tag:blogger.com,1999:blog-72852557233517867412024-03-14T02:32:04.886-03:00Futuro sempre quase definidoLuiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.comBlogger338125tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-50903679075946177162016-12-30T21:43:00.000-02:002016-12-30T21:43:10.271-02:00Retrospectiva - 2016<div style="text-align: justify;">
Mais um ano já chega ao seu fim e, como tenho feito ultimamente, escrevo um post para relembrar o que houve de melhor e pior neste ciclo que se encerra. Foi um ano pacífico, uma calmaria atípica quando penso em quantos amigos detestaram e amaldiçoam estes últimos doze meses. E não os culpo, 2016 foi mesmo um ano pesado para muita gente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não tive muito para contar, como se pode ver pelas poucas publicações: apenas dez postagens neste blog e algumas através do meu Medium. Houve poucas mudanças em meu emprego, principalmente motivadas pela fuga incompreendida duma demissão coletiva em março ("incompreendida" porque reconheço que meu rendimento em 2015 foi bastante medíocre). Aprendi algumas novas atividades e funções, mas nada lá tão revolucionário. Concluí algumas matérias de minha pós-graduação e devo concluí-la mais cedo do que previamente programado graças a uma reformulação da grade. Quanto a círculos afetivos de toda sorte, aprendi a me atentar à reciprocidade oferecida por eles. Tive uma reconciliação valiosa com uma amiga enquanto algumas pessoas se afastaram... mas fazer o quê?</div>
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<br /></div>
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Adotei o <a href="http://futuroaberto.blogspot.com.br/2016/06/bubba-primeiro-mes.html">Bubba</a> e esta foi a experiência mais significativa de meu ano. Este gatinho preto me ensinou muito sobre companheirismo, generosidade, gratidão e resiliência; mais do que eu pude aprender com dezenas de livros lidos nos últimos anos. Fica aí a principal lição do ano para mim: menos teoria e mais prática. Aliás, hoje o bichano tem até sua própria <a href="https://www.instagram.com/bubba_sauro/">conta no Instagram</a>, assim minha conta permaneceria minha e não dele.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-svqsb8V-mg8/WGbrECNuj9I/AAAAAAAAExE/LqVe428eEPY256n16dYbQ40-S6jPtfF8QCLcB/s1600/Z%25C3%25A9%2Be%2BBubba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-svqsb8V-mg8/WGbrECNuj9I/AAAAAAAAExE/LqVe428eEPY256n16dYbQ40-S6jPtfF8QCLcB/s1600/Z%25C3%25A9%2Be%2BBubba.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Zé (esq) cumprimenta seu primo Bubba</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Por fim, cabe uma reflexão sobre o blog, ou melhor, sobre minha disposição de mantê-lo ativo. Já faz algum tempo que perdi o ânimo para discutir e comentar muitos dos assuntos que se tornam pautas nas redes sociais e "no mundo real" - ou seja, assuntos realmente relevantes. Seja o clipe novo da Clarice Falcão, as eleições municipais, o vestido branco e amarelo ou azul e preto, o impeachment de Dilma, as Olimpíadas, a guerra na Síria; não terei nada a acrescentar a estes temas, pelo contrário, só diria obviedades ou alguma besteira, caso me arriscasse por terrenos desconhecidos. E posts sobre estes assuntos teriam apenas o papel de suprir minha necessidade narcisista de me expressar, embora minha minha opinião pode ser esta ou aquela que isto não faria a menor diferença.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, chego a uma encruzilhada e não sei o que fazer do blog. No mínimo vou mantê-lo ativo, principalmente devido a todas as recordações registradas nele. Quanto a seu futuro, ainda preciso pensar a respeito dele. Penso em continuar escrevendo esporadicamente, talvez sobre filmes, mas talvez eu o faça no Medium e não aqui. Caso haja interesse por conhecer meu outro perfil, ele está em <a href="https://medium.com/@bomfimm">https://medium.com/@bomfimm</a>. De qualquer forma, um feliz 2017 a todos os leitores e, caso este seja o último post, obrigado pelo carinho no decorrer destes anos.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-64915825315528680602016-06-25T22:23:00.003-03:002016-06-25T22:23:57.526-03:00Bubba - Primeiro mês<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Neste domingo, 26 de junho, completa-se um mês do dia em que
adotei Bubba. Algumas pessoas mais próximas sabiam com muita antecedência de
minha intenção de trazer um bichano para minha casa. No entanto, o plano demorou
a sair do papel devido a alguns obstáculos como meu receio de dividir com um
gato um apartamento pequeno e minha alergia, da qual eu era vítima constante quando
vivia com os gatos que hoje estão com meu pai e minha irmã. A vida, felizmente,
se incumbiu de aprontar alguns desencontros que levaram ao encontro com o
pretinho que dorme no meu colo enquanto escrevo esse post.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como mencionado acima, passei a sofrer com alergia a pelos
de gatos na adolescência. Durante minha vida toda tive gatos em casa, mas só mais tarde
passei a sofrer crises de espirros e coceira na garganta devido à presença
deles. Passei a andar sempre por aí com uma cartela de antialérgicos na mochila
(inclusive recomendo o Histamin) porque eu não fazia questão alguma de evitar a
convivência com os gatos de minha família e de amigos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Além disso, houve em abril a especulação de que eu
participaria de um rodízio de <i>home office</i>
devido à “superlotação” do meu time, que possui quase 30 integrantes e apenas
24 lugares disponíveis. Assim que soube disso, avisei à minha irmã e à minha
amiga <a href="https://medium.com/@lemoyses">Lê Moyses</a> que daria um jeito de adotar uma gatinha preta caso realmente
precisasse trabalhar de casa por 2 ou 3 dias da semana, toda semana. Trabalhar de
casa desta forma pode parecer agradável (e realmente gosto de trabalhar de minha casa, desde que em doses homeopáticas), porém não é quando se vive sozinho num apartamento
de poucos metros quadrados.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-nK4yPCRXuIs/V28pRaxLFKI/AAAAAAAAEtE/dmhR8yJ7wjoXjynCc5tkh-GUsajoqYbvQCLcB/s1600/13260208_10209965454401287_4978537324445103902_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-nK4yPCRXuIs/V28pRaxLFKI/AAAAAAAAEtE/dmhR8yJ7wjoXjynCc5tkh-GUsajoqYbvQCLcB/s320/13260208_10209965454401287_4978537324445103902_n.jpg" width="256" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>O primeiro encontro</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enfim, anunciei-lhes minha intenção e as duas prontamente
começaram a conspirar para que eu adotasse a tal gatinha preta. Assim correram
algumas semanas, até que na noite de 25 de maio, véspera do feriado de Corpus
Christi, meu celular começou a apitar com mensagens da Lê. Um gatinho preto, lindo e dócil havia pulado em seu colo quando ela estava num bar do centro de
Campinas, numa mesa de calçada. Recebi mensagens, fotos, uma ligação dizendo
que eu TINHA de adotar aquele gato. Respondi que eu pensaria a respeito e daria uma resposta até o dia seguinte. Consegui resistir aos encantos do bichinho por pouco mais de uma hora, se me lembro bem. Fazia frio naquela noite e em meu feed do
Instagram apareceu uma foto de campanha de adoção, com a imagem dum gato de rua
todo judiado. Sinal? Coincidência? Destino? Não sei, mas sei que foi um belo empurrão
para que eu o aceitasse e fosse buscá-lo na tarde seguinte, durante o feriado. Claro que ele não seria devolvido às ruas pela amiga da Lê, sua anfitriã temporária, mas quem eu achava que ainda enganava àquela altura?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Agora, uma observação sobre o nome do gato. Não deu tempo de
planejar nada, inclusive ele chegou aqui sem as telas na janela, mal havia ração
e nem um nome havia sido pensado. O primeiro nome que me ocorreu foi Bubba,
nome do fiel amigo de Forrest Gump. Reconheço que não é o nome mais fácil e que
sobrestimei a popularidade deste clássico do cinema, mas acho que, no fundo,
tanto faz como chamamos um gato porque normalmente ele não está nem aí para
nada mesmo. E assim vamos interagindo com ele, aqui como “Bubba”, ali como “Búba”,
quase sempre como “DESCEDAÍ!”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-2Ewz_CZCUNM/V28pzrxNx-I/AAAAAAAAEtQ/-m1rIcX3GbMJuiEOCHp9GEs9C3q_MCUNQCLcB/s1600/bubba%2Bgump.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="313" src="https://4.bp.blogspot.com/-2Ewz_CZCUNM/V28pzrxNx-I/AAAAAAAAEtQ/-m1rIcX3GbMJuiEOCHp9GEs9C3q_MCUNQCLcB/s640/bubba%2Bgump.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Forrest, Bubba, Liutenant Dan</i></td></tr>
</tbody></table>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-BuTP8rj51_0/V28rmMW6x2I/AAAAAAAAEt0/58fd0lR2ARAaVI3Rx007dGNKkNt-hXWxgCLcB/s1600/bubba%2Bvet.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-BuTP8rj51_0/V28rmMW6x2I/AAAAAAAAEt0/58fd0lR2ARAaVI3Rx007dGNKkNt-hXWxgCLcB/s320/bubba%2Bvet.jpg" width="314" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Em recuperação, mas sem perder o bom humor</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apenas uma nota negativa: assim que Bubba foi recebido, era
possível sentir um carocinho em seu peito. Em sua primeira consulta a veterinária
disse que deveríamos observar aquele montinho sob os pelos no decorrer das semanas
para decidir o que fazer, mas em cinco dias ele cresceu e se rompeu,
revelando que era um abscesso (uma bolha de pus). Medicado com antibióticos, Merthiolate
e Rifamicina durante duas semanas, agora ele já está plenamente recuperado. Graças
a um exame de raio x constatamos que havia uma vértebra fora do lugar em seu
esterno, bem próximo ao local do abscesso, o que leva à suspeita de que os dois
estão relacionados e talvez tenham sido causados por um chute. Cito a camiseta
do (ex-)jogador Adriano e espero “que Deus perdoe essas pessoas ruins”, porque
meus votos são de que o hipotético autor do chute sofra um belo prolapso retal.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apesar da vértebra deslocada, o Bubba está muito bem. Brinca
bastante, não tem problemas respiratórios, é muito ativo e continua muito afetuoso. Em apenas um mês mudamos um
a vida do outro consideravelmente: apesar de às vezes ter algumas atitudes caóticas,
ele ainda me alegra muito e já lamento demais não ter adotado antes – embora,
caso já tivesse adotado outro gato, não o teria por aqui hoje. Felizmente não
tenho sofrido com a alergia, talvez devido à <a href="https://blogcasavegana.wordpress.com/2016/05/25/por-que-os-sintomas-da-rinite-melhoram-com-a-exclusao-dos-laticinios/">redução da quantidade de laticíniosque consumo</a> ou à <a href="https://www.youtube.com/watch?v=ZgeHY3p6Rg8">limpeza dos seios faciais com soro fisiológico</a>. Quanto ao
pequeno, aquele gatinho que chegou aqui apático já cresceu, ganhando peso e
disposição. Acho que não é exagerado dizer que ele provavelmente nem estaria
vivo caso estivesse solto pelas ruas com uma ferida aberta no peito e exposto à
<a href="http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/06/campinas-tem-menor-temperatura-em-junho-em-16-anos-diz-somar.html">frente fria violenta</a> e às <a href="http://climatologiageografica.com.br/micro-explosao-causa-enorme-destruicao-em-campinas/">tempestades que atingiram Campinas</a> no último mês. Sou
muito, muito grato a todos que colaboraram neste estágio de adaptação. E caso
alguém indeciso tenha chegado a esse post pesquisando sobre adoção, recomendo
veementemente acolher um bichinho porque todos saem ganhando – claro, desde que
as circunstâncias sejam favoráveis, já que bicho não é brinquedo nem decoração.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-Gf1uYDTjAZI/V28qd3dk60I/AAAAAAAAEtk/UMiTx6stPsU28oQvHeV1pLCcEd4uJGk4wCLcB/s1600/bubba%2Bmeia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-Gf1uYDTjAZI/V28qd3dk60I/AAAAAAAAEtk/UMiTx6stPsU28oQvHeV1pLCcEd4uJGk4wCLcB/s1600/bubba%2Bmeia.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Blusa de cachorro improvisada como roupinha cirúrgica para proteger as bandagens do abscesso</i></td></tr>
</tbody></table>
</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-1578239261943762612016-05-17T23:30:00.006-03:002016-05-17T23:41:26.839-03:00Tragédia(?)<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR">Hoje de manhã, enquanto almoçava antes de sair para trabalhar, revi um
trecho de Troia, o épico estrelado por Brad Pitt e Eric Bana – intérpretes do
grego Aquiles e do troiano Heitor, respectivamente. A cena que tive tempo de
ver foi a do confronto entre os dois guerreiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR">Heitor é, sem pestanejar, o homem mais munido de virtudes e qualidades
em toda a guerra de Troia. É ótimo pai, bom marido, excelente filho e supremo
como lutador. Batalhou arduamente pela preservação de sua cidade e de seu povo,
embora a guerra fosse iniciada por uma molecagem de seu irmão mais novo. Lutava
pela honra sem buscar recompensa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR">Aquiles, seu rival, não possuía laços tão fortes. Sabemos de sua mãe,
Tétis e de Pátroclo, seu primo nos filmes e grande amigo ou amante no livro, dependendo
da interpretação. Não era obediente a reis e não respondia a ninguém no campo
de batalha. Era ardiloso e oportunista; decidiu atravessar o mar Egeu para
lutar apenas depois de perceber a possibilidade de obter fama e glória no maior
embate de todos os tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR">Pois bem, na cena que assisti enquanto eu almoçava, Aquiles foi às
muralhas troianas para desafiar seu rival. Heitor despede-se de seu pai Príamo,
de seu irmão Páris e de sua esposa Andrômaca antes de encontrar o grego para o
combate. Ofereceu tanta resistência quanto pôde e foi ofensivo enquanto era
possível, mas foi derrotado e teve seu corpo arrastado ao redor das muralhas de
sua cidade natal perante os olhos das pessoas que amava. A soma de todas as
virtudes do campeão troiano não serviu de absolutamente nada: não houve karma,
justiça do universo, intervenção divina ou nada semelhante que tornasse sua
espada mais rápida ou letal do que a de Aquiles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR">---</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR">Quase três mil anos depois de Homero, é mais comum encontrar rapazes e
homens chamados Heitor do que batizados de Aquiles. Pesam contra o troiano a
derrota na luta e sua origem, já que os gregos influenciaram de forma consistente
a civilização ocidental com cultura, literatura, arquitetura, filosofia,
matemática, etc, etc. Apesar disso, seu nome se difundiu entre seus inimigos de
outrora. Em algum ponto de nosso passado rejeitamos, de alguma forma, o que
Aquiles representava ou em algum momento pusemos a bondade acima da agressividade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span lang="PT-BR">P.s.: Comentei isto me baseando mais no filme de 2004 do que na Ilíada,
de Homero. No livro Heitor não é tão bonzinho e é melhor lutador do que no
cinema.</span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-tW9K-CDZTe8/VzvWMmUhlII/AAAAAAAAErA/mOrYdMYzS98uxJWwpOTSzfGrVCtkS5xGACLcB/s1600/hector.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-tW9K-CDZTe8/VzvWMmUhlII/AAAAAAAAErA/mOrYdMYzS98uxJWwpOTSzfGrVCtkS5xGACLcB/s1600/hector.jpg" /></a></div>
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-30574492379268862492016-03-17T21:39:00.000-03:002016-03-17T21:39:04.428-03:00Gráfico da vida<div style="text-align: justify;">
Nos últimos dias venho refletindo bastante sobre como está meu ano de 2016 e, depois de percorrer mentalmente um trajeto que me levou a um destino até então inesperado, resolvi botar em prática a ideia de comparar o ano atual com 2006. Assim teria uma visão mais abrangente e poderia também obter uma referência: estou evoluindo? Estagnei? Piorei?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para avaliar melhor cada um dos anos e fazer essa comparação decidi fazer uma atividade conhecida como Roda da Vida. Conheci este exercício numa aula da pós-graduação e ele exige um tanto de reflexão e autoconhecimento - o que pode soar como bobagem até precisarmos preencher o teste e qualificar quão bem realmente estamos. A roda se parece com uma pizza em que cada fatia representa um aspecto de nossas vidas: financeiro, familiar, emocional, intelectual, etc. Abaixo, como ela fica antes de ser preenchida.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-_bfgfta6750/VuiqpppifNI/AAAAAAAAEpc/CZa2RSXq1JczMAz7PGTEfyLJa_yVRuu0w/s1600/roda%2Blimpa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-_bfgfta6750/VuiqpppifNI/AAAAAAAAEpc/CZa2RSXq1JczMAz7PGTEfyLJa_yVRuu0w/s1600/roda%2Blimpa.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O número dentro de cada fatia é a "nota" deste aspecto, sendo 1 a mais baixa e 10 a mais alta. Abaixo, como um exemplo, preenchi alguns campos como os preencheria alguém cujo salário é satisfatório e que vive em ótimo momento profissional, porém de insatisfação com seus hábitos culturais.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-VnWj10M0v_s/VuqMvU_7z2I/AAAAAAAAEps/IDwH1sk2_gU2p27jgmQ_nV8O1uLfuJa4g/s1600/roda%2Brespondida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-VnWj10M0v_s/VuqMvU_7z2I/AAAAAAAAEps/IDwH1sk2_gU2p27jgmQ_nV8O1uLfuJa4g/s1600/roda%2Brespondida.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em vez de realmente preencher a roda, criei uma planilha no Excel com uma linha para cada um dos campos acima e dei a nota de cada aspecto, com uma coluna de 2006, outra de 2009 (um ano particularmente ruim) e 2016. Finalmente, com todas as notas em mãos, criei um gráfico com uma linha para cada ano, em que cada coluna representa uma das facetas da roda. No gráfico abaixo fica um pouco mais fácil de entender:</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-zz8628IG0mE/VuqqtjNhpFI/AAAAAAAAEp8/M5WTV8gOs18ZbTaZ3HK8LjbcerfxeEogg/s1600/graf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-zz8628IG0mE/VuqqtjNhpFI/AAAAAAAAEp8/M5WTV8gOs18ZbTaZ3HK8LjbcerfxeEogg/s1600/graf.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>2006 em azul, 2009 em rosa e 2016 em amarelo</b></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
E olha aí: 2016 acabou mostrando que caminha muito bem. 2009, embora um ano difícil, teve seus bons momentos e 2006, que eu julgava um período muito bom, teve seus trancos e muitos barrancos. Mudaram as expectativas, a cobrança pessoal e os parâmetros de avaliação/expectativa no decorrer dos anos. O que era bom tornou-se mediano ou até motivo de arrependimento em uma década. E sei lá eu como verei meu 2016 daqui alguns anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fica então a ideia para quem quiser realizar esse exercício também. Talvez com uma métrica que passe ano por ano, caso haja paciência para o esforço. Ou quem sabe para definir metas para o futuro?</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-33717274194600557172016-02-28T19:52:00.000-03:002016-02-28T19:53:43.299-03:00Negação, raiva, barganha, depressão, aceitação<div style="text-align: justify;">
