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Saturday, December 31, 2011

E se...

o homem nasce, morre, cria, se diverte, aprende e até sai para jantar sozinho, que mal há que eu passe a virada de ano desacompanhado? No fundo, quero apenas me convencer de que isso é natural enquanto busco alguma solução milagrosa até o último segundo: meus mais de seiscentos contatos do Facebook pouco serviram para arrumar alguma festa ou bebedeira para a recepção de 2012 - em grande parte devido ao meu egoísmo de aguardar convites e não faze-los. Por mais que o fechamento de fim de ano tenha me feito trabalhar no sábado, ainda seria possível programar algo pois eu imaginava que estaria livre antes da virada.

Enfim, todas estas conjecturas não adiantam para mais nada. Que esta virada de ano solitária fique marcada como a somatória de todas as vezes em que me afastei em vez de me aproximar de alguém.


Sunday, December 25, 2011

2011

Mais um Natal, mais um ano novo, mais uma oportunidade de refletir sobre o ano que termina e o futuro que se aproxima, além das costumeiras promessas de reveillon que nem sempre sobrevivem até o Dia de Reis. Confesso que não tenho grandes planos para 2012: sigo no espanhol até o meio do ano e não sei se estendo as aulas por mais um módulo, talvez viaje até o Rio ou Montevidéu para um pequeno tour futebolístico (os extremos da reta entre arteirice e futebol huevudo, mas ok) e pretendo voltar à musculação depois do Carnaval - não começo antes pois o mês de janeiro será o último de grandes gastos com o fim do pagamento duma reforma em meu banheiro e o período em que finalmente farei uma tatuagem em homenagem à minha mãe. Aliás, tatuagem essa que será a forma que achei de gastar meus dez dias de férias compulsórias que terei logo na primeira semana de janeiro, pelo menos poderei ficar em casa sem camisa enquanto a pele do meu ombro cicatriza.

Olhando para trás, o ano foi de muito aprendizado e crescimento com acontecimentos como o fim do namoro, os desafios que enfrentei - e enfrento - no trabalho, a conquista de novas amizades e as peculiariades destas pessoas que entraram em minha vida. As principais lições de todos esses âmbitos foram: dar mais a cara a tapa, me arriscar mais e temer menos o fracasso ou a rejeição e, principalmente, a confiar mais em minhas capacidades. A viagem para Buenos Aires, assim como essas situações listadas vagamente acima, me ajudaram a aprender o valor da iniciativa e dos riscos calculados, já que me afastei tanto de casa para assistir partidas de futebol de times em crise num país de língua que eu até então desconhecia.

Esta ida à capital argentina, aliás, foi dos pontos positivos do ano ao lado da viagem para Porto Alegre, desta vez com o encontro com vários amigos conhecidos através da eterna comunidade orkutiana Futebol Arte é Coisa de Viado. Recentemente tive a oportunidade de rever também o pessoal paulistano da FAECV, no dia em que o Santos foi massacrado pelo Barcelona na disputa do Mundial. Apesar de não significar muito, uma descoberta foi o Bar do Wili, que apesar de relatos de que sua clientela mudou e hoje está mais "emplayboyzado", ainda é agradável e suspeito que achei um bar de estimação. Aproveitando a deixa, entra aí mais uma meta para o ano vindouro: sair mais e aproveitar melhor os bares da vizinhança quando as minhas finanças estiverem em ordem.

Sair mais, no entanto, não seria a meta principal e sim gastar menos do meu tempo livre na internet. Claro, conheci muita gente legal através desse meio em 2011 e algumas destas pessoas me marcaram muito, mas pretendo fazer com que o mundo ao alcance das minhas pernas seja mais interessante que o guardado sob minhas mãos. Encerrando, um feliz Natal a todos e um ótmo 2012 também.

Feliz Natal, turma! (Montagem da amiga Mari Sabaini, que morre de inveja da Bolacha)

Sunday, December 18, 2011

Domínio

Mais uma vez o futebol, acidentalmente, escreve uma fábula, com todas suas lições de moral e metáforas. Não escreverei um "O peixe e o buldogue" ou "A calopsita e a pulga", até para não parecer um profeta do que todos já sabem. Porém, mesmo em meu ceticismo do meio de semana não imaginei que o catalão Barcelona pudesse sobrepujar tão violentamente o Santos: 71% de posse de bola, quinze finalizações a três, vitória por 4 a 0... Sem muito esforço, a equipe espanhola transformou um adversário condecorado com o título de campeão da Libertadores da América no que parecia um elenco de juniores em jogo que bastou um pouco de esforço e ainda menos de interesse - apenas o suficiente para dominar o oponente. Mas chega do Barcelona, o interessante aqui é o Santos.

Arrozado pela imprensa - e não só a esportiva - e até por torcedores de outros times, o clube caiçara passou meses dentro duma bolha de elogios utópicos. O clube jogava por música, Neymar era sim um jogador à altura de Messi, o Mundial seria apenas um palco para o duelo dos dois jogadores e muitas outras palavras que distorceram qualquer parâmetro a respeito das qualidades (inegáveis) santistas. Até Muricy, sempre tão sensato em entrevistas, menosprezou o técnico espanhol Guardiola ao dizer que não havia provado nada por não ter treinado no árduo futebol brasileiro.

Pois bem: o cirúrgico Barcelona dominou o jogo, Messi brilhou, Neymar não viu a cor da bola e Muricy fez aquela cara de guri mijado costumeira. O Santos ainda vai sobrar no futebol brasileiro e deve fazer uma bela Libertadores 2012. Neymar deve ficar mais uns bons anos no Brasil e só sair para jogar no seguro Campeonato Espanhol, onde seu porte físico ainda lhe permita jogar - algo improvável na Inglaterra, na Itália ou na Alemanha, para citar os grandes eixos - e brilhar mesmo em cima dos outros grandes do futebol brasileiro. Porém, que sejam mais precavidos, já que em terra de cego, basta ter um olho para achar caminhos errados.

Resumo do jogo, com o Barcelona aplicando o triângulo


Friday, December 16, 2011

Feed the Head

Conheci este jogo há anos, creio que na época de faculdade, ou seja, provavelmente por volta de 2005, 2006. Enfim, Feed the Head é uma brincadeira em Flash com uma cabeçona interativa: arranca-se o nariz, puxa-se a orelha, o olho lacrimeja com o cursor do mouse e dessas surgem várias outras manifestações. Achei inclusive que já havia fuçado e esgotado todas as possibilidades, mas na busca de imagens do Google descobri que é possível fazer crescer cabelo, manchas e até um cavanhaque. Segue o LINK para jogar um tempo fora.

Layne Staley?

Tuesday, December 13, 2011

Majestoso II

Já que o Brasileirão acabou e agora o calendário esportivo se resume a alternatividades como amistosos de atletas que rumam à aposentadoria, esportes de menor importância, resolvi descrever o projeto que bolei para o novo estádio da Ponte Preta. Sim, "estádio" e não "arena", já que nunca entendi como esse termo foi adotado para descrever qualquer puxadinho planejado para receber jogos de qualquer clube do Brasil.

Enfim, seguem abaixo os principais pontos sobre a obra copiada descaradamente das canchas de países vizinhos, um potencial altar contra os shoppings com gramados na área interna que Grêmio, Palmeiras e tantos outros planejam fazer.

Nome
Feito sob a administração Carnielli, receberia o nome de algum ex-jogador, conselheiro ou nome importante da cidade (Magalhães Teixeira? Orestes Quércia?). Porém, mais importante seria o apelido dado pela torcida. E aqui, não me atrevo a tentar prever o rumo do pensamento de toda uma gente.

Localização
O local já está disponível e está muito bem localizado: na esquina da Barão de Itapura com a Andrade Neves, onde ficava a antiga rodoviária. Hoje abandonado, o terreno e suas redondezas já estão plenamente aptos a receberem um estádio: há botecos, rede de hotelaria, há a facilidade de acesso proporcionada pelo encontro de duas grandes avenidas e, claro, há a proximidade da nova rodoviária. Como o espaço é pouco para um estádio - mesmo que acanhado - algumas casas das ruas Barão de Parnaíba e Marquês de Três Rios teriam que ser demolidas para o espaço comportar as novas arquibancadas.

Este lado de dentro do bairro, evidentemente, seria a localização do portão pelo qual entrariam os torcedores visitantes. As ruas estreitas e de trânsito caótico serviriam para causar tocaias de usuários de crack, ponte-pretanos ou até de ponte-pretanos usuários de crack.

