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Wednesday, October 6, 2010

Pior que está, não fica

A polêmica criada pelas eleições desse ano dizem respeito ao palhaço Tiririca, eleito para o cargo de deputado federal com mais de um milhão de votos no meu querido estado de São Paulo. "Querido" pois, durante a semana, muita gente dizia ter vergonha de ser paulista graças à escolha do comediante cearense ou do governador tucano - embora eu ache que uma história de séculos não deva ser apagada por um ou dois políticos de qualidade duvidosa, mas o texto não é sobre isso.

Assim como nos dias em que a seleção brasileira foi eliminada da Copa do Mundo, venho aqui para livrar a cara do (aparente) vilão da história: Francisco Everardo Oliveira Silva. Estão jogando sobre seus ombros, dum mero idiota útil/laranja, três problemas gravíssimos. Para começar, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) não fiscaliza corretamente quem concorre a cargos de tamanha responsabilidade, mas agora recebe denúncias e promete investigar se Tiririca é realmente analfabeto. Há quem defenda que não se deve impôr barreiras aos postulantes a cargos públicos pois isso seria antidemocrático, mas é melhor barrar meia dúzia de sub-celebridades com apelo popular do que correr contra o tempo como acontece nesta semana.

Um terço da culpa fica com os partidos, que também falham por não demonstrarem ética e usarem qualquer artifício para arrebanhar votos. Enéas, do Prona, tornou-se um personagem pela forma enérgica que se apresentava e por defender alguns interesses incomuns no afável mundo de promessas pré-eleitorais, mas sua conquista duma vaga com um milhão e meio de votos mostrou qual seria o caminho para outros partidos de menor expressão alcançarem um lugar ao sol. Agora, com Tiririca, fica provado que um candidato suficientemente bizarro pode ser a locomotiva que reelege alguns bondes.

Fica tranquilo. Quem tem que fazer facepalm são os outros
Por último, é obrigatório citar os 1.300.000 "abestados" que escolheram votar em Tiririca - alguns como "voto de protesto", outros com inacreditável esperança que ele pudesse fazer um bom governo ou, ainda, porque o palhaço é divertido. Não houve golpe de estado, tampouco apoio das Forças Armadas ou esquema para beneficia-lo. Caso ele assuma o cargo de deputado federal (no momento, Francisco ainda passará por um teste de alfabetização), entrará na Câmara pela porta da frente, de cabeça erguida e sem peso na consciência: quem deve cobrir a cara de vergonha vai ter que trabalhar muito para sustentar as mordomias do deputado. Ironicamente, quem ri por último, no Brasil, é o palhaço.

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