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Saturday, November 6, 2010

Ciclos

"Ainda assim, Brejnev continuou avançando cada vez mais na hierarquia. A verdade é que, na política, a promoção de uma mediocridade óbvia pode resultar da necessidade de lados opostos para explorarem suas fraquezas. Ele pode ter sido visto como transitório ( como, na realidade, o foi no início) e útil para fazer a ponte entre personalidades mais fortes, em outras palavras, uma marionete .... manipulado à vontade pelos dedos mais influentes de de membtros do Politburo como Ustinov, Chernenko, Grishin, Tikhonov e Gromyko.

Quanto mais alto Brejnev subia na direção do píncaro do poder, mais esse poder parecia escapulir entre seus dedos. E a razão de não ter perdido completamente as rédeas foi que Andropov, o chefe da KGB, e Chernenko, seu chefe de gabinete, as mantiveram em suas próprias mãos. O sistema totalitário demonstrou que podia funcionar mesmo sem a pessoa dum ditador".

Explico o trecho escrito pelo falecido historiador e ex-militar soviético Dmitri Volkogonov: após o afastamento do reformista Nikita Khruschev, havia necessidade de escolher um novo líder para a URSS. Receosos de retornar aos anos sangrentos do stalinismo e de apostas em mudanças como fez o aposentado NK, os principais membros do partido escolheram o apático e indeciso Leonid Brejnev, uma espécie de "Forrest Gump" ucraniano capaz de rolar de um lado ao outro, sempre na direção correta. Mesmo com trajetória sempre ascendente, nosso personagem ainda não tinha força (nem política, nem graças à sua personalidade) nem vontade para impôr mudanças ao rumo da União Soviética, apenas fazer os discursos escritos por outras mãos e assinar o que chegasse à sua mesa.

Entre uma e outra homenagem a si mesmo, Brejnev
Hoje a personagem que assume o poder é a presidenta Dilma Rousseff. Claro, ela tem uma personalidade diferente da de Leonid, porém rispidez, um tom de foz frme e cara fechada não se traduzem em força numa eventual queda de braço. Pior: não corre o risco de ceder apenas à oposição ou a líderes de outros países (como no caso das unidades da Petrobrás nacionalizadas na Bolívia),  mas a vozes mais influentes dentro do próprio PT. 

Minha suspeita não precisou nem chegar à posse para ser confirmada: os últimos votos mal haviam sido computados e já surgiram rumores de que havia pressão sobre Dilma para o retorno da CPMF. Governadores aliados pedem que a não tão provisória taxa volte, mesmo sem haver necessidade disso - ou uso do dinheiro arrecadado na saúde. Torço para errar, mas creio que a contribuição volta apesar da (vaga) promessa de oposição forte dos tucanos.

Assim, um governo que aparentava estar voltado à continuidade das políticas de Lula e que seria só para "administrar o resultado", como se diz no futebol, mantendo a  supremacia petista por mais quatro/oito anos já começa a perder credibilidade em sua gestação. Novamente, espero que a recém-eleita Dilma seja uma surpresa positiva e mostre ser a mulher forte que anúncios prometeram por meses.

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