Caí da cama bem cedo para ver a feira do bairro de San Telmo. Cedo demais: quando cheguei à Defensa, só alguns hippies haviam começado a montar suas tendas e exibir seus produtos. Andei em círculos para gastar um tempo e tomar café da manhã, mas a cada vez que tentava conferir algo da feira ela aumentava um pouco e tomava mais algumas ruas vizinhas. Acabei comprando uma cuia de chimarrão e uma bomba, além de uns presentinhos. Saindo dali almocei a dica da minha cunhada, o "choripan", um lanche de pão com linguiça - também o vi nos dois estádios que visitei.
Após o almoço resolvi cochilar, já que seria impossível ir até o estádio do Lanús, ver a partida, esperar a saída da torcida do Boca, atravessar a cidade e chegar ao afastado bairro de Nuñez, tudo isso em apenas duas horas. Saí do albergue e tomei o ônibus por volta de quatro da tarde (a partida era às 18:10) junto com um grupo de torcedores adolescentes. Desci junto com eles na Avenida del Libertador e caminhei algumas quadras junto com os torcedores locais.
Cabe aqui uma observação: acho que a alta concentração de clubes em apenas uma cidade deve ter gerado alguma forma de acordo entre as torcidas, caso contrário Buenos Aires se tornaria uma área de conflitos em questão de três ou quatro finais de semana. Quando passei pela avenida, ouvi várias sirenes e de longe vi uns ônibus muito velhos com a torcida visitante passando perto de muitos millonarios. O mais incrível era a forma nada discreta da chegada, com torcedores e torcedoras pendurados para fora do ônibus, provocando e xingando os adversários. Já passei por algo parecido (dentro do ônibus) e no Brasil... bom, é diferente.
Quando cheguei ao lado do estádio do meu setor, percebi que ir jogo do Lanús acarretaria em mais um problema: meus hábitos de estádio com a Ponte Preta se moldaram a uma torcida de três, quatro mil pessoas, mas aqui o público (que deve ter passado dos quarenta mil) envolve ônibus mais cheios, filas muito maiores, mais tempo para revista... quandro entrei ainda havia bastante espaço livre, mas o público foi excelente. Os torcedores rivais também, cerca de quatro mil estiveram ao lado de sua equipe.
Após uma certa espera, o time do River Plate entrou em campo praticamente junto de sua barra, Los Borrachos Del Tablón (LBDT). A entrada da barra, aliás, foi das movimentações mais impressionantes que já vi no futebol. Para não disputar a atenção com os atletas, os integrantes da bateria passaram pelo portão de acesso e se detiveram no caminho para o espaço reservado. Após a apresentação do time, voltaram a tocar e reabriram os guarda-chuvas. Depois entraram com cerca de quinze bandeiras, seguida por um trapo e, finalmente, baixaram um bandeirão que cobriu toda a cabeceira do Monumental de Nuñez. ESTE VÍDEO, de outro jogo, dá uma ideia da entrada.
Falarei brevemente sobre a partida: o River sofreu uma derrota com cara de Ponte. Pressionou, jogou mais, teve mais posse de bola, mas lhe faltou um meia de criação e tomou dois gols em contra-ataques, primeiro com Gigliotti e, já nos acréscimos, com Rodríguez. AQUI estão os melhores lances.
A única nota triste - de falecimento - fica por conta do cartão da minha máquina, queimado após fotografar um bandeirão baixado após a partida. A máquina barata, comprada para "trabalhos de risco" como jogos, acabou causando mais dano sozinho do que se acontecesse algo a um aparelho mais caro. Portanto, é melhor comprar o pior modelo da melhor marca do que uma ótima... Oregon (dá até vergonha escrever o nome desse lixo plástico cinzento).
Como não tenho fotos minhas, vou ter que recorrer a um site de torcedores, La Página Millonaria. Segue abaixo uma das fotos deles:
Não adianta: tem coisas que o cara não pode só ver o preço. Não precisa ser uma Nikon D-90, mas mas polo menos uma Sony...
ReplyDeleteMas não deixa que isso te abala. Curta Buenos Aires.