Arquibancadas e proximidade do campo
Por falta de espaço e interesse meu, as modernas cadeiras de plástico não seriam utilizadas. Poderiam ser construídos dois lances de arquibancadas num ângulo vertiginoso, um plágio vergonhoso de La Bombonera, com a "correção" do campo mais baixo do que o original argentino - assim não se perderia aquele espaço no começo do anel inferior da bancada. Atrás dos gols, alambrados altos, com cerca de sete ou oito metros de altura e outros menores nas laterais (talvez os cerca de dois metros e meio atuais já sirvam). 

E se a linha lateral atualmente já é próxima da arquibancada, creio que a distância possa ser reduzida ainda mais com a eliminação do "corredor" que separa o alambrado dos degraus da bancada e do espaço de pista de atletismo que passa por trás das placas publicitárias e gera aquele enorme vazio atrás das metas. Assim, as linhas do campo seriam contornadas de perto e separadas do público por uma distância de meio metro ou menos.

Se não dá para avançar, então o céu é o limite
Acomodações
Como nem tudo nessa vida é várzea, um pedaço de uma das laterais teria que receber imprensa, vitalícias, área de cadeirantes, setor VIP e demais espaços confortáveis e bem frequentados. Para alegrar a vida destes abastados torcedores e profissionais, estes seriam postos no setor Dicá, assim ficariam protegidos do sol da tarde. A lateral oposta, apelidade carinhosamente de setor Monga, seria o espaço para o torcedor comum, em todas as suas cores e classes sociais. Atrás de um dos gols, o setor Gigena seria uma geralzinha de ingressos a R$ 5,00 receberia os ponte-pretanos mais humildes. Do lado oposto, o setor Leandrinho receberia os infelizes dos torcedores adversários que não fossem sequestrados pelos habitantes da cracolândia campineira. Caso falte espaço para construir atrás do gol, que os visitantes fiquem na ponta do estádio.

Dias de jogo
Frequentadores que desfrutam do comércio de ambulantes no pré-jogo precisariam se aventurar na rua no melhor estilo do jogo Frogger, driblando carros e motos para buscar mais latas de cerveja, principalmente no lado da Barão de Itapura, então cuidado aí. No interior, para-avalanches seriam necessários para evitar que torcedores se esmagassem após qualquer desequilíbrio no mar humano do setor Monga: degraus mais baixos e inclinados podem significar o apocalipse após qualquer gol, discussão ou tropeço de algum macaco com sobrepeso. Falando em obesidade, não sei se haveria espaço para uma "lanchonete", então a alimentação teria que ser baseada em pipocas, churros e pastéis vendidos por vendedores que vagam pelo meio da torcida (a mão que alimenta é a mesma que não deixa ver o gol). 

Para criar uma atmosfera e embalar a torcida, o time entraria ao som de Thunderstruck, do AC/DC. Claro, há a corrente que quer a construção duma moderna arena inclusive para receber shows de grande porte. Porém, como Campinas está muito perto de São Paulo, tenho minhas dúvidas se turnês desviariam suas rotas para o interior - fora que a quantidade de eventos necessários para tornar a arena viável acabaria com o gramado, fazendo assim o campo se tornar uma casa de shows.
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Enfim, segue aí meu projeto que nunca sairá do papel e nem voltará a existir. O futebol seguiu em frente, o mundo mudou e nem é mais possível construir algo perigoso assim, porém dá para sonhar com um inferno acanhado e intimidante destes.

Com certeza cabe um estádio pequeno aí

Tuesday, November 29, 2011

Porto Alegre

Mini-diário de viagem a respeito da última ida à capital gaúcha, dos dias 24 a 27 de novembro de 2011.

Dia 24 - Quinta-feira
Chegada às 11:30, fui recebido pelo amigo Giovanni e seu pai no aeroporto Salgado Filho. Almoçamos num espeto corrido (o rodízio aqui de São Paulo) e, após deixar minha bagagem num apartamento do bairro Rio Branco, fui com meu anfitrião até o marcado municipal. Ali comprei algumas garrafas de vinho, já que esse foi o presente mais pedido quando amigos e amigas sabiam que eu iria ao Sul e também meio quilo de erva mate, já que o tipo moído mais grosso não é achado com tanta facilidade por aqui.

Horas depois fomos ao Pampa's Burguer, na Cidade Baixa e aí teve início o único ponto negativo do passeio. Sentia alguns calafrios e um certo incômodo, mas mesmo assim fui até a lanchonete. Não consegui terminar meu lanche, que estava muito bom, mas gigantesco para quem estava com uma gripe começando. Saímos de lá (Giovanni, Rafael "Google" e eu) enquanto eu tremia a ponto de bater os dentes de frio - e o clima naquela noite estava bem agradável. Na volta tomei um remédio antes de dormir e, após algum tempo, a febre me deixou dormir.

Dia 25 - Sexta-feira
Acordei e saí com meu amigo, que tinha uma prova de seu mestrado às 10 da manhã. Caminhamos por algum tempo, mas mudei de rota quando chegamos ao Parque Redenção, meu ponto preferido de Porto Alegre. Depois de sentar num banco próximo ao espelho d'água central, tirar algumas fotos e fazer algumas anotações, subi até a rua Duque de Caxias e almocei um cachorro quente, o mesmo que foi base da minha alimentação quando passei pela cidade em 2008 e fiquei hospedado nesta rua.

Voltei ao apartamento, cochilei e após algumas partidas de Fifa 2011 no videogame, fomos até um pub da rua Padre Chagas, o Mulligan. Desta vez com Giovanni e seu amigo Francisco, comemos algumas porções e bebemos uma torre de chopp Eisenbahn e uma garrafa de Schmitt, artesanal e feita em Porto Alegre. Gostei do lugar, tem porções muito boas, ambiente agradável e enorme variedade de bebidas.

Dia 26 - Sábado
Saí com o Giovanni para almoçar e encontrar o também local André "Duracell". Fomos à Lancheria do Parque, restaurante e lanchonete que, dizem, não deve ter sido reformada desde sua fundação - até os garçons devem ser os mesmos. Comemos um xis, um lanche grande e lotado de ingredientes, algo como os maiores do Gordão ou do Lanchão - isso na capital, em outras cidades há alguns gigantescos que chegam a ter até creme de milho. Após a refeição, o trio foi até o Parque Redenção para gastar um tempo enquanto não chegava a hora do futebol.

Com Giovanni
Mais tarde fomos até o Clube Hebraica, local em que seria disputada a partida do pessoal que se conheceu através duma comunidade do Orkut, a Futebol Arte é Coisa de Viado (FAECV). Já havia encontrado três dos integrantes em POA anteriormente, mas desta vez foi possível organizar algo com mais envolvidos. A convocação deu certo e até deu pra deixar uma pessoa no "banco" do futebol: estavam presentes Marcos "Glub", Guilherme "Amargo", André Flores (que conhecia de 2008), Paulão, Rafael "Google", Thiago, Guilherme Laschuck, Camila Prates (jogando!) e o trio que almoçou junto.

Não vou comentar muito da partida pois meu desempenho foi ridículo, mas jogar não teve consequências muito trágicas para meu corpo sedentário. Os destaques são Glub, dono dum fôlego infinito; Amargo, que fechou o gol na medida do possível - toda hora estava descoberto - e André Flores, que domina a bola e não deixa que ela seja roubada.

Pessoal reunido para se hidratar
Terminado o jogo, fomos a um bar próximo e ainda tomamos algumas cervejas - a gaúcha Polar. Papo excelente, muitas risadas, debate sobre a dupla Gre-Nal e perguntas sobre a Ponte Preta... valeu muito a pena encontrar esse pessoal, já que quase todos eu só conhecia pela Internet. A bebedeira se estendeu por cerca de duas horas e, após o pessoal se dispersar, voltei para o apartamento do Giovanni. Como ele estava exausto e com dor de cabeça, saí de novo, mas desta vez com o amigo daqui da região de Campinas radicado em São Leopoldo/RS, Filipe. Fomos a outro pub da Padre Chagas, o Dublin. Lugar excelente, com cervejas mais simples, música ao vivo e muitas, muitas lindas mulheres. Vinte reais de entrada e cerveja a um preço razoável. Recomendo veementemente o bar a quem for até Porto Alegre.

27/11 - Domingo
Cena pitoresca: quando voltava do Dublin, já quando o sol começava a raiar, o pai do Giovanni já estava de pé e lavando louça, ou seja, é dono duma motivação sem igual. Como ele iria pedalar com o filho, acordou mais cedo e aproveitou para dar um trato na casa. Cochilei por poucas horas, saímos toda a família e eu para um giro pelo centro, pela Zona Sul, alguns bairros mais distantes, Ipanema.... almoçamos e, após uma breve passagem por um shopping, fui levado ao aeroporto.

