tempo com a bicicleta), não levo mais do que cinco para chegar à nova. Com a volta de picos de trabalho e a aproximação da época de chuva, essa facilidade de acesso conta muito nos dias em que a disposição para treinar não é tão grande.

Lamento apenas deixar um ambiente que me era tão familiar e os amigos que fiz. É verdade, era mais aquele contato de falar um "oba" para os conhecidos ao chegar, falar algo com um ou outro, mas o número de rostos conhecidos era grande. Passei por outras academias antes, tentei fazer dieta por conta própria, mas só consegui controlar meu peso quando estive na Cambuí Fitness. Méritos mais meus do que do local, mas ainda assim sinto uma certa gratidão por conseguido emagrecer lá e não nas academias anteriores. Enfim, fica aqui meu "muito obrigado" ao ponto da cidade onde deixei mais de vinte quilos.

Friday, October 8, 2010

Som de Sexta XIII

Bom, como não estou muito inspirado para escrever para o post de hoje, vou colocar uma música que não significa tanto para mim. Essa é do rapper americano Trick Daddy, chama-se Shut Up e faz parte da trilha sonora da versão cinematográfica de Esquadrão Classe A. O som pode ser conferido nesse LINK. Essa é a novidade: em vez de usar vídeos do Youtube, passarei a postar links para o excelente Grooveshark.

Wednesday, October 6, 2010

Pior que está, não fica

A polêmica criada pelas eleições desse ano dizem respeito ao palhaço Tiririca, eleito para o cargo de deputado federal com mais de um milhão de votos no meu querido estado de São Paulo. "Querido" pois, durante a semana, muita gente dizia ter vergonha de ser paulista graças à escolha do comediante cearense ou do governador tucano - embora eu ache que uma história de séculos não deva ser apagada por um ou dois políticos de qualidade duvidosa, mas o texto não é sobre isso.

Assim como nos dias em que a seleção brasileira foi eliminada da Copa do Mundo, venho aqui para livrar a cara do (aparente) vilão da história: Francisco Everardo Oliveira Silva. Estão jogando sobre seus ombros, dum mero idiota útil/laranja, três problemas gravíssimos. Para começar, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) não fiscaliza corretamente quem concorre a cargos de tamanha responsabilidade, mas agora recebe denúncias e promete investigar se Tiririca é realmente analfabeto. Há quem defenda que não se deve impôr barreiras aos postulantes a cargos públicos pois isso seria antidemocrático, mas é melhor barrar meia dúzia de sub-celebridades com apelo popular do que correr contra o tempo como acontece nesta semana.

Um terço da culpa fica com os partidos, que também falham por não demonstrarem ética e usarem qualquer artifício para arrebanhar votos. Enéas, do Prona, tornou-se um personagem pela forma enérgica que se apresentava e por defender alguns interesses incomuns no afável mundo de promessas pré-eleitorais, mas sua conquista duma vaga com um milhão e meio de votos mostrou qual seria o caminho para outros partidos de menor expressão alcançarem um lugar ao sol. Agora, com Tiririca, fica provado que um candidato suficientemente bizarro pode ser a locomotiva que reelege alguns bondes.

Fica tranquilo. Quem tem que fazer facepalm são os outros
Por último, é obrigatório citar os 1.300.000 "abestados" que escolheram votar em Tiririca - alguns como "voto de protesto", outros com inacreditável esperança que ele pudesse fazer um bom governo ou, ainda, porque o palhaço é divertido. Não houve golpe de estado, tampouco apoio das Forças Armadas ou esquema para beneficia-lo. Caso ele assuma o cargo de deputado federal (no momento, Francisco ainda passará por um teste de alfabetização), entrará na Câmara pela porta da frente, de cabeça erguida e sem peso na consciência: quem deve cobrir a cara de vergonha vai ter que trabalhar muito para sustentar as mordomias do deputado. Ironicamente, quem ri por último, no Brasil, é o palhaço.

Sunday, October 3, 2010

Festa da democracia (?)

Mais uma vez, exerci meu direito e participei da festa da democracia (ai de mim se eu ficasse de fora!): saí de casa para dar minha parcela de contribuição para a escolha dos ocupantes de cinco cargos eletivos num domingo cinzento, mas confesso que meu desânimo nada teve a ver com o dia com aspecto londrino. Ironicamente, a tarefa de escolher deputados - categoria que se tornou um show de calouros de ano de Copa - foi a mais fácil e que tive mais nomes de confiança: o educador Eduardo Coelho como federal e Célia Leão.