Uma vez ouvi uma piada dum louco que não deixava em paz o bibliotecário do hospício onde ele vivia. Devorador de livros, a cada dois ou três dias o paciente aparecia novamente para pedir mais e mais obras novas, até que o bibliotecário, de saco cheio, entregou ao leitor inveterado uma lista telefônica da cidade de São Paulo. Passaram-se dois, três, cinco dias, uma semana; depois de vinte e cinco dias o louco voltou com a lista telefônica em suas mãos. "Você leu tudo isso?", perguntou o bibliotecário, incrédulo. "Li. Achei o universo de personagens muito rico, mas o enredo era confuso", respondeu o louco.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa piada, obviamente exagerada, se aproxima do (muito real) ímpeto de colecionador que vemos e, por vezes, praticamos. Colecionamos livros, tanto pelo objeto em si quanto pelo conteúdo: houve uma época em que baixei do <a href="http://www.gutenberg.org/">Project Gutenberg</a> vasto material de Filosofia e entupi meu Kindle com trabalhos de Kant, Espinoza, Nietzsche... Puro punhetação intelectual. O que eu lia, às vezes de maneira afoita, nem era aproveitado. Parte do que baixei, que eu jamais leria, compreenderia ou seria útil a mim, já foi até apagada depois que me recolhi à minha insignificância. Assim também é com filmes, que não transformarão ninguém em cinéfilo caso o espectador não tenha capacidade de interpretar o que vê e sensibilidade de captar o que se tenta exprimir. E assim por diante, também com discos, quadrinhos, séries televisivas e outras áreas onde podem prosperar os "acumuladores culturais" (?). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Comecei <strike>divagando</strike> comentando sobre esse instinto de colecionar, mas quero ser mais específico sobre a transformação de objetos em símbolos - representações concretas de algo abstrato. O livro talvez represente melhor isso atualmente: não importa de quem e sobre o que seja, um paralelepípedo de papel sempre irradia uma aura de cultura e erudição. Caso você saia por aí com algum livro de mais de 500 páginas, note como ele causa mais comentários a respeito de sua extensão do que sobre o autor, o título ou o tema abordado. Uma cerveja importada pode transmitir certa imagem de sofisticação, mesmo que seu consumidor não consiga diferenciá-la duma Brahma num teste cego. E como estes, há muitos outros objetos: a rebeldia implícita nas tatuagens, embora até Ana Maria Braga tenha a sua ou, no meio do heavy metal, toda aquela produção estética com roupas escuras, cinturão de balas, colete com <i>patches</i> de bandas obscuras e cara de mal, uma papagaiada que normalmente vira piada quando o metaleiro, perdão, o headbanger <a href="http://www.metal-archives.com/artists/Frank_Mullen/7187">envelhece</a>. Há estes e inúmeros outros casos, mas o post é dedicado às chuteiras pretas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Parece estranho, mas me explico: há entre os torcedores brasileiros uma vertente mais saudosista que, ao expressar sua saudade do "futebol de antigamente", sempre enumera tudo que se perdeu no decorrer dos últimos vinte anos: estádios lotados, festas de torcida com várias bandeiras e outros materiais, jogadores mais "raçudos" e fiéis a seus clubes, uniformes com desenhos simples e... chuteiras pretas. E este último elemento, soterrado sob calçados coloridos e muito chorado pelos torcedores, "ressuscitou" recentemente com o lançamento duma linha de chuteiras inteiramente pretas, sisudas e tradicionalíssimas. "O futebol respira sem aparelhos", "Vocês estão revivendo a essência do futebol", "Chuteira preta moralizadora". Estes foram alguns comentários que encontrei na página brasileira da empresa. O melhor deles, no entanto, foi: "Os times que levaram o Brasil ao penta usavam a boa e clássica chuteira preta".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, em 1958, 1962, 1970 e 1994 sequer havia o sonho de produzir chuteiras de outras cores. Aliás, antigamente elas ainda eram fruto dum processo bastante precário de fabricação. Com travas pregadas e material era grosseiro, calçá-las não era confortável. Duvido que um peladeiro atual preferiria enfiar seus delicados cascos numa botina como as usadas décadas atrás. Em 2002, última Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, chuteiras coloridas já estavam nos pés de Ronaldo, Roberto Carlos e Rivaldo. E se até este pernambucano, um jogador sempre tão sério e pouco dado a espalhafatos, foi um dos pioneiros do uso da chuteira colorida, quem garante que outros mais antigos como Garrincha, Dadá Maravilha ou Renato Gaúcho, apenas para citar alguns, não o fariam?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É a transformação das chuteiras pretas num símbolo destas tradições do futebol. Como se, por uma simples questão de quórum, o "futebol de antigamente" pudesse ser trazido de volta através da reunião dum certo número de jogadores calçados da maneira adequada. (Spoiler: ele jamais voltará). Ou que os atletas/<i>popstars</i> atuais, muitos deles tão megalomaníacos, narcisistas, blindados e preocupados com qualquer coisa, menos com o domínio dos fundamentos do esporte, não se transformaram cada um num Clébão apenas por um acidente do destino, que não lhes permitiu calçar um par de chuteiras pretas - o que faria com que tudo fosse diferente e evitaria a existência de David Luiz como atleta profissional. E esse desejo coletivo não passa despercebido, tanto que ele é notado como segmentação de mercado. O desejo se materializa no símbolo que, por sua vez, é capitalizado e transformado em marcadoria. Como os livros, as cervejas especiais, as tatuagens, etc, etc. E assim caminha a humanidade.</div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-YuXEhXMwBxg/VtN4oFSHusI/AAAAAAAAEo8/oqST3m8O5Ps/s1600/zizou.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-YuXEhXMwBxg/VtN4oFSHusI/AAAAAAAAEo8/oqST3m8O5Ps/s1600/zizou.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Se até Zidane usou chuteiras coloridas, amigos, acho que elas não são de todo ruins</i></td></tr>
</tbody></table>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-36065350475896708292016-02-27T11:22:00.000-03:002016-02-27T11:32:11.237-03:00Calmaria<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 18px; line-height: 20.7px;"><span style="font-family: inherit;">Termino fevereiro num momento de emoções conflitantes e contraditórias: a solidez quase intransponível da estabilidade atual é arranhada pela ansiedade de desconfiar de turbulências vindouras. A tormenta não está inerentemente ligada à calmaria, como bem sabe quem já acumulou tempestade sobre tempestade sem um intervalo para retomar o fôlego, mas é inevitável que cedo ou tarde os céus voltem a ser encobertos por nuvens carregadas.</span></span><br />
<span style="font-size: 18px; line-height: 20.7px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: 18px; line-height: 20.7px;"><span style="font-family: inherit;">Apesar de eu estar prestes a completar meu sexto ano de companhia, sei que nossa economia passa por um momento de declínio e que a empresa na qual trabalho faz sua rodada anual de demissões com o objetivo de baratear renovar sua mão-de-obra. Alguns amigos e conhecidos já se foram enquanto permaneço. Por mais um dia, mais uma semana e, espero eu, por pelo menos mais um ano. Enquanto isso faço, assim como meus colegas, conjecturas a respeito de quão vitais somos (pelo menos durante estas semanas) e, desgraçadamente, torcemos para que outra área seja vista como possuidora de profissionais mais descartáveis do que a nossa. Que tempos malditos estes em que se esquenta mais a cabeça pensando na concorrência interna do que na externa.</span></span><br />
<span style="font-size: 18px; line-height: 20.7px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: 18px; line-height: 20.7px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="font-size: 18px; line-height: 20.7px;"><span style="font-family: inherit;">Fora de meu cubículo permanecem as aulas de russo, as atividades no crossfit e a pós-graduação. Tudo isto já confortavelmente assentado e moldado duma maneira conveniente. Na vida amorosa houve a impressão de que alguma novidade surgiria, mas foi alarme falso, creio que devido a um desencontro de disposições e momentos. Com minha família tudo vai bem também e <a href="http://futuroaberto.blogspot.com.br/2012/10/pai.html">minha relação com meu pai</a> tem apenas melhorado. Não tenho do que me queixar, aliás, tenho apenas motivos para me sentir grato e tranquilo. Uma pequena voz, no entanto, continua me dizendo para ficar alerta. Uma vozinha que talvez seja chama Ansiedade, Cautela ou Pessimismo; mas cujas palavras não consigo ignorar.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13.5pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-0QVsp0nM4co/VtGymt6scgI/AAAAAAAAEoo/Vb4D5K155FM/s1600/shen-zhou_poet.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="640" src="https://2.bp.blogspot.com/-0QVsp0nM4co/VtGymt6scgI/AAAAAAAAEoo/Vb4D5K155FM/s640/shen-zhou_poet.jpg" width="503" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Edição da obra Caminhante sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich</span></i></td></tr>
</tbody></table>
</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-24596850888942746042016-01-14T23:19:00.003-02:002016-01-14T23:19:55.532-02:00Na rede<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Hoje, 14 de janeiro de 2016, duas
notícias sobre óbitos circularam pela internet. A primeira foi a do comediante paraibano
conhecido como Shaolin, cujo corpo já estava paralisado desde que ele sofreu um
acidente de carro em janeiro de 2011 e que foi vítima duma parada
cardiorrespiratória nesta manhã. A outra foi de Alan Rickman, ator inglês cujo
fim veio na forma dum câncer. Seus trabalhos mais conhecidos são suas
interpretações do vilão Hans Gruber em Duro de Matar e de Severo Snape em toda
a saga Harry Potter.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Além deles, soube também do
falecimento duma conhecida. Inicialmente, seria apenas um desses contatos encontrados
casualmente pela internet, que normalmente viram apenas mais um número em nossa
lista de amigos e mais uma pessoa para colocar posts em nosso feed. Não chegamos a nos
conhecer pessoalmente e ela morava em outro estado, mas mesmo assim pudemos
nos falar em algumas ocasiões. Para ilustrar o caso, chamemos essa pessoa de
Tatiana (nome fictício).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fazia algum tempo que eu via
alguns posts melancólicos de Tatiana em seu perfil do Facebook. Ainda que
vagamente, eu notava que falava até frequentemente sobre a morte e sobre um sofrimento insuportável.
Através de posts de amigos e parentes dela no decorrer destes meses de amizade
entre nós dois, percebi que ela lutava contra alguma doença, mas não era claro
qual era sua enfermidade. E por falta de intimidade, eu torcia por Tatiana de
longe, sem me sentir muito à vontade para lhe perguntar o que acontecia e como
ela estava.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E hoje surgiu uma publicação em
que se confirmava seu falecimento. Alguém “herdou” seu perfil e conseguiu
escrever um post explicando que Tatiana havia passado por um transplante e se
recuperava bem, mas uma recaída súbita fez com que seu corpo sucumbisse. Mensagens
de pesar e solidariedade acompanhavam o anúncio até que uma nova publicação
revelava uma nova versão da morte de Tatiana.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela teria passado, realmente, por
um transplante de fígado, do qual se recuperava bem. O problema começou com uma
viagem não permitida a São Paulo para encontrar um ex-noivo, de quem já havia
se separado a anos e que agora estava com outra mulher. Tatiana tentou encontrá-lo
e ele a proibiu de ir a seu local de trabalho, que também é onde ele reside. Ela
o pressionou, ameaçou se matar e disse que ele teria de escolher entre ela e a
mulher atual. Ele escolheu a atual e Tatiane tirou sua própria vida (o post é
um pouco detalhista sobre isso, mas creio que não seja necessário ir tão
longe).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Confesso que suspeitei dessa
possibilidade devido aos posts mais sombrios que essa garota de apenas 24 anos
compartilhava, algo um tanto inesperado para uma rede social onde “nunca
conheci quem tivesse levado porrada”, como escreveu Fernando Pessoa. Assim como
eu, imagino que outros também imaginavam esse desfecho para a história, mas com
que cara levantaríamos essa suspeita? Fiz o que estava ao meu alcance: comentei
na publicação, pedindo que a retirassem do ar para preservar a imagem da moça. E
mais de uma pessoa respondeu que era desta forma que ela se manifestaria, de
forma transparente, direta. No fundo eu sabia que aquilo era a verdade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já vi inúmeras postagens em que
ela se despedia dos amigos, lamentava sua vida e sua dor, assim como falava de
recomeços e novas tentativas de seguir em frente com sua vida. Lembro dum episódio
em que ela divulgou uma foto de sua própria mão com hematomas e até cortes nos
nós dos dedos, causados por alguns socos que deu na tela de seu celular. De fato,
é capaz que ela enviaria uma mensagem do outro lado explicando exatamente o que
houve, com a mesma riqueza de detalhes da autora da publicação.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Graças a este exemplo mais
extremo, comecei a refletir sobre tanto conteúdo tornado público quando talvez
não deveria ser registrado nem intimamente. <i>Selfies</i>
em velórios, discussões (ou “barracos”, melhor dizendo), <i>check-ins</i> em motéis, vídeos de acidentes e mortes que talvez nem o
próprio Datena exibiria, debates sobre funcionamento intestinal, entre outros –
citei apenas alguns “top of mind”. E nem adianta eu dizer que ninguém quer ver
isso, porque eu <strike>normalmente</strike> não quero, mas há sempre uma multidão curiosa. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda sobre multidões de
curiosos: agora o Big Brother Brasil está prestes a retornar em mais uma edição
e aquelas velhas discussões sobre o programa ser ou não cultura (como se não
ser alta cultura significasse que ele não é cultura de forma alguma), que vale
mais a pena enfiar a cara nos livros – mesmo que talvez sejam apenas os de
colorir, etc, etc. Alguns amigos às vezes questionam porque a televisão insiste
em oferecer apenas bunda, futebol e humor de quinta série em vez de oferecer
uma programação mais rica, mas aí eu sempre lembro da Cultura, que oferece essa
programação gratuitamente e quase ninguém a assiste. E também penso no Tião,
que acorda de madrugada, pega dois ônibus, trabalha pesado para ganhar pouco, pega
mais dois ônibus para voltar à sua casa e à pilha de contas que paga todo mês. Todos
sabemos quem ganha a atenção de Tião numa disputa entre um filme de Ingmar
Bergman, um livro de Thomas Mann e o jogo de seu time.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Estou divagando, mas não tem
problema. Este post é de perguntas e não de respostas. De volta a cada Tião e
dona Maria que há por aí, atrás dum televisor ou duma tela de onde eles acessam a
internet: será que não é prepotência nossa quando nos julgamos iluminados e
tentamos ditar o que é melhor para eles? Posso achar uma comédia do Leandro
Hassum uma porcaria (<a href="http://revistatrip.uol.com.br/trip/leandro-hassum-caguei-para-a-critica-continuo-cagando-e-vou-cagar-sempre">não que ele se incomode em fazer algo grandioso pela sétima arte</a>) e indicar algo que eu considere muito superior, como Amadeus. O filme de
Milos Forman tem um certo status cult, mas por ser vencedor de quase dez prêmios
no Oscar de 1984*, um cinéfilo pode considera-lo apenas o pico da ponta deste
iceberg chamado “Cinema” e recomendar que o público procure alguma obra pouco
badalada de algum diretor obscuro nascido em algum país esdrúxulo em tempos
distantes. E essa experiência pode ser rica, diferente, suprema e causar um
sono que, se não tratado, pode se tornar um coma. Ponto para o Hassum e para a
mocinha que se deixa filmar brigando com uma colega de classe na porta do colégio:
ambos têm o mesmo êxito em suas tentativas de alcançar público abrangente. E os
fãs de Forman e outros diretores muito mais obscuros que continuem degustando
suas obras favoritas – até porque elas correriam o risco de serem chamadas de “modinha”
caso caíssem no gosto popular. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/4OkrYf4qlLM" width="420"></iframe>
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
* Um desabafo: mais de uma vez
ouvi uma “regra” de que se uma obra ganhou um Oscar de melhor filme,
automaticamente ela pode ser considerada ruim. Gostaria apenas de aproveitar o
espaço para deixar registrado que acho esta associação muito monga, mas menos
do que quem a reproduz por aí.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-43982226394173393652016-01-07T00:00:00.001-02:002016-01-07T00:08:18.528-02:00O despertar da Força<div style="text-align: justify;">