Tuesday, November 22, 2011

Porto Alegre, a volta

Após três anos, volto a Porto Alegre para passar o feriado americano de Dia de Ação de Graças. Já fui à capital gaúcha em 2008 para conhecer o Olímpico e o Beira-Rio, além das outras atrações da cidade. Gostei demais do Parque Redenção, dos prédios da UFRGS ao seu redor, das ruas arborizadas da cidade, da Cidade Baixa... Volto também para conhecer direito o pessoal da FAECV, comunidade do Orkut que migrou para o Facebook e que tem em "POA" seu principal núcleo de integrantes.

Na primeira viagem, ainda pouco entrosado com o grupo, acabei não anunciando tão bem minha ida e, por isso, encontrei apenas três membros: André Flores, Marcão "The Eagle" e Froner, que me ensinou como cevar mate. Fui surpreendido após voltar com as cobranças e alguns "por que não disse que viria?", então desta vez anunciei bem que iria até Porto Alegre - inclusive graças à amizade muito maior com parte do pessoal.

Enfim, vou quinta-feira, fico hospedado na casa do amigo porto-alegrense Giovanni Rolla - que já hospedei em razão dum evento de estudantes de Filosofia na Unicamp - e retorno no domingo a noite. Confirmado até agora, há um futebol que também pode virar churrasco no sábado. Como a Ponte Preta já subiu e não vai precisar de sua Batalha dos Aflitos no sábado, vou tranquilo beber, comer e jogar com os amigos.


Monumento aos Açorianos e, ao fundo, a maior rampa de skate do mundo (RS, melhor em tudo)

Saturday, November 5, 2011

Dez anos

Domingo passado, pela manhã, fui ao Majestoso encontrar uns amigos juventinos e assistir Red Bull 2 x 1 Juventus. Essa partida e o encontro com o pessoal valem uma postagem mais para a frente, o que escrevo agora é sobre o que aconteceu no caminho até o estádio. Ali nas redondezas fica o Colégio Pio XII, claramente uma escola católica e pertencente à PUC de Campinas. Numa sala ali dentro, há cerca de dez anos, prestei vestibular para o curso de jornalismo da universidade campineira.

A prova ocorreu nos últimos dias de novembro e o resultado saiu em 13 de dezembro, quando eu estava em São Bento Abade, uma cidade de cinco mil habitantes do sul de Minas, para participar do casamento de um primo. Após nem sei quantas ligações para Campinas, consegui descobrir com parentes que havia sido aprovado. Comemoramos moderadamente já que este passeio não foi dos mais agradáveis e na volta corri com meu pai para fazer a matrícula no ginásio com centenas de outros "bixos".

Era legal conhecer aquele mundo novo, com tanta gente diferente, ainda mais porque saí dum terceiro ano com quinze pessoas e comecei a faculdade numa classe de noventa. Havia o pessoal saindo do ensino médio assim como eu, a turma dos vinte e poucos anos, os mais maduros como o Dr. Marcelo Aguirre, apelidado apenas de "Doutor" - um dentista que estudava Jornalismo por hobby. Havia os maconheiros, as patricinhas, os cults, os agitadores políticos (maconheiros com camisetas do Che), o pessoal do futebol, as CDF's... e a minha turma. 

Ainda nos primeiros dias o professor de expressão corporal (vulgo "aula de teatro") Paulo Afonso juntou a classe em grupinhos para as atividades do resto do semestre e caí com a galera que não se encaixava em lugar algum. Talvez era exatamente essa a característica do grupo, ser uma espécie de sessão "outros" da classe. E assim, Lígia, Thiago, Leonardo, Carlos, Juliana, Daiane, Regiane, Maurício e eu fizemos várias atividades e encerramos o semestre com uma apresentação assim como os outros grupos, mas acho que estávamos num nível A Praça é Nossa de atuação. Se ganhamos mais olhares de condolência do que aplausos, pelo menos as amizades valeram a pena.

Aula de fotografia, acho que em 2004


A equipe do teatro manteve-se unida nos intervalos e os integrantes faziam trabalhos juntos. A visita à redação da Playboy, o primeiro boneco duma revista, os churrascos em Americana, as inúmeras idas à Padoca, o bar que frequentávamos toda semana graças à professora de Português - ela sofria de hérnia de disco e não tinha uma substituta (o jornalismo brasileiro "agradesse") - e várias outras lembranças nasceram no decorrer de 2002 e 2003. Assim foi até que aquele grupo começou a se desmembrar, com cada integrante numa turma nova e eu, de carona com o vascaíno Maurício Vargas, tornei-me parte do "pessoal do Bolão".

O tal pessoal do bolão era a LUB, Liga Universitária de Bolão. Sempre no fundo da classe e nas mesas de cantina para discutir os resultados da rodada, as transferências de atletas, algum lance polêmico, alguma nova camisa de algum clube qualquer, arbitragens, hinos de clubes, chuteiras... o ápice foi a disputa de uma partida de Stop com campos relacionados ao futebol. E assim Márcio, Aoki, Doutor, Zé, Carlão, Giacomeli, Cervantes, Thiago, Maurício e eu passamos os últimos anos do curso.

Foi uma mudança gritante para alguém que passou anos sem ver uma partida de futebol e hoje tem carteirinha de sócio-torcedor dum clube, além de já ter viajado até outro estado para ver uma partida quase perdida de Copa do Brasil. Quando meu gosto por futebol atrofiou nos anos 90, nem me imaginava voltando a assistir uma partida inteira, mas aos poucos aquela turma que não mudava de assunto me transmitiu de volta o vício pelo esporte. Esses nove amigos viraram outras dezenas através de comunidades do Orkut: gente do Rio Grande do Sul a Pernambuco, passando por Minas, Paraná, Rio de Janeiro... não só as amizades, mas também a capacidade de faze-las, já que eu era muito tímido e inibido há dez anos. Hoje ainda não sou extrovertido como um Rodrigo Faro (bom, melhor nem ser mesmo), mas já melhorei muito em relação ao cara que começou a faculdade se escondendo pelos cantos e evitando contato com todos a custa de muitas divisões da classe em turmas menores, cada vez com colegas diferentes e muitas gravações de áudio e vídeo.

"Você joga no São Paulo?". Por algum tempo essa piada não fazia sentido para mim

Thursday, October 27, 2011

27/10/11, quinta-feira

Um dos dias mais sombrios que já passei e, ironicamente, o dia em que o sol se apagou. Se você (você sabe quem é) estiver lendo isso, fica aqui meu pedido de perdão por erros e falhas que eu tenha cometido e meu "obrigado" sem restrições.

Sunday, October 16, 2011

Tristeza

Imagine você gastar mil reais. R$ 1.000,00. Com esse dinheiro, dá para fazer uma bela viagem para o Nordeste ou pela América do Sul, conhecer o Brasil, comprar muitas roupas (bom, nem tantas se forem de marcas badaladas), bancar algum curso, ter uma noitada digna de um rock star, criar uma respeitável biblioteca, pagar várias contas... enfim, é uma quantia que permite um amplo leque de opções prazerosas.

Porém, torcedores bugrinos tiveram a oportunidade de desembolsar esse valor para terem seus nomes impressos nas camisas que seriam usadas pelos atletas durante a disputa do último dérbi. Não era como a campanha corinthiana, que teve inúmeras imagens 3 x 4 dos "sofredores" espalhadas em cada peça de roupa, mas apenas um grande nome por jogador bugrino - o que resultou num visual muito menos escroto poluido.

Pois bem, torcedores do Guarani concordaram com a ideia, pagaram os mil reais e cada jogador da equipe indígena pisou no gramado ostentando o nome de um simpatizante. O resultado da partida nós já sabemos, a Ponte se impôs na casa do adversário e atropelou o Bugre com sonoros 3 a 0 - seriam 4, caso o bandeirinha não houvesse assinalado incorretamente o impedimento do lateral-direito Patric numa jogada que terminou nas redes do Brinco. Renato Cajá teve uma belíssima exibição, com direito a dois gols - um em cima da falha do zagueiro Aílson e outro em chute de fora da área - e o atacante Ricardo Jesus encerrou seu jejum de gols nos minutos finais da partida.