O desalento é causado pelos concorrentes ao cargo mais importante da nação; Dilma, uma despreparada trainee de ditadora com histórico questionável; Serra, mais competente, tornou-se mais continuista que a candidata petista; Marina foge de confrontos e seu jeito delicado não inspira confiança. Plínio, mera ferramenta de ganho de Ibope, mostra-se competente como seus contemporâneos da Revolução Socialista de 1917: muito idealismo e pouca responsabilidade, dois pés que andam juntos na direção do fracasso. O restante é igual ao veteraníssimo socialista do PSOL, mas sem o mesmo apelo comercial.

Além das características individuais, não se fala nos debates sobre nenhuma mudança significativa na educação (apenas compensações e auxílios para o ensino superior) ou na estratosférica carga tributária. Cada vez mais preocupam-se apenas com o crescimento econômico, mesmo que isso crie gerações de endividados jovens ignorantes hipnotizados por seus gigantescos e superfaturados televisores de tela plana adquiridos em cômodas 17 prestações.

Se der para fazer um churrasco no fim do mês, tudo bem
Mais: não parece mais haver oposição. Enquanto Dilma, candidata da situação, usou a mudança como norte de sua campanha, um apático Serra apostava na continuidade e até na ampliação dos programas que eram do PT que eram do PSDB (o cúmulo sendo a proposta de 13° do Bolsa Família). Com meia dúzia de votos a menos, suspeito que o tucano deixaria a barba crescer - se ocupasse o terceiro lugar das pesquisas, cortaria um dedo também. Se o principal adversário da gaúcha começou um vergonhoso de "siga o mestre" com Lula, qualquer esperança de confronto desmoronou ruidosamente.
 
Resta agora torcer. Para que eu esteja errado, principalmente. Meu desânimo com um futuro distante vai ficando mais profundo a cada quatro anos (e o destino, que era cinzento, escurece assim como o céu após todo o tempo que levei para escrever esse post).

Saturday, October 2, 2010

De volta à realidade

Após muitas noites passadas fazendo hora extra, o fechamento do quartil se foi. Festa nos corredores, felicidade, sorrisos honestos e muita gente trabalhando de casa na sexta-feira. Minha conta não conseguiu um fechamento excepcional, mas o resultado foi um pouco melhor do que eu esperava - agora bola para a frente para tentar compensar em outubro.

Agora, a vida social voltou: ontem minha namorada recebeu seu irmão e a namorada para uma cerveja - na verdade, eles chegaram antes para um casamento que será realizado hoje, na hora do almoço, em Campinas. Como eles chegaram antes, deu para sair um pouco, conhecer melhor meu hilário cunhado e espairecer - e tomar um chopp, já que não sou de ferro.

Aos poucos vou também botando ordem em tudo: finalmente arrumei meus discos dos Beastie Boys, apesar de serem só quatro. Enquanto escrevo esse post também vou baixando o primeiro episódio da sexta temporada da série Supernatural - exibida no Brasil pela Warner ou pelo SBT (que está sempre na primeira ou segunda temporada). Agora, com a poeira baixando, terei mais tempo para espalhar minha sabedoria e genialidade através do blog - inclusive acho que mudarei de academia daqui algum tempo, o que poderia me render um pouco mais de tempo livre no meu dia a dia.

Friday, October 1, 2010

Som de Sexta XII

Considerando a eleição presidencial do fim de semana com a quase certa vitória de Dilma, as declarações que soam ameaçadoras à democracia e à liberdade de opinião, a falta de opção dos eleitores e à fragilidade de instituições como o Supremo, deixo aqui uma música dos brasilienses (isso foi coincidência) do D.F.C.

Thursday, September 30, 2010

Chernobyl hoje

Site muito interessante de curiosidades que achei por acaso através do Twitter, nesse post trata exclusivamente de fotos referentes ao vazamento da usina nuclear de Chernobyl, em Pripyat (Ucrânia). O ensaio pode ser visto AQUI.


