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Thursday, January 7, 2016

O despertar da Força

Demorei um pouco, mas nesta tarde fui o primeiro filme da nova trilogia Star Wars. Demorei um pouco para assistir a obra dirigida por J.J. Abrams porque, sinceramente, eu perdia um pouco do entusiasmo conforme a estreia se aproximava e o hype nas redes sociais explodia. Além disso, quanto mais filmes eu assistia, menos as trilogias anteriores faziam meus olhos brilharem devido a alguns furinhos na história, interpretações limitadas como a de "Manequim" Skywalker, à fragilidade duma ditadura que desmoronou pela galáxia inteira assim que seu líder foi morto e.... sinceramente, muito graças aos ewoks. Não dá para acreditar que um exército de ursinhos carinhosos conseguiria fazer frente a um exército com poderio bélico como era a o imperial. Mas enfim, apesar disso tudo fui ao cinema porque não custava nada dar uma chance a um novo filme, com novo diretor, com novos donos e que dá início a um novo arco.

"He was a good friend"

Como o filme já saiu faz vários dias, vou comenta-lo sem tantos detalhes do enredo e com alguns spoilers - e se você não o viu, melhor ir ao cinema do que perder tempo com esse post.

Apesar de já ter visto algumas vezes os filmes anteriores e possuir seus DVDs, não posso ser considerado um grande fã da série. Conheço a história e seus personagens, mas nunca vi nada dos muitos materiais adicionais, como quadrinhos, animações e livros. O máximo que explorei além dos próprios filmes foram os jogos Lego Star Wars, mas estes tratam exatamente dos mesmos enredos dos filmes.

Portanto, eu que não sou lá grande fã e que ainda por cima desanimava com a série, fui ver pela primeira vez um filme da saga no cinema. Sim, eu havia visto todos, mas em casa, porque só me interessei pelos filmes tarde demais, meio ano depois do lançamento de A Vingança dos Sith. E assisti aos anúncios, aos alertas de segurança do cinema, aos trailes... e quando aquelas letrinhas azuis formaram a frase "A long time ago, in a galaxy far, far away..." eu já sentia meu braço arrepiado. Então veio aquele primeiro acorde estrondoso junto com o nome da série e, porra, que sensação mágica! George Lucas, esqueça tudo que eu disse de ruim sobre a série! Tá tudo certo, inclusive o Jar-Jar Binks!

Ok, me exaltei por um instante, mas vamos à história. O sétimo episódio começa trinta anos depois de O Retorno de Jedi. O Império foi derrubado, porém parte de seu contingente se organizou numa nova entidade, a Primeira Ordem, que luta para derrubar a República. Luke Skywalker, um dos últimos Jedis, está desaparecido e a Ordem o procura para executa-lo. Sua irmã Leia tornou-se general da Resistência, grupo que luta pela manutenção republicana. A primeira cena é em Jakku, planeta desértico similar a Tatooine, onde o piloto Poe Dameron (Oscar Isaac) pede a seu dróide BB-8 que ele entregue à resistência um dispositivo com informações sobre o paradeiro de Luke.

Aqui faço uma pausa para comentar: essa cena lembra bem a cena de Leia em Uma Nova Esperança, em que ela entrega a R2-D2 um dispositivo com um pedido de socorro. Essa foi uma das referências mais sutis, mas achei um pouco exagerada a quantidade de menções, frases repetidas, símbolos e até personagens que homenageiam os outros filmes. A história já acerta pela sua continuidade e pela fidelidade ao estilo anterior, então não precisa desses artifícios para mostrar aos fãs mais rígidos que a saga está em boas mãos agora que Lucas não cuida mais dela.

Rey, BB-8 e Finn
De volta à história: Poe é capturado pela PO e mais tarde torturado/interrogado por Kylo Ren (Adam Driver), o novo mascarado, além de neto de Darth Vader e filho de Han Solo e Leia, enquanto BB-8 consegue fugir. O robozinho encontra Rey (Daisy Ridley), uma mulher que vive na sucata duma nave e que recolhe ferragens em troca de comida. Ela acompanha o robô gorducho até o ponto de venda de materiais e quase sucumbe a uma proposta por ele, mas prefere proteger o robô a entrega-lo. Neste ponto de trocas ela encontra Finn (John Boyega), ou FN-2187, homem que trabalhava como stormtrooper da Primeira Ordem e que havia abandonado seu posto numa tentativa de salvar Poe - presumidamente morto na tentativa de fuga. Rey e Finn fogem de Jakku a bordo uma "lata velha", a Millenium Falcon. Mais tarde foram interceptados por Han Solo e Chewbacca, que ajudam os dois fugitivos a levar a mensagem a Leia e à Resistência.

