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Friday, April 30, 2010

O (irritante) berro impresso nas manchetes

Chega mais uma Copa do Mundo e, assim como em 2002, a imprensa esportiva faz lobby para a convocação de alguns jogadores (Neymar e Paulo Henrique Ganso, do Santos e Ronaldinho Gaúcho, Milan). A justificativa é que os novos meninos da Vila são atletas muito mais habilidosos do que os operários do time de Dunga enquanto o experiente atleta milanista poderia decidir uma partida a qualquer minuto, já que é um "craque" (talvez o termo mais banalizado pelo futebol atual, perdendo apenas para o utópico "planejamento").

Pois bem, começarei pelo mais fácil. Ronaldinho teve duas temporadas espetaculares quando chegou ao Barcelona (no já distante ano de 2004) e nunca mais foi o mesmo após dois fiascos em 2006: o fracasso canarinho na Copa da Alemanha e a perda do Mundial para o Inter. Desde então o jogador se perdeu nas noites, engordou, saiu do Barça pelas portas do fundo e hoje só consegue boas atuações contra os modestos Bari, Siena e Catania - no clássico contra a Inter, esteve escondido na ponta-esquerda, nada criou e ainda teve um pênalti defendido por Júlio César.

Ronaldinho, que já é praticamente um ex-jogador em atividade graças a seu comodismo e sua falta de vontade, até poderia acrescentar algo ao futebol da equipe, porém sua convocação no "carteiraço" até desestabilizaria o ambiente, pois algum jogador que faz parte do já fechado grupo teria que sair para a sua entrada. Além disso, não adianta ter lampejos de habilidade enfrentando times de menor expressão e sumir numa partida de mata-mata contra algum grande selecionado.

Sobre a dupla arteira de futebol moleque santista: ainda é cedo para levar esses dois meninos para a Copa. Ambos terão presença garantida em 2014, serão titulares absolutos, daqui pouco tempo estarão nos principais clubes do mundo... mas tudo isso no futuro.

Neymar, que faz parte do clube peixeiro desde os treze anos de idade, não fez um trabalho decente para ganho de massa nem de crescimento. Hoje ele consegue se dar bem no futebol paulista/brasileiro mesmo tendo o físico dum office boy, mas isso conta com uma boa proteção da arbitragem (tanto para blinda-lo, como para deixa-lo simular pênaltis sem a punição do cartão amarelo). Jogando fora, sem assédio da imprensa em geral - nem é mais apenas a esportiva - e com um juiz que vai considera-lo só mais um em campo, fica tudo mais difícil.


Retranca no futebol atual

Além disso, há muitos jogadores por aí que têm tamanho e força para serem legionários romanos. A retranca armada por Mourinho na derrota por 1 x 0 para o Barcelona mostrou que um time leve e habilidoso ainda pode tropeçar diante de bloqueios bem montados - o time catalão venceu, mas não conseguiu garantir a vaga na final. O baixinho argentino Messi, atual melhor jogador do mundo, não conseguia achar espaço entre os adversários ou, quando achava, sempre perdia por desvantagem física. Ou seja: se Messi, melhor do mundo e mais forte que Neymar, não conseguiu furar uma retranca, como esperar isso do mirrado atacante santista?

Por último, o meia Paulo Henrique Ganso. Hoje ele seria o único jogador que eu talvez levasse, um pouco pela sua função em campo, mas mais porque gosto do seu estilo de jogo e de suas intervenções - e falta criatividade no time canarinho. "Mas pô, Luiz, então você deveria levar o Ronaldinho!". Talvez, mas hoje Ganso ainda está em ascensão e, principalmente, com sede de vencer enquanto o jogador gaúcho se preocuparia mais com quais baladas encontraria em Joanesburgo. Só não digo "quero que ele vá" pois falta-lhe experiência e o garoto poderia sumir em campo na hora que fosse mais necessário.

p.s.: Sorte que soltei esse texto antes da final, ou teria que editar um pedaço dele antes de publica-lo. Gostei demais da apresentação e de como o Paulo Henrique Ganso cresceu na decisão do Paulista contra o Santo André. Segurou a bola no ataque, fez o tempo correr, catimbou e pode até ter salvo o título: já perto dos 35 minutos do segundo tempo, o técnico santista Dorival Júnior resolveu recuar o time e colocou em campo o volante Brum, que foi expulso com pouco tempo de jogo após um carrinho por trás que impediu um contra-ataque.

Ganso, então, seria sacado para a entrada de mais um defensor, mas o jovem meia, até espantado com a má ideia do treinador, se recusou a sair. Sobrou para André, que tinha acabado de entrar. Com a permanência do jogador o Santos conseguiu ter alguém que segurava a bola no campo de ataque e continha um pouco a pressão andreense. Com sua saída, talvez o quarto gol do Santo André tivesse saído e aí o título escaparia pelos dedos do time caiçara.

Thursday, April 29, 2010

Nerdejando

Acho que o pessoal que lê este blog (ou seja, pessoas que me conhecem, mesmo que não muito) sabe que eu sou meio nerd. Não do naipe dum The Big Bang Theory, nem dum fã de Star Trek, mas eu tenho meus momentos: sou fã da série Star Wars, jogo videogame, já dei risada com alguma piada relacionada a informática. Ultimamente tenho retomado um hobby que estava abandonado há anos: o mundo das animações japonesas.

Cheguei a ver na televisão alguns animes, principalmente Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco - este na finada Manchete. Depois, com a facilidade de downloads de vídeos, finalmente tive a chance de ver Neon Genesis Evangelion e Berserk (falarei mais sobre esse logo abaixo), ambos com o som original e legendas em português.

Agora, após um tempo sem acompanhar nenhum anime, voltei a baixar episódios de Mushishi, animação com um clima bem diferente das séries que citei acima. O personagem principal, Ginko, vaga pelo Japão à procura de mushis, formas básicas de vida que podem ser vistas por poucas pessoas - e a história se desenrola quando o protagonista tenta auxiliar estes poucos "escolhidos" a se livrarem de seus problemas causados pelos seres sobrenaturais. "Mushishi", aliás, seria traduzido como "caçador de mushis".

Personagem da animação Mushi

A cadência deste desenho animado é bem mais lenta do que a média de outras animações: não há duelos, batalhas, nem longas sequências de ação. Geralmente há apenas diálogos da investigação de Ginko, além de toda a beleza e o cuidado com os traços, os efeitos sonoros e o
excelente) trabalho de dublagem.

