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Saturday, January 1, 2011

2011 chegou

O novo ano já está aí. Não vejo ninguém nas janelas, nas ruas e nem no meu prédio. Até a avenida mais próxima está tranquila, com a passagem de um ou dois carros a cada dez minutos. Acordei cedo para tomar um chimarrão e bloguear/blogar (??) um pouco sobre a virada do ano. Como trabalhei ontem até perto de 19:00 com possibilidade de ficar por mais três horas não deu para fazer muitos planos para o grito de ano novo, então peguei o caminho mais garantido: ceia e culto na igreja que minha irmã frequenta, a Batista Central de Campinas.

Chegamos cedo, uma hora e meia após minha saída do trabalho. Cumprimentei muita gente, pegamos uma mesa num canto afastado e fiquei com minha irmã, dois casais de amigos e uma moça com um vestido um pouco mais ousado do que o contexto permitiria - costas à mostra numa comemoração que envolvia culto e orações... Mas vamos lá. Após uma rápida apresentação dum tenor que interpretou Nessun Dorma e La Donna è Mobile, começou a comilança e, pouco antes das 22 subimos para a nave principal do edifício.

Não conheço a rotina de trabalhos do Pastor Natal, mas esse me pareceu mais um culto "Show da Virada", já que falaram dos destaques do ano, sobre o trabalho com as Células e houve um breve sermão sobre perseverança. Sobre as Células: são subgrupos que agem dentro da igreja, sob a tutela de um líder e organizam-se encontros, acampamentos, trabalho voluntário, doações... Um trabalho legal, principalmente porque esses grupos têm uma certa autonomia e liberdade de ação. Após essas palavras do pastor e uma última música, começaram os cumprimentos pela chegada de 2011.

Achei interessante notar a receptividade dos membros da igreja, principalmente pois eu era alguém de fora e via gente andando por metros para me cumprimentar - gente que nunca vi e que nem sei se verei novamente. Não havia também avareza nos cumprimentos: abraços eram distribuídos fartamente, enternecedores e até com tapinhas nas costas. Enquanto escrevia esse parágrafo lembrei que o pastor já havia proposto, no começo do culto, uma pausa para que as pessoas se cumprimentassem e a única diferença para o momento da virada foi a abrangência da busca por pessoas para abraçar - neste momento, abraçava-se apenas quem estava nos bancos anteriores e posteriores.

Depois refleti sobre esse contato coletivo e principalmente o contato físico. Hoje um simples toque e a violação do espaço pessoal (que termo...) pesam muito mais do que deveriam. Ao pegar um ônibus duas pessoas sentam-se uma ao lado da outra e pede-se desculpa caso o joelho de um passageiro encoste em seu vizinho. Há até uma certa coerção contra quem é "pegajoso" e dá um aperto de mão mais longo ou conversa com a mão no ombro de seu interlocutor. Confesso que não sou um desses, mas aos poucos tentarei aumentar um pouco meus toques e prolongar os apertos de mão - mas só um pouco, isso é difícil para mim e inconveniente para os outros.

O contato físico tem algo alentador e reconfortante, seja numa igreja, num estádio de futebol ou num mosh pit. Acabei surpreso por ter gostado tanto desse ano novo entre tantos desconhecidos, ainda mais porque planejava passar a virada sozinho. Eu sei, é algo estranho,  seria um ato antissocial, mas acho que lá no fundo, em algum canto do porão do meu subconsciente, começou a ecoar uma frase de Travis Bickle: "Eu acho que um homem deve se tornar uma pessoa como todo mundo". Acho que entrei em contradição com meu Questionário de Proust e me conformei. Preferi evitar os questionamentos logo nos primeiros dias do ano por um caminho mais seguro, mas pelo menos a escolha valeu a pena.

Como eu queria passar o Ano Novo até poucos dias atrás

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