Lances do jogo a parte, pensei depois no cidadão que se dispôs a estampar seu nome na camisa bugrina. Gastou mil reais nessa brincadeira, saiu de casa para tomar chuva no dérbi, viu seu time ser atropelado pelo rival dentro de casa, ouviu todo tipo de xingamento e provocação, vai ver a Ponte Preta subir para a Série A enquanto o Guarani ainda luta para se livrar do rebaixamento - tudo isso em pleno ano do centenário. Pior: vai ter um lembrete caríssimo disso tudo no fundo de alguma gaveta de sua casa. Se não antes, agora esse pessoal definitivamente já deve ter começado a se sentir desgraçado.

Será que o tal Marcos vestirá essa camisa um dia?

Friday, October 14, 2011

Chafurdando

Algumas hipóteses sobre o dérbi que acontece neste sábado, todas um mero exercício de criatividade e, infelizmente, verossímeis.

- Vários clubes que lutam pelo acesso (Náutico, Americana, Sport, Boa, Bragantino e Vitória) se juntam para entregar uma polpuda mala branca ao Guarani. O endividado grupo bugrino, constantemente às voltas com problemas de salários atrasados, ganha uma motivação imensa e entra em campo com "sangue nos olhos". Vitória e bico na crise.

- O time da Ponte, "escoltado" pela simpatia da Globo para que o clube campineiro retorne à elite do futebol brasileiro, vence talvez com um apito amigo (duvido que seja preciso) e dá mais um grande passo rumo à primeira divisão. Para explicar a simpatia global ali de cima: ainda no fim do primeiro turno o presidente Carnielli já negociava com diretores globais as cotas de transmissão da Série A 2012 (!!!), então perder o acesso seria um Titanic símio - e até a Globo acharia inconveniente perder um clube rentável no principal torneio do país.

- A torcida ponte-pretana teria direito a cerca de cinco mil ingressos, mas o número caiu para menos de mil e quinhentos a pedido da Polícia Militar paulista. Com os eventos acontecidos no clássico do primeiro turno, a chance de retaliação dos "hooligans do interior" alvinegros seria grande, prejudicando assim com perdas de mando de campo Ponte Preta E Guarani, que ainda lutam pelo acesso e contra o rebaixamento, respectivamente. Portanto, os próprios presidentes dos clubes poderiam ter interesse em requisitar à PM a diminuição da carga de entradas para visitantes.

- Revoltados pela má administração bugrina, jogadores do Guarani liderados pelo sindicato dos atletas e pelo capitão da equipe organizam o "Ocupe o Brinco de Ouro" e, num exemplar ato de luta pelo direito do trabalhador, entram em campo e recusam-se a jogar. Mantêm-se estáticos, de braços cruzados e apenas assistem os três primeiros gols da Ponte serem marcados. Após o terceiro tento (símbolo dos três meses de vencimentos não pagos), jogadores bugrinos retiram-se de campo e o ato ecoa pelo mundo, sendo referido como a Primavera Bugrina. Leonel Martins é deposto e uma teocracia é imposta.

- Independentemente do resultado da partida, torcedores alvinegros iniciam um tumulto após uma briga com torcedores rivais, com a polícia ou tentativa de invasão do estádio. Empurra-empurra, muito spray de pimenta no ar e partida paralizada. O que acontece nesta partida é irrelevante em termos de resultado, mas o dérbi passa a não ter a presença das torcidas visitantes em 2012.

De novo?
- A mais baixa e mais suja: defendendo interesses superiores (FPF e o que restou do Clube dos 13, principalmente), a Ponte entrega o jogo para salvar o Bugre do rebaixamento - que significaria, até em termos literais, a morte do clube verde e branco. Como recompensa, a Macaca é recompensada com uma sequência de vitórias até o fim da Série B. Acho que já é tarde para pensar em título, mas se acontecer, a profecia é este post.

Wednesday, October 5, 2011

John Dyer Baizley


Conheci o trabalho desse desenhista por ele ter feito as capas da banda americana Baroness (excelente banda, diga-se de passagem). Traço forte, psicodelia e um interessante uso de cores. Mais AQUI.


Wednesday, September 28, 2011

Hiato

Como dito no post anterior, estou numa semana corrida graças ao fechamento do quartil e a correria deve continuar em outubro, quando farei sozinho o trabalho destinado a duas pessoas. Isso já aconteceu durante meses no começo, aguentei o tranco, mas acho que dessa vez o ritmo será mais intenso e serei mais exigido. Além disso, preciso mudar um pouco as prioridades e ser mais reflexivo, mais introspectivo e buscar mais auto-conhecimento e por isso mal resta assunto para escrever. Devo postar algum link ou algo interessante que encontrar por aí, mas não espero escrever muita coisa pelo menos até o fim de outubro.

Thursday, September 22, 2011

Baggio's Magical Kicks

Como estou em período de fechamento de quartil no trabalho e sobra pouco tempo e inspiração para escrever qualquer coisa, deixo aqui um joguinho viciante: Baggio's Magical Kicks. Passei inúmeras aulas de laboratório na época de faculdade tentando vencer a barreira e o maldito do goleiro adversário, uma espécie de Oliver Kahn do tamanho do Jorge Campos. Basta definir altura, força e efeito do chute. Depois que se acostuma à física das cobranças fica mais fácil alcançar as redes, mas até isso acontecer é meio frustrante ver a bola ser espalmada várias vezes. Há pênaltis também, já que Baggio (apesar de 94) tinha um altíssimo índice de acerto de cobranças em penais.

Tuesday, September 13, 2011

Pelé nos tempos atuais

Excelente texto escrito por um amigo que conheci na faculdade de Jornalismo, o palmeirense Rafael Cervantes. Essa cronologia fictícia é antiga, acho que de 2004 (ano em que trabalhei com ele no famoso site de notícias Futebol Interior), mas continua precisa, basta ver o início meteórico de tantos projetos de craque que acabam esquecidos antes de chegar aos seus vinte e tantos anos. Além disso, rolam algumas coincidências interessantes com o que realmente aconteceu no esporte posteriormente.

Infelizmente, até onde sei, Rafael escreve apenas profissionalmente hoje em dia e não é sobre a bola, uma grande perda para quem gosta de ler sobre futebol.

* Correção: o texto é mais velho do que imaginava, foi escrito no fim de agosto de 2006. De qualquer forma, ainda tem vários acertos (alguns, futuros, teremos que aguardar).

Pelé nos tempos atuais

23/10/1989 – Nasce em Três Corações, Minas Gerais, Edson Arantes do Nascimento. Passa a infância assistindo aos jogos amadores das cidades vizinhas.

1999 – Com dez anos, começa a jogar futebol no time Canto do Rio, nas categorias que permitem jogadores de até 13 anos. Edson se destaca e começa a utilizar o apelido de infância, Pelé!

2004 – Com quatorze anos se transfere para as categorias de base do Santos. Lá ele se destaca e Wagner Ribeiro, atento à categoria de base do Santos, já fecha um acordo e vira empresário de Pelé.

2005 – Um grupo de empresários portugueses tenta adquirir o passe de Pelé, devido as boas atuações nas seleções de base do Brasil. Mas Wagner Ribeiro, prevendo um futuro glorioso para o pupilo, não fecha acordo com os portugueses.

01/2006 – Com 16 anos ele participa da Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo Santos, que é eliminado na primeira fase. Pelé faz dois gols e chama a atenção de Vanderlei Luxemburgo, que o alça para o time principal.

02/2006 – Na terceira rodada da primeira fase do Campeonato Paulista, Pelé entra no segundo tempo da partida, na Vila Belmiro, contra o América-SP. O Santos estava ganhando por 4 a 1 e Pelé marca um golaço. Pedala contra o zagueiro Marconi, passa pelo lateral Jura e toca na saída de Buzetto. Galvão Bueno, narrando o jogo, diz “Olha aí, olha o que o menino fez. Segura a fera!”.

02/2006 – Antes do clássico contra o São Paulo, na quinta rodada, Marcelo Teixeira reúne a imprensa para comunicar que o Porto-POR adquiriu o passe de Pelé por US$ 4 milhões e que a partida contra o São Paulo é a última com a camisa do Santos.

02/2006 – Pelé desembarca em Portugal e tem a ingrata notícia: Wagner Ribeiro, considerando ser mais lucrativo, avisa que Pelé jogará cinco meses no Shaktar Donetski, da Ucrânia, antes de ir para o Porto-POR. Pelé chega ao novo clube e, após quatro jogos e um gol marcado, pede para sair, pois não se adaptou ao clima do país.

03/2006 – Wagner Ribeiro consegue uma transferência de Pelé para o Cruzeiro, por empréstimo, até o contrato que estava vigente em cinco meses com o time ucraniano terminar. No Campeonato Mineiro, o Cruzeiro chega na final e vence o Ipatinga na decisão, por 3 a 1. Pelé marcou o primeiro gol do jogo e o primeiro com a camisa Azul Celeste.

