Chega mais uma Copa do Mundo e, assim como em 2002, a imprensa esportiva faz lobby para a convocação de alguns jogadores (Neymar e Paulo Henrique Ganso, do Santos e Ronaldinho Gaúcho, Milan). A justificativa é que os novos meninos da Vila são atletas muito mais habilidosos do que os operários do time de Dunga enquanto o experiente atleta milanista poderia decidir uma partida a qualquer minuto, já que é um "craque" (talvez o termo mais banalizado pelo futebol atual, perdendo apenas para o utópico "planejamento").
Pois bem, começarei pelo mais fácil. Ronaldinho teve duas temporadas espetaculares quando chegou ao Barcelona (no já distante ano de 2004) e nunca mais foi o mesmo após dois fiascos em 2006: o fracasso canarinho na Copa da Alemanha e a perda do Mundial para o Inter. Desde então o jogador se perdeu nas noites, engordou, saiu do Barça pelas portas do fundo e hoje só consegue boas atuações contra os modestos Bari, Siena e Catania - no clássico contra a Inter, esteve escondido na ponta-esquerda, nada criou e ainda teve um pênalti defendido por Júlio César.
Ronaldinho, que já é praticamente um ex-jogador em atividade graças a seu comodismo e sua falta de vontade, até poderia acrescentar algo ao futebol da equipe, porém sua convocação no "carteiraço" até desestabilizaria o ambiente, pois algum jogador que faz parte do já fechado grupo teria que sair para a sua entrada. Além disso, não adianta ter lampejos de habilidade enfrentando times de menor expressão e sumir numa partida de mata-mata contra algum grande selecionado.
Sobre a dupla arteira de futebol moleque santista: ainda é cedo para levar esses dois meninos para a Copa. Ambos terão presença garantida em 2014, serão titulares absolutos, daqui pouco tempo estarão nos principais clubes do mundo... mas tudo isso no futuro.
Neymar, que faz parte do clube peixeiro desde os treze anos de idade, não fez um trabalho decente para ganho de massa nem de crescimento. Hoje ele consegue se dar bem no futebol paulista/brasileiro mesmo tendo o físico dum office boy, mas isso conta com uma boa proteção da arbitragem (tanto para blinda-lo, como para deixa-lo simular pênaltis sem a punição do cartão amarelo). Jogando fora, sem assédio da imprensa em geral - nem é mais apenas a esportiva - e com um juiz que vai considera-lo só mais um em campo, fica tudo mais difícil.
Além disso, há muitos jogadores por aí que têm tamanho e força para serem legionários romanos. A retranca armada por Mourinho na derrota por 1 x 0 para o Barcelona mostrou que um time leve e habilidoso ainda pode tropeçar diante de bloqueios bem montados - o time catalão venceu, mas não conseguiu garantir a vaga na final. O baixinho argentino Messi, atual melhor jogador do mundo, não conseguia achar espaço entre os adversários ou, quando achava, sempre perdia por desvantagem física. Ou seja: se Messi, melhor do mundo e mais forte que Neymar, não conseguiu furar uma retranca, como esperar isso do mirrado atacante santista?
Por último, o meia Paulo Henrique Ganso. Hoje ele seria o único jogador que eu talvez levasse, um pouco pela sua função em campo, mas mais porque gosto do seu estilo de jogo e de suas intervenções - e falta criatividade no time canarinho. "Mas pô, Luiz, então você deveria levar o Ronaldinho!". Talvez, mas hoje Ganso ainda está em ascensão e, principalmente, com sede de vencer enquanto o jogador gaúcho se preocuparia mais com quais baladas encontraria em Joanesburgo. Só não digo "quero que ele vá" pois falta-lhe experiência e o garoto poderia sumir em campo na hora que fosse mais necessário.
p.s.: Sorte que soltei esse texto antes da final, ou teria que editar um pedaço dele antes de publica-lo. Gostei demais da apresentação e de como o Paulo Henrique Ganso cresceu na decisão do Paulista contra o Santo André. Segurou a bola no ataque, fez o tempo correr, catimbou e pode até ter salvo o título: já perto dos 35 minutos do segundo tempo, o técnico santista Dorival Júnior resolveu recuar o time e colocou em campo o volante Brum, que foi expulso com pouco tempo de jogo após um carrinho por trás que impediu um contra-ataque.
Ganso, então, seria sacado para a entrada de mais um defensor, mas o jovem meia, até espantado com a má ideia do treinador, se recusou a sair. Sobrou para André, que tinha acabado de entrar. Com a permanência do jogador o Santos conseguiu ter alguém que segurava a bola no campo de ataque e continha um pouco a pressão andreense. Com sua saída, talvez o quarto gol do Santo André tivesse saído e aí o título escaparia pelos dedos do time caiçara.
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