Wednesday, September 29, 2010

Worldometer

Dica de site que achei no Twitter, enviada pelo gaúcho Rafael Froner: é o Worldometer, site que mostra estatísticas com inúmeros dados globais, desde mortes por inanição a quanto dias falta para recursos naturais acabarem. Link AQUI.

Saturday, September 25, 2010

Fecham-se as cortinas

Acho que nunca escrevi sobre a carreira do meu pai, mas agora isso se torna muito relevante. O músico Fabiano (ele era militar e, por isso, sempre foi chamado pelo sobrenome) passou toda a vida trabalhando e em contato com as partituras, seja como um hobby, seja como seu emprego na PM paulista. Após aprender a tocar clarinete ainda jovem, dominou o saxofone e tornou-se regente, posteriormente passou a dar aulas, fundou a Banda PUC na universidade campineira e, ultimamente, tocava seu sax em eventos de Campinas, região e capital.

No entanto, sua carreira pode ser abreviada por um rompimento de tendão no ombro, com outros dois em estado crítico. Uma laparoscopia será realizada em outubro e, como a área atingida é muito sensível, o processo de recuperação também é lento: um mês e meio vestindo uma tipoia e três meses de fisioterapia. Como dirigir está proibido por meio ano, meu pai já negocia a venda do carro.

Eu já havia sido informado sobre a operação pela minha irmã, mas nem me preocupei tanto pois: meu pai tem uma saúde de ferro, o procedimento não será tão pesado e, principalmente, acreditei que ele voltaria a tocar após a recuperação. O anúncio da aposentadoria, agora percebo, é o que realmente me abalou na sexta-feira. Conheço meu pai, sei que ele não ficará a toa, sentado, procurando uma depressão, mas esse acontecimento foi um golpe cruel e covarde que a vida lhe aplicou. Com o tempo creio que ele irá encontrar novas atividades, provavelmente envolvendo aulas ou até algum novo hobby. Por enquanto, só dá para torcer para que a operação corra bem e estar disponível para ajudar na recuperação - já penso em ficar com ele e minha irmã algum tempo.

Hehe

Friday, September 24, 2010

Som de Sexta XI

Hoje vou fazer um post breve, já que não conheço muito sobre o grupo (e também não estou disposto a pesquisar - ha!). Dessa vez, o post é sobre os americanos do Lynyrd Skynyrd, veterana banda de country rock. Nunca tive muita paciência para procurar outras bandas semelhantes, mas os conheci quando estive na minha fase hard rock - junto com Mountain, Vanilla Fudge, Jefferson Airplane, Deep Purple e Led Zeppelin. Para fugir do lugar comum, evitei a clássica Free Bird e posto Call me the Breezee, música que ouvi muito na época em que viajei por Porto Alegre.


Wednesday, September 22, 2010

Percam um pouco de tempo

Como eu prometi, ando sem tempo para o blog. Deixo então um link legal para quem quer jogar um pouco de tempo fora: um fractal com quase cem imagens "linkadas". Entrem AQUI e divirtam-se. A barra na esquerda regula a velocidade, tanto para adiantar quanto para voltar.

Sunday, September 19, 2010

De bobeira


Após uma semana puxadíssima, saí correndo do trabalho para pegar o jogo da Macaca contra o Bahia. Atrasei graças a dois imprevistos: o Centro de Campinas ainda estava caótico graças ao comício petista na Francisco Glicério. Além disso, meu cartão foi bloqueado ao tentar pagar a mensalidade do Torcedor Camisa 10 (o projeto ponte-pretano de sócio-torcedor), mas fui salvo graças ao amigo Max que me fez um empréstimo.

Sobre o jogo, não vou me alongar muito: derrota em casa num jogo chave contra um adversário direto na busca pelo acesso, o Bahia. A Ponte abriu o placar ainda no começo do jogo, mas teve o zagueiro Naldo expulso prematuramente aos trinta minutos de jogo. Após desperdiçar mais uma ou duas boas chances, o elenco alvinegro viu os baianos empatarem no segundo tempo em uma bomba de Ávine (que, dizem, contou com a ajuda do goleiro Eduardo Martini) e virarem com o cruzamento de Jancarlos, que encobriu o mal posicionadoa jogador ponte-pretano. Com uma possível vitória, o time campineiro assumiria a liderança, mas agora é a quinta colocada seguindo de perto o G-4.
Essas expressões eram as mesmas da torcida da Macaca após o jogo
Após o jogo, visitei minha irmã e saímos para comer no Lanchão da Lagoa do Taquaral - já que, de alguma forma, comer porcaria anima o espírito.Ao voltar para casa eu já me preparava para dormir (após ligar para a namorada concurseira que estava na "capitar") quando comecei a ver Presságio, estreia do Telecine com Nicolas Cage. 