Mangá

Graças à dica e a um empurrão do Antônio Florêncio, comecei a ler os quadrinhos de Berserk. Já havia visto os cerca de 25 episódios, mas aceitei o conselho e comecei também a ler o mangá - que além de contar muita coisa que não está na animação, é uma obra de arte (trabalho do
nem sempre inspirado Kentaro Miura). A história gira em torno de Gatts, guerreiro que foi encontrado sob uma árvore de cadáveres - sua mãe havia sido enforcada nela - e adotado por um grupo de mercenários.

Nosso bravo heroi então passa por todo tipo de desgraça: é molestado por outro soldado, tem que lutar contra seu pai adotivo Gambino, troca de grupo, é traído, perde sua "paixão" Caska... enfim, toda essa senda de derrotas o faz dedicar a vida a caçar os integrantes da Mão de Deus, agentes da vontade divina.

Página de Berserk - ler da direita para a esquerda

O curioso é que, segundo meu "tutor" Antônio, a série já vem sendo desenhada há mais de vinte anos (1989, para ser exato) e sofre interrupções longas por falta de motivação do autor - uma recente foi causado pois Miura estava viciado em um jogo de videogame em que se simulavam namoros. Creio que um dia ele ainda conseguirá encerrar seu trabalho (torço para que a obra não seja interrompida por um óbito) e, enquanto isso, vou tentando compensar meu atraso com quadrinhos que vou baixando por aí.

Saturday, April 24, 2010

Novidades

Quase que esqueço de atualizar o blog com uma boa notícia: no meio desta semana (no feriado de Tiradentes, para ser preciso) fui à IBM fazer a entrevista gerencial, que é o último passo do processo seletivo da empresa. Fui entrevistado pela Fabiana, ex-gerente de minha irmã Lucila e a conversa não teve surpresas: experiência profissional, formação acadêmica, qualidades e pontos que preciso melhorar, além de explicações sobre alguns benefícios e cobranças dentro da multinacional - mesmo já trabalhando lá, sempre fui terceirizado, então não sabia bem como a coisa funcionava para os funcionários "ibmistas".

O resto do processo é que ela atualize um banco de dados com minhas informações para que, caso algum outro gerente tenha uma vaga disponível, ele também possa pedir minha contratação através do RH. Ainda na quinta-feira o amigo Marquinho passou meu currículo à sua namorada Carla, que me indicou para seu gerente, que procurou informações sobre mim e ainda constava a entrevista da quarta. Isso, no entanto, foi pouco depois da conversa com a Fabi, imagino que logo a coisa ande: que eu me lembre por cima, fui indicado pela Carla, pela Débora (ex-colega do Command Center) e pode acontecer até de alguma área em que eu nem tenha conhecidos seja o meu destino. Agora é esperar e torcer.

Ouvindo: Pink Floyd - Meddle

Friday, April 23, 2010

We Love Katamari!!

Acho que não falei sobre videogames aqui antes, mas esse vício antigo começou no Atari, passou pelo Master System, pelo Mega Drive, pelo PS1 e agora está num Playstation 2. Tem muito jogo legal para esse sistema, alguns com enredos muito bem desenvolvidos (saga Metal Gear), inovadores (Shadow of the Colossus), cativantes (ICO), de visual estonteante (God of War), sufocantes (Call of Duty)... mas vou falar de um com conceito minimalista, que é We Love Katamari - sucessor de Katamari Damacy.



O jogo japonês tem uma premissa muito simples: rolar por aí uma bola que vai puxando tudo que ela encontra pelo caminho. Quanto mais objetos, maior a bola (ou katamari) fica e maiores objetos poderão ser pegos. É, na teoria é algo patético, o idealizador do jogo deve ter colecionado recusas de produtoras, mas esse é um dos jogos mais viciantes que já tive em minhas mãos. Nas primeiras fases o jogador tem que se contentar em enrolar materiais de escritório, biscoitos e insetos, mas com o passar das fases os objetos vão aumentando: carros, casas, ilhas, pontos turísticos do mundo como o Arco do Triunfo e até países.

As fases até têm uma boa diferença entre si, com fãs do primeiro jogo fazendo pedidos de katamaris ao Rei, uma entidade espalhafatosa e com sérios problemas de concentração. Os temas também ficaram interessantes: coletar origamis, doces, dinheiro para salvar pandas que estão mudando de cor, vacas e ursos que fugiram duma fazenda, amigos animais para um gato solitário... enfim, todas essas coisas estranhas deixam nítido que o jogo é japonês e, portanto, engraçado dum jeito que só os nipônicos sabem ser.

Sei que esse jogo não é fácil de achar, até hoje só o vi uma vez no camelô (exatamente quando o comprei). Porém, para quem tiver a chance de compra-lo ou puder até baixa-lo via torrent, é uma dica que deixo para todos os donos de Play 2.

O inferno do futebol força

Texto que escrevi para o blog da comunidade Futebol Arte é Coisa de Viado (FAECV). O link para o blog (feito de textos de vários participantes da comunidade) já está disponível ali à direita.

O Inferno do futebol força

Tive o prazer de ler recentemente A Divina Comédia, obra maior do poeta italiano Dante Alighieri em que ele narra uma viagem fantástica através dos reinos do Inferno, do Purgatório e do Paraíso, dividindo-os em círculos para unir pecadores e almas salvas em categorias semelhantes (círculo infernal dos furiosos e paradisíaco dos que combateram pela fé cristã, por exemplo). O autor florentino, que também participava da vida política de sua cidade, passou por perseguições, traições e inclusive foi exilado, em episódios que renderam-lhe inimigos - todos castigados na obra.

Decidi então fazer uma adaptação de parte desse épico, mas voltada para o futebol força. Claro que fiz algo bem simples (não tenho nem pretensão de me aproximar da obra de Dante) e me restringi apenas ao primeiro reino. Talvez um dia tome vergonha na cara e escreva sobre o Paraíso força também, mas não sei se conseguiria escrever um Purgatório - já que, aqui, o meio termo é um tanto vago. Tentei citar exemplos para cada círculo, mas o primeiro não terá acusações nominais já que é muito abrangente. Só uma breve introdução para quem não leu a obra: os nove círculos são dispostos na forma dum funil, com o primeiro no topo sendo o mais largo e o nono sendo o mais estreito na base. Todos são abrasados, exceto o último, que é gelado e é onde Lucífer passará a eternidade mascando os traidores Judas, Brutus e Cassius - isso no original, já que não segui os critérios de Dante para julgamento dos condenados.