04/2006 – Com o início do Campeonato Brasileiro, Pelé se destaca e marca dois gols na vitória sobre o Juventude. O Porto-POR, percebendo a vontade do novo contratado, pede que o empréstimo seja interrompido para poder contar com o jogador. O Cruzeiro, que ainda tem mais 2 meses e meio de contrato vigente, entra com uma ação na FIFA para garantir a permanência do jogador.

04/2006 – A FIFA dá ganho de causa para o Cruzeiro, mas Pelé acha que não tem mais clima na Toca da Raposa e pede para ser liberado. Ele jogou 11 vezes com a camisa do Cruzeiro e marcou três gols.

05/2006 – Pelé chega ao Porto-POR e fica no banco de Quaresma. Ele se desentende com o técnico, que o afasta e o coloca treinando separado. O contrato com o Porto-POR termina em dezembro de 2009.

09/2006 – Temendo uma desvalorização do futuro craque, Wagner Ribeiro consegue convencer os cartolas portugueses a repassá-lo a outro clube. O Porto-POR anuncia o empréstimo de Pelé por dois anos ao Lille-FRA.

02/2007 – Em fevereiro de 2007, Pelé, que até então tinha marcado 7 gols com a camisa do time Francês, em 19 jogos, se machuca num lance na partida contra o Bordeaux-FRA. Ele passa por uma cirurgia no joelho esquerdo e fica sete meses fora dos gramados.

07/2007 – Para a surpresa dos médicos, Pelé se recupera rapidamente e já começa a treinar com bola. Quando está pronto para jogar, o técnico francês decide que não quer mais o atacante, pois quando Pelé havia se machucado, o Lille-FRA contratou dois atacantes para substituir o craque. E para piorar, os atacantes eram os vice artilheiros do Campeonato Francês.

08/2007 – Já recuperado da cirurgia, Pelé consegue um empréstimo junto ao Santos, o clube que o revelou. No Santos ele reencontra o velho futebol e credita o sucesso na carreira a Vanderlei Luxemburgo, por tê-lo lançado. No Santos, ele termina o Campeonato Brasileiro com 11 gols, mesmo jogando apenas três meses e meio. O Santos termina na terceira posição e se classifica para a Libertadores 2009.

Oi?
01/2008 – Luxemburgo avisa que está de saída do Santos. Uma proposta tentadora do Bolton-ING tira o técnico da Vila Belmiro. Pelé, que é grato ao professor, pede a saída do time também após a ida de Luxemburgo para a Inglaterra.

02/2008 – Pelé se reapresenta ao Lille-FRA, que prontamente recebe uma oferta da Juventus-ITA, que quer contar com o craque para brilhar na volta triunfante à primeira divisão do Campeonato Italiano.

2008/2009 – Pelé marca 14 gols na Série A, em 23 partidas pela Juventus-ITA. O time termina na quinta posição e não consegue vaga para a Champions League. Toda a comissão técnica é demitida e Pelé, também.

08/2009 – Pelé volta ao Porto-POR e espera uma definição por parte de Wagner Ribeiro sobre seu futuro, já que o Porto-POR não pretende renovar contrato. Ribeiro consegue que o time do La Coruña-ESP, que precisa de atacantes, contrate a promessa. Pelé se apresenta ao novo clube prometendo vida nova.

2009/2010 – Na temporada, Pelé marca 21 gols e comanda o La Coruña na conquista do terceiro lugar do Espanhol, que garante passaporte para a Champions League.

02/2010 – Pelé é convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, que enfrenta o Canadá em amistoso.

05/2010 – Sai a convocação de Dunga para a Copa do Mundo e Pelé não consta na lista. A ausência revolta a imprensa nacional, que pede a cabeça do técnico.

"Daqui quatro anos!"
08/2010 – Cobiçado pelo Liverpool-ING, Pelé não renova com o La Coruña-ESP e se transfere para o clube inglês. Para surpresa da imprensa européia, o Liverpool-ING anuncia outro brasileiro: Vanderlei Luxemburgo, que fez duas temporadas razoáveis no Bolton-ING.

01/2011 – Vanderlei Luxemburgo não consegue bons resultados no novo clube e é demitido depois de ser eliminado diante do Cristal Palace-ING na terceira rodada da Copa da Inglaterra.

01/2011 – Pelé fica revoltado com a decisão da diretoria e abandona o time. A FIFA entende o pedido de Wagner Ribeiro e rompe unilateralmente o contrato de Pelé com o Liverpool-ING.

02/2012 – Luxemburgo é apresentado como novo técnico do São Paulo, que também anuncia Pelé. O craque recebe todo o apoio de Rogério Ceni, que está prestes a completar 1000 jogos com a camisa Tricolor.

2012 – No Campeonato Paulista o São Paulo termina na 3º colocação. Pelé marcou 6 gols em 17 partidas disputadas. Na Libertadores, o São Paulo caiu nas oitavas-de-final e Pelé marcou apenas 2 gols. No Campeonato Brasileiro, o São Paulo ficou em 5º lugar e obteve lugar para a pré-Libertadores. Pelé jogou 31 vezes e marcou 12 gols.

01/2013 – Quando tudo indicava que Pelé renovaria contrato com o São Paulo, o Nagoya Grampus anuncia a contratação do jogador por US$ 3,5 milhões. Pelé chega à Terra do Sol Nascente e na apresentação se diz muito orgulhoso de defender o 9º clube na carreira, com apenas 23 anos.

2013-2016 – Pelé se destaca no clube de Nagoya. Durante as três temporadas, Pelé marcou 75 gols em 147 jogos. A ausência na Copa do Mundo no Brasil, em 2014, foi encarada com naturalidade por Pelé. “Já faz parte do passado”, afirma.

2017 – Experiente, com 28 anos Pelé anuncia que vai jogar novamente em Portugal, desta vez no Sporting-POR.

2017-2021 – Pelé, mais maduro, encerra seu ciclo na Europa com um bom saldo no clube português: foram 4 temporadas, 203 jogos e 66 gols.

2022 – Com 33 anos, Pelé afirma que vai jogar mais duas temporadas no Santos antes de encerrar a carreira. No término do Campeonato Paulista, Pelé recebe uma boa proposta do Olympiakos-GRE. Ele se transfere para o clube grego e na despedida do Brasil, ele afirma “Pelé ainda não morreu”.

2022-2023 – Pelé tem atuação apagada na Grécia. Se machucou muito e marcou apenas 9 gols na temporada e meia que permaneceu na Grécia.

Aventuras no fim do mundo
2024 – O Bangu, que passa por transformação, anuncia Pelé para a disputa do Campeonato Carioca. Além do experiente Pelé, o clube carioca anuncia outros dois veteranos para a competição: o zagueiro Betão, com 39 anos, que já teve passagens por Corinthians, Fluminense e clubes da Ásia, e Romário, que busca o milésimo gol – faltam apenas três.

2024 – O Bangu cai na semifinal da Taça Guanabara diante do Vasco e Romário, enfim, marca o milésimo gol, contra o Volta Redonda.

2024 – Pelé encerra a carreira aos 35 anos e vira comentarista esportivo. Pelé jogou 753 partidas na carreira e marcou 274 gols. Se aposentou como o maior artilheiro da história do Nagoya Grampus. Conquistou um Campeonato Mineiro, uma Copa de Portugal e duas Copas do Imperador.

Saturday, September 10, 2011

Críticas

Ontem a noite a Ponte Preta sofreu um duro golpe na disputa da Série B do Brasileiro: empatou com o Icasa, como visitante, em partida que vencia até os quarenta e oito minutos do segundo tempo. Pior: o empate veio num gol de cabeça desferido dentro da grande área, quando o time de Campinas tinha três zagueiros mal-posicionados no lance. O resultado foi péssimo, a covardia do técnico Gilson Kleina é angustiante, o acesso ainda é bem possível apesar desses tropeços que deveriam ser evitados... ou seja, não há nada de muito novo ou diferente de tudo que aconteceu nos últimos anos - exceto pela chance mais palpável de voltar à elite - mas achei a reação de parte da torcida curiosa.

Apesar do resultado revoltante para qualquer torcedor com um mínimo de senso crítico, ainda assim houve um coro de otimismo. Tudo bem se fosse apenas para lembrar que nem tudo está perdido, mas preocupa a "ditadura" que policia até quem critica querendo o que é melhor para a instituição. Fazendo uma comparação simplória: se uma criança quebra uma vidraça após chutar uma bola enquanto brinca, é melhor que o pai use este momento negativo como embasamento para cobrar uma melhora de seu filho ou que o guri receba elogios e presentes mesmo após uma atitude condenável?