O suspense tem um enredo interessante: uma cápsula do tempo é aberta em 2009 e um dos ítens guardados cinquenta anos antes é uma folha cheia de números. Após horas de análise e pesquisa, o protagonista professor de Física nota que há uma padronização nos números e que eles apontam data e número de mortos de catástrofes acontecidas nessas cinco décadas. Pior: três delas ainda estavam por vir. Depois disso o personagem de Cage busca evitar que esses eventos trágicos se realizem. Enredo criativo, efeitos especiais impressionantes e boas atuações.

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Tomamos café da manhã e viemos para o apartamento para fazer um macarrão no almoço. Grata surpresa: devido a alguns vazamentos recentes, o fornecimento de gás teve que ser cortado e reativado, apartamento após apartamento. Como mal parei aqui no fim de semana, meu fogão estava "de molho". No entanto, esse imprevisto até foi útil: desde antes de me mudar eu suspeitava de vazamento de gás, principalmente porquê fui eu que instalei com minhas próprias mãos a mangueira de gás - e, além da instalação falha, também comprei uma mangueira inadequada.

Após pouca espera recebi a visita dum técnico, que reativou o gás e fez a instalação correta. Pelo menos por enquanto o blog segue ativo, sem risco do autor virar um pedaço de carne carbonizada ou do meu prédio virar notícia (pelo menos não por culpa minha). Para reinaugurar o fogão seguro e comemorar que minha vida foi salva, preparei um chimarrão - já faz tanto tempo que não mateava que já tinha dúvida se acertaria os procedimentos.

Fui lembrado agora a pouco pela narração do Luciano do Valle que amanhã é feriado gaúcho, data em que é lembrada a Revolução Farroupilha. Um salve aos baguais, colonos e gaudérios da FAECV!

Saturday, September 18, 2010

Sobre o nada

Finalmente chegou minha vez de cumprir o destino inevitável para quem gosta de escrever: falar sobre coisa alguma. Como disse recentemente, tenho corrido bastante por causa do trabalho (aliás, tenho ficado bem sedentário, isso sim): terça fiz hora extra, ontem fiz de novo e escrevo essas linhas no trabalho. "Oras, se o Luiz está trabalhando, por que está escrevendo no blog?", vocês se perguntam. Estou blogando porque o sistema que eu preciso usar para trabalhar está indisponível. Ele não costuma ficar ativo em finais de semana, mas como é fechamento de quartil, os últimos dois finais de semana do mês são agraciados com a ilustre presença do mainframe. A dúvida é: quando os sistemas subirão??

Por enquanto, vou organizando algumas planilhas, alguns dados que recebi e vou ouvindo este set. Mais tarde, tem jogo da Ponte Preta contra o tradicional Bahia, oportunidade inclusive de assumir a liderança da Série B. Depois irei passar a noite na casa da minha irmã - meu pai está em Buenos Aires e vou lá fazer companhia, fora que não visito há tempos. Pedi a ele que me trouxesse uma camisa de futebol (Rosário Central, Independiente e Racing eram as sugestões de opções) e um boné de um desses clubes ou do River Plate - essa camisa já tenho.

Buenos Aires e Rosário: metas turísticas desde 2008
Vai ser legal tirar o pé do acelerador e relaxar, apesar de que isso será só uma pausa: essa semana e acho que a seguinte também serão meio pesadas, ainda por causa do fechamento (tudo que chegar até o dia 20 terá que ser concluído até a virada do mês. De resto, vou tentar achar algumas brechas para encaixar a academia e em outubro as coisas devem voltar à normalidade.

Friday, September 17, 2010

Som de Sexta X

Minha namorada vai a São Paulo hoje a noite para prestar concursos e volta só no domingo. Além disso, farei hora extra hoje sozinho - amanhã também, creio que espremerei algumas horas de trabalho antes do jogo da Macaca e da visita à minha irmã. Com tanta solidão, a música dessa sexta tem que ser essa. [/melancolia exagerada]

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