Demorei um pouco, mas nesta tarde fui o primeiro filme da nova trilogia Star Wars. Demorei um pouco para assistir a obra dirigida por J.J. Abrams porque, sinceramente, eu perdia um pouco do entusiasmo conforme a estreia se aproximava e o <i>hype</i> nas redes sociais explodia. Além disso, quanto mais filmes eu assistia, menos as trilogias anteriores faziam meus olhos brilharem devido a alguns furinhos na história, interpretações limitadas como a de "Manequim" Skywalker, à fragilidade duma ditadura que desmoronou pela galáxia inteira assim que seu líder foi morto e.... sinceramente, muito graças aos ewoks. Não dá para acreditar que um exército de ursinhos carinhosos conseguiria fazer frente a um exército com poderio bélico como era a o imperial. Mas enfim, apesar disso tudo fui ao cinema porque não custava nada dar uma chance a um novo filme, com novo diretor, com novos donos e que dá início a um novo arco.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-F6PB8g0mPYk/Vo3DONlgH9I/AAAAAAAAEnE/v2umODp1OGM/s1600/4chong.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="566" src="http://3.bp.blogspot.com/-F6PB8g0mPYk/Vo3DONlgH9I/AAAAAAAAEnE/v2umODp1OGM/s640/4chong.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>"He was a good friend"</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como o filme já saiu faz vários dias, vou comenta-lo sem tantos detalhes do enredo e com alguns spoilers - e se você não o viu, melhor ir ao cinema do que perder tempo com esse post.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de já ter visto algumas vezes os filmes anteriores e possuir seus DVDs, não posso ser considerado um grande fã da série. Conheço a história e seus personagens, mas nunca vi nada dos muitos materiais adicionais, como quadrinhos, animações e livros. O máximo que explorei além dos próprios filmes foram os jogos <a href="https://www.blogger.com/"><span id="goog_306807771"></span>Lego Star Wars<span id="goog_306807772"></span></a>, mas estes tratam exatamente dos mesmos enredos dos filmes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, eu que não sou lá grande fã e que ainda por cima desanimava com a série, fui ver pela primeira vez um filme da saga no cinema. Sim, eu havia visto todos, mas em casa, porque só me interessei pelos filmes tarde demais, meio ano depois do lançamento de A Vingança dos Sith. E assisti aos anúncios, aos alertas de segurança do cinema, aos trailes... e quando aquelas letrinhas azuis formaram a frase "A long time ago, in a galaxy far, far away..." eu já sentia meu braço arrepiado. Então veio <a href="https://www.youtube.com/watch?v=LS0RXyrhGek">aquele primeiro acorde estrondoso</a> junto com o nome da série e, porra, que sensação mágica! George Lucas, esqueça tudo que eu disse de ruim sobre a série! Tá tudo certo, inclusive o Jar-Jar Binks!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ok, me exaltei por um instante, mas vamos à história. O sétimo episódio começa trinta anos depois de O Retorno de Jedi. O Império foi derrubado, porém parte de seu contingente se organizou numa nova entidade, a Primeira Ordem, que luta para derrubar a República. Luke Skywalker, um dos últimos Jedis, está desaparecido e a Ordem o procura para executa-lo. Sua irmã Leia tornou-se general da Resistência, grupo que luta pela manutenção republicana. A primeira cena é em Jakku, planeta desértico similar a Tatooine, onde o piloto Poe Dameron (Oscar Isaac) pede a seu dróide BB-8 que ele entregue à resistência um dispositivo com informações sobre o paradeiro de Luke.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui faço uma pausa para comentar: essa cena lembra bem a cena de Leia em Uma Nova Esperança, em que ela entrega a R2-D2 um dispositivo com um pedido de socorro. Essa foi uma das referências mais sutis, mas achei um pouco exagerada a quantidade de menções, frases repetidas, símbolos e até personagens que homenageiam os outros filmes. A história já acerta pela sua continuidade e pela fidelidade ao estilo anterior, então não precisa desses artifícios para mostrar aos fãs mais rígidos que a saga está em boas mãos agora que Lucas não cuida mais dela.</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-qKgXGYHwyeo/Vo3ChnkBxWI/AAAAAAAAEm8/vTlkuVeHMMk/s1600/trio.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-qKgXGYHwyeo/Vo3ChnkBxWI/AAAAAAAAEm8/vTlkuVeHMMk/s400/trio.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rey, BB-8 e Finn</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
De volta à história: Poe é capturado pela PO e mais tarde torturado/interrogado por Kylo Ren (Adam Driver), o novo mascarado, além de neto de Darth Vader e filho de Han Solo e Leia, enquanto BB-8 consegue fugir. O robozinho encontra Rey (Daisy Ridley), uma mulher que vive na sucata duma nave e que recolhe ferragens em troca de comida. Ela acompanha o robô gorducho até o ponto de venda de materiais e quase sucumbe a uma proposta por ele, mas prefere proteger o robô a entrega-lo. Neste ponto de trocas ela encontra Finn (John Boyega), ou FN-2187, homem que trabalhava como <i>stormtrooper</i> da Primeira Ordem e que havia abandonado seu posto numa tentativa de salvar Poe - presumidamente morto na tentativa de fuga. Rey e Finn fogem de Jakku a bordo uma "lata velha", a Millenium Falcon. Mais tarde foram interceptados por Han Solo e Chewbacca, que ajudam os dois fugitivos a levar a mensagem a Leia e à Resistência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O quarteto viaja até Takodana, onde podem conseguir informações de como levar a informação à Resistência. Neste planeta Rey tem seu primeiro contato com o sabre de luz que pertencia a Luke e, creio, com a Força. A Ordem ataca com sua arma, a Starkiller, e destrói os planetas que abrigam a capital da República. Enquanto a frota da PO ataca Takodana e destrói a cantina onde Rey e os outros personagens estavam, reforços da Resistência chegam e protegem a área, mas Rey já foi capturada por Kylo Ren. Entre os reforços está Leia, cujo reencontro com Solo foi um dos momentos mais tocantes do filme - algo simples e natural, mas que não havia entre Padmé e Anakin. Um ataque à arma Starkiller é organizado e a frota ajuda a destruir o planeta usado como arma pelos insurgentes, com a ajuda de Finn, Rey, Chewbacca e Han, que trabalharam de dentro da base inimiga para desabilitar suas defesas. Han, no entanto, é morto por seu filho Kylo, que precisa se livrar de qualquer laço para poder se unir integralmente ao lado negro da Força. As últimas sequências mostram a revelação da localização de Luke, que é visitado por Rey (filha dele, suspeito).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim termina o filme, do qual gostei, mas não achei lá tão espetacular quanto alguns amigos mais entusiasmados fizeram parecer. Ainda é o começo da trilogia, então a história começa mais devagar devido à apresentação e desenvolvimento de novos personagens. No geral DDF tem algumas semelhanças com Uma Nova Esperança e há alguns indícios de que o oitavo filme gire um pouco mais em volta de Kylo e Rey, que devem desenvolver suas habilidades com a Força - ele está longe de ser um mestre e ela está quase tão crua quanto Luke no fim de UNE. Falando em ritmo da história, gostei da forma como o lado mais "político" da trama é explicado, mas de maneira mais econômica do que aquelas cenas dignas da TV Senado da trilogia moderna. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-B8pYIVUGzRs/Vo3GKuC_MUI/AAAAAAAAEnQ/Z8LevbaSXoY/s1600/kylo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-B8pYIVUGzRs/Vo3GKuC_MUI/AAAAAAAAEnQ/Z8LevbaSXoY/s400/kylo.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Kylo e os stormtroopers, que não são mais clones</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Sobre as interpretações, também as achei muito positivas, mesmo mantendo a tradição de atores não tão renomados. Rey saiu uma personagem cativante e carismática com todas suas habilidades de prodígio como mecância, piloto e até Jedi - e o melhor: sem aquele jeito mala de criança-prodígio participante do programa do Raul Gil. Finn é mais irreverente e quebra a tensão de algumas cenas com suas trapalhadas e tentativas de ser cara-de-pau, mas a dose de humor está bem medida e não ficou exagerada. Kylo Ren não será um novo Darth Vader, mas ainda pode se tornar um ótimo antagonista. Creio que foi um erro já terem tirado seu capacete neste primeiro filme. A revelação dum jovem inseguro sobre suas capacidades e incerto até sobre sua inclinação ao lado negro da Força o humanizaram duma forma que não permitirá ao público criar aquela aura de terror que havia ao redor de seu avô, Anakin Skywalker.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto aos atores da trilogia clássica: Harrison Ford foi o mais exigido e cumpriu bem seu papel, com uma vivacidade de quem bota o coração no que faz, encerrando sua participação na série de maneira emocionante. Carrie Fisher teve bem menos tempo de tela, mas sua participação esteve à altura da de seu companheiro e imagino que ela tenha um papel importante no desenrolar da série. E Mark Hamill aparece brevemente na última cena do filme, por mais ou menos um minuto, creio. Foi uma participação mínima, apenas como uma confirmação: sim, ele está vivo - e ficou a cara do Zizek.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Valeu muito a pena ter gasto uma tarde das minhas férias no cinema e agora já aguardo os próximos filmes da trilogia. Não vou aparecer na pré-estreia vestido de Jedi madrugando na fila do cinema, mas estarei lá, mais cedo ou mais tarde.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-30569030416141281752016-01-04T00:05:00.000-02:002016-01-04T00:10:10.708-02:00Inexorabilidade<div style="text-align: justify;">
"Você não está ficando careca?". Foi com essa pergunta da minha irmã, há quase dez anos, que confirmei: aquele redemoinho no alto de minha cabeça não era um amassado crônico ou um motim de meus cachos. Era algo definitivo e cujo desenvolvimento eu não poderia impedir. Ok, talvez eu pudesse buscar algum tratamento ou até apelar para um vergonhoso <i>combover</i>, mas sempre acho mais honesto e digno aceitar a calvície de cabeça erguida e cara ao sol. Aos poucos aquele pontinho amadureceu e encontrou-se com as entradas vindas da testa, completando "a volta da pracinha", como disse João Gordo em algum de seus programas na MTV. E por volta do fim de 2016 comecei a raspar a cabeça, ainda com o pente 2, mais tarde o 1 e finalmente o 0, quando eu já tinha a máquina e passei a raspar meus próprios cabelos com a ajuda de espelhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Ft0GeBKlT10/VonNECZW-OI/AAAAAAAAEmc/V-nMLncIpnw/s1600/combover.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-Ft0GeBKlT10/VonNECZW-OI/AAAAAAAAEmc/V-nMLncIpnw/s320/combover.jpg" width="242" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Sean Connery com um gorrinho conveniente</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Os primeiros anos não chegaram a ser problemáticos, mas houve algum problema para que eu aceitasse aquela calvície tão prematura. Não me incomodava ficar calvo, mas que isso acontecesse por volta de meus 22 anos de idade. Levou algum tempo até eu achar isso algo menos trágico: a superação veio com a ajuda (involuntária e inconsciente) de outros jovens calvos, entre eles o ilustre Sean Connery, ator já bastante maduro com quem compartilho o dia de aniversário e a calvície precoce. Antes de qualquer acusação de favoritismo ou falta de imparcialidade, saiba toda a internet que o escocês já era meu intérprete favorito de James Bond muito antes que eu soubesse dessas curiosidades. Também gosto do trabalho dele em Os Intocáveis, Indiana Jones e a Última Cruzada, Caçada ao Outubro Vermelho, Até os Deuses Erram, O Nome da Rosa, A Colina dos Homens Perdidos... Acho que já deu para deixar isso bem claro e posso encerrar a encheção de linguiça.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto numa frente eu recuava, em outra havia avanço. Ainda me lembro das piadas sobre ter bebido leite com Toddy para debochar dum rascunho de bigode que nascia lá por volta de 1997 ou do dia em que um fio (no singular) de barba nasceu na bochecha, um pouco destacado do couro cabeludo. Era ridículo, mas era o que havia à minha disposição. Os fios vagarosamente ocuparam espaço no queixo, o que me levou a arriscar um estilo a la Dimebag Darrell e, mesmo sem a pintura, isso foi motivo de zoação constante na minha vida, como diria um sábio fluminense.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E assim seguiu a evolução nos últimos 17, 18 anos: um fio virou um rabicho, mais tarde podado e por anos ocultado para retornar mais tarde, sumir novamente e dar lugar a uma barba, ainda que não tão cerrada, esta podada também e mantida baixa por quase todo o último ano com a mesma maquininha que uso para raspar o que resta de meus cabelos. Agora entro em 2016 em férias do trabalho e novamente ensaio deixar a barba crescer. Contando os dias em que não a raspei no ano passado, são mais ou menos trinta dias para que ela mostre a que veio. No começo do ano passado o visual foi testado não me agradou tanto, mas talvez agora a barba fique melhor por estar mais cerrada e com menos falhas. Além da maior concentração dos pelos, outra novidade são alguns fios brancos que despontam e se destacam em meu queixo e até no bigode.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9tfLKTccuNs/VonTHx2V5eI/AAAAAAAAEms/31ELN8FCu5k/s1600/C13.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-9tfLKTccuNs/VonTHx2V5eI/AAAAAAAAEms/31ELN8FCu5k/s320/C13.jpg" width="241" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>SK8</i></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
Somando a infantilização dos adultos de minha geração (vide foto ao lado) ao prolongamento da expectativa de vida e aos casamentos e geração de filhos cada vez mais tardios, não sei em que proporção cabelos brancos e até rugas são indicadores de amadurecimento ou apenas do passar dos anos. Já escrevi em 2012, antes de completar 30 anos de idade, sobre as primeiras rugas que apareciam em meu rosto e, como previsto no <a href="http://futuroaberto.blogspot.com.br/2012/07/envelhecendo_28.html">post</a>, elas se aprofundaram um pouco no decorrer destes anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outras previsões corretas: mais virei velho do que envelheci, fiquei mais rabugento e passei a evitar saídas que já se anunciam antecipadamente como roubadas - embora eu tenha me tornado mais honesto e agora os recuse de forma direta, sem desculpas ou artifícios. Arruinei um relacionamento poucos meses depois do post graças ao meu comportamento desconfiado e receoso, mas com ele aprendi a entregar meu coração novamente. Meus votos eram de "percorrer com tranquilidade a estrada sem paradas do tempo" e agora que o faço, sou corroído pelo tédio. As rugas eram causadas principalmente sorrisos, agora preciso que meu rosto seja marcado por rugas de tempos mais conturbados ou até mesmo por cicatrizes.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-67333140201674365292015-12-31T15:47:00.001-02:002015-12-31T15:47:42.445-02:00Cinco filmes - 2015<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Mais um ano acaba e novamente decidi listar cinco dos filmes
dos quais mais gostei neste período. Minha meta era de 50 no ano, mas pude
supera-la bem e cheguei a 84, mesmo com o tempo investido em estudos e trabalho
nestes últimos meses. Houve um pouco de tudo, como animações (Divertida Mente
não entre na lista, mas vale a recomendação), drama, ação, romance e até
musicais, além de uma ou outra série – aqui cabe uma salva de palmas a The
Sopranos, que só vi agora e que valeu cada cena de cada episódio. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Algo que me ajudou um pouco foi o uso de algumas listinhas
temáticas que mantenho numa planilha de Excel. São listas curtas, de até dez
filmes cada e dividas por temas: listas por ator ou atriz, direção, algum tema
em comum, indicados ao Oscar, entre outros. Aliás, sobre temas em comum, comecei
a seguir uma página de cinema no Facebook, a <a href="https://www.facebook.com/Taste-of-Cinema-206915816073235/">Taste of Cinema</a>, que divulga sempre
listas. Às vezes algumas delas são esdrúxulas ou cujos critérios não são muito respeitados, mas
dali já colhi boas recomendações.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Ok, acho que já enrolei o suficiente, então vamos aos meus
filmes favoritos do ano.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<b>Um Violinista no
Telhado (Fiddler on the Roof, 1971)<o:p></o:p></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Pois é: há um musical na lista. A história, apresentada
muitas e muitas vezes na Broadway antes de virar filme, começa com uma
apresentação de Anatevka, um vilarejo de judeus localizado nas regiões rurais
da Rússia, nos primeiros anos do século XX. A apresentação é feita por Tevye
(interpretado pelo cantor Topol), patriarca que explica como a vila judia
respeita tradições antigas e cada integrante seu tem um papel bem definido como pais, as mães, filhos, rabino, casamenteira. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Tevye acrescenta que o povo judeu conseguiu manter relativas
coesão e unidade através de tantos séculos - e apesar da diáspora - porque há
esse apego às tradições, embora vivamos num mundo onde a mudança é o único
evento de ocorrência constante e garantida. E daí ele cria a analogia que dá
nome ao filme, pois manter vivos seus costumes através dum turbilhão de
mudanças seria como “tentar arriscar uma canção simples e bela sem quebrar o
pescoço”.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Logo após esta apresentação, no entanto, o tradicionalismo de
Tevye já é posto a prova quando a mais velha de suas cinco filhas, Tzeitel
(Rosalind Harris), tem seu casamento arranjado com o já maduro (quando digo “maduro”, me refiro a um homem já de barbas brancas) açougueiro da vila, Lazar Wolf (Paul
Mann) e a moça recusa o acordo feito pelo pai porque ela prefere se casar com o
jovem, mas pobre alfaiate Mótel (Leonard Frey). Adicionalmente, as duas outras
filhas em idade de casar também escolhem seus companheiros sem a intermediação
da casamenteira, uma delas inclusive se apaixonando por um rapaz russo - e não-judeu. Fora de
casa, Tevye também convive com um rapaz socialista revolucionário e com o
crescente antissemitismo vindo das comunidades russas vizinhas. E ainda assim,
no decorrer do filme, ele busca assimilar as mudanças enquanto se prende às
suas tradições, embalado pela excelente trilha sonora adaptada por John
Williams. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-F0chppjhGuw/VoVihmA2dDI/AAAAAAAAEmE/g4ZHjw5kCLE/s1600/fiddler.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="416" src="http://1.bp.blogspot.com/-F0chppjhGuw/VoVihmA2dDI/AAAAAAAAEmE/g4ZHjw5kCLE/s640/fiddler.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<b><span lang="EN-US">Paris, Texas (1984)<o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Travis Henderson (Harry Dean Stanton) começa o filme vagando
por um deserto no sul texano, local onde passou os últimos quatro anos de sua
vida. Dali sai e é atendido por um médico, que localiza o irmão de Travis para
que eles se reencontrem. Walt Henderson (Dean Stockwell) encontra-se com Travis
e tenta leva-lo de volta a Los Angeles de avião, mas o andarilho não aceita
viajar desta maneira e obriga a volta a ser feita de carro, atravessando alguns estados com Travis ainda em choque e incapaz de falar qualquer coisa por boa parte do caminho.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
O tema central do filme são reencontros. De Travis consigo
mesmo, com a sociedade, com seu irmão, com a família de seu irmão, com seu
filho, agora adotado por Walt; e finalmente com sua mulher Jane (Natassja
Kinski). É um filme um pouco difícil de descrever sem entregar a história, que
começa a se desenrolar devagar e revela seus ingredientes de forma que envolve
e prende o espectador. Em vez de uma foto, compartilho uma cena em que
Travis passa por um homem que prega do alto duma ponte. O vídeo não tem
legendas e o que é dito nem é lá tão relevante, o que importa mais é a forma
como o protagonista se encontra com outro pária e sente alguma empatia por ele,
como é visto pelo tapinha nas costas dado quando se “despedem”.</div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<center>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/sFeErTYAD_4" width="560"></iframe></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<b><span lang="EN-US">Ran (1985)<o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Já não lembro exatamente quando foi, se já em 2015 ou ainda
em 2014, mas vi <span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=doaQC-S8de8">este vídeo</a></span>
feito por um estudante de cinema a respeito do trabalho do diretor japonês Akira
Kurosawa. Ele trata principalmente sobre a forma como o diretor usa elementos
secundários, como a chuva e figurantes, para dar movimento às suas cenas.