Talvez eu fique com imagem de "corneteiro"* por escrever esta defesa do crítico, mas acho melhor isso do que fazer parte do rebanho do conformismo. Se é necessário acreditar, acredito querendo o que é melhor para o clube e exijo mais porque quero uma Ponte Preta grande e sei que há potencial para isso. Os dois tipos de torcedores, apesar das posturas distantes, caminham na mesma direção, porém acho que é preciso ter mais cuidado com o foco do apoio, principalmente se ele for incondicional como tanto se prega: apoie-se o que é duradouro, não pessoas que vão durar no máximo poucos anos e talvez nem serão muito relevantes para a história do time.

"Gostei desse Edinho Cabeção que trouxeram pro ataque"
* Acho que não tem termo mais banalizado nas arquibancadas do que este. Não sei qual foi a sua origem, mas vejo o corneteiro como aquele torcedor que se dispõe a perseguir o técnico ou algum jogador com o qual antipatize (geralmente aquele volante ou meia com média alta de passes errados) desde antes da partida começar. Esse encosto passa então mais de noventa minutos agredindo verbalmente seu(s) alvo(s), independentemente de seu desempenho naquela partida ou até de partidas recentes - o que importa é apenas a implicância com o cornetado e quanto mais gratuita ela for, mas perto o cidadão está do rótulo de corneteiro.

Sunday, September 4, 2011

Planeta dos Macacos - A Origem

Neste sábado consegui ver o filme Planeta dos Macacos: A Origem, que explica como a Terra chegou à situação descrita no primeiro filme da série: um planeta sem humanos e dominado por símios inteligentes e falantes. Este meu comentário não será muito detalhado para evitar spoilers, além de que eu indico que vejam a produção.

A história começa com os experimentos do geneticista Will Rodman (James Franco), pesquisador que busca um tratamento para o Mal de Alzheimer. Will desenvolve um vírus que, quando testado em macacos, reverte danos cerebrais e até os torna mais inteligentes do que eram antes, porém a apresentação do produto a investidores é interrompida pela principal cobaia, enlouquecida com a tentativa de tirarem-na de sua gaiola – e assim o projeto é cancelado e os animais são sacrificados, exceto pelo filho Caesar, cria recém-nascida do animal morto (e o motivo para seu comportamento agressivo).

Para que o filhote seja salvo, o cientista leva Caesar para casa apenas para passar alguns dias e deixa-lo em algum abrigo, porém nota que, de alguma forma, o vírus experimental foi herdado e que o pequeno chimpanzé tem uma inteligência anormal. E assim ele insiste em sua pesquisa, agora clandestina e o macaco se desenvolve com o passar dos anos: tem seu quarto, resolve quebra-cabeças, interage com a família, porém se descontrola ao ver um vizinho atacar o pai de Will. Caesar ataca o agressor, persegue-o e o machuca gravemente, por isso é entregue a um abrigo público.

Caesar, arrependido de seu ataque, abraça seu "avô"

Neste local, apresentado ao pesquisador como um ambiente estimulante, Caesar é preso numa pequena gaiola, mal alimentado e mal tratado pelos funcionários do local. É também vítima dos seus colegas de cárcere, já que é diferente dos demais: anda com uma postura mais ereta e veste roupas humanas. Finalmente, a frustração de receber uma visita de Will e não voltar para casa faz com que o símio desista dum retorno, renegue sua ligação com os homens e inicie um motim com seus iguais.

Gostei muito de dois aspectos do filme e o fazem ser muito mais do que apenas uma obra de ficção. O primeiro é o conflito que vive Caesar, criado desde cedo como humano e dono duma capacidade intelectual muito maior do que a de outros macacos. Porém, ao voltar dum parque e ver que usa coleira da mesma forma que um cão, fica em dúvida e questiona Will sobre sua identidade, se é apenas um mascote ou não. Este tipo de dúvida, da criatura para o criador, lembra muito o livro em que o cientista Frankenstein cria um ser que reúne muitas características humanas, mas nunca chega a ser considerado mais do que um monstro. Frankenstein renega então sua obra, assim como Caesar acha que foi rejeitado quando Will o visita e não o leva de volta para casa.

O outro ingrediente foi a visão dum grupo oprimido e pressionado, porém rebelado apenas depois da chegada dum líder. Por mais insatisfeito que o resto da macacada estivesse com os maus tratos, criaram um ambiente em que estavam acomodados com uma espécie de sociedade já estabelecida. Quando Caesar se dispôs a organizar e treinar seus colegas, houve um levante para se libertar da opressão. É difícil ver tudo isto e não lembrar de episódios, alguns muito recentes, como as ondas de vandalismo em Londres, em Paris, parte do Norte da África e até eventos históricos, como a Revolução Francesa ou a explosão do Nazismo na Alemanha (com a assinatura do Tratado de Versalhes).

Caesar contém um funcionário do abrigo que o atacava com este bastão elétrico
Enfim, o filme é muito mais do que apenas uma obra de ficção ou efeitos especiais. Além de tudo que citei, há também boas cenas de ação e a emocionante interpretação de John Lithgow como o pai de Will e um portador de Alzheimer – esta circunstância leva o filho cientista a outros dilemas éticos decorrentes da sua profissão, mas é melhor que vejam o filme pois vale muito a pena.

Friday, September 2, 2011

Retratação

Postei aqui, no mês de julho, uma nota de repúdio ao River Plate por tentar se aproveitar duma manobra para se safar de jogar a segunda divisão argentina nesta temporada que começou em agosto. Apesar de aprovada com apoio de muitos presidentes dos quarenta clubes envolvidos, a "virada de mesa" sofreu pressão de torcedores e até do governo para não se realizar e o lobby deu certo. Tudo continua como antes, com duas divisões e os grandes Rosário Central e River  na segunda delas. O modesto Belgrano, conquistador de uma vaga na elite após derrubar os Millonarios, continua em sua divisão superior.

Além disso, tenho que destacar aqui o empenho do presidente Sérgio Carnielli em buscar o acesso à Série A do Brasileiro com a Ponte Preta. Convenhamos que é ano de eleição e esses investimentos não parecem meras coincidências, mas independentemente disso, torço muito para que os esforços alcancem a meta de voltar à primeira divisão do torneio nacional. Mais ainda, tenho esperança de que esse bom planejamento de 2011 fique de lição para os anos que vêm por aí, mesmo caso o acesso não seja alcançado - o que acho improvável. Enquanto escrevo a Macaca é líder do campeonato, mas ainda falta muito. Ainda há a conclusão da rodada e praticamente o segundo turno inteiro, fora os jogos em Araraquara, um clássico em outubro... enfim, há muito chão pela frente, mas a confiança da torcida é grande.

Thursday, September 1, 2011

Power off

Foram muitos anos. MUITOS. Antes de saber ler e escrever eu já começava a perder vidas no infindável Pitfall, do Atari. Comecei a jogar videogame com cinco anos de idade, quando era realmente necessário ser viciado para passar horas em frente à tela - hoje é fácil perder a noção de tempo quando há jogos eletrônicos com mundos gigantescos, centenas de objetivos e premiações a serem reveladas, visual realista e outros atrativos. Porém, após uma sequência que passou pelo sistema veterano que já citei, pelo Mega Drive, por um Playstation e seu sucessor, finalmente me desvencilhei totalmente dos games.

Um pouco dessa mudança foi imposição, já que o canhão de leitura de discos do Playstation estava no fim da sua vida útil e costumava falhar. Porém, o fator mais decisivo foi a soma de tempo que eu perdia sem perceber. Cada partida de Winning Eleven, com seus cerca de quinze minutos, evitava que eu investisse meu tempo com o blog, em estudos, cuidados com o apartamento ou até pequenas distrações mais construtivas, como brincar um pouco com a Bolacha.

Portanto, acaba aqui um ciclo. Talvez volte a jogar um dia, mas não creio que será tão cedo. Talvez seja no dia em que tiver um filho e ele tenha um videogame para ele, mas até lá há muito chão. Como despedida, farei como o personagem de Nick Hornby e deixarei um breve ranking com cinco jogos que achei marcantes nestes mais de vinte anos de vício.

