Eis a segunda parte: atravessei os Estados Unidos com meu pai no dia 25 de abril e o dia foi "perdido" devido a todo o tempo de aeroporto, avião, mudança de fuso horário e transporte do aeroporto ao hotel, então só deu tempo de dormir - inclusive porque chegamos ao quarto por volta de 1 da manhã. Na manhã seguinte passamos pela B&H, uma loja de eletrônicos com uma peculiaridade: quase todos os funcionários são judeus, inclusive com parte das vestimentas tradicionais por baixo dos coletes verdes do uniforme da loja, então creio que apenas nesse dia já vi mais hebreus do que havia visto em toda a minha vida - e duvido que verei esta mesma quantidade somando os anos em que ainda viverei. Sobre a loja, meu pai precisava dum microfone e comprou por lá, vale muito a pena para quem procura equipamento de áudio, vídeo e principalmente fotografia.
De tarde passamos na central do City Pass, um "cartão vip" para turistas terem acesso privilegiado a atrações, eventos e descontos em lojas e restaurantes. Também pegamos dois tickets dum ônibus de turismo da Gray Line que pode cortar Manhattan, o Harlem, Brooklyn e outras partes de NY de acordo com a linha - ou mais de uma linha pode ser combinada. Recomendo apenas tomar cuidado de fazer horários coincidirem, pois o cartão tem um número pré-definido de dias para ser usado enquanto os ônibus têm um certo número de horas (24 ou 48, por exemplo) de uso - então o ideal é combinar bem os dois para que falte um ou outro.
Após cuidar destas pendências partimos em direção ao Madame Tussauds, o museu de cera. É até meio perturbador ver aquelas estátuas quase humanas tão de perto, tão perfeitas e com olhares tão reais. Por outro lado, é engraçado notar como a maioria dos atores, atrizes e até atletas parecem, mas não são tão grandes como na televisão - aliás, esperava ser um hobbit entre gigantes, mas a maioria dos americanos, quando eu encontrava algum, era mais ou menos da mesma altura dos brasileiros. Sobre turistas, na "Big Apple" a maioria era formada de europeus. Para ser mais exato, franceses. Para ser mais exato ainda, francesinhas. Ok, seguindo em frente sem distrações, também vi ingleses, alemães e brasileiros. Sobre os locais, há gente com origens do mundo todo: mulçumanos, indianos, japoneses, brancos, negros e latinos, muitos latinos.
Esta foi uma das principais diferenças que notei entre os dois pontos da viagem: se na California era atendido em todos os lugares com frases em inglês, em NY bastava repararem que eu sou mais moreno para me atenderem em espanhol. Pior: em alguns lugares podia tentar falar algo em inglês e mesmo assim insistiam com um "puedo hablar español". Foi muito diferente isso, mesmo já tendo viajado à Argentina e ao Uruguai foi a primeira vez em que realmente me senti como forasteiro em algum lugar.
Na manhã do dia 27 passamos apenas de barco pela Estátua de Liberdade pois a ilha de Ellis ainda não foi reaberta - creio que devido à tempestade relativamente recente que atingiu a Costa Leste americana - e após subir de volta ao centro de Manhattan passamos pelo MET, o Metropolitan Museum of Art. É gigantesco, de repertório muito rico e com várias exibições distintas. Minhas partes prediletas foram a mostra de fotografias Street e a área de quadros impressionistas.
No domingo, uma cena inusitada: saímos do hotel logo cedo e ao chegar à 8th Avenue, tivemos que passar pelo quarteirão sem passar pois havia alguma gravação. Após sair da área restrita olhamos em direção à parafernália eletrônica e vimos que gravavam alguma cena de O Espetacular Homem-Aranha 2. A foto ficou na máquina do meu pai, mas quando fizer upload de todos as imagens para o Picasa incluo esta no álbum. Terminamos o dia com compras.
Almoçando no Rice & Beans |
Recomeçamos a semana com uma atração inusitada: visitei a lanchonete que aparece em algumas transições do seriado de comédia Seinfeld. Fomos de metrô até o perto da Harlem (nos fundos do Central Park) e chegamos ao restaurante para a foto, porém apenas a fachada é a mesma e o interior nem é o exibido na série. Passamos também pela Catedral de São João Divino. Apesar de não ser religioso, tenho hábito de dar uma olhada nas igrejas das cidades que visito e essa me impressionou pelo seu tamanho: havia uma reforma a ser feita no teto e um guindaste era usado. Ao sair de lá almoçamos no restaurante brasileiro Rice & Beans, uma opção barata e saborosa para quem ficar com saudade de comer arroz e feijão. Por coincidência conversamos com o funcionário brasileiro que nos recebeu, o André, e por incrível que pareça ele era campineiro.
Saindo de lá precisei comprar tênis novos pois os que eu vestia estavam com as solas furadas e molhei meus pés com algumas poças da leve chuva que caía, então fomos parar numa lojinha chamada MASH Army and Navy, um bequinho obscuro guardado por um policial e entupido de botas, fardas, coturnos, facas, jaquetas das Forças Armadas americanas e demais materiais apropriados para aventuras na natureza - apenas não vi armas de fogo, talvez seja preciso falar alguma senha para o dono da loja. Enfim, comprei os tênis novos e voltei de pés secos para casa.
O dia e meio restantes foram divididos em pequenas compras, giros pelo hiperbólico Central Park e lanches de rua. Gostei de New York, mas confesso que não me causou o brilho nos olhos que alguns amigos têm com a cidade. Vale muito a visita, sem dúvida, mas preferi o acolhedor, pacato e bucólico (ok, façam de conta que é tão calmo assim...) interior da California. É uma cidade fascinante e encantadora, mas ao mesmo tempo de ritmo muito acelerado, impaciente e ranzinza - às vezes mais até do que na acinzentada e tão injustamente difamada São Paulo.
Perto do centro do Central Park |
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