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Saturday, April 3, 2010

Fábula

De vez em quando eu escrevo uma coisa aqui e outra ali e agora arrisquei uma fábula como brincadeira. Sempre achei esse estilo interessante por ser metafórico e bem sutil, ou seja, exige uma certa capacidade associativa de quem escreve (até por isso demorei tanto para escrever algo assim). Até tentei deixar umas dicas bem nítidas para facilitar a compreensão do texto - até porque não é um assunto de interesse muito amplo - e deixarei um comentário explicando sobre o que escrevi.

O já bem estabelecido comerciante, enfadado com o sucesso em seus negócios e com o acúmulo de riqueza construído durante toda uma vida, resolveu se dedicar ao seu hobby preferido: assumiu uma pequena área plana, desplantada, das proporções do campo dum futebol e ali começou a investir.

Seus primeiros anos foram de resultados impressionantes: transformou um sítio que estava em estado de calamidade em uma plantação de primeira. Aquela terra, que já havia dado tantos frutos há algumas décadas, voltou a produzir rebentos considerados às vezes como os melhores do país. Este homem do campo, obstinado, não economizava esforços na hora de preparar a terra e semear.

Essa prosperidade toda, claro, chamou a atenção em outros cantos. O sítio, já em condições de ser expandido e se tornar uma bela e autossuficiente fazenda, sofreu duros golpes com o pensamento tacanho de seu dono: cedeu alguns de seu melhores frutos, depois passou a vende-los a valores irrisórios. Mais grave ainda: não tomou providências para que fossem substituídos à altura.

Com o passar dos anos, até os macacos que rodeavam aquela propriedade perceberam a queda de qualidade causada pelo descaso e perderam o interesse em passar por ali - alguns mais jovens, inclusive, preferiam observar as grandes fazendas que ficavam longe a aproveitar esta que era bem mais próxima. Como se não bastasse essa perda do interesse, o dono do sítio ainda dificultava a entrada dos macacos que restaram.

Hoje o sítio ainda está lá, ainda é visitado por alguns macacos (mas está longe de ser a selva que já foi um dia) e ainda produz. Não tem as mesmas safras que já produziu por volta de 1977, ano em que um fazendeiro de fora roubou o sítio descrito até aqui, de 1981 ou até de 2001. O ano retrasado, 2008, teve seus bons frutos (exceto o cajá, estragado por dentro), todos já negociados - o melhor deles, inclusive, para o mesmo fazendeiro que roubou o sítio há trinta anos.

Negociar, inclusive, foi o fim natural do comerciante que adotou estas terras: a busca do lucro acabou se tornando a prioridade atrás daquela porteira e o homem que poderia se tornar um grande fazendeiro, se contentou em virar um quitandeiro como qualquer outro. A ganância levou inclusive o lavrador a aceitar fazer acordos com o dono da granja que ficava estrada abaixo. Talvez o erro foi crer que décadas como homem de negócio seriam esquecidos por causa de anos de mão na enxada.

Ouvindo: Judas Priest - Sad Wings of Destiny

3 comments:

  1. Parece que o galinheiro que tem ali perto também não estão muito bem financeiramente.

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  2. o texto é sobre o Celso Carnielli, presidente da Ponte! ele é um grande empresário, tem mta grana e deu um baita ânimo pro clube quando o assumiu, mas ele foi se conformando em ceder jogadores pra seleção e pra outros clubes, hoje o negócio dele é só vender jogador e nem liga mais pro acesso

    e Germano, se tem algo que une os dois clubes de Campinas, é a desorganização. ouço um programa de rádio daqui e as queixas são iguais, só muda o nome do presidente

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