Shadow of the Colossus - Talvez um dos jogos mais difíceis para ser categorizado. Não é exatamente aventura, nem ação, certamente não é RPG, mas tem puzzles. Outro dia ouvi numa conversa alheia que era do estilo de God of War e, por reflexo, falei baixo para mim mesmo "Não tem nada a ver com God of War". O solitário Wander chega a uma terra aparentemente abandonada e, guiado por espíritos e sua espada, precisa derrotar dezesseis inimigos gigantescos. O primeiro encontro é genial: enquanto o jogador está ansioso e tenso com o tamanho de seu adversário, o colosso passa sem nem perceber o seu desafiante. Batalhas épicas, trilha sonora tocante e cenários desoladores fizeram com que este se tornasse o meu jogo favorito em todos estes anos.

Metal Gear Solid - Série que começou no Nintendinho 8-bits e que foi retomada no Playstation. Talvez tenha sido o primeiro jogo com pretensões "hollywoodianas" e que alcançou essa meta magestralmente. Há também o enredo complexo e de diálogos muito bem escritos, além da inteligência artificial avançada para a época. O destaque é o chefe Psycho Mantis, capaz de ler a mente de quem joga (há até uma introdução em que ele brinca com o conteúdo do cartão de memória e comenta sobre a trajetória feita no jogo). Esta habilidade torna o combate impossível, a não ser que se retire o controle do videogame da entrada 1 e a 2 seja usada - assim o inimigo reclama que não consegue ler os pensamentos de Snake, o protagonista.

Psycho Mantis comenta sobre outro jogo da Konami encontrado no Memory Card
Legacy of Kain: Soul Reaver - Mais um jogo do Play 1. A inovação deste jogo era a possibilidade de alternar dois ambientes, um comum em que o personagem Raziel poderia transitar com seu corpo e outro "dark", para o espírito. Formas e cenários também eram modificados de acordo com o modo ativado, assim como alguns poderes e limitações também eram resultantes da mudança.

Winning Eleven - Desde o lançamento do primeiro Fifa Soccer gosto muito dos jogos de futebol, segui a série por alguns anos e joguei muito o Fifa 99 (com o eterno Bergkamp na capa). Porém, acabei cedendo à corrente pró-Winning Eleven ainda no PS1, lembro que a primeira versão que tive ainda listava Zidane como jogador da Juventus. Depois de me acostumar, adotei a série e nenhum outro título teve tantas horas da minha atenção quanto uma edição da equipe Brazukas que comprei logo após a Copa de 2006 - tanto que a uso até hoje. Foi legal comemorar algumas "conquistas" como o título da Liga com a Vecchia Signora após os líderes Inter e Milan empatarem e serem ultrapassados na última rodada ou a virada épica num Borussia Dortmundo 5 x 4 Liverpool. Apenas relevem a arteirice do vídeo.

Street Fighter 2 - Clássico supremo dos filperamas na minha infância. Aliás, ainda existe fliperama? Enfim, muitos donos de locadoras, bares e casas de jogos devem ter feitos vastas fortunas em cima da molecada que lutava entre si para se matar no SF. Até hoje os personagens e golpes especiais são citados, basta lembrar do notório Pastor Pilão ou da onda de vídeos com a música de fundo do estágio do americano Ken - a ideia era que aquele tema ficava bem em absolutamente tudo, de cenas de danças a tiroteios. Enfim, SF2 foi um sucesso estrondoso e praticamente ditou como deveriam ser os jogos de luta para sempre.

Hadouken, um golpe que virou até comemoração de gol do L. Damião

Monday, August 29, 2011

Jogo fora

Neste último sábado a Ponte Preta fez sua primeira de cinco partidas em Araraquara devido às perdas de mando de campo causadas pelos incidentes do dérbi. Punição injusta, já que todo o vandalismo foi feito no lado bugrino antes da provocação do narrador Raul Lázaro, mas acho que os atos de indisciplina serão punidos cada vez com maior severidade graças à aproximação da Copa. Enfim, este não é o tema do post, falemos da viagem para ver a disputa contra o Náutico.

Havia combinado com Thiago e seu irmão que iríamos até a cidade da Ferroviária de carro, mas como o Edson ficaria por lá para visitar amigos, seria necessário voltar de ônibus. Saí de casa cedo para reservar dois lugares no ônibus do Torcedor Camisa 10 (uma espécie de sócio-torcedor do clube). Comprei as duas passagens, voltei para casa e aguardei até a chegada da dupla. Saímos, abastacemos o tanque e o cooler e botamos o pé na estrada. Não chegamos a ver nenhum ônibus no caminho, mas cruzamos com vários carros de ponte-pretanos, então a possibilidade dum bom público num campo a cento e oitenta quilômetros de distância de Campinas começava a se tornar mais palpável.

Na parada do posto Graal de São Carlos, uma cena curiosa: ônibus da torcida e de "cowboys" que rumavam a Barretos se encontraram. Parece que ouve alguma confusão porque alguém gritou um "Bugrão!" de longe, o suficiente para criar um atrito e algumas viaturas aparecerem. Quando chegamos, no entanto, só vimos alguns torcedores - entre eles, alguns amigos - e a peãozada. Foi engraçado ver dois públicos tão diferentes reunidos, cada um deve ter olhado para o outro e pensado: "Nossa, eles vão viajar tanto para ver isso?". E, no fundo, até têm fundamento as indagações.

Mais alguns quilômetros e chegamos à cidade que hospeda os jogos da Macaca até outubro. O novo estádio, chamado de Fonte Luminosa, é imponente e fica num ponto alto, portanto pode ser visto de longe. Apesar de acanhado (capacidade para vinte mil pessoas), tem relativo conforto com suas cadeiras de plástico e cobertura, um elemento que também ajuda a festa das torcidas com sua amplificação dos gritos. É um formato que imagino que o futuro estádio da Ponte seguirá, mas espero que criem um setor sem cadeiras para o torcedor que quiser fazer festa, como é nos estádios da Alemanha.

Edson e eu vendo o segundo tempo da partida, a essa altura a Ponte ainda perdia o jogo
Sobre a partida, a Ponte abriu o placar com Lúcio Flávio, sofreu três gols (Elicarlos, Rogério e Eduardo Ramos), mas diminuiu com Renato Cajá e empatou com Guilherme. O resultado não foi o melhor possível se considerarmos que a rodada teve uma combinação de resultados que permitira que a Macaca ficasse numa situação mais cômoda na tabela, mas as circunstâncias do empate e principalmente a capacidade de reação demonstradas fizeram com que o ponto trazido na bagagem fosse considerado saldo positivo. Além disso, o público de cerca de duas mil e trezentas pessoas foi excelente, só não houve um número maior porque a locomoção da torcida - praticamente restrita à região metropolitana de Campinas - não foi teve muita adesão dos moradores da cidade.

Após o jogo, a melhor cena do dia: três ônibus de crianças e jovens de Araraquara que viram o jogo com ingressos doados pela diretoria da Ponte saíram da frente do estádio gritando o nome do clube, ensandecidas, com as cabeças para fora das janelas. Alguns torcedores inclusive até jogaram suas camisas, bonés e bandeiras para a molecada guardar algum "souvenir" da partida. Se esse pessoal vai se manter fiel à Ponte, ainda é muito cedo para dizer, mas tenho que aplaudir o acerto do marketing e sorrir largamente toda vez que lembrar desta cena.

Renato Cajá comemora seu gol
Por fim, apenas um imprevista surgiu com o cancelamento do encontro de amigos que faria Edson ficar na cidade. Já que ele não teria mais o que fazer por lá, voltamos nós três e mais um amigo (Maziero) no carro para tentar chegar em Campinas mais cedo que a caravana.

Monday, August 22, 2011

Solitários [2]

Como prometido (mentira, disse que só faria isso se me empolgasse), farei uma comparação entre duas histórias: a fictícia do náufrago inglês Robinson Crusoe e a real do ermitão americano Chris McCandless. Li as duas obras num curto intervalo de tempo e achei que seria interessante fazer este comparativo para encher linguiça manter o blog atualizado, porém os dois livros têm pouco em comum.

Além da óbvia vantagem de depender apenas da mão dum autor, o personagem irreal ainda foi agraciado com a generosidade do acaso: conseguiu chegar à ilha com mantimentos, armas, sementes que tornaram-se plantações de trigo, pólvora, algumas ferramentas, machados... Chris, no entanto, chegou ao Alasca com apenas um sanduíche e precisou recorrer somente ao que conseguia do solo, fossem vegetais ou animais - inclusive supõe-se que esta foi sua causa de morte, pois acredita-se que comeu alguma erva venenosa.

