Mais uma vez, exerci meu direito e participei da festa da democracia (ai de mim se eu ficasse de fora!): saí de casa para dar minha parcela de contribuição para a escolha dos ocupantes de cinco cargos eletivos num domingo cinzento, mas confesso que meu desânimo nada teve a ver com o dia com aspecto londrino. Ironicamente, a tarefa de escolher deputados - categoria que se tornou um show de calouros de ano de Copa - foi a mais fácil e que tive mais nomes de confiança: o educador Eduardo Coelho como federal e Célia Leão.
O desalento é causado pelos concorrentes ao cargo mais importante da nação; Dilma, uma despreparada trainee de ditadora com histórico questionável; Serra, mais competente, tornou-se mais continuista que a candidata petista; Marina foge de confrontos e seu jeito delicado não inspira confiança. Plínio, mera ferramenta de ganho de Ibope, mostra-se competente como seus contemporâneos da Revolução Socialista de 1917: muito idealismo e pouca responsabilidade, dois pés que andam juntos na direção do fracasso. O restante é igual ao veteraníssimo socialista do PSOL, mas sem o mesmo apelo comercial.
Além das características individuais, não se fala nos debates sobre nenhuma mudança significativa na educação (apenas compensações e auxílios para o ensino superior) ou na estratosférica carga tributária. Cada vez mais preocupam-se apenas com o crescimento econômico, mesmo que isso crie gerações de endividados jovens ignorantes hipnotizados por seus gigantescos e superfaturados televisores de tela plana adquiridos em cômodas 17 prestações.
Se der para fazer um churrasco no fim do mês, tudo bem |
Mais: não parece mais haver oposição. Enquanto Dilma, candidata da situação, usou a mudança como norte de sua campanha, um apático Serra apostava na continuidade e até na ampliação dos programas que eram do PT que eram do PSDB (o cúmulo sendo a proposta de 13° do Bolsa Família). Com meia dúzia de votos a menos, suspeito que o tucano deixaria a barba crescer - se ocupasse o terceiro lugar das pesquisas, cortaria um dedo também. Se o principal adversário da gaúcha começou um vergonhoso de "siga o mestre" com Lula, qualquer esperança de confronto desmoronou ruidosamente.
Resta agora torcer. Para que eu esteja errado, principalmente. Meu desânimo com um futuro distante vai ficando mais profundo a cada quatro anos (e o destino, que era cinzento, escurece assim como o céu após todo o tempo que levei para escrever esse post).
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