Compartilho aqui um post do John Galt, pseudônimo dum conhecido de Twitter e Blogger que desapareceu de ambos os sites nesta semana. Felizmente eu havia salvo dois posts dele numa lista de textos e resolvi compartilhar um deles. O post fala sobre oportunidades e, mais importante ainda, sobre como tratá-las.
Oportunidade para quem?
Tenho pensado bastante
ultimamente sobre a idéia de “oportunidade”, e uma interação no Twitter hoje me
levou a escrever sobre o assunto. Algumas pessoas da direta tentam defender o
capitalismo argumentando que ele promove a “igualdade de oportunidades”. Esse
argumento é péssimo. Explico.
Certos esquerdistas afirmam que,
embora exista um abismo entre os "progressistas" e os conservadores
sobre a questão da desigualdade de renda, é opinião unânime que não existe
igualdade de oportunidades suficiente. Chegam aos píncaros de dizer (como já vi
no Twitter tempos atrás): “Difícil entender como alguém pode discordar da
vontade de igualar as oportunidades para todos”.
ORA, PORRA! Uma coisa é certa: a
idéia de “igualdade de oportunidades” foi aceita por todos, desde Arthur Brooks
até Milton Friedman.
Como é soez, serei voz
discordante. Pensem como as coisas seriam se essa idéia fosse levada a sério:
- Eu tenho as mesmas oportunidades que os filhos do Steve Jobs? Negativo. Pela premissa esquerdista, o governo tem a obrigação de tomar deles uma parte de sua herança e dá-la a mim.
- Eu tenho as mesmas oportunidades que as filhas do Barack Obama? Negativo. Pela mesma premissa, o governo tem a obrigação de me proporcionar a mesma rede de relações que elas têm e terão.
- Os filhos de uma parelha de imbecis têm as mesmas oportunidades que os filhos de um casal de gênios? Mais uma vez, negativo! Então, o que o governo deveria fazer? Não há como fazer com que uma criança fique mais inteligente por decreto. Exigiria o princípio da “igualdade de oportunidades” que ela roubasse o cérebro da criança inteligente?
A “igualdade de oportunidades” é incompatível com a liberdade. A
rigor, na prática, não há diferença entre a tentativa igualitarista de igualar
os resultados e a tentativa de igualar as oportunidades. O que uma pessoa
consegue na vida é a oportunidade de outra. O sucesso do pai é a oportunidade
do seu filho. O sucesso de um empresário é a oportunidade de um futuro
contratado. A única maneira de tentar igualar as oportunidades é igualar os
resultados.
A triste ironia de tudo isso é
que oportunidade decorre diretamente da liberdade. Quando um país é livre,
todos têm a oportunidade de conquistar o sucesso. Embora algumas pessoas
inevitavelmente enfrentem dificuldades maiores do que outras, ninguém pode
impedir outra pessoa de conquistar o sucesso.
Quanto mais se promove a
"igualdade de oportunidades", menos oportunidades cada um terá.
Mas tudo isso deixa uma questão
sem resposta: o que é "oportunidade"?
Oportunidade se define como uma
série de circunstâncias que possibilita que algo seja feito. Dou um exemplo: se
um treinador ou professor de tênis estiver assistindo a um jogo meu e achar que
tenho potencial para ser treinado e me tornar profissional (digamos que isso
fosse possível na minha idade já avançada), isso será uma oportunidade. Entrar
em uma determinada escola pode criar a oportunidade de estudar com um excelente
professor. Herdar um milhão de reais pode ser a oportunidade de investir numa
nova empresa.
Mas vejam só que interessante: a
pessoa precisa ter uma determinada índole para aproveitar essas oportunidades.
É necessário que a pessoa adote as habilidades, as práticas e os hábitos que
conduzem ao sucesso numa determinada área da vida.
O treinador de tênis não faria
nenhum bem para mim porque eu não estou em forma (minto: estou em forma... de quibe do
Habib's). E mesmo que eu estivesse em forma, o resultado seria pífio porque
eu não passei anos treinando tênis a sério (embora jogue todo fim de semana).
Estudar na melhor escola do país não adiantará nada para um aluno relapso,
primeiramente porque provavelmente ele não consiga a vaga e, mesmo que consiga
por milagre, ele não terá como aproveitar ao máximo o que os bons professores ensinam
se não se esforçar para melhorar como aluno. Andem pelos colégios de elite
deste país e entenderão o que estou dizendo. Finalmente, nem mesmo herdar um
milhão de dinheiros fará bem algum para uma pessoa que não consegue gastar 10
reais de maneira responsável.
Gosto de pensar no Bill Gates. Há
quem diga que a maior parte do sucesso dele se deveu à sorte, por exemplo,
à sorte de ter freqüentado uma das poucas escolas do seu tempo com computadores
à disposição dos alunos. Mas o Bill Gates não era o único aluno dessa escola. A
oportunidade só teve valor para ele porque ele escolheu, dia após dia, dedicar
seu tempo a aprender a usar o computador, em vez de ficar largado na frente da
televisão ou indo a baladas.
Certa vez, o Steve Jobs comentou
que o sucesso da Microsoft se devia ao fato de Bill Gates ser um oportunista
(cito de memória, não me lembro das palavras exatas). A questão é que o Steve Jobs
usou o termo "oportunista" como elogio.
O Bill Gates enxergou um
"conjunto de oportunidades" que “possibilitou fazer algo” e, então,
agiu de acordo com essa avaliação. Outras pessoas foram expostas ao mesmo
conjunto de circunstâncias e não viram uma oportunidade e/ou não fizeram nada
com ela.
Uma oportunidade só tem valor
para quem se prepara para tirar vantagem dela. Além disso, esse tipo de pessoa
cria muitas das oportunidades que encontra na vida, quando não a maior parte
delas.
Quem leu o livro Atlas Shrugged (A
Revolta de Atlas) entenderá: não importa quantas oportunidades caiam no
colo de um James
Taggart: ele não vai conseguir aproveitá-las. Já uma Dagny
Taggart transformará em oportunidade praticamente qualquer circunstância
que encontrar.
Não, amável leitor, você não é
responsável por todas as oportunidades da sua vida. E, é claro, algumas
circunstâncias externas podem ser favoráveis e outras, desfavoráveis. Mas quem
diz que é necessário redistribuir a riqueza para criar oportunidades está
redondamente enganado. Num país verdadeiramente livre, o que essencialmente
importa não é quantas oportunidades são dadas a uma pessoa, e sim se essa
pessoa escolhe se tornar o tipo de pessoa capaz de aproveitar e criar as
oportunidades.
Por outro lado, não faz sentido
dizer que todos devem ter as mesmas oportunidades. "Oportunidade" é
um conceito relativo, ou seja, é uma relação entre os objetivos da pessoa e uma
circunstância que pode ou não ocorrer. Além disso:
- nem todos têm os mesmos objetivos
- nem todos têm o mesmo conhecimento para reconhecer as oportunidades
- adquirir conhecimento é um ato voluntário
- o indivíduo só se preocupará em se destacar numa área de que goste muito, e nem todos gostam das mesmas coisas
A idéia de igualar as oportunidades exige uma visão
integral/sobrenatural/ditatorial da sociedade e das pessoas. É exatamente isso
o que os esquerdistas pretendem quando falam em (re)distribuir isto ou aquilo.
Outro aspecto raramente abordado
da "oportunidade" é que, para aproveitar uma oportunidade, é
necessário reconhecer o "conjunto de circunstâncias" como algo que se
possa aproveitar. É fácil ser "engenheiro de obras feitas" depois que
algum gênio aproveita essas circunstâncias.
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