Além das fartas reservas do britânico, as condições também ajudaram e muito: enquanto seu "rival" encarou fim de inverno e outono no gélido Alasca, Robinson teve a facilidade de conviver com o clima tropical. Acredita-se que o local exato do exílio tenha sido a ilha de Tobago, próxima da Linha do Equador, sem neve, grandes predadores ou outros inconvenientes - e mais propícia ao desenvolvimento da agricultura graças ao clima e ao solo.

E se o terreno era produtivo, Crusoe era mais ainda. Apesar de jovem e da pouca experiência que teve com o campo e com a navegação, mostrou desenvoltura para se tornar hábil em várias artes: fazendeiro, padeiro, engenheiro (civil e ambiental), marceneiro, caçador, pecuarista, navegador, explorador, ferreiro... seu feito mais impressionante foi produzir uma canoa usando o tronco dum grande cedro - isto tudo para a embarcação ficar abandonada no meio da selva, já que era muito pesada para ser arrastada até o mar. "Alex Supertramp", muito menos habilidoso, conseguia apenas caçar esquilos e pequenas aves. Na única vez em que conseguiu um animal maior - um alce - teve tanta carne para curar que não conseguiu dar conta da tarefa e a perdeu toda. Sua casa improvisada era a carcaça dum ônibus, na verdade um ponto para permanência ativo apenas na temporada de caça.

Se a comparação é tão desleal devido à benevolência do escritor contrastante com os infortúnios dum andarilho que dependia do acaso, então resta apenas comparar o retrato do homem de cada época. Robinson é a personificação do eurocentrismo: tentou converter o indígena Sexta-feira ao cristianismo e ensinar seu idioma, mas não se interessou em nenhum momento pela cultura do sul-americano e mesmo após mais de vinte anos sem contato com ninguém, o exilado ficou ansioso não apenas para ter contato com outra pessoa, mas também pois teria a possibilidade de conseguir um escravo para auxilia-lo em suas tarefas. Outro criado foi o muçulmano Xuri, vendido pelo inglês após terem fugidos juntos - e nem essa cumplicidade pôde comover Robinson.

Robinson e Sexta-feira, por John Charles Dollman
Assim como agia com outros homens, o habitante da ilha também não pensava sobre consequências ou repercussões de seus atos: matava seus animais de estimação, suas criações, bichos selvagens da ilha e até indígenas sem que sua consciência pesasse. Sua única hesitação foi com a possibilidade de matar alguns homens brancos, mas estes apenas foram tomados como prisioneiros - e depois condenados a ficarem na ilha enquanto o personagem principal navegava de volta à Inglaterra.

Chris, no entanto, tinha muito mais consideração pela vida e pelo meio. Sentiu verdadeiro remorso por abater um animal que não pôde ser comido - e até considerou esse ocorrido como a pior coisa que aconteceu em sua vida. Interessava-se genuinamente por todos que entrassem em seu caminho, com curiosidade de saber como era aquele novo conhecido e, mais tarde, até tentava ajuda-lo com conselhos. Como toda sua peregrinação e exílio foram opcionais, em nenhum momento se arrependeu de suas escolhas - inclusive esta foi sua última mensagem. Robinson, forçado por uma tempestade à permanência numa ilha, em muitos trechos do livro se diz feliz e bem adaptado, mas esquece toda essa inusitada felicidade a cada vislumbre de retorno ao Velho Continente.

Casal platônico: Chris e Tracy
Enfim, se não dá para recorrer a Robinson Crusoe como um guia de sobreviência ou um relato da vitória do espírito humano, o livro serve hoje como um retrato de como o homem inglês via a si mesmo, ao resto da Europa e ao mundo há alguns séculos. Na Natureza Selvagem desenha o que talvez seja um ideal utópico de desapego material e até interpessoal - Chris conhecia muita gente, mas nunca mantinha estes laços. Então fica a constatação: apesar do período de isolamento entre os dois personagens ser algo tão marcante em suas trajetórias, esta característica é apenas um detalhe que os une, assim como Sancho Pança e Lula deveriam ser a cara um do outro, mas têm poucas semelhnaças além dessa.

Thursday, August 18, 2011

Idiossincrasias

Vez ou outra ouço quem diga que gosta de ir ao estádio pois esta seria uma fuga da rotina do dia a dia. De fato, os jogs acontecem numa frequência muito menor do que, por exemplo, aulas ou expedientes. Além disso, há o fator do inusitado no esporte: ninguém sabe como e quão boa será uma partida, nem quem será vencedor com quantos gols (nem quem manipula resultados tem certeza disso). Porém, toda a combinações de rituais, costumes, pequenos gestos inerentes ao grupo - a tal idiossincrasia do título é isso, caso tenha te faltado o significado -  e até superstições fazem com que a vida do frequentador de canchas tenha apenas uma segunda rotina, mas apenas sabática.

Antes de sair de casa, já é possível cair no feitiço do tempo com aquela peça de roupa da sorte. Serve como amuleto uma camisa antiga do time, uma roupa íntima de certa cor, radinho de pilha, alguma corrente ou tudo isso junto - já que a sorte só pode vir desta combinação, defende algum marmanjo com convicção de fazer rir qualquer leitora fiel de horóscopo.

Depois de devidamente equipado, sai de casa para ir ao campo. Pode pegar o carro para ir e dar carona a algum amigo, ir sozinho ou até ir a pé, sempre respeitando o mesmo trajeto. Ao chegar ao local do jogo, é possível tomar uma(s) cerveja(s) antes da partida. A mesma marca de sempre. Com os amigos de sempre. Comprada no mesmo isopor de sempre.

Quando não há mais tempo para beber, a torcida entra e cada subgrupo vai tomando seu respectivo lugar. Corneteiros, torcedores organizados, senhores com radinho, marias-hooligans, cinegrafistas amadores com seus celulares, turistas, crianças que parecem ter entrado sozinhas... em cada estádio do Brasil (exceto na Arena da Baixada) estes conjuntos respeitam uma disposição mais ou menos semelhante à de uma orquestra, com suas divisões de instrumentos equilibradas mesmo aparentemente sendo tão dissonantes.

A bola começa a rolar e, é claro, os observadores comentam o jogo com seu colega ao lado. Como disse acima, há majoritariamente bolsões criados involuntariamente por afinidade de ideias, então não há muita discussão quando se exalta um jogador mesmo após um passe errado ou se, vinte metros ao lado, alguém xinga toda a família do lateral que apenas cruzou uma bola nas mãos do goleiro adversário. Aliás, os elogios até variam já que uma jogada criativa e insinuante é inesperada, porém as críticas, principalmente aquelas proporcionadas por limitações técnicas, são tão batidas que até um leitor deste post pode cornetar caso vá a um estádio pela primeira vez na sua vida.

"Como que um jogador profissional erra essa jogada??", não se conforma alguém que, desconfio, não deve ser o funcionário do mês da sua empresa ou divisão. "Eles ganham uma fortuna e não dão o sangue!!", diz o incrédulo que não aceita que uma bola saia pela lateral numa velocidade superior à de Usain Bolt sem um pique daquele lateral que já jogou por mais de uma hora. A minha favorita, no entanto, é aquela frase que acompanha cobranças de escanteio do time adversário. "Quando é escanteio para nós, nunca dá certo. Quando é para eles, sempre sai gol", queixam-se jogadores de ambos os times - que também podem aplaudir juntos quando um zagueiro recuar alguma bola além de sua própria linha de fundo.

Uma curiosidade sobre o Moisés Lucarelli, estádio da Ponte: o alambrado que fica próximo à linha lateral, apesar da péssima visão do campo oferecida, é um ponto concorrido por aqueles que querem pressionar bandeirinhas, árbitros e jogadores adversários. Todos que ocupam este espaço se esforçam para manter uma boa posição e não irem para o fundo dos "macacos do alambrado", mas algo curioso acontece quando alguém perde um gol feito ou comete um erro grave na saída de bola: um grande números destes torcedores dá meia volta, xinga o jogador que causou a revolta e faz aquele gesto de revolta erguendo rapidamente a mão direita, espalmada, acima da cabeça. Tudo isso em fast forward para não perder o posto conquistado na grade.

Finalmente termina a partida. O torcedor sai e uma unanimidade paira sobre a massa: não importa o resultado da partida, sempre é preciso tomar cuidado com o time X, que vem depois de algumas rodadas. X pode ser um time na zona de rebaixamento que esboça uma reação, o líder do campeonato, aquele time que não quer mais nada na disputa - e que, por não ter obrigação, jogaria mais solto - ou até o time do clássico regional, mas participar de qualquer campeonato é um extenso período em que todo e qualquer adversário pode virar uma ameaça letal.

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