Primeiro círculo - Inimigos dos torcedores
Antes de sermos apreciadores do futebol força, somos fãs do esporte bretão. Assistimos até partidas de categorias inferiores, gastamos tempo (e dinheiro), tomamos chuva indo ao estádio. Essa paixão toda, no entanto, esbarra em obstáculos vindos de dentro do próprio mundo da bola - pior, às vezes até do próprio clube: dirigentes corruptos, horários absurdos, contratações questionáveis, policiais que tratam torcedores como bandidos... enfim, há inúmeras provações para quem se aventura a ir ver seu time jogar. Cartolas incompetentes, policiais despreparados e os responsáveis pela elaboração das tabelas (sejam das federações, sejam da Globo) merecem ser punidos vendo ininterruptamente partidas de nível técnico horroroso que começam às 21:45, com direito a sofrer agressões de quem faz a segurança (?) do local.

Segundo círculo - Jogadores desleais
A história não deixa de se repetir: um novato entra na FAECV, abre um tópico e posta o vídeo de alguma agressão gratuita com o comentário "Isso que é futebol raçudo!". Não, um carrinho criminoso que deixará um colega de profissão fora dos gramados por meses não é sinônimo de raça. Jogadores desleais como Marco Materazzi, Domingos e Fábio Costa serão condenados a este setor e encontram seus fãs para que todos possam se bater até o dia do juízo final - e para que os espectadores possam sentir na pele as agressões que os fizeram sorrir.

Terceiro círculo - Firulentos
Não que seja realmente um mal, mas por ser a antítese do que os membros da comunidade apreciam, o "futebol moleque e descompromissado" recebe o seu círculo. Quem nunca se desesperou por ver algum atacante do seu time tentar um drible a mais e perder um gol? Ou ainda, aquele jogador ciscador que tem lugar cativo entre os onze titulares porque sempre dribla, pedala, levanta a torcida... mas não faz nada que efetivamente ajude o time? Jogadores como Denílson e Rico (ambos ex-São Paulo) são transformados em focas malabaristas como punição por seus dribles inúteis.

Quarto círculo - Estúpidos
Algumas situações críticas ou até vexatórias são criadas por ações e escolhas equivocadas, dentro e fora de campo. Exemplos: o carrinho-coice de Márcio Nunes em Zico; a expulsão por reclamação do atacante ponte pretano Rui Rei contra o Corinthians na final do Paulista de 1977 (serei extremamente bondoso com o ex-jogador e não considerarei as especulações de que ele se vendeu) ou escalações bizarras em jogos decisivos (para pegar um exemplo ainda fresco, Richarlysson titular no jogo de volta das semis do Paulista). O castigo para quem faz essas escolhas duvidosas, sejam jogadores, técnicos ou dirigentes, será passar pela angústia e aflição que suas vítimas sofreram até o fim dos tempos - desde o adversário contundido ao torcedor que viu o título escapar entre seus dedos.

Quinto círculo - Coléricos
Local de punição para jogadores destemperados que faltaram com seus times em momentos decisivos por falta de controle. Entram aqui também aqueles que caem na provocação do adversário, pois não tiveram sangue frio para ignorar a catimba - ou, pelo menos, para revidar num momento mais oportuno. Apesar de toda a minha admiração, tenho que ser coerente e colocar o maestro francês Zinedine Zidane nessa área, já que sua cabeçada em Materazzi pode ter custado uma Copa do Mundo a "les bleus". Além dele, o meia chileno Valdívia também sofreu expulsões por não conseguir controlar seus ânimos durante as partidas. Que seus momentos de fúria sejam prolongados, para que se agridam, se batam e rasguem as próprias carnes.

Sexto círculo - Traidores de rivalidades
Hoje já não se acredita mais em amor ao clube e, muitas vezes, o torcedor quer apenas que o jogador "dê o sangue" dentro de campo - isso, inclusive, geralmente é a única coisa que se pede dos jogadores de técnica limitada. No entanto, quando alguém se destaca e cria uma forte identificação com um time, a torcida desenvolve um certo ciúme, talvez, e não quer ver aquele ídolo em outro clube, muito menos no rival. Ronaldo traiu duas das principais rivalidades europeias: explodiu no Barça, passou pela Inter de Milão (clube que apoiou seu tratamento mesmo quando o mundo já o dava como um ex-jogador), se tornou um galáctico no Real Madrid e, queimado após a Copa de 2006, foi acolhido pelo Milan. Jogadores que trocam de camisas que com essa facilidade merecem receber uma nova face na parte de trás da cabeça para receberem cusparadas de dois lados.

Sétimo círculo - Pop stars
Um dia o futebol já foi um esporte coletivo. Era mais importante o bem comum do que o triunfo pessoal e o plural era sempre mais importante do que o singular nas declarações. No entanto, o futebol foi arrastado junto com o resto do mundo para o buraco do individualismo e equipes que beiravam o fascismo com sua supressão do indivíduo, hoje servem apenas como trampolim para jogadores que querem mais câmeras, microfones e fotografias. Atletas como Cristiano Ronaldo, Neymar, Cissé, Balotelli e Daniel Alves, que se esforçam para ser manchete pelo que fazem fora de campo, que se preocupam mais com o próprio visual do que em treinar fundamentos e que tratam o resto do mundo com arrogância (desde o jornalista esportivo ao torcedor comum) têm como algoz a perda da individualidade: condenados a vagar sem rosto, não reconhecem os outros e também não são reconhecidos.

Oitavo círculo - Mercenários
"Money, it's a crime". Seguindo o evangelho de São Roger, reunirei aqui os obcecados por dinheiro. Robinho, claro, é o exemplo mais nítido de habitante desse círculo, pois o jogador fez o que pôde para deixar o Santos, depois embirrou que precisava sair do colosso Real Madrid crente que jogaria no Chelsea e acabou no modesto Manchester City. Hoje, emprestado de volta ao clube da Vila Belmiro, comemora cada gol com a certeza de que sua moral está voltando lá fora (e que, um dia, será o melhor jogador do mundo). Outro exemplo de jogador que considero mercenário é o que só joga quando lhe convém, como é o caso do meio-campista Tinga, da Ponte Preta. Quase não se nota sua presença em jogos contra equipes como Rio Claro, Monte Azul e Mirassol, mas o jovem vira um leão em campo quando enfrenta Palmeiras, São Paulo e Corinthians. Certamente que ele não aprendeu a jogar na véspera de cada um desses jogos, o problema é a má vontade em todos os outros. Creio que um círculo retrô, com jogadores tendo que manter um emprego e disputando partidas apenas por paixão seria uma forma justa de punição.

