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Wednesday, December 26, 2012

Chetnik

Apesar de pesquisar, não consegui reencontrar o nome do fotógrafo que captou essa imagem. A foto é dum soldado sérvio durante seu descanso nos conflitos que racharam a antiga Iugoslávia no começo dos anos 90. Não imagino qual foi o papel deste homem: se ele cometeu atrocidades contra os muçulmanos, se lutou de maneira "limpa" ou se foi morto dias depois. Pode ter se tornado posteriormente um excelente pai de família ou sido o executor de crianças - ou ambos. O que está registrado, no entanto, é este breve momento e o aspecto de serenidade e sensibilidade do combatente. Lembro de meu professor de fotografia, Nelson Chinalia, com sua fala de que até as imagens podem criar falsas impressões e trair o princípio jornalístico da imparcialidade.


Thursday, December 20, 2012

2012

2012 vai chegando ao fim e achei necessário escrever uma retrospectiva do ano que se encerra (hooo, figura pública). Longo ano, posso dizer, de tantos altos e baixos, surpresas, mudanças em meu comportamente e ao meu redor. Foram doze meses em que me arrisquei mais do que de costume e colhi bons frutos por isto, além de ter sido mais firme em meus posicionamentos, principalmente no momento em que deixei de frequentar o Moisés Lucarelli. Ainda engatinho em algumas áreas de discussão, mas hoje já me acostumo a defender pontos de vista pouco populares referentes a: política, economia, comportamento e até esporte - largar o futebol exigiu mais debates do que eu esperava, acreditem.

Partindo do princípio: logo após um bucólico réveillon, em janeiro tive dez dias de férias e neste período fiz a tão protelada tatuagem em memória de minha mãe. Houve, no entanto, um episódio não citado aqui no blog, mas digno de menção: um dia antes de ir ao estúdio de tatuagem saí de casa sozinho e fui ao Bar do Wili tomar uma cerveja. Apesar da certa insegurança de beber desacompanhado, ainda consegui exercitar a cara de pau ao puxar papo com uma moça no balcão do bar e ainda arrumei um encontro para outro dia da semana. Este simples gesto, aparentemente insignificante, exigiu um esforço hercúleo deste cara ainda tímido e tão incompetente na arte de abordar desconhecidas. Depois de alguns encontros paramos de nos ver, assim como não deram certo outras tentativas de envolvimento depois, mas se houve algo que felizmente consegui trabalhar nesse ano foram a timidez e a falta de autoestima.

FAECV reunida: Freixeda, Paulo, Antônio, Gregory, Germano, Eu, Everton e Nelson
Assim como me arrisquei mais em relacionamentos, também me doei mais aos amigos. Destaque para o I Encontro Nacional da FAECV realizado em São Paulo no mês de abril, com as ilustres presenças do gremista Herr Germano Schneider, do lesk carioca Antônio Florêncio e de vários paulistanos do grupo. Houve também as reuniões com as amigas Lígia, Ju e Suelene para debater os rumos do heavy metal mundial e a influência do Manowar sobre a cultura ocidental. Além destas, houve outras ocasiões para conhecer ou reencontrar colegas: bebedeiras futebolísticas, aniversários, desabafos que ouvi e contei, além da volta aos shows com Exumer, Artillery e Behemoth.

  
Ainda no começo do ano uma mudança foi o princípio duma era de mudanças no meu ambiente profissional. Quando, lá em maio, a jovem Mayara (ainda com dezessete anos) foi anunciada como nova funcionária do time do qual faço parte, mal imaginava eu que haveria uma grande renovação entre os integrantes do time e que o clima seria melhorado de forma tão significativa. Hoje faço parte duma excelente equipe, de profissionais comprometidos e que fazem com que cada ida minha ao trabalho seja desafiadora, porém de maneira muito positiva. Quanto à Ma, acabei adotando a "novinha" como minha filha e já acharam um álibi para minha calvície galopante.

