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Monday, February 2, 2015

Macro-twittering X

Fazia tempo, praticamente cinco anos, que eu não fazia um destes posts com um apanhado de breves comentários sobre miudezas. Como veio a vontade de escrever, aproveitei para passar um café, botar umas músicas de bicha triste para tocar e expelir um ou dois parágrafos a respeito de aleatoriedades.



- Começo hoje minhas férias. Na quinta-feira, 05, vou até São Paulo para encontrar a Ligia, companheira de mesas de boteco e papos profundos desde o distante começo do curso de Jornalismo na PUC-Campinas para comemorar o aniversário da Samia, uma pessoa muito especial e o melhor legado das minhas longínquas aulas de boxe. No dia seguinte continuo a "turnê" passando por São José dos Campos para visitar minha "protegida" de outrora na IBM, a Mayara - como se uma mulher que é independente, lutadora e ótima mãe precisasse de proteção - e sua nova família. No fim de semana desço a serra até a praia do Sapê, vizinha mais pacata de Maranduba, em Ubatuba (tradicionalmente chamada de "Ubachuva").

"Porra, Luiz, mas você não odiava praia?". Sim, mas por não saber diferenciar algumas coisas de outras. Odiava a colônia de férias visitada por minha família todo mês de janeiro, sua praia imunda, sua falta de atrações e a diferença de idade que tornava as crianças desinteressantes e os adolescentes, muito distantes para socialização. Mas gosto do oceano, de sua imensidão e da possibilidade de contemplar algo que dê-me a sensação de ser minúsculo, mas não insignificante. Foi à beira do mar, em Ilhabela, no fim de 2008, que me encontrei e encontrei a determinação de emagrecer. Sabe-se lá o que pode nascer desse novo encontro/refúgio nas águas.
 
- Fecharam o Bar do Wili. Num post antigo o escolhi como meu bar preferido em Campinas - e não o melhor da cidade, antes que alguém entenda assim. Com o passar dos anos passei a não admirá-lo tanto: ele não era dos locais mais bonitos, com suas paredes aparentemente inacabadas, suas cadeiras frágeis e ambiente escuro. O atendimento era lento, com "cerveja quente e comida fria", como li por aí em alguma avaliação do recinto. Eu não gostava do seu público dominante, aquele jovem moderninho cujos traços de alternatividade respeitam algumas regrinhas muito bem pré-estabelecidas, com cortes de cabelo, roupas, gostos musicais e tatuagens para quem quer ser diferente de todo mundo e igual a muita gente. 

Havia tudo isso e eu tinha motivo para odiar o bar, mas havia algo em sua atmosfera que eu adorava. Vez ou outra eu ia até lá para ver alguma partida de futebol num domingo a tarde, tomar uma cerveja e voltar para casa. Abri três ou quatro férias seguidas com o "ritual" de tomar uma cerveja na tarde do primeiro dia em que eu estava livre do trabalho. Numa destas idas vespertinas venci um bloqueio que eu tinha e consegui puxar papo com uma moça que também bebia sozinha. Quando estava numa de suas mesas recebi a ligação da ex-namorada que vivia no apartamento ao lado para avisar que sairia do prédio. Ali sofri uma ou outra decepção amorosa e tive algumas pequenas vitórias também. Ali voltei a fazer aniversários, quando cheguei aos 28 e 30 anos, respectivamente - e logo após este último a festa acabou. Talvez a alma despojada e acolhedora do bar vinha de seu ar de tosquice, de sua aparência decandente, apropriadamente ilustrado pela frase "se já está no inferno, abrace o Capeta".

- Estamos chegando ao sexto aniversário da morte de minha mãe. Quase deixo a data passar em branco porque, sinceramente, após um tempo ficou mais fácil lembrar de seu aniversário de nascimento, em 14 de setembro. À época de seu falecimento pensei que todo começo de fevereiro seria um período de luto e reflexão, mas eu não imaginava que o tempo dos mortos funcionasse de forma tão distinta. Seguimos vivendo e associando a passagem do tempo a marcos da vida profissional, relacionamentos, acontecimentos, eventos esportivos e tantas outras referências. Por exemplo, sei que em 2004 o Porto foi campeão europeu, lembro porque foi na época em que eu trabalhava no Futebol Interior. Em 2005 foi o Liverpool, que veio a perder o Mundial para o São Paulo. No ano seguinte foi o Barcelona, quando Ronaldinho Gaúcho foi sobrenatural. Quem se foi, no entanto, parou e entrou em looping no dia de sua morte. Continua lembrado, numa linha do tempo paralela que parece infinita: minha mãe sempre esteve por perto, foi-se e continua sendo uma lembrança constante, então não há de fato um apelo para que eu faça algo de diferente hoje, assim como não considero o dia de Finados uma ocasião especial.

- Quem tem medo do Lobo Mau? E da NFL? Ok, essa liga ainda não inspira medo, não ameaça o futebol brasileiro e creio que não será muito maior do que um nicho bem específico, porém mais fiel do que o público que descobriu o MMA há alguns anos. Creio que essa fidelidade se deve ao tempo em que leva-se para aprender as regras mais básicas e como funciona o futebol americano, ao contrário das lutas do UFC, onde bastava ver quem esmurrava e chutava mais para acompanhar uma luta. Mesmo assim, com esse alcance limitado que o esporte terá no Brasil, porque ele causa dor de cotovelo entre alguns torcedores mais tradicionalistas do nosso futebol inglês, brasileiro, mundial? É porque essa minoria tem se empolgado duma forma que o torcedor do futebol não tem se empolgado há tempos? É pela organização, que jamais veremos por aqui? É rejeição a algo novo simplesmente por ser uma novidade? É por achar o esporte feio ou indecifrável? Ou é uma birra gratuita, o que também seria uma justificativa plausível? Sei lá, mas seria melhor usar esse tempo observando e absorvendo o que o futebol americano tem a ensinar.

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