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Friday, June 8, 2012

Exumer e Artillery no Hangar 110

Já fazia muito tempo que não assistia a um show de alguma banda internacional de heavy metal. Acho que o último havia sido o do Cannibal Corpse, em São Paulo, por volta de 2005 ou 2006. Na época até ia mais à capital para ver concertos, comprava discos, camisetas, acompanhava notícias e até me dava ao trabalho de decorar formações de bandas. Dali em diante acabei por me dedicar mais a outras atividades que, decidi então, mereciam ser prioridade - namoro e futebol, mais notadamente. Depois outros motivos me afastaram desses eventos: falta de dinheiro, quantidade de bandas vindo ao Brasil muito menor do que há hoje, perda do hábtio e até acomodação, suspeito, já que em algumas vezes até sabia de alguma oportunidade de ver algum grupo, mas não me animava tanto.

Pois bem, neste último sábado fui ao Hangar 110 ver duas bandas lendárias do thrash metal europeu: os dinamarqueses do Artillery e o Exumer, da Alemanha. Confesso que conhecia quase nada do trabalho dos primeiros e não ouvia há muito tempo qualquer coisa dos segundos, inclusive ignorava que haviam lançado um disco em 2012 - por isso a turnê. Mesmo assim, valeu muito a pena passar por lá, sentir novamente a atmosfera dum show de metal, o ethos e as idiossincrasias do público. Aliás, não sei o que chega primeiro, se o senso de humor peculiar ou se o gosto musical exótico, mas ambos parecem andar juntos e entre os fãs de heavy metal as tiradas sarcásticas e o humor sagaz são encontrados em concentração maior do que em alguns outros círculos sociais - mas quem escreve também tem um senso de humor um pouco fora dos padrões, então talvez eu apenas veja isso sob uma ótica viciada.

Pessoal animado e eu fazendo uma caricata mão de chifrinho

Essa característica se manteve inalterada no decorrer desses anos, mas notei uma mudança desanimadora no público: assim como nos estádios, parte do público se preocupa mais em registrar o que deveriam assistir. Claro, é natural tirar uma foto, até gravar uma música (assim como, por exemplo, se grava uma cobrança de pênalti no futebol), mas há quem torne isso sua prioridade para a noite. Assim, o que deveria ser o registro dum momento vira uma gravação de baixa qualidade de algo que nem foi plenamente vivido - já que o cidadão se concentrou mais em gravar sem tremer tanto do que em aproveitar a banda. Se for para gastar dinheiro dum ingresso para não ver direito o show ao vivo e aproveita-lo ainda menos posteriormente na tela dum computador, creio que é mais prático e mais barato apenas esperar por algum DVD dos músicos.

Enfim, fica aí minha nota de mau humor e incompreensão para algo insuficientemente pequeno para macular essa quebra da rotina. Por enquanto devo me dedicar aos shows locais nas casas da cidade, mas como tive a chance de sair desse hiato prolongado, desejo voltar a frequentar shows - ainda mais agora que o número de bandas que vêm ao Brasil aumentou grandemente. Não tenho mais o ânimo antigo para me entusiasmar tanto com música, mas a simples volta a um mosh pit com esses dois titãs do metal veloz e de rifferama tão rica sacudiu meu comodismo a ponto de me animar para voltar à capital mais vezes.

Exumer ao vivo numa foto amadora que uso de maneira hipócrita

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