Nono círculo - Os papas da arte
Assim como Dante, reservei este círculo para apenas três pessoas que considero arautos do futebol arteiro, pois ajudaram a espalhar aos quatro ventos a postura "boleragih ferah" que já começa a poluir os gramados brasileiros. O primeiro seria Ronaldinho Gaúcho, protagonista da campanha "Joga Bonito", da Nike - conjunto de anúncios em que o gol é apenas um detalhe e que fez milhares de jovens terem uma visão deturpada do que é futebol. O segundo habitante é Armando Nogueira, jornalista esportivo que combateu com unhas e dentes o futebol força e de resultado, inclusive com torcida contrária (caso de Grêmio x Ajax no Mundial de 95, por exemplo, em que esqueceu a demagogia do "_____________ é Brasil no Mundial!").

Finalmente, o último morador deste círculo é Ricardo Teixeira, cacique eterno da CBF. O cartola transformou a seleção brasileira e os clubes do país em meras vitrines para vendas de jogadores, principalmente com o apoio da lei Pelé e ligações obscuras com a Nike, empresa que veste o selecionado (e que, teoricamente, escala atletas). Além disso, escalações de peças fundamentais do elenco dos clubes para jogos e até torneios internacionais de menor importância muitas vezes atrapalharam as entidades a quais eles pertenciam, como o Santos na Libertadores de 2005 ou a Ponte Preta na Copa do Brasil de 2001 (Robinho no Peixe, Washington na Macaca).

Toda essa ficha corrida enfraqueceu o futebol em si, além da sua prática de maneira mais aguerrida - já que se passou a ser mais frequente a preocupação em ir à Europa do que marcar o nome na história dum clube daqui, criando o individualismo e a sede de dinheiro citados acima. Além do mais, a facilidade com que o cartolaço cedeu às mudanças de horário impostas pela Globo o configura como o maior inimigo dos torcedores, já que preteriu a alma do esporte. Portanto, Teixeira, Nogueira e Ronaldinho são condenados ao martírio de serem moídos pelo restante dos séculos sob as travas da chuteira dum Felipão de quarenta jardas de altura.

Só uma nota: este texto é uma brincadeira minha e não expressa o pensamento dos membros da comunidade, que podem discordar de algumas condenações ou até mesmo de alguns dos círculos. E se me plagiarem de novo, não posso ameaçar fazer muita coisa além de encher a caixa de e-mails do calhorda sujo que fizer a cópia.

Tuesday, April 20, 2010

Pigging out

Hoje acordei cedo, fui ao Majestoso cancelar minha carteirinha do Torcedor Camisa 10 da Ponte Preta (enquanto essa diretoria do Carnielli não trata o time como prioridade, também vou botar outros assuntos à frente do clube enquanto não volto a trabalhar) e na volta passei pelo Centro de Convivência - na verdade, praça Imprensa Fluminense. Não tinha certeza se o dia de feira era às terças ou quintas, mas era hoje e aproveitei para comer um pastel. Sim, moro aqui já faz uns meses, moro perto dessa praça há mais de uma década, mas só hoje comi o glorioso Tradicional (carne, queijo e palmito), duma banca que não peguei o nome.

Já fazia algum tempo que eu tava com vontade de comer um pastel, mas nunca passava perto de alguma pastelaria (só do Voga, um ponto tradicional do Centro de Campinas que eu acho MUITO sobre-estimado). Quando passava, também não entrava por estar muito "encanado" de ter que emagrecer: já que não estou trabalhando e os dias são longos, acabei tomando isso como distração. Mas como ontem fui a pé até o estádio e hoje repeti a peregrinação, poxa, não vou voltar a um peso de três dígitos por causa duma friturinha. E outra, ainda vou à academia hoje a noite, então compensarei esse pequeno desvio.

FUCKING A!

Enfim, moral da história: não passem vontade, pois, como dizia a minha avó, "isso deixa com lombriga". Isso, claro, não vale só para frituras feitas nas feiras.

Ouvindo: Hinos de clubes

Saturday, April 17, 2010

LUB

Hoje é aniversário do Maurício Vargas, amigo de Americana (cidade vizinha de Campinas) que conheci nos anos de faculdade de Jornalismo na PUC. Hoje ele segue na área - com um excelente blog sobre futebol que será adicionado aos links ao lado - enquanto eu acabei me afastando da prática jornalística e só escrevo aqui como passatempo. No entanto, fica como herança o saudosismo pelos anos em que a turma passava horas discutindo sobre futebol e fazendo palpites para o bolão - e havia até uma panela instituída, a LUB, ou Liga Universitária de Bolão (que fez com que o restante da classe nos conhecesse como "a turma do bolão").

A ideia de organizar um bolão da Série A do Brasileiro não foi minha, aliás, fui dos últimos a entrar. Criada ainda no primeiro ano da faculdade por quatro integrantes da turma (acho que Maurício, Thiago Felippe, Rafael "Cervantes" Felippe e Carlos "Cheche" Freitas), ela dobrou de tamanho com a entrada de Zé, "Doc" Aguirre, Rafael Aoki e Márcio Fernandez e chegou aos dez membros com as entradas de Carlos Giacomelli e, finalmente, a minha.

Ainda uma brincadeira desorganizada no seu primeiro ano de faculdade (2002), no ano seguinte a entrada de novos membros fez com que o bolão envolvesse dinheiro e ganhasse cadernos para que cada membro pudesse anotar todos os palpites de resultados - os seus e os dos outros participantes. Até hoje, quando o Brasileirão tem aquela rodada repleta de clássicos, lembro do Maurício escrevendo no blog da LUB que estava chegando "la ronda de fuego" - já que os clássicos conferiam uma pontuação maior do que os jogos normais.

Para quem me conheceu após esse período, eu já era um cara que gostava muito de futebol e que via peladas que ninguém mais encararia (lembro dum sábado a tarde que vi um Botafogo 2 x 2 Payssandu inteiro). No entanto, comecei a faculdade sem nem lembrar direito o que era futebol, já que eu havia abandonado o gosto pelo esporte no meio dos anos 90. De vez em quando via alguns jogos da Seleção, mas em 2000 nem isso cheguei a fazer - aliás, só tentei assistir um jogo no ano, a final da Copa João Havelange, mas aconteceu a queda do alambrado e o jogo foi interrompido nos primeiros minutos.

O resgate foi acontecendo aos poucos: fiz amizade com o amigo americanense ainda nos primeiros dias da faculdade por gostarmos de heavy metal e alguns programas de humor em comum, enquanto ele também ia se enturmando com a turma do futebol (um cara que vestia a camisa do Vasco todo santo dia tinha que chamar a atenção de quem gosta do esporte bretão). Aos poucos fui me aproximando do resto da turma do futebol, fazendo amizade e pegando o gosto por futebol de volta por osmose.

