Descobri a pouco esta banda com a informação de que havia feito uma versão de Assim Falou Zaratustra, de Richard Strauss. Até aí, nenhuma novidade, porém fui informado de que os músicos, estudantes da Escola de Artes de Portsmouth, não tocavam os instrumentos aos quais estavam habituados: um violinista teria que tocar o oboé, o maestro ganharia mais uma vareta e cuidaria da percussão e o baterista teria que se passar por músico. Depois pesquisei um pouco mais e descobri que esse era o modus operandi normal deste grupo fundado em 1970 e que só era aceito quem não tinha instrução musical ou, caso tivesse, o integrante teria que se aventurar com um instrumento completamente novo. Uma vez que o músico fosse integrado, era preciso apenas participar dos ensaios e tentar reproduzir as músicas - o objetivo era realmente fazer algo além de barulho. O resultado é esse do vídeo abaixo.
Claro, a execução é até engraçada, mas achei isso tudo digno dum post primeiro por ser uma amostra clara do que acontece ao se iniciar algo sem a devida preparação ou montar uma equipe sem haver uma seleção apropriada de seus integrantes - o objetivo aqui é este, mas o que vemos muito mais frequentemente é a exaltação dos grupos bem sucedidos, principalmente na música (inclusive com comparações como "aquele time joga por música" ou "aquele gerente conduz seus funcionários com maestria").
Além deste incomum exemplo de música intencionalmente mal tocada e do aspecto metafórico do despreparo, a brincadeira destes ingleses funciona como uma experiência sinestésica. Mais até do que uma possibilidade de metáfora com empreitadas de conclusão trágica ou até trilha sonora de alguma catástrofe corporativa, esse trabalho transcende a barreira dos sentidos e, de certa forma, ouvir essa orquestra é ouvir os próprios fracassos. Se a administração do governo Kassab ou o disco Lulu produzissem música, certamente elas soariam de maneira semelhante ao que estes jovens ingleses fizeram.
Bem nessas |
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