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Thursday, October 21, 2010

Queda

Ontem a noite passei por um momento inusitado. Ao passar no Carrefour para reabastecer a geladeira, vi de longe um homem alto, de cabelo desgrenhado, roupas surradas e acompanhado por uma jovem, loira, com um estilo próximo ao "indie". Esse maltrapilho homem chamou atenção não por seu desleixo ou por seu carrinho lotado de bebidas, mas por um detalhe: uma faixa em sua testa que costumava prender longos cabelos. Aquela pessoa era o ex-jogador Sócrates, médico formado pela USP e antigo meia do Corinthians.

Apesar de não ser corinthiano, confesso que admirava o personagem Sócrates. Além dos elogios que ouvi sobre o jogador, também havia os comentários sobre o cidadão, principalmente graças à sua participação como protagonista da Democracia Corinthiana - movimento criado nos anos da ditadura que saiu dos gramados e ganhou as arquibancadas. Hoje em dia, meu contato com ele girava em torno de seus textos, os quais eu admirava enquanto ele escrevia sobre o esporte que praticou e seus bastidores.

Reconhecível principalmente pela faixa
Ontem, porém, ver aquela figura desmoronante me causou uma impressão péssima. Lógico, todos comentam sobre como ele tem tido problemas com o álcool e inclusive minha sogra disse que sabia da assiduidade dele em bares de Ribeirão Preto-SP, porém nada disso me preparou para ver o pouco que sobrou de Sócrates. Pior: saber que uma pessoa esclarecida, que conseguiu escapar da miséria - essa indesejável companheira de tantos outros ex-atletas - caiu na vala comum dos desiludidos e mergulhou de cabeça no álcool. Enquanto seu irmão Raí comanda uma ONG (a Fundação Gol de Letra), o ex-ativista colabora esporadicamente com o projeto 1Gol, mas passa seus dias comentando, dando seus palpites e apontando dedos, mas apenas - com o perdão do trocadilho - como filósofo de bar.

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