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Friday, September 7, 2012

E a Caravela?

Creio que os possíveis leitores campineiros já tenham identificado o assunto do post já no título, mas é preciso explica-lo para quem for de fora da cidade. O Parque Portugal, popularmente conhecido como Lagoa do Taquaral, oferece à população duas pistas para corrida e caminhada (uma delas com ciclovia), quadras de tênis, campos de futebol, espaço para eventos, kartódromo, concha acústica, mesas para piquenique, aparelhos de musculação... é um espaço agradável, embora precário em sua conservação. Há ainda área verde, algo cada vez mais escasso em Campinas e, evidentemente, há uma lagoa. Nela, não sei bem porquê, fizeram uma réplica das caravelas que descobriram o Brasil - bela homenagem, porém sem sentido se feita num corpo d'água que pode ser percorrido a pedalinho.

Anos 70, os dias de glória

Pois bem, hoje de manhã passei pela Lagoa e vi mais uma vez os escombros que restam da nau. Não sei se há registro de dados, mas já faz algum tempo que ela está num ciclo de naufrágios, reformas e períodos de indisponibilidade para passeios. Quando digo "algum tempo", chuto - por baixo - que seja pelo menos uma década de esforços inúteis para manter "ativa" essa pilha de lenha em potencial. Pensei então em algumas sugestões para que o próximo prefeito tenha o que fazer com esse trambolho cartão postal da cidade. A primeira e mais óbvia seria apenas a reforma da estrutura, porém seria mais útil que a caravela fosse reativada no litoral - mas não duvido que se tornasse navio negreiro utilizada para o transporte de escravos da construção civil.

Como o esqueleto naval já é habitado por alguns urubus e provavelmente gatos também, outra opção é a transformação da caravela numa Arca de Noé, assim atualiza-se a homenagem à descoberta dos portugueses e passamos a falar das igrejas neopentecostais, atuais ventríloquos dos governantes brasileiros. Casais de todo tipo de bicho, inclusive humanos, serão aceitos, desde que formados por um macho e uma fêmea da mesma espécie.

Aquele sorrisinho banguela

Outra atualização seria retirar o que resta da caravela e ocupar o espaço com um carro gigante. Esta nova homenagem lembraria a indústria nacional: assim como a caravela, é um interesse nacional (?) dispendioso, atrasado, que não impressiona, não faz frente aos seus semelhantes e tem pouca utilidade prática, porém que sobrevive graças aos empurrões governamentais. "Carrão" seria seu tradicional apelido exagerado e casais poderiam namorar à sombra deste novo elefante branco.

Por fim, a proposta mais humilde e de mais simples execução: transformar a caravela, hoje deitada eternamente em berço mediano, em objetos mais úteis. Talvez três ou quatro casinhas, carrancas, tamancos holandeses, magníficos móveis coloniais... absolutamente qualquer ideia que surgir como destino para aquelas tábuas é melhor do que a manutenção dessa caricatura de Titanic.

2 comments:

  1. Essa história de restringir os casais apenas por aqueles formados por um macho e uma fêmea pode te dar problemas.

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  2. É pela temática (e patrocínio) da arca

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comentários

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