O quarteto viaja até Takodana, onde podem conseguir informações de como levar a informação à Resistência. Neste planeta Rey tem seu primeiro contato com o sabre de luz que pertencia a Luke e, creio, com a Força. A Ordem ataca com sua arma, a Starkiller, e destrói os planetas que abrigam a capital da República. Enquanto a frota da PO ataca Takodana e destrói a cantina onde Rey e os outros personagens estavam, reforços da Resistência chegam e protegem a área, mas Rey já foi capturada por Kylo Ren. Entre os reforços está Leia, cujo reencontro com Solo foi um dos momentos mais tocantes do filme - algo simples e natural, mas que não havia entre Padmé e Anakin. Um ataque à arma Starkiller é organizado e a frota ajuda a destruir o planeta usado como arma pelos insurgentes, com a ajuda de Finn, Rey, Chewbacca e Han, que trabalharam de dentro da base inimiga para desabilitar suas defesas. Han, no entanto, é morto por seu filho Kylo, que precisa se livrar de qualquer laço para poder se unir integralmente ao lado negro da Força. As últimas sequências mostram a revelação da localização de Luke, que é visitado por Rey (filha dele, suspeito).

Assim termina o filme, do qual gostei, mas não achei lá tão espetacular quanto alguns amigos mais entusiasmados fizeram parecer. Ainda é o começo da trilogia, então a história começa mais devagar devido à apresentação e desenvolvimento de novos personagens. No geral DDF tem algumas semelhanças com Uma Nova Esperança e há alguns indícios de que o oitavo filme gire um pouco mais em volta de Kylo e Rey, que devem desenvolver suas habilidades com a Força - ele está longe de ser um mestre e ela está quase tão crua quanto Luke no fim de UNE. Falando em ritmo da história, gostei da forma como o lado mais "político" da trama é explicado, mas de maneira mais econômica do que aquelas cenas dignas da TV Senado da trilogia moderna. 

Kylo e os stormtroopers, que não são mais clones
Sobre as interpretações, também as achei muito positivas, mesmo mantendo a tradição de atores não tão renomados. Rey saiu uma personagem cativante e carismática com todas suas habilidades de prodígio como mecância, piloto e até Jedi - e o melhor: sem aquele jeito mala de criança-prodígio participante do programa do Raul Gil. Finn é mais irreverente e quebra a tensão de algumas cenas com suas trapalhadas e tentativas de ser cara-de-pau, mas a dose de humor está bem medida e não ficou exagerada. Kylo Ren não será um novo Darth Vader, mas ainda pode se tornar um ótimo antagonista. Creio que foi um erro já terem tirado seu capacete neste primeiro filme. A revelação dum jovem inseguro sobre suas capacidades e incerto até sobre sua inclinação ao lado negro da Força o humanizaram duma forma que não permitirá ao público criar aquela aura de terror que havia ao redor de seu avô, Anakin Skywalker.

Quanto aos atores da trilogia clássica: Harrison Ford foi o mais exigido e cumpriu bem seu papel, com uma vivacidade de quem bota o coração no que faz, encerrando sua participação na série de maneira emocionante. Carrie Fisher teve bem menos tempo de tela, mas sua participação esteve à altura da de seu companheiro e imagino que ela tenha um papel importante no desenrolar da série. E Mark Hamill aparece brevemente na última cena do filme, por mais ou menos um minuto, creio. Foi uma participação mínima, apenas como uma confirmação: sim, ele está vivo - e ficou a cara do Zizek.

Valeu muito a pena ter gasto uma tarde das minhas férias no cinema e agora já aguardo os próximos filmes da trilogia. Não vou aparecer na pré-estreia vestido de Jedi madrugando na fila do cinema, mas estarei lá, mais cedo ou mais tarde.

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