Acho que nunca escrevi sobre a carreira do meu pai, mas agora isso se torna muito relevante. O músico Fabiano (ele era militar e, por isso, sempre foi chamado pelo sobrenome) passou toda a vida trabalhando e em contato com as partituras, seja como um hobby, seja como seu emprego na PM paulista. Após aprender a tocar clarinete ainda jovem, dominou o saxofone e tornou-se regente, posteriormente passou a dar aulas, fundou a Banda PUC na universidade campineira e, ultimamente, tocava seu sax em eventos de Campinas, região e capital.
No entanto, sua carreira pode ser abreviada por um rompimento de tendão no ombro, com outros dois em estado crítico. Uma laparoscopia será realizada em outubro e, como a área atingida é muito sensível, o processo de recuperação também é lento: um mês e meio vestindo uma tipoia e três meses de fisioterapia. Como dirigir está proibido por meio ano, meu pai já negocia a venda do carro.
Eu já havia sido informado sobre a operação pela minha irmã, mas nem me preocupei tanto pois: meu pai tem uma saúde de ferro, o procedimento não será tão pesado e, principalmente, acreditei que ele voltaria a tocar após a recuperação. O anúncio da aposentadoria, agora percebo, é o que realmente me abalou na sexta-feira. Conheço meu pai, sei que ele não ficará a toa, sentado, procurando uma depressão, mas esse acontecimento foi um golpe cruel e covarde que a vida lhe aplicou. Com o tempo creio que ele irá encontrar novas atividades, provavelmente envolvendo aulas ou até algum novo hobby. Por enquanto, só dá para torcer para que a operação corra bem e estar disponível para ajudar na recuperação - já penso em ficar com ele e minha irmã algum tempo.
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