Thursday, April 1, 2010
Amargo gosto de saudade
Acredito que a maioria da massa leitora do blog já sabe que eu tenho o hábito de tomar chimarrão. Apesar de não ser gaúcho e não ter parentes de lá, acabei pegando o hábito e de vez em quando estou mateando - mas não consigo seguir o ritmo dos gaúchos, que chegam a tomar mais de um litro por dia, mesmo com calor de mais de trinta graus. Aprendi a preparar chimarrão em Porto Alegre com o amigo colorado Rafael Froner, que é milongueiro, caminhante, filósofo informal e gaudério e mantenho esse hábito saudável desde 2008.
Não vou tentar explicar aqui como se prepara um mate, já que alguns detalhes levariam parágrafos para serem descritos - e essa é uma atividade muito mais fácil de ensinar mostrando do que explicando. Além disso, há vários vídeos no Youtube que ensinam como prepara-lo (alguns de qualidade duvidosa, mas basta conferir os comentários para checar se é um mate confiável). Vou apenas citar algumas das reações que já recebi nas poucas vezes em que fui tomar chimarrão em locais públicos.
- Bah, tchê!
- Ê, gaúcho! Só no chimarrão!
- És "uruguajo"?
- Você é gaúcho, tchê? (um dia ainda tento enganar alguém que sou)
- Bah, quem diria, eu saí do Rio Grande do Sul para vir tomar um bom chimarrão, feito por um paulista! (essa última por um amigo, Giovanni Rolla, quando esteve hospedado em casa para "copar" a Unicamp)
Como podem ver, uma cuia de chimarrão nas ruas causa mais alvoroço do que um baseado. Além disso, é um costume regional bem "pop", já que ninguém chama um nordestino que está comendo carne seca para cumprimenta-lo com um "Ô xente!" - talvez os Carecas do ABC, mas enfim...
Quase ia esquecendo, mas preciso explicar o título do post: o chimarrão, chamado por alguns (dizem por aí, mas sei lá) de "amargo", tem esse nome óbviamente por causa de seu sabor. Ele tem suas qualidades como ser diurético, digestivo, acho que anti-oxidante e mais algumas coisas, mas as melhores características são: deixar quem bebe acordado e com a cabeça "a milhão". Ficar com os pensamentos passando desordenadamente pela mente invariavelmente leva alguém a pensar no passado e a ficar ruminando lembranças - por isso se criou o jargão de que chimarrão tem gosto de saudade. Não que isso seja ruim, de vez em quando é bom parar um pouco para fazer uma faxina mental e reencontrar boas lembranças.
Ouvindo: Pink Floyd - Animals
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
Gosto mais de tereré.. e com suco de abacaxi com hortelã ou limão *-*
ReplyDeleteBahh tchê! HAHAHAHHA!.. fiquei com uma leve vontade de tomar chimarrão.
ReplyDeletebeijo, gabi ribeiro.