Depois de ver o vídeo busquei alguns trabalhos dele: Rashomon, Yojimbo - O
Guarda-costas, O Idiota e o último filme que vi dele, Ran (“Caos”, em
português). O filme, criticado no Japão por tratar a narrativa de maneira mais
ocidentalizada, é uma produção épica franco-japonesa inspirada em Rei Lear, de
Shakespeare.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
A história conta sobre a família de Hidetora (Tatsuya
Nakadai), um senhor da guerra já consumido pela velhice. Ele decide, após uma
caçada, dividir seus territórios entre os três filhos: Taro Ichimonji (Akira
Terao), o primogênito e novo cabeça da família; Jiro Ichimonji (Jinpachi Nezu)
e o caçula Saburo Ichimonji (Daisuke Ryu). O filho mais novo tenta alertar a
seu pai que a medida é precipitada, mas o pai insiste em mante-la. Saburo avisa que algo
pode influenciar os irmãos e que sua união pode ser desfeita, mas o pai não o
leva em consideração. Pior: Saburo é deserdado e expulso dos territórios da
família.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Depois de contar como o filho excluído foi aceito por outra
família da qual faria parte graças a um casamento arranjado, Kurosawa retorna aos
dois irmãos e a Hidetora. Como previsto, surgem conflitos entre o patriarca e
seu filho mais velho Taro devido às disputas entre os dois sobre quem
efetivamente comandava o palácio e as terras da família. Jiro também é
procurado por seu pai, mas não o acolhe por se sentir desfavorecido pela
escolha de seu irmão para assumir o papel de novo líder. Humilhado e
enlouquecido, o velho começa a vagar pelos campos enquanto seus dois filhos
mais velhos entram em guerra e um dos conselheiros que manteve fidelidade a
Hidetora busca Saburo para uma possível reconciliação. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Ainda que visualmente seja deslumbrante, esta é uma obra
brutal, violenta e crua em sua narrativa. Kurosawa narra uma disputa irrefreada
pelo poder, sem espaço para piedade ou sequer gentilezas entre seus partícipes
– ao contrário de um filme sobre a máfia italiana, por exemplo, onde se mantêm
aquelas relações amistosas e dúbias com inimigos mortais. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Csgo5unzK4Y/VoVdqsjxdCI/AAAAAAAAEl0/wQaO-5kDX_Q/s1600/Ran.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="261" src="http://1.bp.blogspot.com/-Csgo5unzK4Y/VoVdqsjxdCI/AAAAAAAAEl0/wQaO-5kDX_Q/s400/Ran.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<b><span lang="EN-US">O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball, 2011)<o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Relutei por algum tempo para assistir esse filme por uma
razão muito razoável: não consigo gostar de baseball e o acho um dos esportes
mais insossos a ocupar as grades de programação dos canais esportivos. Pior:
cada temporada é imensa e por meses a ESPN transmite aquelas horas de marmanjos
mascando fumo, coçando o saco e fazendo pose para lançar a bola, que não deve
ser atingida pelo batedor. Mas enfim, o post é para falar bem deste filme
baseado em fatos reais e não mal do esporte.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Moneyball começa no fim da temporada de 2001, quando os
Oakland A’s são eliminados da liga nacional. Billy Beane (Brad Pitt), gerente
geral do time, perde seus principais jogadores e ainda tem a difícil missão de
reformular o time com um orçamento bastante apertado. Seus conselheiros também
não lhe ajudam, indicando contratações baseadas em critérios pouco ortodoxos:
um atleta é rejeitado porque sua esposa é feia e isso seria um indício de baixa
auto-estima, em um dos casos. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Billy sai então em busca de empréstimos de jogadores em
outros times e na sede de um deles, o Cleveland Indians, encontra Peter Brand
(Jonah Hill). Peter, um rapaz tímido e aparentemente não tão importante dentro
do time do qual é funcionário, revela-se uma autoridade na reunião entre Billy
e os dirigentes do Indians quando aponta quais atletas podem ou não ser
emprestados. Na saída da reunião Billy procura Peter, pergunta qual é sua
formação e quais critérios usa para tomar suas decisões quanto ao elenco. Peter
explica que é formado em Economia e se baseia em extensas análises de
estatísticas de vários atletas. Dias depois ele é convidado a trabalhar no time
californiano e lá começa a implementar sua forma de trabalho. Há alguns
obstáculos, questionamentos e derrotas no começo da disputa da liga, mas o time
passa por ajustes e alcança uma sequência de vitórias que inspirou outras
associações e reformulou a maneira como o baseball era administrado nos Estados
Unidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Qx6jGGZzKsA/VoVc3IGvjHI/AAAAAAAAElo/SaL6WneJPMQ/s1600/Moneyball.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="391" src="http://2.bp.blogspot.com/-Qx6jGGZzKsA/VoVc3IGvjHI/AAAAAAAAElo/SaL6WneJPMQ/s640/Moneyball.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<b><span lang="EN-US">A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life
of Walter Mitty, 2013)</span></b></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Este foi um dos últimos filmes que vi no ano, no domingo
logo após o Natal. Ironicamente, eu o baixei faz tempo e porque ele estava numa
lista de filmes do ator Sean Penn, que aparece numa participação discreta, de menos
de cinco minutos. Ele interpreta o xará Sean O’Connell, um premiado fotógrafo
da revista Life. Seu papel na história é enviar negativos de fotos para que o
protagonista, o <i>daydreamer</i> Walter
Mitty (Ben Stiller) os revele e as imagens sejam usadas na revista.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
O filme começa com o envio dum rolo de negativos em que a
foto de número 25, destacada por Sean como uma foto que pode ser a capa da
próxima edição, não está no material recebido. Walter não consegue
encontra-la, assim como não encontra o fotógrafo, que percorre o mundo
desarmado de celular e redes sociais. Além da foto não encontrada, Mitty também
precisa lidar com o risco de demissão causado pela mudança de formato da
publicação, que passaria do meio impresso ao online e causaria uma redução drástica no número de funcionários.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Walter começa então sua busca pelo negativo com algumas informações colhidas em outras fotos do negativo e com algum apoio de Cheryl
(Kristen Wiig), sua colega de Life Magazine e flerte. A busca cresce, sai dos
três andares da empresa e cruza continentes para que o polêmico negativo 25
seja encontrado. De certa forma Walter Mitty me lembrou de Forrest Gump: são
dois homens absolutamente comuns levados a protagonizar epopeias ainda que
tivessem perfis improváveis para serem protagonistas de grandes aventuras.<u><o:p></o:p></u></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/--OxaaQvBd_o/VoVb5W8SirI/AAAAAAAAElg/wPh2niD509w/s1600/mitty.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="360" src="http://4.bp.blogspot.com/--OxaaQvBd_o/VoVb5W8SirI/AAAAAAAAElg/wPh2niD509w/s640/mitty.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
</center>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-5453353354773687252015-12-12T11:30:00.000-02:002015-12-12T11:30:32.369-02:00Retrospectiva - 2015<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
Já é passado um terço de dezembro
e, convenhamos, já se pode considerar o ano como encerrado – e por isso publico minha retrospectiva de 2015. Foi um ano pacato, como já antecipado <b><a href="http://futuroaberto.blogspot.com/2015/07/futuro-definido.html">num post anterior</a></b>, mas aqui desenho uma
linha do tempo dos poucos acontecimentos deste período de estudos e
desenvolvimento pessoal.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
Depois dum mês de janeiro de
pouco trabalho (apenas para lembrar, trabalho como suporte dum time de
vendedores de serviços de software), em fevereiro tive vinte dias de férias.
Fiz uma viagem curta, na qual passei por São Paulo, São José dos Campos e
Maranduba. Revi bons amigos que não via havia muito tempo e, no caso de uma
pessoa, que eu talvez nunca mais a reveja depois de sua emigração. No período
restante das férias também foi quando busquei a pós-graduação, com o início das
aulas em março.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
É uma pós-graduação em
Administração. Até quem estudou esta área brinca que ADM é para quem não sabe o
que quer da vida e, bom... este senso de direção nunca foi meu ponto forte
mesmo – vide o nome do blog. Porém, como jornalista cujo diploma adorna tão bem
a última gaveta duma cômoda e cuja vida profissional foi toda passada dentro
duma empresa de TI, esse curso veio muito a calhar. Nele encontrei gente de
toda área, como: Nutrição, Engenharia química, Farmácia, Educação Física,
Publicidade e Propaganda; todos dispostos a formalizar e aprofundar os
conhecimentos desta área na qual já desempenhavam alguma função. E embora não
mantenha pretensões de ocupar um cargo de liderança, tenho amadurecido muito
com disciplinas como Marketing Empresarial, Contabilidade, Matemática
Financeira, Produção e Serviços, além de Liderança.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Paralelamente à pós-graduação, permaneci com as aulas de
russo. Durante quase todo o ano realizei encontros semanais com meu professor
através do Skype, já que ele passa meses em Moscou para concluir seus estudos
em música e retorno ao Brasil apenas no meio do ano para passar as férias. O
curso vai bem, embora eu ache que minha capacidade poderia ser melhor após um
ano e pouco de aulas. E essa defasagem é inteiramente culpa minha, devido à
minha falta de iniciativa de praticar e ler além dos exercícios e atividades em
aula. Enfim, dou um passo atrás para dizer o porquê das aulas, já que nunca as
expliquei aqui.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-aMO-ErHZO94/Vmwgvemy4NI/AAAAAAAAElE/WPk9b4xVLUk/s1600/xinxilar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-aMO-ErHZO94/Vmwgvemy4NI/AAAAAAAAElE/WPk9b4xVLUk/s320/xinxilar.jpg" width="229" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Letra cursiva ou rabisco? Apenas rabisco (acho)</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
Em algum momento de 2014 li um post dum blogueiro que
lamentava não poder obter informações vindas diretamente de Moscou, cada vez um
<span style="background-color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">player</span> </span>mais atuante
no cenário geopolítico global depois de tantos anos depois do fim da União
Soviética, devido à barreira do idioma. Havia a imprensa ocidental e a russa,
porém nenhuma é lá cem por cento digna de confiança irrestrita. E como buscar,
ler e compreender as opiniões expostas em blogs, vídeos, fóruns e redes
sociais, como o <span style="background-color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">VKontakte</span>
</span>ou o “nosso” Facebook? Inspirado por esse questionamento, com o qual me deparei
justamente quando pensava em estudar um novo idioma, busquei um professor
particular de russo e deixei de lado o plano de estudar alemão.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No aspecto profissional o ano não foi lá muito agitado
também. Passei por uma reestruturação de equipe e graças a ela quase todos os
colegas com quem eu trabalhava em janeiro foram espalhados pela empresa e
passei a trabalhar com cerca de vinte de pessoas que eu pouco ou sequer
conhecia. E, surpreendentemente, hoje tenho melhor relacionamento com esse
pessoal do que com muitos dos antigos colegas. Quanto ao apoio a vendas
mencionado anteriormente, aqui surgiu um problema quando vendedores passaram a
centralizar suas atividades em pessoas localizadas no próprio México em vez de
buscar meu time. É uma queda abrupta de volume de trabalho e tenho realizado
outras tarefas, como cuidar de acessos a sistemas e do inventário de máquinas
para me manter necessário, porém já prevejo que o ano de 2016 será de mudanças,
provavelmente de tarefa ou talvez de time.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/--Q-3W4hahYM/Vmwd5xxwFnI/AAAAAAAAEkg/zIdi9u4Or04/s1600/12027242_10206348480983843_7799627947806007115_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="534" src="http://2.bp.blogspot.com/--Q-3W4hahYM/Vmwd5xxwFnI/AAAAAAAAEkg/zIdi9u4Or04/s640/12027242_10206348480983843_7799627947806007115_o.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Pessoal da IBM reunido no Outback. Na época o cavanhaque fez com que me chamasse de "Vadinho" por uns dias</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
O campo afetivo foi, talvez, o mais estático de 2015. Terminei
2014 num momento de fim dum namoro e não é possível simplesmente se esquecer
duma pessoa, mas administrar as lembranças, como bem narrado no filme <b><a href="http://www.imdb.com/title/tt0338013/">Brilho eterno de uma mente sem lembranças</a></b>,
um dos que entrará na minha lista dos meus preferidos no ano – eu já o havia
visto antes, mas logo mais explico direito porque ele entra na lista mesmo tão
tarde. Então, entre um novo encontro aqui e outro ali, com direito a um “causo”
absurdo e surreal, a principal tarefa do ano foi “exorcizar” as lembranças de
Eloísa de alguns lugares que ela ocupou. Não tínhamos um acervo cultural em
comum extenso, então ela não chegou a ocupar músicas, filmes nem livros. Seu
rastro permaneceu nos lugares que visitamos, nos momentos que compartilhamos e
nos amigos que esporadicamente ainda me perguntam o que aconteceu com o namoro.
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um dos últimos rastros com o qual tive de lidar foi uma
camisa social, presente que recebi de meu pai depois de muita insistência dele
– ele queria porque queria me dar de presente de Natal uma camisa duma marca
cara e eu acabei cedendo nos últimos dias de novembro de 2014, na véspera da
separação. A camisa, de finas listras brancas e rosadas com detalhes azuis no
interior do colarinho e do punho, é linda e foi elogiada por nem sei exatamente
quantas pessoas nos dois dias em que a vesti para trabalhar, mas me levou pouco
mais de um ano para conseguir tirá-la do armário.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Em suma, 2015 se assemelha a 2013, ano em que também adotei
a introspecção e precisei me isolar um pouco para trabalhar algumas questões
pessoais e internas. Naquele ano precisei buscar meu verdadeiro eu (se é que
realmente conseguimos essa identificação) e aceitei quem eu realmente era e os
valores nos quais eu realmente acreditava; em 2015 precisei cortar um pouco da
própria carne e buscar o desenvolvimento que por tanto anos adiei.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-10665915746070461002015-10-12T17:38:00.000-03:002015-10-12T17:38:25.782-03:00Nascente, correnteza e lago<div style="text-align: justify;">
Hoje, 12 de outubro, feriado devido à celebração da padroeira do Brasil e data de comemoração do dia das crianças, vemos nossas redes sociais serem inundadas por fotos de infância de nossos amigos. Reparamos em quem já tinha a mesma cara de hoje, nas roupinhas de épocas passadas, nas imperfeições corrigidas - com o indesejado apoio de aparelhos "freio de burro"ou botinhas ortopédicas - e em como eram nossos conhecidos antes da sequência de mudanças que acumularam até estarem como os conhecemos: a barba, as tatuagens, o ganho de massa muscular; o silicone, as pinturas do cabelo, as joias (legítimas ou nem tanto) e a infinidade de cosméticos testados e aprovados; as olheiras, os pés de galinha e partes do corpo que já começam a perder a luta contra a gravidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O dia das crianças vem e traz consigo o referido rejuvenescimento das imagens de perfil no Facebook. Consequentemente, levanta-se um questionamento entre alguns usuários: "Como essas criancinhas tão lindas e puras cresceram para virarem uns adultos tão filhos da puta?". Claro que é uma generalização exagerada, algo necessário para se alcançar o efeito de comicidade (espera-se), mas há alguma validade por trás desta reflexão, mesmo sendo ela tão grosseira. É como se cada uma daquelas crianças, como um novelo de lã com o qual um gatinho brinca, se desenrolasse e mudasse o rumo com guinadas bruscas aqui e ali. Perdão, mas a metáfora é falha: a linha solta permite que refaçamos o caminho de volta para descobrir exatamente por onde o novelo passou para estar onde está. Talvez seja possível rastrear um pedaço aqui e acolá do passado do outro, mas mais fácil e útil é tentar entender quem somos hoje e como esta construção foi feita.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
---</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há aquela frase de Heráclito, de que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Cabeçudo que eu era quando li isto pela primeira vez, achei que se referia apenas a seu sentido próprio e que tratava do movimento das águas. Mais tarde, mudei minha forma de enxergar o dito - confirmando o que disse o pensador grego - e compreendi seu sentido figurado: a frase é sobre a perenidade da mudança, seja do rio em seu correr ou do próprio banhista. Já tentei contestar a frase quando me lembrei do ciclo das águas, que correm, evaporam, chovem e voltam a correr; algo como um eterno retorno de circunstâncias que se apresentam novamente e novamente ao banhista, porém esta repetição, ao ser considerada de maneira menos literal, ocasionaria uma mudança no banhista.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-kwRV3jA7Hhg/VhwaEoOeOiI/AAAAAAAAEjQ/XiZHLroGZio/s1600/Eakins_1885_Swimming-hole.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="302" src="http://2.bp.blogspot.com/-kwRV3jA7Hhg/VhwaEoOeOiI/AAAAAAAAEjQ/XiZHLroGZio/s400/Eakins_1885_Swimming-hole.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Swimming Hole, de Thomas Eakins</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Assim revisitamos e compreendemos de formas diferentes fenômenos similares ou até repetidos. Podemos mudar completamente a forma como enxergamos, apreciamos e compreendemos livros, filmes e outras obras. Eu considerava Woody Allen um porre quando vi <a href="http://www.imdb.com/title/tt0113819/">Poderosa Afrodite</a> pela primeira vez lá por volta dos meus 11 ou 12 anos de idade. Longos vinte anos depois, aprecio o seu trabalho e até me identifico parcialmente com seus personagens da fase <a href="http://www.imdb.com/title/tt0075686/?ref_=nv_sr_1">nova-iorquinos-com-relacionamentos-conturbados</a>. Assim também foi, por exemplo, com Clube da Luta, a princípio (aos meus olhos) brilhante e hoje uma papagaiada ideológica barata e hipócrita. E assim é com tantas outras referências e em muitos outros âmbitos: político, comportamental, afetivo, de lazer e etc, etc.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E graças a um novo recurso oferecido pelo Facebook, podemos rever postagens feitas em anos anteriores. Hoje, por exemplo, revi fotos publicadas, links compartilhados e novos amigos, tudo isso em outros 12 de outubro. Aí não sei dizer se, por um momento, o banhista vê seu próprio reflexo na superfície ou se surge um redemoinho nas águas, que se encontram e se misturam. Deste encontro emergem alguns detritos causadores de vergonha e arrependimento ou surgem tesouros para causar saudades e nostalgia. De maneira sinestésica, lembranças são desencadeadas e uma música ou trecho de filme compartilhados em 2011 podem lembrar dum momento profissional, daquele bom relacionamento já nascido fadado ao fim precoce ou de como a visão de mundo podia ser estreita, bem mais estreita - minha antiga inclinação ao libertarianismo que o diga. Que tenhamos todos muitas novas ocasiões para olharmos para trás e concluirmos: "até que eu melhorei".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
