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Sunday, January 26, 2014

Oprimido

Está nas revistas, na televisão, nas ruas e em boa parte da internet. A ditadura das barbas chegou e não deve ir embora tão cedo. Este adereço facial usado de formas tão variadas durante o decorrer da história e renegado até pouco anos atrás foi resgatado pelos hipsters. Porém, ao contrário dos óculos de armação quadrada, dos cachecóis e do consumo diário de cinco litros de café, o uso da barba se alastrou e tornou-se popular entre homens de outros nichos sociais.

Mas por que escrevo sobre um padrão estético se não o sigo? Para reclamar, é óbvio. Para registrar que já fui discriminado. Que já mandaram que eu parasse de me barbear. Que já fui chamado de "imberbe", "cabeça de lâmpada", "amendoinzão" e outros termos humilhantes. Sim, leitores, já fui oprimido simplesmente por não ostentar uma barba. E ninguém pergunta sobre o meu lado! Que tal perguntar sobre minha vontade de tê-la ou não, sobre a velocidade do crescimento dela ou sobre meu emprego antes de apontar um dedo acusador em minha direção? E como posso viver à vontade num mundo em que abro o Facebook e vejo mulheres babando por barbados numa página chamada "Faça amor, não faça a barba", cuja descrição é "Desculpem-me os 'desbarbados', mas barba é fundamental"? É ou não é muita humilhação?

Ok, reconheço que eu não sou obrigado a seguir essa regra, mas minha pilosidade não me define e não é justo que eu seja excluído pela sociedade por causa dela. Reconheço também que nós, desbarbados, somos uma maioria - até temos alguns agentes infiltrados entre os barbados. A questão é que este padrão excludente gera uma casta de privilegiados, uma elite à qual me refiro como "oligopólio dos 'likes'".

E aí surge um impasse: não consigo faço questão de seguir este padrão de beleza vigente, mas ao mesmo tempo fico inconformado por não fazer parte dele. O que fazer? Escolho a rendição e deixo a barba crescer? Não, isso demoraria demais, não tenho paciência para isso e não gosto do visual Zangief (fora que não quero ficar com cara de integrante do ZZ Top). Ignoro a ditadura imposta pela indústria da barba? Impossível, até o delinquente do Varg Vikernes é celebrado por minhas amigas barbófilas (?) e eu não posso assistir um absurdo desses calado. Resta apenas soltar queixas e mais queixas nas redes sociais para quem sabe combater essa opressão da mídia e da sociedade.

Talvez deveria haver alguma forma de controle para impedir que homens de cara lisa sejam discriminados. Não sei, uma opção poderia ser a regulação da mídia para que piadas, chacotas e comentários maldosos sejam proibidos. Melhor: uma lei que censure esse tipo de comentário ofensivo, assim os opressores deixarão de expressar essas observações desnecessárias - pelo menos longe do alcance de minha percepção. Enfim, há muitas formas para se trabalhar essa questão e alguém tem que tomar alguma ação (alô, governo!). Eu juro que estou bem comigo mesmo e me aceito como sou, mas sabe como é, essa também ajudinha não faria mal, né? E se não mudo, o mundo que mude por mim.

Mas o que é isso??

6 comments:

  1. Sumemo manolo... ahahahahahaha como eu sempre digo, faça amor e faça a porcaria da barba, RUM! hahahahaha

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  2. O mais estranho que eu acho é a contradição: louva-se o rosto barbado ao mesmo tempo que está virando moda homens depilarem o peito e as pernas.

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  3. Ah, e só pra constar, usei barba de 2002 aré 2012. Hoje faço todos os dias, as vezes até nos domingos.

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  4. Já, já barbados (felizmente) voltarão a ser párias. Modinha sux.

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  5. Não tenho nada contra quem usa barba ou não usa barba. O problema, pra mim, é quem usa bigode.

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  6. hahahaha, ainda bem que você não tem barba Lu, porque eu tenho alergia. heheh

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