Já que o Brasileirão acabou e agora o calendário esportivo se resume a alternatividades como amistosos de atletas que rumam à aposentadoria, esportes de menor importância, resolvi descrever o projeto que bolei para o novo estádio da Ponte Preta. Sim, "estádio" e não "arena", já que nunca entendi como esse termo foi adotado para descrever qualquer puxadinho planejado para receber jogos de qualquer clube do Brasil.
Enfim, seguem abaixo os principais pontos sobre a obra copiada descaradamente das canchas de países vizinhos, um potencial altar contra os shoppings com gramados na área interna que Grêmio, Palmeiras e tantos outros planejam fazer.
Nome
Feito sob a administração Carnielli, receberia o nome de algum ex-jogador, conselheiro ou nome importante da cidade (Magalhães Teixeira? Orestes Quércia?). Porém, mais importante seria o apelido dado pela torcida. E aqui, não me atrevo a tentar prever o rumo do pensamento de toda uma gente.
Localização
O local já está disponível e está muito bem localizado: na esquina da Barão de Itapura com a Andrade Neves, onde ficava a antiga rodoviária. Hoje abandonado, o terreno e suas redondezas já estão plenamente aptos a receberem um estádio: há botecos, rede de hotelaria, há a facilidade de acesso proporcionada pelo encontro de duas grandes avenidas e, claro, há a proximidade da nova rodoviária. Como o espaço é pouco para um estádio - mesmo que acanhado - algumas casas das ruas Barão de Parnaíba e Marquês de Três Rios teriam que ser demolidas para o espaço comportar as novas arquibancadas.
Este lado de dentro do bairro, evidentemente, seria a localização do portão pelo qual entrariam os torcedores visitantes. As ruas estreitas e de trânsito caótico serviriam para causar tocaias de usuários de crack, ponte-pretanos ou até de ponte-pretanos usuários de crack.
Arquibancadas e proximidade do campo
Por falta de espaço e interesse meu, as modernas cadeiras de plástico não seriam utilizadas. Poderiam ser construídos dois lances de arquibancadas num ângulo vertiginoso, um plágio vergonhoso de La Bombonera, com a "correção" do campo mais baixo do que o original argentino - assim não se perderia aquele espaço no começo do anel inferior da bancada. Atrás dos gols, alambrados altos, com cerca de sete ou oito metros de altura e outros menores nas laterais (talvez os cerca de dois metros e meio atuais já sirvam).
E se a linha lateral atualmente já é próxima da arquibancada, creio que a distância possa ser reduzida ainda mais com a eliminação do "corredor" que separa o alambrado dos degraus da bancada e do espaço de pista de atletismo que passa por trás das placas publicitárias e gera aquele enorme vazio atrás das metas. Assim, as linhas do campo seriam contornadas de perto e separadas do público por uma distância de meio metro ou menos.
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Se não dá para avançar, então o céu é o limite |
Acomodações
Como nem tudo nessa vida é várzea, um pedaço de uma das laterais teria que receber imprensa, vitalícias, área de cadeirantes, setor VIP e demais espaços confortáveis e bem frequentados. Para alegrar a vida destes abastados torcedores e profissionais, estes seriam postos no setor Dicá, assim ficariam protegidos do sol da tarde. A lateral oposta, apelidade carinhosamente de setor Monga, seria o espaço para o torcedor comum, em todas as suas cores e classes sociais. Atrás de um dos gols, o setor Gigena seria uma geralzinha de ingressos a R$ 5,00 receberia os ponte-pretanos mais humildes. Do lado oposto, o setor Leandrinho receberia os infelizes dos torcedores adversários que não fossem sequestrados pelos habitantes da cracolândia campineira.
Caso falte espaço para construir atrás do gol, que os visitantes fiquem na ponta do estádio.
Dias de jogo
Frequentadores que desfrutam do comércio de ambulantes no pré-jogo precisariam se aventurar na rua no melhor estilo do jogo
Frogger, driblando carros e motos para buscar mais latas de cerveja, principalmente no lado da Barão de Itapura, então cuidado aí. No interior, para-avalanches seriam necessários para evitar que torcedores se esmagassem após qualquer desequilíbrio no
mar humano do setor Monga: degraus mais baixos e inclinados podem significar o apocalipse após qualquer gol, discussão ou tropeço de algum macaco com sobrepeso. Falando em obesidade, não sei se haveria espaço para uma "lanchonete", então a alimentação teria que ser baseada em pipocas, churros e pastéis vendidos por vendedores que vagam pelo meio da torcida (a mão que alimenta é a mesma que não deixa ver o gol).
Para criar uma atmosfera e embalar a torcida, o time entraria ao som de
Thunderstruck, do AC/DC. Claro, há a corrente que quer a construção duma moderna arena inclusive para receber shows de grande porte. Porém, como Campinas está muito perto de São Paulo, tenho minhas dúvidas se turnês desviariam suas rotas para o interior - fora que a quantidade de eventos necessários para tornar a arena viável acabaria com o gramado, fazendo assim o campo se tornar uma casa de shows.
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Enfim, segue aí meu projeto que nunca sairá do papel e nem voltará a existir. O futebol seguiu em frente, o mundo mudou e nem é mais possível construir algo perigoso assim, porém dá para sonhar com um inferno acanhado e intimidante destes.
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Com certeza cabe um estádio pequeno aí |