Time reunido para o amigo secreto de fim de ano
Seguindo a linha cronológica chegou o fim do primeiro semestre com vinte dias de férias em maio, a turbulenta viagem ao Uruguai e a mudança de minhas atividades na IBM quando deixei de trabalhar com parceiros americanos e passei a atender brasileiros. Aprendi demais com isso, principalmente a dosar a informalidade e o "jogo de cintura" necessários para lidar com todo tipo de gente, desde o cliente furioso que requer seriedade até o vendedor que me liga dizendo "Luizão, tem como ver tal coisa? Tem?? Fechou então, valeu aê, abração!!". É engraçado ver como eu estava acostumado aos contatos mais contidos dos polidos colegas americanos, hoje até fico em dúvida se eu levava meu comportamento da empresa para a vida pessoal.

Um dos pontos baixos do ano, no entanto, veio do campo profissional. Recebi no começo de julho um "defect", uma reprovação numa auditoria interna: mensalmente algumas amostras de registros feitos são colhidas entre as atividades realizadas recentemente e é preciso mostrar que tudo foi feito corretamente. Entre as inúmeras máquinas que tiveram seu prazo de garantia registrado por mim, defini que uma delas teria o número errado de anos de cobertura por um erro de um dígito. Engano bobo, infantil, mas que gerou muitas dores de cabeça, reuniões, peso negativo em minha avaliação anual... mas enfim, sobrevivi, aprendi a ser mais cauteloso e centrado, além de que mais tarde tive feitos que ajudaram a melhorar meu ano.

Agosto foi o mês das maiores aleatoriedades: numa assembleia a respeito de reajuste salarial questionei a forma como a empresa em que trabalho ofereceu um bônus e chamei a postura da empresa de "ardilosa", uma ousadia da qual eu jamais me consideraria capaz - uma sequência do uso de cara de pau iniciada naquele balcão em janeiro. Na vida pessoal, uma semana depois minha irmã deixou o país para trabalhar como au pair - e assim começou a aproximação entre meu pai e eu. Em seguida comecei as aulas de boxe e, para fechar o mês, resolvi fazer uma festa de aniversário e interrompi um hiato de dezessete anos sem comemorar a data. Foi interessante reunir amigos que não se estariam juntos se não fosse por terem em comum a amizade comigo, assim se vê o encontro de mundos às vezes tão distantes. Reforçando o que disse sobre me doar mais aos amigos, foi apenas nesta comemoração que conheci pessoalmente a Maju, com quem eu mantinha contato virtualmente há muito tempo - mesmo os dois morando na mesma cidade.

Suelene, Maju e eu @ Bar do Wili
Setembro, um mês de muita correria no trabalho, ficou marcado por meu abandono esportivo. Ou melhor, marcado com ressalvas, pois até hoje muitos amigos nem sabem que larguei os gramados e continuo sendo interrogado sobre meu sumiço do Moisés Lucarelli. Uma nota triste: logo na virada de setembro para outubro morreu minha já velhinha hamster Bolacha.

Para encerrar, os últimos meses foram positivos na vida profissional: consegui resolver um impasse antigo e dessa resolução consegui visibilidade e redução de minhas tarefas, não recebi mais "defects" e consegui finalizar os treinamentos de todas as áreas de meu time. Como trabalho normalmente no fim de ano não devo viajar, apenas passarei a ceia de Natal com meu pai e não sei o que farei na hora da virada para compensar o último réveillon (e fechar o ano com chave de ouro), mas considero 2012 um ano excelente, quiçá o melhor de minha vida. Agradeço a todos que de alguma forma participaram dele, mesmo que apenas pela internet, em um ou outro papo em mesa de bar ou estando a meu lado por dois ou três meses.

