Mais uma vez o futebol, acidentalmente, escreve uma fábula, com todas suas lições de moral e metáforas. Não escreverei um "O peixe e o buldogue" ou "A calopsita e a pulga", até para não parecer um profeta do que todos já sabem. Porém, mesmo em meu ceticismo do meio de semana não imaginei que o catalão Barcelona pudesse sobrepujar tão violentamente o Santos: 71% de posse de bola, quinze finalizações a três, vitória por 4 a 0... Sem muito esforço, a equipe espanhola transformou um adversário condecorado com o título de campeão da Libertadores da América no que parecia um elenco de juniores em jogo que bastou um pouco de esforço e ainda menos de interesse - apenas o suficiente para dominar o oponente. Mas chega do Barcelona, o interessante aqui é o Santos.
Arrozado pela imprensa - e não só a esportiva - e até por torcedores de outros times, o clube caiçara passou meses dentro duma bolha de elogios utópicos. O clube jogava por música, Neymar era sim um jogador à altura de Messi, o Mundial seria apenas um palco para o duelo dos dois jogadores e muitas outras palavras que distorceram qualquer parâmetro a respeito das qualidades (inegáveis) santistas. Até Muricy, sempre tão sensato em entrevistas, menosprezou o técnico espanhol Guardiola ao dizer que não havia provado nada por não ter treinado no árduo futebol brasileiro.
Pois bem: o cirúrgico Barcelona dominou o jogo, Messi brilhou, Neymar não viu a cor da bola e Muricy fez aquela cara de guri mijado costumeira. O Santos ainda vai sobrar no futebol brasileiro e deve fazer uma bela Libertadores 2012. Neymar deve ficar mais uns bons anos no Brasil e só sair para jogar no seguro Campeonato Espanhol, onde seu porte físico ainda lhe permita jogar - algo improvável na Inglaterra, na Itália ou na Alemanha, para citar os grandes eixos - e brilhar mesmo em cima dos outros grandes do futebol brasileiro. Porém, que sejam mais precavidos, já que em terra de cego, basta ter um olho para achar caminhos errados.
Resumo do jogo, com o Barcelona aplicando o triângulo |
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