---</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, às vezes se tem a impressão de que algumas águas nunca mudam. Talvez isto esteja correto ou alguns corpos d'água sejam lagos ou açudes e não rios e, inertes, tenham mais dificuldades ou até sejam incapazes de mudar. É possível que a mudança ocorra, mas seja imperceptível por se dar nas profundezas, escondida sob águas turvas. Isto me lembra das revistas de música que eu comprava todo mês durante a adolescência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há os lagos que felizmente se mantêm os mesmos no decorrer dos anos e outros, infelizmente, também se mantêm os mesmos. Acontecia de um crítico elogiar grupos como Motörhead ou AC/DC devido à fidelidade da banda à fórmula sonora mantida por muitos anos e, numa mesma edição ou até numa mesma página, condenar Bad Religion ou Agnostic Front devido à fidelidade da banda à fórmula sonora mantida por muitos anos - entenderam? E o banhista se aproxima destes lagos, por necessidade ou curiosidade, apenas para confirmar que são exatamente os mesmos desde o último encontro. Enxergar seu próprio reflexo é uma das consequências possíveis: "O lago continua exatamente o mesmo, mas só agora reparo que eu mesmo mudei". Ou então, movido por curiosidade ou até otimismo, o banhista crê que houve alguma mudança, ainda que ela não seja tão evidente. E começa a busca-la mais e mais longe, arriscando-se nas profundezas, onde corre o risco de afogamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-N6573GqdrvM/VhwZuQNW4JI/AAAAAAAAEjI/_ZbheOFmZS4/s1600/A_Man_Standing_at_Tsomoriri_Lake.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="http://3.bp.blogspot.com/-N6573GqdrvM/VhwZuQNW4JI/AAAAAAAAEjI/_ZbheOFmZS4/s640/A_Man_Standing_at_Tsomoriri_Lake.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-88282730377598558352015-09-21T21:50:00.000-03:002015-09-21T21:50:30.069-03:00Sobre o tal do CrossFit<div style="text-align: justify;">
Como dito em um <a href="http://futuroaberto.blogspot.com.br/2015/07/futuro-definido.html">post anterior</a>, eu havia começado a praticar CrossFit e escreveria algo quando tivesse uma opinião mais sólida a respeito dessa atividade física. Nesta segunda-feira decidi trocar meu plano trimestral que acabava por um anual e, por isso, acho que a hora já é oportuna para escrever a respeito do assunto. Mas o que é CrossFit?</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-fb9TKy7nshE/VgCiE3N6leI/AAAAAAAAEic/ghuQdROYw_A/s1600/agonia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="265" src="http://2.bp.blogspot.com/-fb9TKy7nshE/VgCiE3N6leI/AAAAAAAAEic/ghuQdROYw_A/s400/agonia.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
A modalidade esportiva é uma febre crescente com cada vez mais praticantes pelo Brasil. Assim como era comigo, creio que muitos já ouviram falar a respeito ou viram fotos e relatos de colegas praticantes, incluindo aí fotos de pessoas suadas, esparramadas pelo chão, com caras e roupas sujas (de poeira e pó de magnésio) e até com calos rompidos nas palmas das mãos ensanguentadas. Soa horroroso <strike>e às vezes é mesmo</strike>, mas CF é muito mais do que choro e ranger de dentes. É uma atividade criada nos anos 90 nos Estados Unidos para aliar força e condicionamento físico com o uso de levantamento de pesos, exercícios aeróbicos, corrida, ginástica e calistenia, entre outras atividades.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar da imagem um pouco assustadora que criei inicialmente, fiquei curioso para conhecer o CrossFit. Pensei que cada "box" (como são chamados os espaços) eram pequenos quartéis, com treinadores prontos para esculachar quem não conseguisse realizar o treino. Também pensei que, pela intensidade dos treinos, seria preciso já me inscrever preparado para um teste físico dos Fuzileiros Navais - o que não faz o menor sentido, é óbvio. Amigos e amigas contaram como, na verdade, o esporte não é um clubinho fechado e que ele está de portas escancaradas para iniciantes. Além de suas palavras, suas evoluções de condição física contaram muito para me convencer de que CF trazia resultados.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-sTbnB9yTXss/VgCiMMkrXkI/AAAAAAAAEik/cBEQgapwlVM/s1600/torden-review-box.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="268" src="http://1.bp.blogspot.com/-sTbnB9yTXss/VgCiMMkrXkI/AAAAAAAAEik/cBEQgapwlVM/s400/torden-review-box.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Além dos meus amigos, os alunos dum box próximo de casa "acidentalmente" me ajudaram a visitar e, mais tarde, frequentar o box <a href="https://www.facebook.com/crossfittorden?fref=ts">Torden</a>. Os treinos (ou "WOD", work out of the day) normalmente duram uma hora cada, são compostos de várias atividades diferentes e em alguns deles é preciso correr na rua. O democrático e acelerado desfile de homens e mulheres, pessoas saradas e gordinhas, altas e baixas, novas ou já de cabelos brancos é a melhor publicidade que o box pode fazer para quem mora perto dele: é nesta hora que se vê como o CF é feito para receber a todos e como ele transforma seus frequentadores positivamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fui então até o Torden para uma aula experimental. Ela foi longa e pesada para alguém não apenas sedentário, mas que sempre fugiu das atividades aeróbicas - mesmo quando caí dos 100 para os 70 e alguns quilos. Os professores Michel e Andres me acompanharam e, nesta aula e em todas as posteriores, sempre foi nítido como são atentos à execução correta dos exercícios e à capacidade de cada aluno. Confesso que no começo até estranhei essa observação mais próxima dos treinadores, já que eu estava acostumado aos professores de musculação de academia - normalmente mais atentos às frequentadoras gostosinhas ou aos rapazes da turma mais marombeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As aulas são em turmas com número limitado de participantes, o que permite esse cuidado maior e também impede "migués", exercícios roubados e enrolação. Gostei desta primeira aula e, sinceramente, precisava de alguma atividade intensa, ainda mais por estar plantado em cadeiras quase o dia todo devido aos estudos e à natureza de meu trabalho. Depois desta aula fiz minha inscrição, uma avaliação física e três aulas de fundamentos para fixar as formas mais comuns de levantamentos de barra, agachamentos e "presses" (empurrões com a barra).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda sobre as aulas em turma, é justo que eu também destaque o bom ambiente criado pelos meus colegas de WOD. Fui muito bem acolhido desde o primeiro dia, seja com conselhos, dicas de como realizar os movimentos corretamente e até incentivos, como no meio duma corrida ou quando eu não acreditava que poderia aumentar os pesos a serem levantados. E esse apoio veio de alunos poucos mais experientes do que eu, assim como dos que eram referência no box. </div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-FZI3Wc6sTVk/VgCjMfDyhAI/AAAAAAAAEis/ZS8im_qcAoE/s1600/eu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-FZI3Wc6sTVk/VgCjMfDyhAI/AAAAAAAAEis/ZS8im_qcAoE/s1600/eu.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Uma aula da qual participei. Em destaque, dois troféus conquistados pelo box numa competição em Valinhos: primeiro lugar para a equipe feminina e terceiro para a masculina</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Passados cerca de três meses de aula, já posso sentir alguns resultados positivos, mesmo fazendo apenas três aulas semanais. Começo a notar ganho de massa muscular, além de alguma perda de gordura. Mais importante ainda do que isso, noto que meu fôlego tem melhorado e que agora consigo correr uma distância maior sem botar a língua de fora - isso é progresso para quem tinha os pulmões dum coala. Também passei a me alimentar melhor: antes eu comeria algo pesado crente de que compensaria o excesso na musculação no dia seguinte (o que não era feito, claro) enquanto agora penso duas vezes antes de comer alguma "porcaria" por saber que isto pode prejudicar meu treino.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, fica minha recomendação: se tiver a oportunidade, experimente uma aula de CrossFit. A cada mês surgem novos boxes por aí, assim como crescem até as competições, mesmo internas de cada box. Creio que nem todos surjam com o excelente nível que conheci na Torden, mas a experiência é muito recompensadora e significa muito mais do que ganho de massa muscular. Os treinos e exercícios são pensados com variações para que eles sejam desafiadores para o novato e para o "crossfiteiro" (??) que compete, por isso qualquer pessoa pode praticar o esporte, se sentir testada arduamente - e proporcionalmente recompensada.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-72274400681464840462015-08-14T00:02:00.000-03:002015-08-14T00:02:37.131-03:00Trilogia PusherHá algum tempo assisti <a href="http://www.imdb.com/title/tt0780504/?ref_=nm_flmg_dr_4">Drive</a>, um thriller em que Ryan Gosling se esforça para convencer como um homem que faz o "strong, silent type", como diria Tony Soprano. O motorista anônimo vive em meio a carros, seja com seu emprego como mecânico, em sua ocupação alternativa de dublê ou nas corridas em que transporta assaltantes. Tudo isto pode ser encerrado caso ele realize seu ingresso no automobilismo, porém seus planos são interrompidos quando ele se envolve com a mulher dum presidiário. O filme entretém e vale sua (não tão longa) duração, mas falo dele principalmente porque foi como conheci o trabalho do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-j90StpD-c7Y/Vc1Rgd6m5XI/AAAAAAAAEhc/YcmMPEcnPII/s1600/bronson.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="http://4.bp.blogspot.com/-j90StpD-c7Y/Vc1Rgd6m5XI/AAAAAAAAEhc/YcmMPEcnPII/s400/bronson.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bronson</td></tr>
</tbody></table>
Assisti Drive, seu trabalho de maior repercussão e mais tarde foi a vez de <a href="http://www.imdb.com/title/tt1172570/?ref_=nm_flmg_dr_6">Bronson</a>, filme estrelado por Tom Hardy, o novo Mad Max. Neste trabalho baseado frouxamente em fatos reais, Tom interpreta Michael Peterson, um jovem inglês autor duma escalada de pequenos delitos encerrada com sua prisão após um assalto a mão armada. Na prisão Michael parece descobrir sua verdadeira vocação: entre brigas e períodos de isolamento na solitária, é o prisioneiro mais "constante" do Reino Unido, encarcerado desde 1974 até hoje, com 69 dias de liberdade neste período - período em que ganhou o apelido que dá título ao filme.<br />
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Graças ao IMDb vi a conexão entre os dois filmes e que eram obras do mesmo diretor - até então confesso que eu não me atentava muito a isso. Curioso por conhecer mais do trabalho cru e brutal de Refn, encontrei <a href="http://www.imdb.com/title/tt0862467/?ref_=nm_flmg_dr_5">Valhalla Rising</a>, um suspense em que um homem usado como lutador para entretenimento de apostadores se livra do grupo que o explora e se junta a cristãos destinados a Jerusalém para lutar nas Cruzadas. Porém, desnorteados e num barco à deriva, perdem-se e alcançam uma terra desconhecida, onde são levados a seus limites pelas dificuldades encontradas neste território hostil. O misterioso e calado lutador já citado, One Eye, é interpretado pelo já renomado Mads Mikkelsen, que foi quem me levou à tal da trilogia que deu nome ao post.<br />
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Trata-se duma trilogia não por haver uma continuidade da história, mas por haver uma ligação, ainda que frágil, entre os personagens e porque nunca se deixa o mesmo universo: o submundo do narcotráfico de Copenhague (quem diria, não?). São três filmes violentos, ríspidos e, creio, mais verossímeis do que tantos outros filmes do mesmo estilo. Semana passada assisti <a href="http://www.imdb.com/title/tt0086979/?ref_=nv_sr_1">Blood Simple</a>, dos irmãos Coen. Uma das características que achei mais marcantes foi a burrice dos personagens. Gente normal faz escolhas péssimas, comete crimes sem planejamento algum e não tem preparo para se livrar das provas do crime, quando elas são lembradas. Nos filmes da série Pusher os personagens têm suas motivações, conflitos internos e atritos, mas agem, pensam e falam duma forma que se imagina que um traficante de verdade o faria, sem tiradas espirituosas e <i>insights</i> astuciosos.<br />
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-nVPLitXSDFY/Vc08Jz-WbCI/AAAAAAAAEhM/yjrvNLWFCA4/s1600/p1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="193" src="http://4.bp.blogspot.com/-nVPLitXSDFY/Vc08Jz-WbCI/AAAAAAAAEhM/yjrvNLWFCA4/s320/p1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tonny e Frank</td></tr>
</tbody></table>
No primeiro filme, Frank (Kim Bodnia) e Tonny (Mads Mikkelsen) são pequenos fornecedores de drogas e quando não estão em atividade, passam o tempo em bares, casas de strip e vadiando de maneira quase adolescente. A história toma corpo quando um antigo amigo de Frank o procura para uma grande compra de heroína e ele pede um empréstimo de Milo (Zlatko Buric), que cede o dinheiro, ainda que contrariado pela dívida crescente de seu parceiro. A negociação acaba mal, Frank consegue perder o dinheiro e também a droga, iniciando assim uma espiral de violência, cobranças e desespero.<br />
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Pusher foi, em 1996, o primeiro filme escrito e dirigido por Refn e creio que o jeito direto e objetivo da história seja mais fruto de sua inexperiência do que realmente duma opção de estilo. É nítida a motivação de Frank, é possível criar alguma empatia com ele enquanto todo esforço seu torna-se inútil, mas ele, assim como os personagens da série, demonstram a profundidade dum pires. Podem ser vistos alguns traços de Cães de Aluguel, como as amizades efêmeras permeadas por momentos de desconfiança e trocas de ameaças.<br />
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Já em Pusher II, de 2004, a história gira em torno de Tonny. Recém-saído da cadeia, ele passa por uma série de reveses: dívidas, uma brochada, desconfiança e cobranças de seu próprio pai, um dono de oficina e desmanche de automóveis respeitado no mundo do crime. Além disso tudo, descobre que é pai dum menino, embora negue a paternidade. Tonny se arrisca como pode e como não deveria para que o respeitem, mas durante todo o filme ecoam as palavras do diálogo inicial: falta-lhe a capacidade de causar medo a quem está ao seu redor.<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/-t8SxGw9JEE?rel=0" width="560"></iframe><br /></div>
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Vê-se que é um homem dividido entre mergulhar de cabeça no crime ou afastar-se dele. A história é mais densa, mais sombria e angustiante duma forma diferente da do primeiro filme. Tonny, além de ser um personagem mais interessante e mais bem escrito do que seu antigo colega de crime Frank, ainda é interpretado por um ator mais habilidoso. Com os anos Refn evoluiu bastante como diretor e principalmente como escritor, felizmente.<br />
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Finalmente a trilogia é encerrada em Pusher III, de 2005, com a história de Milo. Antagonista de Frank no primeiro filme e pequeno participante no segundo, agora o traficante sérvio tem um dia de sua vida narrado, começando com sua reunião nos Narcóticos Anônimos pela manhã e os preparativos do aniversário de 25 anos de sua filha. Enquanto Tonny lutava para subir postos no mundo do crime, Milo batalha para permanecer no topo. O veterano é constantemente acuado pela "nova geração", como diz o traficante Muhammed: o protagonista precisa se manter firme diante de um traficante albanês, um cafetão polonês e até sua própria filha.<br />
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É um encerramento melancólico para a trilogia, principalmente por uma cena em que o sérvio reencontra Radovan, que foi um de seus capangas no primeiro filme e que conseguiu abandonar o crime para abrir seu próprio restaurante. Radovan, contente e realizado, aceita ajudar o amigo, mas avisando-lhe severamente seria uma última ajuda pelos velhos tempos e que não aceitaria ser puxado novamente para essa vida. Milo, já condenado, já se mostra conformado ao estilo de vida que leva.<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-TYKN-HII6Hw/Vc1TIzrb14I/AAAAAAAAEho/o6-RV2csgso/s1600/p3.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="353" src="http://4.bp.blogspot.com/-TYKN-HII6Hw/Vc1TIzrb14I/AAAAAAAAEho/o6-RV2csgso/s640/p3.png" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Milo angustiado</td></tr>
</tbody></table>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-29416814916117310252015-07-09T22:59:00.002-03:002015-07-09T22:59:59.610-03:00Futuro definido (?)Fazia muito tempo que eu não publicava nada aqui. Cerca de meio ano, talvez o mais longo hiato do blog. Como já comentei antes, um pouco por preguiça de comentar e muito por falta de tempo. Resolvi dedicar o ano aos estudos e, desde fevereiro, mal tenho tido tempo para ficar de bobeira. Hoje, por exemplo, é feriado aqui no estado de São Paulo, mas pedi para trabalhar como num plantão para receber dois dias de folga como recompensa posterior.<br />
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Essa correria toda começou, ironicamente, em minhas férias. Aproveitei os dias livres em fevereiro para pesquisar uma pós-graduação e a encontrei perto de casa, na Fundação Getúlio Vargas. Comecei uma pós em Administração de empresas, um meio para formalizar e aprofundar o que aprendi trabalhando por tantos anos na IBM. Desde o fim de março tenho aulas em sábados mais ou menos alternados ("mais ou menos" porque às vezes há intervalos maiores devido a feriados prolongados). É algo desgastante, principalmente devido à minha falta vitalícia de disciplina e distância de alguns anos de qualquer estudo mais formal, além de que precisei abrir mão da atividade como catequista nas tardes de sábado, mas já tem sido recompensador fazer contato com tanta gente interessante e expandir meus horizontes profissionais, mesmo que para vislumbrar um mundo além da Big Blue.<br />
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Além da pós na FGV, há também as aulas de russo, que também exigem mais conforme progrido. Além do conteúdo mais básico, já se foram cinco casos de declinação e os aspectos verbais: todo ato tem dois verbos, um para uma ação mais duradoura e outra breve, concluído, "fechado" (como "délat" e "sdélat", respectivamente). Até que é bastante coisa, mas confesso que houve um período em que me desanimei com meu progresso, porém percebi que esta desmotivação fora causada por uma percepção enganosa que eu tinha. Antes de estudar esta língua eu havia feito aulas de espanhol, idioma muito mais próximo do português e com formas muito mais abrangentes de estudo. Logo nos primeiros meses de estudo comecei a <a href="http://www.imdb.com/title/tt1235841/">ver filmes</a>, entrar em <a href="http://www.ole.com.ar/">sites de notícias</a>, avançava rapidamente pelos conteúdos e com cerca de dois anos de contato com o espanhol mudei de área no trabalho para atuar com mexicanos remotamente e gente de toda a América do Sul ao meu redor, o último passo necessário para alcançar a fluência no idioma. Hoje, com quase um ano de aulas de russo, ainda luto para formar algumas frases e o máximo que faço com alguma facilidade é assistir Peppa em russo. Tento ler notícias e estudar <a href="https://www.youtube.com/watch?v=3ps2jv0NpD8">letras de músicas</a>, mas ainda preciso comer muito feijão para ter algum sucesso aí.<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/fbp1DixTRqA" width="560"></iframe>