Hoje, após ter virado rato de estádio, viajado a outro estado para ver jogo da Ponte Preta e até Porto Alegre para conhecer algumas canchas (e ambiciono fazer o mesmo com Buenos Aires e Montevidéu), além das inúmeras horas na frente da tevê, considero que sinto uma certa dívida de gratidão: apesar de todas as dores de cabeça, os resfriados causados pela chuva e os vários momentos de estresse, nada apaga as muitas amizades construídas através do esporte (um salve aos amigos da FAECV) e os momentos de alegria, as sempre honestas lágrimas de felicidade e as pequenas pérolas que o "good old football" proporciona.

Ouvindo: Red Hot Chilli Peppers - Blood Sugar Sex Magic

Thursday, April 15, 2010

Macro-twittering III

Como não tenho muitas novidades e o blog ainda estava no post do último sábado, farei um catadão de todas as muitas pequenas coisas que ando fazendo ultimamente:

- Estou lendo Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Comecei a ler esse clássico da literatura espanhola há vários anos, ainda durante o ensino médio e provavelmente abandonei a leitura por não compreender as sutilezas da escrita do espanhol - já que, agora, considero esse o livro mais hilário que já li, pois o autor é excelente comediante e melhor escritor.

- Nesta última quarta-feira acordei com o a alvorada para tomar um chimarrão muy copero na pracinha aqui perto. Fiz um bom mate, a erva não desmoronou, a água estava na temperatura certa... se eu estava à procura do mate perfeito, eu o havia encontrado. Sentei num banco no centro da praça e fui bebendo tranquilamente, até que um grupo da melhor idade que fazia atividade física por ali iniciou um exercício em que tinham que circular o pedaço que eu ocupava, com inúmeros senhores e senhoras passando à minha frente. Um deles fez um comentário sobre o chimarrão, outro perguntou se eu era gaúcho, a terceira falou que nunca havia provado o mate (praticamente pedindo para experimentar). Ou seja: minha mateada, tão caprichosa, foi por água abaixo graças a alguns senhores curiosos.

- No âmbito profissional, não me lembro qual foi a última notícia que divulguei aqui, mas enfim: ligaram da IBM para fazer uma entrevista por telefone. Passei pelo teste, assim como pela dinâmica de grupo, agora falta que algum gerente se interesse pelo meu currículo e me chame para uma entrevista gerencial. E havia uma possibilidade de eu sair de Campinas para trabalhar em São Leopoldo, cidade próxima à querida Porto Alegre, mas como o pessoal da SAP não deu retorno sobre minha entrevista, acho que fui rejeitado.

- Sobre a academia: para a minha surpresa, alcancei 78 quilos (medição da manhã de hoje), mas acho que isso se deve também a uma leve perda de massa magra - eu vinha utilizando um suplemento, albumina, que é proteína de clara de ovo concentrada (sem piadinhas, eu não tinha efeitos colaterais ventosos). Como parei com o seu uso, acho que perdi um pouco de músculo - mas não que eu fosse o Arnold caipira também.

- Achei engraçada a reação da imprensa campineira à goleada sofrida pelo Guarani ontem a noite, o 8 x 1 para o Santos na Vila Belmiro. Como acreditar que um time que quase caiu na pobre série A-2 do Paulista poderia segurar o inspiradíssimo elenco peixeiro, mesmo jogando completamente recuado? Pior ainda foi o treinador interino que, de maneira quixotesca, tentou improvisar um esquema tático novo com alas ao invés de laterais (os bugrinos entraram em campo com um 3-6-1). Como diz um corinthiano duma comunidade de futebol que faço parte: "ninguém é burro impunemente".

Ouvindo: Frank Zappa

Saturday, April 10, 2010

Sábado de sol


Após uma semana de tempo instável e nublado, finalmente o sol voltou ao céu campineiro. Hoje acordei cedo para tomar um chimarrão e curtir o frio, mas o mate desceu meio "de lado" e fiquei o resto da manhã indisposto. Almocei alguma coisa e decidi dar uma volta para tomar um sol - a melhor decisão que eu poderia ter tomado.


A propósito, essa caminhada regenerativa me lembrou duma música que ouvi em BH graças ao Luís Santos (atleticano citado no post sobre o estádio Mineirão). A música é do trio Amaranto, lá de Minas mesmo (Itajubá? Não lembro bem a cidade das meninas) e se chama Manhã de Sol. Segue o link para ouvi-la.

Thursday, April 8, 2010

Culinária Força II

Aí vai uma receita que arrisquei agora a pouco (é, eu jantei cedão por causa da academia): um yakissoba de Miojo. Imagino que essa receita exista por aí e que provavelmente isso foi algo que vi e que ficou em algum ponto do meu subconsciente, mas enfim, fiz a experiência e até que gostei do resultado - tanto que estou postando aqui. Fiz dum jeito bem simples (sem todos os legumes) e que fica pronto rápido. Além disso, fiz uma quantidade que serve uma pessoa faminta ou até duas que comam pouco. Enfim, vamos ao que interessa.



Yakissoba de Miojo

Ingredientes
- 1 pacote de Miojo
- 100 g de peito de frango cortado em cubos
- Shoyu (opcional)
- Temperos (usei cebola e manjericão, mas também vai bem com pimentão)

- Quando a água começar a ferver, coloque nela o bloco de macarrão amarelo (cuidado com o saquinho de tempero!)

- Mexa um pouco para o Miojo ir se espalhando. Enquanto isso, já acenda o fogo também para uma frigideira que receberá tudo depois - sugiro colocar um pouco a mais de óleo para que a massa não fique grudando.
- Comece a fritar o frango e mexa-o bem. Quando o macarrão estiver legal (pegue um fio e veja se ele já está macio), passe-o pelo escorredor - brevemente, não precisa deixa-lo desidratado - e já o ponha junto ao frango na frigideira.- Agora é bom tomar cuidado: mexa bem essa bagunça toda para que o macarrão não grude.
- Caso queira dar um sabor mais tradicional, jogue um pouco de shoyu. Fique atento ao macarrão que, quando seco, começará a grudar (se bem que não usei frigideira de teflon). Quando o Miojo estiver com uma cor legal por causa do tempero e bem seco, é só servir.

Estádios III

Atlético Mineiro 1 x 1 Sport



Após alguns anos em que mantive a intenção de ir a BH conhecer seu principal estádio, consegui ir graças ao amigo e vizinho de cubículo Luís Santos, atleticano apaixonado (quase redundância, mas vamos em frente) que me avisou sobre uma promoção da Azul. Tentei comprar passagem mais para o começo de agosto de 2009 para pegar Galo x Palmeiras, mas só consegui marcar a viagem para o fim do mês - portanto, ficou definido que eu veria o jogo contra os pernambucanos.

