Foram muitos anos. MUITOS. Antes de saber ler e escrever eu já começava a perder vidas no infindável Pitfall, do Atari. Comecei a jogar videogame com cinco anos de idade, quando era realmente necessário ser viciado para passar horas em frente à tela - hoje é fácil perder a noção de tempo quando há jogos eletrônicos com mundos gigantescos, centenas de objetivos e premiações a serem reveladas, visual realista e outros atrativos. Porém, após uma sequência que passou pelo sistema veterano que já citei, pelo Mega Drive, por um Playstation e seu sucessor, finalmente me desvencilhei totalmente dos games.
Um pouco dessa mudança foi imposição, já que o canhão de leitura de discos do Playstation estava no fim da sua vida útil e costumava falhar. Porém, o fator mais decisivo foi a soma de tempo que eu perdia sem perceber. Cada partida de Winning Eleven, com seus cerca de quinze minutos, evitava que eu investisse meu tempo com o blog, em estudos, cuidados com o apartamento ou até pequenas distrações mais construtivas, como brincar um pouco com a Bolacha.
Portanto, acaba aqui um ciclo. Talvez volte a jogar um dia, mas não creio que será tão cedo. Talvez seja no dia em que tiver um filho e ele tenha um videogame para ele, mas até lá há muito chão. Como despedida, farei como o personagem de Nick Hornby e deixarei um breve ranking com cinco jogos que achei marcantes nestes mais de vinte anos de vício.
Shadow of the Colossus - Talvez um dos jogos mais difíceis para ser categorizado. Não é exatamente aventura, nem ação, certamente não é RPG, mas tem puzzles. Outro dia ouvi numa conversa alheia que era do estilo de God of War e, por reflexo, falei baixo para mim mesmo "Não tem nada a ver com God of War". O solitário Wander chega a uma terra aparentemente abandonada e, guiado por espíritos e sua espada, precisa derrotar dezesseis inimigos gigantescos. O primeiro encontro é genial: enquanto o jogador está ansioso e tenso com o tamanho de seu adversário, o colosso passa sem nem perceber o seu desafiante. Batalhas épicas, trilha sonora tocante e cenários desoladores fizeram com que este se tornasse o meu jogo favorito em todos estes anos.
Metal Gear Solid - Série que começou no Nintendinho 8-bits e que foi retomada no Playstation. Talvez tenha sido o primeiro jogo com pretensões "hollywoodianas" e que alcançou essa meta magestralmente. Há também o enredo complexo e de diálogos muito bem escritos, além da inteligência artificial avançada para a época. O destaque é o chefe Psycho Mantis, capaz de ler a mente de quem joga (há até uma introdução em que ele brinca com o conteúdo do cartão de memória e comenta sobre a trajetória feita no jogo). Esta habilidade torna o combate impossível, a não ser que se retire o controle do videogame da entrada 1 e a 2 seja usada - assim o inimigo reclama que não consegue ler os pensamentos de Snake, o protagonista.
Psycho Mantis comenta sobre outro jogo da Konami encontrado no Memory Card |
Legacy of Kain: Soul Reaver - Mais um jogo do Play 1. A inovação deste jogo era a possibilidade de alternar dois ambientes, um comum em que o personagem Raziel poderia transitar com seu corpo e outro "dark", para o espírito. Formas e cenários também eram modificados de acordo com o modo ativado, assim como alguns poderes e limitações também eram resultantes da mudança.
Winning Eleven - Desde o lançamento do primeiro Fifa Soccer gosto muito dos jogos de futebol, segui a série por alguns anos e joguei muito o Fifa 99 (com o eterno Bergkamp na capa). Porém, acabei cedendo à corrente pró-Winning Eleven ainda no PS1, lembro que a primeira versão que tive ainda listava Zidane como jogador da Juventus. Depois de me acostumar, adotei a série e nenhum outro título teve tantas horas da minha atenção quanto uma edição da equipe Brazukas que comprei logo após a Copa de 2006 - tanto que a uso até hoje. Foi legal comemorar algumas "conquistas" como o título da Liga com a Vecchia Signora após os líderes Inter e Milan empatarem e serem ultrapassados na última rodada ou a virada épica num Borussia Dortmundo 5 x 4 Liverpool. Apenas relevem a arteirice do vídeo.
Street Fighter 2 - Clássico supremo dos filperamas na minha infância. Aliás, ainda existe fliperama? Enfim, muitos donos de locadoras, bares e casas de jogos devem ter feitos vastas fortunas em cima da molecada que lutava entre si para se matar no SF. Até hoje os personagens e golpes especiais são citados, basta lembrar do notório Pastor Pilão ou da onda de vídeos com a música de fundo do estágio do americano Ken - a ideia era que aquele tema ficava bem em absolutamente tudo, de cenas de danças a tiroteios. Enfim, SF2 foi um sucesso estrondoso e praticamente ditou como deveriam ser os jogos de luta para sempre.
Hadouken, um golpe que virou até comemoração de gol do L. Damião |
Se existe arte nos video-games, SoC é uma obra de arte completa. Fumito Uêda criou algo de muito alto nível e conseguiu passar as mesmas emoções que um filme passaria.
ReplyDeleteEm tempo: joguei todos.