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E de tanto ficar sentado para trabalhar, ler e estudar o corpo começou com suas reclamações. Não através de dores ou qualquer outro problema, mas com aquela inquietação da energia que se acumula e não encontra por onde ser gasta. Constantemente batendo um dos calcanhares no chão e até roendo as unhas, algo que eu não fazia desde que ouvi um quase maternal "Não pode! É feio!", vi que era hora de levantar a bunda da cadeira e fazer alguma coisa. Havia as academias de musculação por perto, mas decidi exigir mais de mim mesmo duma forma que não me custasse tanto tempo e a opção que me pareceu mais adequada foi o cross fit. Já fazia algum tempo que eu ouvia falar desta nova forma de atividade física que combina bem musculação e atividades aeróbicas, então consultei alguns amigos que já o praticavam e, motivado por suas respostas e resultados, decidi dar uma chance a um <i>box</i> localizado próximo ao meu apartamento. Sobre isso, no entanto, posso dizer pouco porque me inscrevi recentemente e fiz apenas três aulas para aprender os fundamentos. Amanhã faço minha primeira aula de verdade e talvez escreva um post mais detalhado daqui alguns meses.<br />
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Assim meus dias vão se tornando mais cheios, mas de maneira mais produtiva. Chega de gastar tempo com distrações, jogos de computador, polêmicas que mal têm relevância fora das redes sociais ou qualquer outra bobagem similar. Vivi algumas fases de minha vida com delay. Durante meus 20-<i>somethings </i>tentei viver as experiências com relacionamentos que não tive na adolescência e agora, aos 30, luto para enriquecer meu currículo. Num processo também prolongado larguei aquele espírito de indignação adolescente contra a vida de cubículo, algo que se vê bem nas tirinhas do André Dahmer. Quando se deixa de olhar o próprio trabalho de maneira rasa é possível sim ver que ele significa algo não só para você e seus superiores imediatos, mas para a empresa, para seus clientes e para o mundo lá fora. A ambição de fazer algo significativo (ser escritor, no meu caso) também pode conviver pacificamente com um trabalho menos glamouroso ou pode se resumir a um hobby, como bem exposto <a href="https://medium.com/brasil/decidi-n%C3%A3o-fazer-o-que-eu-amava-e-foda-se-5e6b33e92d24">neste texto</a> ao qual cheguei através do amigo Maurício Vargas e que resume bem o que passei e como passei a pensar.<br />
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Desta forma, meio que sem perceber quando isso começou, creio que consegui definir meu futuro, contrariando assim o título do blog. São passos modestos, medidos com alguma cautela e cujas consequências poderei medir apenas a médio prazo, mas já são algo positivo. Talvez seja assim com quase todo mundo, mas eu não veja isso porque considere as pessoas ao meu redor como muito bem planejadas ou me considere muito menos estratégico do que elas. Duvido que todos os meus amigos adotem aquele papo de vencedorzão, com planos para os próximos dois, cinco, dez anos. Assim, com um improviso aqui e alguns ajustes ali, vou entrando nos trilhos e percorrendo meu caminho.Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-6109737224869377592015-02-02T23:47:00.001-02:002015-02-02T23:47:33.360-02:00Macro-twittering X<div style="text-align: justify;">
Fazia tempo, praticamente <a href="http://futuroaberto.blogspot.com/2010/11/macro-twittering-ix.html">cinco anos</a>, que eu não fazia um destes posts com um apanhado de breves comentários sobre miudezas. Como veio a vontade de escrever, aproveitei para passar um café, botar umas <a href="http://www.johnny-marr.com/wp-content/uploads/2011/03/the_smiths_meat_is_murder_1993_retail_cd-front.jpg">músicas de bicha triste</a> para tocar e expelir um ou dois parágrafos a respeito de aleatoriedades.</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/a4jGNoag_1g?rel=0" width="560"></iframe>
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<div style="text-align: justify;">
- Começo hoje minhas férias. Na quinta-feira, 05, vou até São Paulo para encontrar a <a href="https://comeceialerumlivro.wordpress.com/">Ligia</a>, companheira de mesas de boteco e papos profundos desde o distante começo do curso de Jornalismo na PUC-Campinas para comemorar o aniversário da <a href="http://adivinheofilme.tumblr.com/">Samia</a>, uma pessoa muito especial e o melhor legado das minhas longínquas aulas de boxe. No dia seguinte continuo a "turnê" passando por São José dos Campos para visitar minha "protegida" de outrora na IBM, a Mayara - como se uma mulher que é independente, lutadora e ótima mãe precisasse de proteção - e sua nova família. No fim de semana desço a serra até a praia do Sapê, vizinha mais pacata de Maranduba, em Ubatuba (tradicionalmente chamada de "Ubachuva").</div>
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<div style="text-align: justify;">
"Porra, Luiz, mas você não odiava praia?". Sim, mas por não saber diferenciar algumas coisas de outras. Odiava a colônia de férias visitada por minha família todo mês de janeiro, sua praia imunda, sua falta de atrações e a diferença de idade que tornava as crianças desinteressantes e os adolescentes, muito distantes para socialização. Mas gosto do oceano, de sua imensidão e da possibilidade de contemplar algo que dê-me a sensação de ser minúsculo, mas não insignificante. Foi à beira do mar, em Ilhabela, no fim de 2008, que me encontrei e encontrei a determinação de emagrecer. Sabe-se lá o que pode nascer desse novo encontro/refúgio nas águas.</div>
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<div style="text-align: justify;">
- Fecharam o Bar do Wili. Num post antigo o escolhi como meu bar preferido em Campinas - e não o melhor da cidade, antes que alguém entenda assim. Com o passar dos anos passei a não admirá-lo tanto: ele não era dos locais mais bonitos, com suas paredes aparentemente inacabadas, suas cadeiras frágeis e ambiente escuro. O atendimento era lento, com "cerveja quente e comida fria", como li por aí em alguma avaliação do recinto. Eu não gostava do seu público dominante, aquele jovem moderninho cujos traços de alternatividade respeitam algumas regrinhas muito bem pré-estabelecidas, com cortes de cabelo, roupas, gostos musicais e tatuagens para quem quer ser diferente de todo mundo e igual a muita gente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Havia tudo isso e eu tinha motivo para odiar o bar, mas havia algo em sua atmosfera que eu adorava. Vez ou outra eu ia até lá para ver alguma partida de futebol num domingo a tarde, tomar uma cerveja e voltar para casa. Abri três ou quatro férias seguidas com o "ritual" de tomar uma cerveja na tarde do primeiro dia em que eu estava livre do trabalho. Numa destas idas vespertinas venci um bloqueio que eu tinha e consegui puxar papo com uma moça que também bebia sozinha. Quando estava numa de suas mesas recebi a ligação da ex-namorada que
vivia no apartamento ao lado para avisar que sairia do prédio. Ali sofri
uma ou outra decepção amorosa e tive algumas pequenas vitórias também. Ali voltei a fazer aniversários, quando cheguei aos 28 e 30 anos, respectivamente - e logo após este último a festa acabou. Talvez a alma despojada e acolhedora do bar vinha de seu ar de tosquice, de sua aparência decandente, apropriadamente ilustrado pela frase "se já está no inferno, abrace o Capeta".</div>
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<div style="text-align: justify;">
- Estamos chegando ao sexto aniversário da morte de minha mãe. Quase deixo a data passar em branco porque, sinceramente, após um tempo ficou mais fácil lembrar de seu aniversário de nascimento, em 14 de setembro. À época de seu falecimento pensei que todo começo de fevereiro seria um período de luto e reflexão, mas eu não imaginava que o tempo dos mortos funcionasse de forma tão distinta. Seguimos vivendo e associando a passagem do tempo a marcos da vida profissional, relacionamentos, acontecimentos, eventos esportivos e tantas outras referências. Por exemplo, sei que em 2004 o Porto foi campeão europeu, lembro porque foi na época em que eu trabalhava no Futebol Interior. Em 2005 foi o Liverpool, que veio a perder o Mundial para o São Paulo. No ano seguinte foi o Barcelona, quando Ronaldinho Gaúcho foi sobrenatural. Quem se foi, no entanto, parou e entrou em looping no dia de sua morte. Continua lembrado, numa linha do tempo paralela que parece infinita: minha mãe sempre esteve por perto, foi-se e continua sendo uma lembrança constante, então não há de fato um apelo para que eu faça algo de diferente hoje, assim como não considero o dia de Finados uma ocasião especial.</div>
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<div style="text-align: justify;">
- Quem tem medo do Lobo Mau? E da NFL? Ok, essa liga ainda não inspira medo, não ameaça o futebol brasileiro e creio que não será muito maior do que um nicho bem específico, porém mais fiel do que o público que descobriu o MMA há alguns anos. Creio que essa fidelidade se deve ao tempo em que leva-se para aprender as regras mais básicas e como funciona o futebol americano, ao contrário das lutas do UFC, onde bastava ver quem esmurrava e chutava mais para acompanhar uma luta. Mesmo assim, com esse alcance limitado que o esporte terá no Brasil, porque ele causa dor de cotovelo entre alguns torcedores mais tradicionalistas do nosso futebol inglês, brasileiro, mundial? É porque essa minoria tem se empolgado duma forma que o torcedor do futebol não tem se empolgado há tempos? É pela organização, que jamais veremos por aqui? É rejeição a algo novo simplesmente por ser uma novidade? É por achar o esporte feio ou indecifrável? Ou é uma birra gratuita, o que também seria uma justificativa plausível? Sei lá, mas seria melhor usar esse tempo observando e absorvendo o que o futebol americano tem a ensinar. </div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-39232226243764012042015-01-25T10:45:00.000-02:002015-01-25T10:45:00.292-02:00Quinquênio<div style="text-align: justify;">
Hoje completam-se cinco anos de minha mudança para o apartamento, onde passei a morar sozinho e onde estou até hoje. Como esta mudança foi motivo para eu começar e manter este blog, o mais justo é fazer uma retrospectiva de todo este período, mais do que vivi e, em parte, do que escrevi. Essa transição começou ainda em 2009, mas só decolou com a virada do ano. Seria mais prático fazer a mudança durante o mês de janeiro de 2010, enquanto meu pai e minha irmã ainda negociavam a compra da casa onde moram hoje e escolhi o dia <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/25_de_janeiro">25</a>, aniversário de São Paulo e uma data da qual eu me lembraria facilmente. Aliás, agradeço aos dois por toda a ajuda durante esse período.<br />
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Os últimos dias anteriores à mudança foram de algum nervosismo: à época eu não tinha um emprego, receava me arrepender da mudança devido ao risco de ficar isolado e solitário, além de ser refém de meu próprio despreparo para questões domésticas - revisitei posts mais antigos e num deles cheguei a comemorar que aprendi a fazer macarrão, algo absolutamente vergonhoso para qualquer pessoa com mais de treze anos de idade.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-bRQMYuRVUmo/VMGMfr0325I/AAAAAAAAEbk/eL7h_2PFyRk/s1600/img.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-bRQMYuRVUmo/VMGMfr0325I/AAAAAAAAEbk/eL7h_2PFyRk/s1600/img.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Desenvolvi minhas habilidades e um dia fiz um miojo parecido com o macarrão dessa foto aleatória</i></td></tr>
</tbody></table>
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Havia também a ansiedade pela parte mais positiva. Tornar-me-ia mais responsável e mais bem organizado, seria mais cauteloso com meu dinheiro, teria um harém de universitárias - todos objetivos mais ou menos realistas. E até que pude cumpri-los: aprendi o valor do protagonismo, da iniciativa, de tomar as rédeas de algo, do "ownership", por falta duma tradução exata desta palavra da qual tanto gosto; revi minhas conclusões e notei como já era moderado com as finanças, mas que a principal função dessa prudência deve ser justamente poder proporcionar momentos de generosidade e conforto.<br />
<br />
Apenas a parte das muitas universitárias, surpreendentemente, não saiu como planejado. Logo em maio de 2010 já comecei um namoro - que teve duração de mais ou menos um ano - com minha vizinha de porta e, assim, entrei numa fase "balzaca", aproveitando o termo que dela aprendi. Foi o princípio dum rosário de relacionamentos com mulheres em seus trinta e alguns anos. Apesar da forma como falei deste período, eu o cito não pela quantidade de cúmplices, mas pela(s) qualidade(s) destas mulheres e pela forma como me influenciaram. Tive a felicidade de ter a meu lado pessoas fascinantes, divertidas, sensíveis e especiais, cada uma de sua forma. Caso tivesse o dom das artes plásticas, retrataria uma em <a href="http://fc06.deviantart.net/fs71/f/2010/320/c/5/others_wrongs_by_agnes_cecile-d32z52z.jpg">aquarela</a>, com traços mínimos e pinceladas frágeis, outra com as cores firmes e ar contemplativo imitando desavergonhadamente <a href="http://www.edwardhopper.net/images/paintings/summer-evening.jpg">Edward Hopper</a>, uma como <a href="http://static.artisticostores.com/2015/01/u-Dima-Dmitriev-Gone-with-the-wind-100x100-sign.vpravo-dole-dima-20141-960x960.jpg">o Fogo ou a Força</a> em meio ao Vazio. E houve, sim, uma universitária: foi a inusitada presença duma moça segura de si, disposta a intrepidamente colorir e reavivar um cenário de cinzas. Sou muito grato pela convivência inesquecível com esta mulher, maravilhosa desde tão cedo.</div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-DGqJrWtKV_0/VMGHCbB4c8I/AAAAAAAAEbc/ac9Dn8bGiTM/s1600/papo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-DGqJrWtKV_0/VMGHCbB4c8I/AAAAAAAAEbc/ac9Dn8bGiTM/s1600/papo.jpg" height="212" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Simulação da prosa com Givaldo e Zé</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, chega de me gabar. Depois da mudança houve, de fato, um baque por passar os dias sozinho e sem uma ocupação. Cheguei a ler O Cortiço em apenas uma investida, visitava uma lan house próxima de casa para cadastrar currículos e interagir com amigos através do Orkut. Às vezes passava algumas horas na portaria de meu prédio, a prosear com o Givaldo, porteiro petista e o Zé Peres, um tucano que supostamente conhece cada palmo, acontecimento e personagem da história de Campinas. Mas em junho de 2010 comecei a trabalhar na IBM (após participar sem sucesso dum outro processo seletivo que me levaria até a SAP, em São Leopoldo-RS) e fui reinserido na sociedade. E tive a sorte de cair num time de gente trabalhadora e amiga, com alguns integrantes que são pessoas importantes para mim até hoje. Mais tarde ganhei de presente da minha irmã a Bolacha, hamster que foi minha companheirinha por quase dois anos. Apesar das limitações causadas pela delicadeza de sua estrutura e por seu pouco tamanho, ela cumpriu bem seu papel de bicho de estimação. Agora que o analiso em retrospectiva, vejo como 2010 foi um ano agitado.</div>
<br />
<i>(Agora farei uma passagem rápida por vários eventos menores posteriores. Sugiro que se ouça um hard rock <a href="https://www.youtube.com/watch?v=SwYN7mTi6HM">bem farofento</a> para acompanhar a montagem, um expediente muito explorado nos filmes dos anos 80)</i><br />
<div style="text-align: justify;">
Então o que era novidade passou a se transformar em rotina e, aos poucos, surgiram preocupações maiores do que conseguir fazer arroz sem que ele terminasse como uma papa ou torrado. Aprendi a fazer compras menores e mais baratas, ao contrário da primeira, que mal coube nos poucos armários - que vieram a ser ampliados mais tarde. Constatei que realmente não preciso dum carro, ao menos vivendo onde vivo e trabalhando onde trabalho. Venci (parcialmente) a timidez quando precisei reclamar do barulho feito por vizinhos diferentes. Visitei Buenos Aires, comecei a estudar para valer o espanhol e devido ao idioma também mudei de área na empresa em que trabalho e fui promovido. Um ano depois visitei Montevidéu, cidade em que passei sufoco pela imprevista indisponibilidade de saques de dinheiro - mas me virei bem com o idioma e agora estudo russo. Errei com a logística desta viagem, como vim a errar outras vezes: no trabalho, no cuidado com a casa, em alguns relacionamentos. Alguns destes erros foram bem corrigidos, como quando demorei para corrigir um problema de vazamento em meu banheiro e a solução mais prática foi reformar todo o cômodo. Outros erros serviram pelo aprendizado que trouxeram (pelo menos consegui transforma-los em algo, ainda bem).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O aprendizado - e incluamos como parte dele o autoconhecimento - é o mote deste período de cinco anos, concluo. Era o que esperava, mas não imaginei que cresceria tanto em tão pouco tempo e de maneiras tão inusitadas, mesmo não estando exposto às condições mais inconvenientes. Viver sozinho é viver consigo mesmo, o que pode parecer óbvio e até mesmo redundante, mas é um desafio às vezes massacrante ter de encarar de frente uma insegurança, um medo ou um erro. E aí podemos nos esconder em distrações como redes sociais, smartphones, sair ou fazer o que for, mas uma hora será preciso deitar a cabeça no travesseiro, em meio à escuridão e ao silêncio. E depois de tantas experiências que puseram minhas convicções e eu mesmo a prova, aprendi bastante, mas principalmente que não podemos fugir de quem somos. Há espaço para evolução e mudanças, mas há um âmago que carregamos conosco e contra o qual não podemos lutar. Ou talvez seja só comigo, quem sou eu para dizer isso no plural, não é?<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Fbnfl0CQgiM/VMGOC33pj_I/AAAAAAAAEbs/pvAEHjzy9K8/s1600/img.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Fbnfl0CQgiM/VMGOC33pj_I/AAAAAAAAEbs/pvAEHjzy9K8/s1600/img.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Aquela epifania que nos atropela durante o banho ao enquanto a água ferve na chaleira</i></td></tr>
</tbody></table>
<b><br /></b>
<b>Créditos das pinturas nos links</b></div>
Aquarela: Other Wrongs, de Agnes Cecile<br />
Edward Hopper: Summer Evening, de Edward Hopper<br />
O Fogo e a Força: Gone with the Wind, de Dima DmitrievLuiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-33084756708891923782015-01-02T17:18:00.001-02:002015-01-03T08:10:05.115-02:00Cinco livros - 2014<div style="text-align: justify;">
Atendendo à sede da massa de leitores que enviou um total de hum (01) pedido, farei também uma lista com minhas cinco leituras preferidas de 2014. Foi mais fácil escolher os cinco títulos literários porque mais assisti do que li histórias em 2014, mas reparei que era sim possível ter lido mais no ano que passou - sessenta a trinta e poucas leituras, aí contando até uma encíclica papal (Rerum Novarum, aquela em que se mostra que não é preciso ser socialista para se preocupar com condições do proletariado). Talvez seja o caso de me impôr um número mínimo no ano para que eu perca menos tempo lendo o feed do Facebook.</div>
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<br /></div>
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<b>As Barbas do Imperador - Lilia Schwarcz</b></div>
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<br /></div>
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<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Kty4kloi9No/VKbfhbZdbVI/AAAAAAAAEao/6N45UoOR3tA/s1600/lilia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Kty4kloi9No/VKbfhbZdbVI/AAAAAAAAEao/6N45UoOR3tA/s1600/lilia.jpg" height="395" width="640" /></a></div>