Para evitar mais rodeios, irei direto ao momento do jogo: chegamos ao Mineirão com um pequeno atraso (entramos com cerca de dez minutos de bola rolando) e passamos por perto da Galoucura, que tinha uma presença abaixo de minha expectativa. Na verdade, creio que elevei demais minhas expectativas por ser muito fácil ver torcedores "fardados" pelas ruas de Belo Horizonte, tanto com roupas da TOG quanto da Máfia Azul, mas agora me lembrei que muitos integrantes também ficaram na geral enquanto fiquei na arquibancada.

O público total foi de cerca de 19 mil pagantes, pouco perto do que o Galo vinha trazendo naquele momento: no começo do mês, no jogo contra os palestrinos, o público foi de quase 50 mil. A diminuição nas arquibancadas aconteceu por uma sucessão de fatores: muitos jogadores se contundiram, isso causou a queda de rendimento do time (que perdeu a liderança na tabela), o que afastou uma parte da torcida. Ainda assim, o número é bom e o Atlético terminou o campeonato com uma excelente média.

Sobre o estádio, achei muito boa a construção do Mineirão: as arquibancadas, mesmo no anel superior, permitem uma boa visão do campo sem que os jogadores pareçam formigas. Além disso, a cobertura é um conforto a mais para o torcedor, além da acústica que propaga melhor o som da torcida. Só fiquei preocupado com a geral, pois é uma recomendação da Fifa que este setor seja extinto nos estádios e não sei o que os mantenedores do estádio planejam para esse setor popular.

A torcida, como um todo, parecia muito nervosa no dia (aí não sei dizer se era o momento ou se o atleticano padrão é impaciente como um pontepretano) e cobrava muito o time, principalmente o zagueiro Welton Felipe, vaiado a cada toque na bola. O atacante Tchô, escalado como volante (!!!) pelo mestre Roth, também não era poupado pelas críticas. O goleiro Bruno (não o que foi para o Flamengo) também era severamente cobrado pela massa alvinegra, que em poucos momentos acompanhou a Galoucura - o principal foi o hino do clube, logo após empatar o jogo.

Aliás, a partida terminou empatada com o Sport abrindo o placar num gol de Arce e o gol atleticano veio dos pés de Renan Oliveira, que entrou no lugar de Éder Luís. O Galo, que ainda estava na luta do título, poderia lamentar a conquista de apenas um ponto em casa, mas o paupérrimo futebol apresentado pelos mineiros (inclusive com alguns sustos causados pelo Sport, lanterna do campeonato) fez com que o empate se tornasse um bom resultado.

Ouvindo: Pink Floyd - Atom Heart Mother

P.s.: esqueci de falar, mas NÃO provei o tropeirão, tradicional prato servido no estádio durante os jogos. Já foi bem maior (era um marmitex com arroz, feijão, bife, um ovo frito e acho que rúcula), diminuiu e li dia desses que seria extinto, já que implantariam uma cadeia de lanchonetes no estádio. Lamentável se encherem o estádio de Habib's e McDonald's e não deixarem essa opção tão tradicional.

Monday, April 5, 2010

Estádios II

Continuando com textos dos estádios, desta vez com Curitiba.

Arena da Baixada - Atlético-PR 1 x 0 Santos

Apesar de ser tradicionalista em relação ao futebol, confesso que fiquei impressionado com a Arena (acredito que, hoje, seja o estádio mais moderno do Brasil). O clube vem crescendo bastante e tem bons projetos para o futuro, com um empreendedorismo que falta a muitos clubes brasileiros. O estádio, que já é um caldeirão graças à proximidade da torcida ao campo, deve ficar mais sufocante ainda com a conclusão das obras. Um dia antes do jogo fiz o tour que o clube oferece e o Guilherme USA me acompanhou, o que até foi engraçado - ele conhecia mais do estádio e seus corredores do que a limitada guia.

Fiquei perto da Ultras (logo atrás da faixa deles) e gostei da Fanáticos, que parece ser bastante aceita pelo torcedor comum, mas nesse dia a organizada não parecia estar em grande número. A torcida do Santos também apareceu em bom número, acho que chegaram a lotar o espaço deles, mas não ouvi falar de nenhuma briga.

Sobre o torcedor comum, até que o povão é bem participativo e canta bastante, não só nos lances de perigo (claro que nessa hora eles crescem, mas qualquer torcida do Brasil é assim). Até os gestos do "A-tlé-tico!" consegui ver o estádio todo fazendo mesmo com o jogo mais calmo. Só não entendi bem como funciona a localização da torcida, já que o torcedor atleticano respeita a marcação dos lugares no ingresso e a organizada fica sempre no mesmo local.

Hoje: Quando estive no estádio, as obras do setor lateral do anel inferior estavam começando. Hoje o anel inferior já está concluído. E sobre a localização da TOF, ouvi de um atleticano que aquele pedaço acaba sendo deles porque já é tradicional e, quem não é torcedor organizado e compra ingresso que seria ali, acaba só ficando perto.

Couto Pereira - Coritiba 4 x 0 Portuguesa

Um estádio mais simples, mas que fica ofuscado por ter como "rival" a Arena da Baixada - mesmo o Couto sendo um ótimo lugar. Por não ter as vantagens para a torcida que a Arena tem como arquibancadas próximas ao campo, o torcedor coxa-branca se força a cantar mais alto pra não ficar para trás dos atleticanos (é aquela história que os rivais vãos se puxando para cima, isso acontece com times e torcidas).

O barulho da Império Alviverde (que parecia estar bem grande) e dos torcedores comuns estava legal, consegui entender os gritos da IAV claramente mesmo estando na cabeceira oposta do estádio. Além disso, o povão coxa-branca também parecia cantar mais, o que até me surpreendeu - já que o CAP, time mais popular, deveria ter um povão mais ativo.

Antes do jogo passei na sede da IAV (a da TOF só vi rapidamente, mas estava fechada) e fiquei tomando uma cerveja na Pani. A sede é legal, tem uma mulherada bonita e, pelo que a Aru (que me acompanhou nesse jogo) falou, o presidente atual tem melhorado muito a imagem da TO junto ao torcedor comum. Papagaio (o presidente da IAV) tem até planos para se tornar vereador em Curitiba e acho que a TOF tbm tem um candidato, mas o nome me fugiu agora.

