Não, não é mais um post sobre a Ponte Preta. Dessa vez escrevo sobre o livro homônimo que terminei de ler a poucas horas, um clássico da literatura americana escrito por Jack Londo (na verdade, John Griffith Chaney). A narrativa trata do cachorro Buck, uma mistura de são bernardo com border collie que é raptado duma fazenda da ensolarada Califórnia e levado para trabalhar puxando trenós do estado do Alasca até o outro lado do continente, no leste do Canadá. O protagonista adapta-se rapidamente, passa até a gostar da tarefa e torna-se líder da matilha. O nosso valente cão passa por outras aventuras que não detalharei aqui para não contar a história, mas uma parte me chamou mais atenção.
Apesar da impressão de que se trata duma obra infantil, há vários trechos pesados que me parecem mais uma metáfora de como meninos vão se transformando em homens: saem do conforto do lar, passam pelo serviço militar, começam a trabalhar, até que chegam ao ponto em que precisam conciliar interesses, como quando Buck abandona seu dono por horas e depois dias para caçar, mas retorna ao lar.
Além disso, a obra de 1902 já parecia prever o dilema que passaria a viver o homem moderno: o cãozinho passa algum tempo em dúvida sobre como encarar seus momentos de mansidão após ser resgatado por Thornton. Ele pode ter a tranquilidade e o conforto de seus dias da Califórnia, mas algo que ele nem compreende o chama e faz com que ele queira sair para buscar o desconhecido. Hoje o homem "domesticado" trabalha, se mantém e se desenvolve intelectualmente, mas mesmo que nas profundezas mais distantes do seu subconsciente resta algum vestígio de iniciativa que o faz querer viver como seus antepassados viveram.
Claro, não é preciso largar tudo para viver da caça no meio do mato, mas aí algumas "coisas de homem", às vezes programas de qualidade duvidosa, são defendidos com unhas e dentes: acampar, andar por aí como alguns conhecidos já fizeram - um foi do RS a SC a pé/de bicicleta - ou apenas destrinchar livros e mais livros de História sobre grandes conquistadores. Há inúmeras formas de deixar esse instinto extravasar - e é mais saudável que ele tenha uma válvula de escape.
Fiel ao homem ou ao andarilho? |
Enfim, isso tudo é uma primeira impressão, ainda refletirei sobre o livro tomando um bom chimarrão, lerei tudo mais algumas vezes... mas fica aqui meu palpite. Aliás, enquanto escrevia falei da metáfora do cachorro representando os homens. Acredito que cada cachorro da história seria um tipo de pessoa e não o animal representando o gênero humano todo ou uma classe (como fez a banda Pink Floyd com a letra de Dogs, em que esses animais representavam homens de negócios). Várias outras observações surgirão, mas não devo voltar a escrever sobre o livro.
No comments:
Post a Comment
comentários