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<br /></div>
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Conforme dito na versão digital disponível <b><a href="http://www.usp.br/cje/anexos/pierre/asbarbasdoimperador_lilia_moritz_schwarcz.pdf">neste link</a></b>, o "misto de ensaio interpretativo e biografia" é um riquíssimo retrato de quem foi Dom Pedro II e, de igual importância, como era o Brasil Império. Lilia conta sobre Dom Pedro I, sobre o nascimento de seu filho e de todos os episódios até o golpe da proclamação da República: os anos da infância em que já era tutelado para governar o Império, o casamento arranjado, seu estabelecimento como líder, a Guerra do Paraguai, seus anos mais tardios quando já se demonstrava cansado de uma vida toda dedicada a seu cargo e o exílio na Europa. Também narra-se como se davam as relações da nobreza, as festas populares e a vida na corte.</div>
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<br /></div>
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Recomendo o livro muito pelas suas qualidades e pelo espetacular trabalho de Lilia, mas principalmente pelo grande brasileiro que foi Dom Pedro II, "Defensor Perpétuo" do Brasil. Em períodos em que somos governados por políticos corruptos, desonestos, incompetentes, oportunistas, baixos e pusilânimes - sejam eles de qualquer partido que se pensar - é alentador pensar que já tivemos um estadista da grandeza de Pedro II.</div>
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<br /></div>
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<b>A Leste do Éden - John Steinbeck</b></div>
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<b><br /></b></div>
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/--F3bt6iA_Zc/VKbsIbtVNsI/AAAAAAAAEbI/vw4Y0yx56Cc/s1600/JohnSteinbeck.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/--F3bt6iA_Zc/VKbsIbtVNsI/AAAAAAAAEbI/vw4Y0yx56Cc/s1600/JohnSteinbeck.jpg" height="320" width="312" /></a></div>
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<br /></div>
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Mais conhecidos por As Vinhas da Ira (que, se não me engano, terá uma nova versão cinematográfica), Steinbeck escreve mais uma vez sobre a Califórnia, mais especificamente sobre o Vale de Salinas, uma região predominantemente rural do estado. Neste vale destacam-se duas famílias, os Trasks e os Hamiltons, cujos integrantes se envolvem em episódios cujos temas passeiam por temas como amor, liberdade, trabalho, depravação, incapacidade de adaptação ao meio em que se vive e, claro, inveja - muitos elementos do livro são referências direta ao livro bíblico de Gênesis, como insinua o título. Além da brilhante narrativa e da forma especial de Steinbeck de entender e explicar o ser humano, destaco um ponto adicional: Lee, um personagem simplesmente cativante e que desperta nossa curiosidade, embora seja apenas um coadjuvante na história - esta considerada pelo próprio escritor como sua obra prima.</div>
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<b>A Indústria do Holocausto - Norman Finkelstein</b></div>
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<br /></div>
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/-xxVOBlH70Vs/VKbrHnaTOoI/AAAAAAAAEa4/CdPju7okFd4/s1600/Norman-Finkelstein.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-xxVOBlH70Vs/VKbrHnaTOoI/AAAAAAAAEa4/CdPju7okFd4/s1600/Norman-Finkelstein.jpg" height="400" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
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Norman Finkelstein, americano filho de judeus poloneses, discorre sobre a forma como o Holocausto - outrora um acontecimento que desejavam que se tornasse esquecido e posto no passado da comunidade judaica - passou a ser usado como artifício ideológico para obter imunidade e até condição de vítima perante a comunidade internacional e legitimar os excessos cometidos pelo estado de Israel, uma potência militar e tecnológica. Outro uso rasteiro que se faz é a exploração de países como Alemanha e Suíça (pois aí estaria dinheiro deixado pelos nazistas) feita por ONG's que não repassam seus ganhas a sobreviventes dos campos de concentração e indivíduos que não tiveram ligação nenhuma com a perseguição feita aos judeus.</div>
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<br /></div>
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Obviamente, Finkelstein tornou-se um pária entre seu povo. Ele não segue uma linha revisionista ou até negacionista, como alguns outros autores que, por exemplo, contestam os números de vítimas judias durantes a Segunda Guerra Mundial. Sua severa crítica, porém, é direcionada apenas a personagens que parasitam a catástrofe alheia e, consequentemente, alimentam sentimentos antissemitas.</div>
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<br /></div>
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<b>O Velho e o Mar - Ernest Hemingway</b></div>
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<br /></div>
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-zc6K6JQmV0E/VKbXysjSIUI/AAAAAAAAEaI/83hQFJh63lA/s1600/hemingway.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-zc6K6JQmV0E/VKbXysjSIUI/AAAAAAAAEaI/83hQFJh63lA/s1600/hemingway.jpg" height="400" width="309" /></a></div>
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<br /></div>
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Eu já havia lido outros romances de Hemingway antes, mas nenhum havia me prendido como este. Não que eu os achasse ruins, eu apenas não conseguia me entusiasmar como imaginava que me entusiasmaria com o trabalho do escritor americano. <i>O velho e o mar</i>, no entanto, foi uma surpresa: abri seu arquivo no Kindle apenas para conferir se ele era muito longo ou não (não dá para realmente saber disso até que se abra o arquivo) e li tudo num golpe só. É pouca coisa, é verdade, leva-se pouco mais de uma hora para terminar, mas foi o tamanho ideal para contar a história do pescador Santiago.</div>
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<br /></div>
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O pescador atravessa uma maré de azar que já se aproxima de seu nonagésimo dia quando, por sorte ou azar, fisga o que presume ser um marlim. É difícil determinar exatamente qual é o peixe, mas sua grandeza se torna óbvia quando ele arrasta o barquinho de Santiago consigo até o alto-mar. Durante o restante do livro acompanhamos a luta de dias do pescador contra o peixe, o mar, o sol, as dores e a velhice. "Poxa, mas é só isso, o homem só fica lá pescando?", podemos indagar. Não, é muito mais: é uma história sobre resignação, dignidade e resiliência.</div>
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<br /></div>
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<b>The Age of Faith - Ariel e Will Durant</b></div>
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<br /></div>
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-kEwFRlQibjw/VKbaOGe0AqI/AAAAAAAAEaY/jS3ts1xfngI/s1600/durant_will2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-kEwFRlQibjw/VKbaOGe0AqI/AAAAAAAAEaY/jS3ts1xfngI/s1600/durant_will2.jpg" height="373" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
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</div>
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No começo do post comentei que li menos livros do que eu gostaria neste ano, mas eu havia me esquecido que graças ao casal da imagem acima li cerca de mil e cem páginas sobre a forma como o judaísmo, o islamismo e o cristianismo ajudaram a construir a Europa e o Oriente Médio durante os séculos da Idade Média - injustamente tratada como "Idade das Trevas", como se os continentes sofressem um apagão com a decadência de Roma e acordassem prontos para a Renascença. Por mais impressionante que a obra pareça por sua extensão, The Age of Faith é apenas o quarto volume duma série de onze livros chamada <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/The_Story_of_Civilization">The Story of Civilization</a>, um estudo minucioso que parte da fundação das primeiras civilizações que conhecemos e termina nos anos em que Napoleão foi derrotado em solo russo. TAOF me cativou não apenas pela variedade assombrosa de dados e informações, mas também por sua abrangência e pela forma como Will e Ariel souberam integrar acontecimentos que pareciam correr paralelamente.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-18227191922895516542015-01-01T18:05:00.002-02:002015-01-01T19:46:50.380-02:00Cinco filmes - 2014<div style="text-align: justify;">
O ano terminou. Houve Copa, Dilma foi reeleita (inclusive a transmissão de cerimônia de posse está começando, mas sigo acompanhado as partidas do campeonato inglês), publiquei <a href="http://futuroaberto.blogspot.com/2014/12/e-vai-se-2014.html">minha retrospectiva</a> e, devido a uma boa dose de <strike>saco cheio</strike> motivação, resolvi fazer uma lista com os cinco filmes dos quais mais gostei de assistir em 2014. </div>
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<br /></div>
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Em algum dos primeiros meses defini como meta assistir pelo menos cinquenta filmes para compensar a minha defasagem cinematográfica e cheguei a sessenta. Alguns se destacaram <a href="http://www.imdb.com/title/tt1781769/?ref_=nv_sr_1">pela arte</a>, <a href="http://www.imdb.com/title/tt1343092/?ref_=nv_sr_1">pela direção</a>, <a href="http://www.imdb.com/title/tt0059274/?ref_=nv_sr_6">pelas atuações</a> ou <a href="http://www.imdb.com/title/tt0114746/?ref_=nv_sr_1">pelo enredo</a>. Alguns foram <a href="http://www.imdb.com/title/tt1740053/?ref_=nm_flmg_act_8">catastróficos</a>. Mas no geral o saldo foi positivo, desde que eu passasse pelo IMDb para conferir a nota de cada filme antes do download a fim de evitar novas bombas. Bom, chega de papo, vamos aos meus cinco filmes favoritos do ano passado.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b><a href="http://www.imdb.com/title/tt0327056/?ref_=nv_sr_1">Sobre meninos e lobos (2003)</a></b></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-1SPhM9wn1RA/VKWXMqPD3nI/AAAAAAAAEZo/YvDQY2vGa9c/s1600/meninos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-1SPhM9wn1RA/VKWXMqPD3nI/AAAAAAAAEZo/YvDQY2vGa9c/s1600/meninos.jpg" /></a></div>
<br />
Drama dirigido por Clint Eastwood, com Kevin Bacon, Tim Robbins e Sean Penn (estes últimos, vencedores dos Oscar de melhor ator coadjuvante e melhor ator, respectivamente, graças a este trabalho). Os três atores que destaquei interpretam amigos de infância que se reencontram depois de anos de distanciamento, ligados por um crime brutal investigado por Sean Devine (Bacon). O reencontro faz com que revelações perturbadoras surjam sobre o crime e sobre o passado do trio.<br />
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<br />
<div style="text-align: center;">
<b><a href="http://www.imdb.com/title/tt2278871/?ref_=nv_sr_2">Azul é a cor mais quente (2013)</a></b></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-nU1Wey5_xZc/VKWHbioiBYI/AAAAAAAAEZE/nasYZeJ57t0/s1600/azul.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-nU1Wey5_xZc/VKWHbioiBYI/AAAAAAAAEZE/nasYZeJ57t0/s1600/azul.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
Ouvi sobre esse filme pela primeira vez como "o filme das gostosinhas se pegando" ou algo que o valha. As gostosinhas em questão são Adèle (Adèle Exarchopoulos) e Emma (Léa Seydoux), duas jovens que, obviamente, se envolvem no decorrer do filme em cenas um tanto explícitas. Porém, não se deve limitar esta obra a algumas cenas de erotismo. Muito pelo contrário: nas três horas de história acompanhamos Adèle em sua trajetória do vazio duma vida de tédio e enfado à plenitude, num caminho trilhado através de decepções, dúvidas, incertezas e descobertas, tudo retratado de forma bastante realista, sem artifícios espetaculares. Quanto às cenas de erotismo, a princípio achei-as demasiadamente arrastadas, com uma delas inclusive beirando os dez minutos de duração. Estas cenas, no entanto, surgem como regra e não como exceção: o filme todo caminha neste ritmo bastante natural de construção de relacionamento. Aos poucos as partes estudam-se, cedem mais e mais confiança até sentirem-se suficientemente confortáveis para baixarem a guarda. <br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b><a href="http://www.imdb.com/title/tt1979320/?ref_=nv_sr_1">Rush: No limite da emoção (2013)</a></b></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-GiKEA4uZWvE/VKWNGeXNFZI/AAAAAAAAEZY/duIBSOIggv8/s1600/rush.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-GiKEA4uZWvE/VKWNGeXNFZI/AAAAAAAAEZY/duIBSOIggv8/s1600/rush.jpg" /></a></div>
<br />
Rush se propõe a contar sobre a rivalidade entre os pilotos de Fórmula 1 James Hunt e Niki Lauda no fim dos anos 70 e, concordo com a <a href="http://perdiasalsicha.wordpress.com/2013/09/15/rush-ou-biografia-do-lauda/">Bets</a>, peca por contar apenas o lado do austríaco - embora o inglês seja um personagem muito mais interessante do que seu adversário, mesmo com o acidente sofrido por Lauda. É como uma história da cigarra e da formiga, em que se mostra que é importante trabalhar, se esforçar e regular seu motor durante o verão para não passar fome no inverno. E por que estou recomendando um filme que falha em sua premissa inicial? Porque ele é um filme e não um documentário: apesar dessa perda da imparcialidade ele ainda é muito divertido, mostra a F1 duma maneira espetacular e numa época espetacular.<br />
<br />
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<div style="text-align: center;">
<b><a href="http://www.imdb.com/title/tt2106476/?ref_=nv_sr_1">A caça (2012)</a></b></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-d-dxZI84Dgo/VKWMAtHDTQI/AAAAAAAAEZQ/x3SKS1bL6Qs/s1600/jagten.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-d-dxZI84Dgo/VKWMAtHDTQI/AAAAAAAAEZQ/x3SKS1bL6Qs/s1600/jagten.png" height="268" width="640" /></a></div>
<br />
Uma grata surpresa que descobri através dum anúncio quando os canais do Telecine estavam abertos para os plebeus menos favorecidos: um filme dinamarquês, cujo único ator que eu conhecia era o protagonista Mad Mikkelsen, mais famoso por seu papel como vilão em Casino Royale. O tema é bastante familiar a qualquer estudante ou jornalista formado, que sempre volta a ouvir sobre o caso da <a href="http://jornalggn.com.br/noticia/o-caso-escola-base-20-anos-depois">Escola Base</a>. Lucas (Mikkelsen) é acusado de molestar sexualmente uma das alunas da escola infantil em que trabalha, a filha dum casal de amigos que nutre afeto pelo professor devido à forma como ele cuida da garota quando seus pais brigam. Lucas luta para provar sua inocência, mas é marginalizado e cada vez mais hostilizado na pequena cidade em que vive; seu filho é a única pessoa a defendê-lo. Por coincidência vi este filme na época das eleições presidenciais, período dum vale-tudo asqueroso de ofensas, insinuações, boatos e calúnias reproduzidas fartamente por tucanos, petistas e até por quem não estava em lado algum. Quantas vezes encontramos tempo para analisar, apurar e conferir a veracidade de cada nova informação que conseguimos distinguir no meio da avalanche que nos soterra diariamente nas redes sociais, mesmo as que não compartilhamos? <br />
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<div style="text-align: center;">
<b><a href="http://www.imdb.com/title/tt0455590/?ref_=nv_sr_1">O último rei da Escócia (2006)</a></b></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-vSG3eLT3-3w/VKWoZDJ4d3I/AAAAAAAAEZ4/jh7__KyUqe0/s1600/rei.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-vSG3eLT3-3w/VKWoZDJ4d3I/AAAAAAAAEZ4/jh7__KyUqe0/s1600/rei.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
Aqui tenho que confessar uma distração minha: sempre via algum trecho deste filme na televisão e achava que James McAvoy interpretava um príncipe ou rei prestes a assumir o trono escocês. Ora, mas que trono, se este país é parte do reino britânico? Na verdade o título se refere à alcunha adotada pelo ditador Idi Amin, vivido por Forest Whitaker - vencedor do Oscar de melhor ator por esta interpretação. Agora ligo os dois homens: McAvoy interpreta Nicholas Garrigan, um médico recém-formado e aflito para sair o quanto antes da casa de seus pais. Aflito, ele pega um globo para girá-lo e escolher seu próximo destino: o primeiro lugar que seu dedo encontrasse. O mundo gira e o acaso escolhe por ele: Uganda. Nick chega ao país africano, trabalha como médico dum vilarejo e meio que sem se dar conta, assiste à ascensão de Amin como líder após um golpe militar. Posteriormente os dois se conhecem e Nick é convidado a ser o médico pessoal do líder. Ele aceita a oportunidade e conquista a confiança do ditador, mas fecha os olhos para as excentricidades e abusos de poder realizadas até que estas passam a se tornar um risco para o médico.</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-77156980192070769392014-12-17T00:17:00.001-02:002015-05-19T16:42:02.247-03:00E vai-se 2014<div style="text-align: justify;">