Hoje: Papagaio, então candidato a vereador, perdeu a eleição. Julião, presidente da TOF, foi eleito. A organizada vinha melhorando sua imagem junto ao torcedor, mas a relação foi rasgada com a pancadaria acontecida no final do Brasileiro de 2009, causada pelo rebaixamento coxa branca em pleno centenário.

Estádios I

Comentários que reuni sobre os estádios que visitei em julho de 2008 (cronologicamente: Arena da Baixada, Couto Pereira, Olímpico e Beira-Rio). Vou postar primeiro os dois últimos, de Porto Alegre e depois seguirei com os da capital paranaense. Acho que incluirei também as notas sobre o Mineirão, que visitei em agosto do ano passado. Vale ressaltar que os comentários foram baseados na primeira impressão que botei no papel logo após sair dos jogos, então podem ter mudado (voltei ao Couto duas vezes depois do jogo citado abaixo). Além disso, mudanças nos estádios e/ou nas torcidas também merecem um comentário abaixo de cada resenha. Enfim, vamos às arquibancadas:

Olímpico - Grêmio 2 x 1 Portuguesa

Infelizmente cheguei um pouco atrasado, não deu tempo de conferir os arredores do estádio direito. Entrei pelo portão que fica no meio da Geral (que tinha bem mais molecada do que eu imaginava) e fui para a direita, perto de onde um jogador da Lusa foi expulso. Gostei dos degraus baixos na arquibancada, fica bem melhor para andar do que os degraus altíssimos comuns em estádios paulistas.

Sobre a Geral, gostei da fórmula da barra que difere muito do modelo de torcida organizada: músicas mais curtas e sendo repetidas por muito mais tempo (durante todo o jogo, devo ter ouvido entre dez e quinze músicas), o bumbo cadenciado, toda a parte estética... foi algo legal de se conferir de perto, ver pela televisão realmente não capta o que é essa forma de torcer. O torcedor comum aceita bem a Geral e em alguns momentos canta junto, mas só as músicas mais simples e não fica pulando. Achei interessante a quantidade de faixas e bandeiras que vai bem além da Geral, imagino que seja grande o número de pessoas que ajudem com seus trapos.

Havia também a Jovem, que se mantém como TO, mas essa não tem o mesmo prestígio e nem a mesma presença que a sua concorrente tem. Inclusive houve alguns princípios de briga durante o intervalo, depois soube pela comunidade que foi graças a uma bandeira de uma organizada do Botafogo (talvez a TJB). Alguns brigadianos entraram em conflito com a Geral, depois com a Jovem, depois um bonde da Geral foi até a Jovem. Resultado: cinco jogos sem instrumentos.

Hoje: a Geral acabou se rachando pois as lideranças divergiam sobre o apoio financeiro do clube à torcida. Há, então, a Geral e os tradicionalistas do Portão 18, que inclusive voltaram a cantar em portunhol e levar trapos nesse "dialeto".

Beira-Rio - Inter 1 x 0 Atlético-MG


Cheguei ao estádio com um bom tempo de antecedência e fiquei tomando uma cerveja com o Froner nos ambulantes. O estádio impressiona pelo tamanho e mais ainda por ter sido construído sobre uma área aterrada, além de ser uma área de acesso complicado para a torcida visitante, com só uma avenida de acesso (a Borges, se não me engano).

Dentro do estádio ficamos do lado oposto da Guarda Popular, o que acabou sendo um erro: o som da GP se misturou com a bateria da Camisa 12 e resultou numa mistura incompreensível. Apesar disso, a Popular fez uma festa legal e achei bacana terem barras com as cores do time e do RS. Algumas músicas que cantaram também são da Geral (aquela do "Atirei o pau no *****", por exemplo, mas essa eu ouvi nos quatro estádios), mas com algumas diferenças: naquela dos pingos de amor, por exemplo, a barra pula de um lado para o outro.

Só achei uma pena o setor da coréia estar desativado, mas de acordo com o Froner, o pessoal que ficava lá subiu para formar a Popular, então há males que vêm para o bem. Há planos para aproximar a arquibancada do campo e espero que as grades voltadas para o gramado com arame farpado sejam mantidas: além de poderem ser escaladas mais fácil, o arame dá uma aparência muito legal à bancada.

Hoje: o único desses quatro sem mudanças significativas. A Guarda Popular continua soberana na arquibancada, suas festas têm melhorado e inclusive torcedores flamenguistas plagiaram duas músicas coloradas (uma da Fórmula 1 e outra do Mamonas, da camisa vermelha), mas as obras do estádio ainda não foram iniciadas.

Saturday, April 3, 2010

Fábula

De vez em quando eu escrevo uma coisa aqui e outra ali e agora arrisquei uma fábula como brincadeira. Sempre achei esse estilo interessante por ser metafórico e bem sutil, ou seja, exige uma certa capacidade associativa de quem escreve (até por isso demorei tanto para escrever algo assim). Até tentei deixar umas dicas bem nítidas para facilitar a compreensão do texto - até porque não é um assunto de interesse muito amplo - e deixarei um comentário explicando sobre o que escrevi.

O já bem estabelecido comerciante, enfadado com o sucesso em seus negócios e com o acúmulo de riqueza construído durante toda uma vida, resolveu se dedicar ao seu hobby preferido: assumiu uma pequena área plana, desplantada, das proporções do campo dum futebol e ali começou a investir.

Seus primeiros anos foram de resultados impressionantes: transformou um sítio que estava em estado de calamidade em uma plantação de primeira. Aquela terra, que já havia dado tantos frutos há algumas décadas, voltou a produzir rebentos considerados às vezes como os melhores do país. Este homem do campo, obstinado, não economizava esforços na hora de preparar a terra e semear.

Essa prosperidade toda, claro, chamou a atenção em outros cantos. O sítio, já em condições de ser expandido e se tornar uma bela e autossuficiente fazenda, sofreu duros golpes com o pensamento tacanho de seu dono: cedeu alguns de seu melhores frutos, depois passou a vende-los a valores irrisórios. Mais grave ainda: não tomou providências para que fossem substituídos à altura.

Com o passar dos anos, até os macacos que rodeavam aquela propriedade perceberam a queda de qualidade causada pelo descaso e perderam o interesse em passar por ali - alguns mais jovens, inclusive, preferiam observar as grandes fazendas que ficavam longe a aproveitar esta que era bem mais próxima. Como se não bastasse essa perda do interesse, o dono do sítio ainda dificultava a entrada dos macacos que restaram.