Wednesday, December 5, 2012

Abstinência negada

Não faz muito tempo que contei em outro post sobre minha apostasia esportiva. Como deixei de acreditar que o tal do "futebol moderno" mercantilista pudesse ser derrotado, fiz como John Galt e abandonei este mundo por não mais concordar com ele e não querer mais ser seu cúmplice: deixei a Ponte Preta, devolvi meu cartão de Torcedor Camisa 10 (o programa de fidelidade do time), parei de frequentar o estádio e ler notícias sobre futebol. Se o futebol é produto, o consumidor insatisfeito aqui decidiu boicotá-lo. Fui cuidar da minha vida sem esquentar mais a cabeça com o novo topete do Neymar, as óbvias premiações individuais de fim de ano ou o vexame mais recente do Adriano.

Eu deixei de procurar o futebol, porém ele ainda continua a me seguir. Repeti tantas e tantas vezes que o Brasil não é o país do futebol pois o brasileiro médio não é muito chegado no esporte, tão pouco que ele reage com estranheza quando sabe que algum conhecido vai ao estádio num jogo de pouco apelo. Viajar para outro estado ou país para ver uma ou algumas partidas, então, é impensável para o mesmo cidadão que deixa de trabalhar para ver uma partida do Brasil na Copa. Porém, se o brasileiro ainda fica atrás do argentino, do inglês ou do italiano, pelo menos ele assiste seu número razoável de partidas e gosta de falar sobre futebol - e é aí que minha tentativa de isolamento falhou.

"Luiz, tem correspondência... MAS VIU O GOL DO FRED ONTEM?
Notei como futebol é uma forma interessante de se jogar conversa fora: é um assunto mais rico do que as variações climáticas e pode se desdobrar em vários tópicos, mesmo que a conversa gire por vários lugares-comuns. E o como acesso a informações e notícias do futebol é fácil, qualquer um pode falar a respeito disto: o porteiro rancoroso em sua torcida pelo rebaixamento bugrino, o colega de trabalho palestrino e seu luto preventivo, o gerente de segunda linha feliz com o título do seu Fluminense... Indo além dos conhecidos mais próximos, há o pessoal da academia, os vizinhos, vários conhecidos torcedores da Ponte e também de outros times que conheci através do Facebook e até desconhecidos que puxam papo numa fila de banco ("é do Inter essa camisa?", pergunta alguém que me vê com camisa do Independiente).

E aí surgiu a dificuldade que eu não esperava: eu não era o maior dos fanáticos e estava anos-luz atrás de alguns amigos, mas para eles e para os torcedores mais casuais eu era um cara "do futebol" e esse assunto era garantia de interação comigo, ainda mais por eu ser introspectivo e esta ser uma forma de me incluir nas conversas em que eu era apenas um observador. Como explicar que, da noite para o dia, eu já não acompanhava mais nada e sequer imaginava quais seriam as partidas da rodada seguinte? É fácil dar uma enganada e manter o diálogo mesmo com conhecimentos superficiais, porém acho que a maioria das pessoas nem percebeu meu abandono. Uma delas, porém, eu até prefiro que fique sem saber: meu pai.

Como já disse em outro post, não éramos tão chegados e fomos nos aproximando recentemente, em lentos e curtos passos. Refletindo agora, vejo que o futebol sempre foi a melhor forma de quebrarmos o gelo e continua sendo até hoje, nunca vou me esquecer do domingo em que ele ligou simplesmente para comentar que a vitória parcial da Portuguesa rebaixava o Palmeiras. E aí, quando ele ligar perguntando se eu vou querer ver com ele a final do Mundial desse ano, vou conseguir dizer que não vou pois não compactuo com o rumo atual do futebol e que decidi renegar qualquer forma de colaboração com o establishment? Não, evidente que não.

Não é escolha minha, mas seguirei de olho na bola, até porque é interessante acompanhar o futebol mesmo que seja apena para rir do lado ridículo da coisa. Não vou saber com precisão datas de jogos, posições na tabela e quem disputa o quê, principalmente com a bizarra regra de classificação que envolve Copa do Brasil e Sul-Americana. Apesar de não fazer muita questão, creio que ainda consigo manter as aparências perante os conhecidos por um bom tempo simplesmente me atualizando por osmose e respondendo obviedades em conversas.

O ânimo atual: ele é quase nulo

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