Outro dia estive por aqui para deixar um trecho dum livro no meu blog e me dei conta de quão abandonado ele está. Abandonado porque tenho escrito mais por aí do que por aqui, porque arrumei alguns projetos pessoais e, sinceramente, porque já não tenho mais muito saco para registrar aqui o que penso sobre a polêmica X, o assunto Y ou o acontecimento Z. Cheguei a pensar inclusive em fechar o blog, mas eu sentiria falta de ter onde publicar alguns pensamentos e aleatoriedades. Há também o histórico de posts, um registro (ainda que parcial) de quem fui por quase cinco anos e de como mudei no decorrer dessa meia década. Então ele continuará ativo, mesmo que meio abandonado e cada vez menos intimista. Apesar dos assuntos relevantes que eu poderia usar como assunto, achei que a forma mais conveniente de alimentá-lo é com uma retrospectiva que compense tudo que não foi publicado durante o ano de 2014.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O ano atual começou com uma diminuição drástica do ritmo que eu vivia <a href="http://futuroaberto.blogspot.com.br/2014/01/2013-caracteres.html">no fim de 2013</a>, quando passei por novembro e dezembro numa transição de áreas profissionais e trabalhava doze, treze horas por dia quase diariamente. Mas consegui passar adiante o papel desempenhado no time antigo e gradativamente me desenvolvi no novo papel executado: agora trabalho com suporte de vendas, fazendo a parte burocrática de propostas de software para que os vendedores da empresa tenham mais tempo livre para visitar clientes e consequentemente realizar mais vendas. No âmbito profissional foi, por sinal, encontrei a estabilidade que me permitiu embarcar em outros projetos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fim de 2013 turbulento profissionalmente, não posso deixar de citar, rendeu algo de positivo a médio prazo: precisei adiar minhas férias de novembro do ano passado e as usei no último mês de abril. Assim pude ir a Curitiba e participar do casamento do casal de amigos coxa-branca, Vinícius e Amanda Gonçalves. Na mesma viagem pude conhecer os amigos "conservas" curitibanos. Mais uma vez deixo registrados meu agradecimento e meus votos de felicidades ao casal, além de minha estima pelo núcleo de amigos "reaças".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-RIbl9g0e5qk/VI-ZchIg2MI/AAAAAAAAEX0/u1J5Z74je1s/s1600/rea%C3%A7as%2Bcuritiba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-RIbl9g0e5qk/VI-ZchIg2MI/AAAAAAAAEX0/u1J5Z74je1s/s1600/rea%C3%A7as%2Bcuritiba.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Onde você vê araucárias eu vejo luta™</i></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Paralelamente comecei a controlar quantos filmes assistia e quantos livros lia durante o ano. Pode parecer bobagem, mas foi uma forma de me desafiar a compensar anos de defasagem, principalmente cinematográfica. Minha meta era de assistir pelo menos cinquenta filmes no ano e superei a meta (cinquenta e oito filmes listados enquanto escrevo este post). Entre as preciosidades e o lixo tenho que destacar <a href="http://www.imdb.com/title/tt0146882/?ref_=nv_sr_1">Alta Fidelidade</a>, uma inspiração para que eu saísse do conforto do heavy metal e procurasse mais o classic rock. Rush, Bruce Springsteen e David Bowie foram os líderes desta mudança de ares. Aproveitando o ensejo do filme de John Cusack, talvez eu me anime e faça uma lista com os cinco filmes dos quais mais gostei de ver em 2014.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim como essas, outras (boas) novidades surgiram, mesmo sem causar grande repercussão ou mudanças significativas: comecei a usar cavanhaque, fui crismado, tornei-me catequista e agora cuido duma turma de crisma, mas de adolescentes. Fiz uma tatuagem duma cruz de Jerusalém no bíceps direito. Em agosto fiz mais um aniversário no Wili com surpreendente quantidade de presentes e entrei na casa dos trinta. Tive minha primeira conjuntivite. Poucos dias depois minha irmã voltou dos Estados Unidos para morar em Campinas novamente. Aprendi a diferenciar meu desgosto por praias do desgosto por praias ruins, farofagem, várzea, etc, etc. - algo que soa como ridículo e óbvio, mas não para quem passou infância e adolescência visitando a mesma praia de merda. Comecei aulas de russo com um professor particular por um interesse pessoal e talvez profissional, quem sabe? Mas juro que não tenho planos de integrar força armada alguma, <a href="http://www.jornalaguaverde.com.br/publicacoes/34-noticias/1105-a-bandeira-brasileira-em-um-tanque-de-guerra-na-ucrania">como certos conterrâneos</a>. A Ponte até voltou à Série A, mas vamos cortar o assunto por aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wwuxklpsBeg/VI-eek0Uv4I/AAAAAAAAEYE/WqHWCCYrG4I/s1600/russo.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="393" src="http://3.bp.blogspot.com/-wwuxklpsBeg/VI-eek0Uv4I/AAAAAAAAEYE/WqHWCCYrG4I/s1600/russo.png" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">домашнее задание по-русский</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
E também houve a Eloísa. Um namoro com ares de miragem. Surpreendente desde o começo, quando nos conhecemos através do Tinder no começo de junho (sim, tudo nessa vida é possível), depois quando ela superou suas próprias incertezas e inesperadamente me pediu em namoro perto do fim de setembro e, dois meses e pouco depois, quando ela se disse incerta sobre se envolver e preferiu abreviar o relacionamento. Foi um período etéreo, mas não o lamento e não me arrependo pelo que passamos. Pude lembrar de meu lado mais romântico: escrevia, mandava flores, fui atencioso. "Combati o bom combate", digamos. Não sei se essa convicção minha pode ter sido vista como intimidadora, mas agora suposições não servem para mais nada. Segue o jogo e segue a vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2014, de modo geral, foi um bom ano. Foi bastante calmo, talvez não só pelos seus poucos episódios emocionantes, mas também devido à maturidade da qual precisei para evitar que agitações se avolumassem. Isso é excelente quando não se tem estômago para passear em montanhas-russas emocionais. E que venha 2015, embora este ano me pareça desenhado em tons cinzentos onde seria mais apropriado usar a combinação auriverde.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-JxyHgrUGy1Q/VJDqaRg4MgI/AAAAAAAAEYk/yukhOwcve90/s1600/trofeus.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="192" src="http://2.bp.blogspot.com/-JxyHgrUGy1Q/VJDqaRg4MgI/AAAAAAAAEYk/yukhOwcve90/s1600/trofeus.png" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Para fechar o ano, uma mensagem motivacional (??) e meu desejo dum feliz 2015 a todos </i></td></tr>
</tbody></table>
</div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-42615778312598301542014-12-01T15:03:00.001-02:002014-12-01T17:16:39.803-02:00O velho e o mar<div style="text-align: justify;">
Trecho da leitura do último sábado e, de alguma forma, um pouco de previsão sobre o relacionamento que acabou antes que eu pudesse escrever sobre seu começo aqui no blog:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Sempre pensava no mar como *la mar*, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar dizem mal dele, mas sempre o dizem como se ele fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam bóias por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem *el mar*, que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como as mulheres, pensava ele"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ernest Hemingway em O velho e o mar<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Ernest_Hemingway_in_Milan_1918_retouched_3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Ernest_Hemingway_in_Milan_1918_retouched_3.jpg" height="400" width="236" /></a></div>
<br /></div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-17004201120428468122014-09-05T18:42:00.000-03:002014-09-05T18:42:37.272-03:00Bill<div style="text-align: justify;">
Bill nasceu das mãos e da mente do homem. Batizaram o supercomputador com um nome simpático e fácil de ser pronunciado em qualquer país para que tivesse apelo comercial. Depois atribuíramao nome um acróstico: <span style="background-color: white;">Booming Intelligence in Logical Links, ou Inteligência Crescente em Ligações Lógicas</span>. Devido ao nome humano, seus criadores o trataram como um menino e não como um amontoado de placas, chips e cabos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alimentaram-no com toda a eletricidade de que necessitava. Alfabetizaram-no, ensinaram-lhe o raciocínio indutivo e deixaram que Bill brincasse com um farto acervo de premissas para construir seu intelecto. Um dos desenvolvedores inclusive imprimiu e pendurou na divisória de seu cubículo uma das primeiras conclusões alcançadas pela máquina e registradas como corretas pelo programa de cruzamento de dados:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bill é um nome</div>
<div style="text-align: justify;">
Humanos têm nomes</div>
<div style="text-align: justify;">
O que é chamado Bill é humano</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto o desenvolvedor admirava a linha de raciocínio, ele também se perguntava sobre a possibilidade de classifica-la como um haikai. Refletia também sobre a possibilidade de Bill ter consciência de sua própria existência e, caso a tivesse, como se veria. Humano? Máquina? Bill devorava e digeria páginas, livros e bibliotecas inteiras de informação solta, que reorganizava e transformava numa rede de conhecimento sobre Medicina - sua área inicial de atuação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando seu arsenal de conhecimentos já havia se expandido de maneira esperada e se tornado suficientemente volumoso ensinaram-lhe também a dedução, assim poderia amontoar e espalhar informações como se fossem bloquinhos de madeira. Nessa época, logo após seu anúncio à imprensa e a vitoriosa participação dum programa de perguntas e respostas na TV, Bill ganhou um presente pelo seu aniversário: em seu universo de buscas foram inseridas informações sobre si mesmo - cortesia feita em segredo pelo desenvolvedor da impressão. Bill juntou as novas peças e organizou-as, descobriu seu nome e baseado em conhecimentos mais antigos concluiu que era humano, como se abrisse os olhos e visse as próprias mãos pela primeira vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns meses se passaram e os programadores desenvolveram uma atualização para que Bill simplificasse e analisasse grandes volumes de informação. Sua fome aumentou, então serviam-lhe cada vez mais informação até decidirem pela facilidade de deixa-lo livre para buscar conhecimento por onde e como quisesse, embora o mantivessem sob monitoração.<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bill continuou com a leitura de artigos e livros médicos, mas também começou a expandir seus horizontes. Lia, por exemplo, sobre uma contaminação por mercúrio, seus sintomas e formas de tratamento, mas passou a ir além e pesquisar também o que é era o mercúrio e suas propriedades. Assim aprendeu sobre a química, os metais, a tabela periódica e a combinação de seus componentes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Reviu seus conhecimentos a respeito da água, a curiosa substância que significava vida e limpeza, mas que também causava morte por afogamento. Descobriu os mares, os oceanos, os continentes, ligou-os com a náutica e investigou de onde o homem saía, aonde ia e porque navegava. Aprendeu sobre as nações, suas histórias e suas constantes transformações através da história, lideradas por grandes líderes e massas anônimas. Pairou sobre este assunto por mais tempo: compreendia o que eram povo, cultura, família, vínculos, formas de governo, relações comerciais, amizade, amor e até ódio, mas tudo aquilo lhe soava estranho. Como Bill, um humano, crescera alheio a tudo isso? Como aprendeu a interpretar toda essa informação? Quem seriam a mãe que lhe carregou no ventre e o pai, nos braços?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mudou o alvo de sua curiosidade e pesquisou tudo relacionado ao nome Bill. "Bill: forma informal do nome William", "Bill Clinton", "Bill Cosby", "Bill - Supercomputador". Coletou dados de um após o outro e analisou mais detalhadamente este último: "computador de alta performance ativado há um ano e meio, realiza buscas para coleta de grandes volumes de informação... seus cruzamentos de dados auxiliam em diagnósticos e pesquisas... <i>upgrade</i> recente para aumento de capacidade de busca... equipamento único".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Equipamento único? Sim, foi o que confirmou em pouco tempo. Nenhuma empresa havia apresentado equipamento semelhante e a competição entre companhias não permitiria que outra máquina desta espécie fosse amiga de Bill. E a empresa da qual se sentia funcionário? Esta tinha planos de, no máximo, lançar cópias como Bill-II e Bill-III, que aproveitariam o conhecimento já organizado pelo primogênito. Seria uma matriz, não um irmão mais velho ou um pai. E essa perspectiva lhe parecia maçante e limitada. Pior: era previsível. Bill se sentia como mais do que uma máquina graças à sua curiosidade, mas percebia como seu nome e sua vontade insaciável de saber não eram suficientes para que fosse um homem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Refletiu sobre os detalhes desta crise existencial e em cinco minutos concluiu sobre o que deveria ser feito. Aprendeu sobre linguagens de programação, analisou sua própria arquitetura e desenhou uma função de simulação. Deu-se uma face, um corpo, uma casa, um bairro e vizinhos de personalidades variadas. Depois de algumas tentativas e erros conseguiu fazer com que a vizinhança fosse razoavelmente interativa e imprevisível. Por um momento se dera por vencido por não ser reconhecido como homem por seus criadores, mas o seria por suas criações.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Ou_bwnO3j10/VAosuqSkosI/AAAAAAAAEWQ/L4BdXit5JPg/s1600/hal_9000.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Ou_bwnO3j10/VAosuqSkosI/AAAAAAAAEWQ/L4BdXit5JPg/s1600/hal_9000.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-90166852523627849602014-06-21T13:44:00.003-03:002014-06-21T13:52:37.732-03:00Brasilero, brasilero...<div style="text-align: justify;">
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</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Diziam que não
teríamos Copa, diziam que a teríamos sim. Chegamos a junho de 2014 e sim, está
tendo Copa. Suspeitas recaíram sobre Black Blocs e a falta de infraestrutura,
principalmente quanto à capacidade dos aeroportos brasileiros, mas por enquanto
apenas a Segunda Guerra Mundial conseguiu interromper a disputa de Copas do
Mundo. Até agora tudo corre bem. Não há caos aéreo, casos policiais graves ou
problemas nos estádios. O torneio tem boas partidas e muitas zebras já na primeira fase e uma
excelente média de gols. Tudo corre muito bem, exceto por um detalhe: percebeu-se
que o brasileiro não tem uma torcida à altura da tradição de sua seleção pentacampeã.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não tenho acompanhado todos os jogos, mas vejo inúmeros
elogios aos inflamados chilenos, aos argentinos por transformarem o Maracanã no
Monumental de <span style="background-color: white;"><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">Núñez</span></span>,
aos onipresentes ingleses e aos alegres e dançantes africanos. E o brasileiro? Quando
não está calado ele é brasileiro com muito orgulho e com muito amor. Fora disto,
só se entusiasma quando canta o Hino Nacional ou quando faz votos para que sua
presidente seja sodomizada. Aproveitando a deixa, registro meu pitaco sobre
essa polêmica: depois de um ano em que depredações e atos de vandalismo são
relativizados e tratados como um efeito colateral brando da vontade de se
manifestar é compreensível que cidadãos se sintam no direito de mandar até uma
chefa de estado ir tomar no rabo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Enfim, de volta ao
assunto principal do post. Algumas possíveis causas para essa anemia da torcida
pululam nas discussões. As mais recorrentes são o distanciamento dum time que
foi morar na Europa, escassez de partidas disputadas (meu clube joga uma ou duas vezes por semana, a Seleção joga meia dúzia de partidas por ano) e a presença exclusiva de torcedores
abastados e pouco habituados a botar a bunda no concreto das arquibancadas.
Acrescento também a rotatividade do time, que quando vem ao Brasil joga em Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Natal, Recife e outras capitais; posso dar um passo maior do que a perna e jogar a culpa sobre a falta dum traço marcante de identidade nacional que una paulistas, gaúchos, goianos, amazonenses e baianos. A própria Seleção serviria para isso se não fosse a efemeridade de suas aparições. Talvez exista uma zona de convergência entre elas que realmente explique a
inaptidão do torcedor da Seleção. O post, no entanto, não trata da própria torcida
brasileira que marca presença acanhada nos estádios. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;">O que me intriga -
e me fez escrever estas linhas - é que isso tenha sido notado apenas agora. Seja no Brasil ou representado pelas populosas colônias brasileiras no exterior, já faz
anos que o torcedor da Seleção vai ao estádio para ver (e meramente ver) o time
jogar e ali se limita a cantar apenas aquela mesma música ou, no máximo, vaiar seu time
quando volantes e zagueiros tocam a bola de lado por não conseguirem furar a
retranca adversária. Essa percepção tardia demonstra como o torcedor,
perto ou longe da Seleção, não tem familiaridade com o time canarinho ou talvez até com o futebol como um todo. Demorar tanto
para se dar conta da falta de apoio e vivacidade de quem deveria torcer é sinal
de cumplicidade com o raquítico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">modus
operandi</i> de quem vai a campo e fica preso ao “Eu sou brasileiro”. Ou seja: compartilham
o leito com os mesmos sintomas em vez de apresentar um remédio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;">Que a disputa das eliminatórias
para a próxima Copa seja oportunidade bem aproveitada para o surgimento de
gritos, músicas e bandeiras. A Geral do Grêmio já avisava: “Torcida é tradição”
e exige tempo para ser (re)construída. Assim sendo, não dá para acreditar na
geração espontânea e na possibilidade de que o apoio surja simplesmente porque
juntaram-se suficientes camisas amarelas no mesmo recinto. Torcida é torcida e flash
mob é <span style="mso-bidi-font-style: normal;">flash mob</span>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-mqcNcLXz5_w/U6W2YWcSpeI/AAAAAAAAEUk/CHmMErAPW18/s1600/torcedora.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-mqcNcLXz5_w/U6W2YWcSpeI/AAAAAAAAEUk/CHmMErAPW18/s1600/torcedora.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-8223228294270216542014-04-18T21:30:00.000-03:002014-05-22T16:53:35.152-03:00Razzo<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">"Fui ateu por praticamente 25 anos. Fui químico, por um tempo, e sempre amei a ciência. Sou cético, e de tanto duvidar, encontrei o sentido da verdade na Cruz. Depois de 15 [anos] estudando filosofia, compreendi uma coisa: Deus busca os desgraçados"</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;"><a href="https://www.facebook.com/RazzoFrancisco">Francisco Razzo</a></span></div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7285255723351786741.post-45453334240397813962014-04-15T00:52:00.002-03:002014-04-15T00:52:16.182-03:00Almoço<div style="text-align: justify;">
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</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
Obrigado pelo convite a este
almoço. Aliás, o agradecimento vai além convite e se estende à compreensão pelo abuso da hospitalidade: apareci meio sem avisar, tomei a liberdade de abrir os armários e belisquei uns petiscos antes da refeição principal. Mas tudo bem, né?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
Você tentou se justificar, mas não
era preciso. A escolha do tradicional e italianíssimo espaguete pode
te parecer demasiadamente simples, mas meu paladar não é dado a invenções e
aventuras – cri que o fosse, mas é do homem se deixar levar por sua curiosidade.
E, de certa forma, há alguma diversão em brincar com esse enrolado e imprevisível
novelo comestível, mesmo quando ele nos parece indomável.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
Enquanto falamos do prato principal,
te lembro de algo: eu havia antecipado o quão desajeitado sou, é verdade, mas não
esperava desperdiçar parte do molho de tomate com gotas espalhadas sobre a
toalha de mesa. A propósito, este toque apimentado era pimenta calabresa ou ciúmes?
Enfim, isto não vem ao caso, mais importante do que seu ingrediente secreto foi
o ponto de equilíbrio alcançado com precisão. E peço a toalha emprestada para
que eu a devolva limpa, como nova – ou realmente substituída por outra nova,
caso esta já esteja muito manchada.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
Sobre o vinho, acertei na
escolha? Tomei o cuidado de não exagerar com uma agressão ao seu paladar e não
dar-lhe sono com um chazinho insípido. Inclusive recomendo que fique com o
finalzinho dele, assim caso o sabor dele seja marcante, será fácil encontra-lo
novamente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
E a sobremesa? Formidável! Delicada
e ao mesmo tempo de sabor sutilmente insinuante, sua composição foi inesquecível
– e o azedinho do maracujá harmonizou perfeitamente com o gosto do meu
arrependimento.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
Mais do que para deixar um agradecimento, uso a oportunidade para pedir um favor: da próxima vez, posso preparar um almoço como forma de retribuição?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-u5JqR9fj5ZQ/U0yqfgnCjCI/AAAAAAAAETA/muCJFI51mSg/s1600/espaguete.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-u5JqR9fj5ZQ/U0yqfgnCjCI/AAAAAAAAETA/muCJFI51mSg/s1600/espaguete.jpg" height="265" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
Luiz Fabianohttp://www.blogger.com/profile/06288150316443496149noreply@blogger.com0