Hoje o sítio ainda está lá, ainda é visitado por alguns macacos (mas está longe de ser a selva que já foi um dia) e ainda produz. Não tem as mesmas safras que já produziu por volta de 1977, ano em que um fazendeiro de fora roubou o sítio descrito até aqui, de 1981 ou até de 2001. O ano retrasado, 2008, teve seus bons frutos (exceto o cajá, estragado por dentro), todos já negociados - o melhor deles, inclusive, para o mesmo fazendeiro que roubou o sítio há trinta anos.

Negociar, inclusive, foi o fim natural do comerciante que adotou estas terras: a busca do lucro acabou se tornando a prioridade atrás daquela porteira e o homem que poderia se tornar um grande fazendeiro, se contentou em virar um quitandeiro como qualquer outro. A ganância levou inclusive o lavrador a aceitar fazer acordos com o dono da granja que ficava estrada abaixo. Talvez o erro foi crer que décadas como homem de negócio seriam esquecidos por causa de anos de mão na enxada.

Ouvindo: Judas Priest - Sad Wings of Destiny

Thursday, April 1, 2010

Amargo gosto de saudade

Minha cuia em meio ao caos

Acredito que a maioria da massa leitora do blog já sabe que eu tenho o hábito de tomar chimarrão. Apesar de não ser gaúcho e não ter parentes de lá, acabei pegando o hábito e de vez em quando estou mateando - mas não consigo seguir o ritmo dos gaúchos, que chegam a tomar mais de um litro por dia, mesmo com calor de mais de trinta graus. Aprendi a preparar chimarrão em Porto Alegre com o amigo colorado Rafael Froner, que é milongueiro, caminhante, filósofo informal e gaudério e mantenho esse hábito saudável desde 2008.

Não vou tentar explicar aqui como se prepara um mate, já que alguns detalhes levariam parágrafos para serem descritos - e essa é uma atividade muito mais fácil de ensinar mostrando do que explicando. Além disso, há vários vídeos no Youtube que ensinam como prepara-lo (alguns de qualidade duvidosa, mas basta conferir os comentários para checar se é um mate confiável). Vou apenas citar algumas das reações que já recebi nas poucas vezes em que fui tomar chimarrão em locais públicos.

- Bah, tchê!
- Ê, gaúcho! Só no chimarrão!
- És "uruguajo"?
- Você é gaúcho, tchê? (um dia ainda tento enganar alguém que sou)
- Bah, quem diria, eu saí do Rio Grande do Sul para vir tomar um bom chimarrão, feito por um paulista! (essa última por um amigo, Giovanni Rolla, quando esteve hospedado em casa para "copar" a Unicamp)

Como podem ver, uma cuia de chimarrão nas ruas causa mais alvoroço do que um baseado. Além disso, é um costume regional bem "pop", já que ninguém chama um nordestino que está comendo carne seca para cumprimenta-lo com um "Ô xente!" - talvez os Carecas do ABC, mas enfim...

Quase ia esquecendo, mas preciso explicar o título do post: o chimarrão, chamado por alguns (dizem por aí, mas sei lá) de "amargo", tem esse nome óbviamente por causa de seu sabor. Ele tem suas qualidades como ser diurético, digestivo, acho que anti-oxidante e mais algumas coisas, mas as melhores características são: deixar quem bebe acordado e com a cabeça "a milhão". Ficar com os pensamentos passando desordenadamente pela mente invariavelmente leva alguém a pensar no passado e a ficar ruminando lembranças - por isso se criou o jargão de que chimarrão tem gosto de saudade. Não que isso seja ruim, de vez em quando é bom parar um pouco para fazer uma faxina mental e reencontrar boas lembranças.

Ouvindo: Pink Floyd - Animals

Tragédia anunciada

Ontem a noite a Ponte Preta jogou fora de casa contra a Portuguesa no Canindé e perdeu por 2 x 1, confirmando a eliminação da Copa do Brasil 2010. O time padeiro saiu na frente, a Macaca buscou o empate com Finazzi e, já nos acréscimos, os mandantes fizeram o gol da vitória. No entanto, creio que a Ponte já estava eliminada desde o primeiro jogo, em Campinas, há duas semanas.

No primeiro, a Lusa ficou com um jogador a menos perto do fim do primeiro tempo e o técnico ponte pretano Sérgio Guedes não aproveitou para agredir o adversário. Em vez de partir com todas as forças para o ataque por causa da vantagem numérica, o comandante alvinegro preferiu a cautela e substituiu o cansado volante Deda por Galiardo, que ocupa o mesmo setor.

Duas semanas depois, jogo de volta e a Nega Veia entra em campo com uma mudança: o meia Fabiano Gadelha, contundido, não joga e cede lugar ao jovem Renato González, garoto chileno que volta e meia aparece entre os convocados deste país. Pois bem, o time da capital sai na frente e já perto do fim do segundo tempo, os campineiros empatam - com o resultado, a partida iria para os pênaltis. No entanto, falou mais alto novamente a covardia do treinador da PP, que preferiu tirar o jovem meia para recuar o time com a entrada de... Galiardo!!

Resultado: time pressionado nos minutos finais e, num lance de apagão da zaga, a Porguesa faz o segundo e confirma sua classificação. A covardia do treinador ponte pretano (que não se deu ao trabalho nem de ordenar ao time que segurasse a bola no campo de ataque) combinada com a ineficiência do setor defensivo causaram a eliminação precoce da Ponte Preta, enfrentando um adversário limitadíssimo e que se apoia em agressões constantes como forma de intimidação.
This is the end (?)
Há, ainda, muitos defensores de Sérgio Guedes. Ter comandado o time no Paulistão de 2008, em que o time campineiro chegou a uma final de campeonato após quase trinta anos, mexeu profundamente nas emoções dos torcedores - que continuam defendendo o técnico e encontrando toda forma de álibi para justificar sua manutenção no cargo. Falta de um elenco de qualidade e falhas individuais dos jogadores durante os jogos são os principais argumentos de quem apoia o técnico e, até certo ponto, esses argumentos são válidos. No entanto, não há como justificar algumas escolhas, como evitar a escalação de González ou de Pirão, enquanto os desastrosos Deda, Galiardo e o lateral-direito Marcos Rocha são presenças constantes em campo.

Acredito que, a curto prazo, o ideal seria uma reformulação do elenco para a disputa da Série B. Como a Copa já acabou e talvez reste a taça de Campeão do Interior (que eu até prefiro ver a Ponte fora), seria bom demitir o Serjão, trazer algum treinador - alguém competente, nada de ficar com invenções - e já começar a reformulação do elenco pro torneio nacional. A longo prazo, a Ponte precisa de outro presidente "para ontem", já que Carnielli e seus aliados já não sentem o menor interesse em defender a Ponte Preta - que já virou um balcão de negócios para empresários.

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