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Sunday, January 15, 2012

Amor de verão

Neste mês de janeiro vivi uma breve paixão veronil. Rápida, avassaladora, em dez dias fui levado pela loucura e pelo encanto, porém tudo já se desfez rapidamente como um castelo de areia engolido por ondas num fim de tarde. Foram vários momentos memoráveis, inúmeras marcas que serã lembradas para sempre e infinitas lembranças das tardes de calor, suor e delírios. Férias, isto não é um "adeus", mas apenas um "até um dia".

Thursday, January 5, 2012

Beber em Campinas

As andanças recentes, principalmente quando passei pelas regiões mais movimentadas da cidade, fizeram com que eu notasse quão pouco escrevo sobre a cidade. Sei que Campinas não é um pólo de turismo e que quem vem para cá, geralmente vem a trabalho ou para algum evento, não pela agitada agenda cultural como São Paulo, pela variedade de museus e pontos turísticos como Curitiba ou pelas praias, como tantas cidades simplesmente de fundação estrategicamente bem localizada.

Enfim, ficam aí minhas cinco opções preferidas de bares na cidade: já que o blog é meu, é justo que ele seja um pouco voltado ao meu umbigo e, além disso, talvez isso seja útil para algum desavisado que precisar passar pela cidade. Só para deixar bem claro: estes não são os melhores bares da cidade, apenas meus preferidos. Os considerados melhores devem ser os mais caros do Cambuí, como algum Boteco São Bento da vida.

5 - City Bar
Auto-intitulado o dono do "melhor bolinho de bacalhau do mundo", o boteco fica na Júlio de Mesquita, a uma faixa de pedestres do Centro de Convivência. Aberto desde o horário de almoço de segunda a sábado, o bar tem boas opções para beliscar como os bolinhos portugueses e tortas. Para quem não se incomodar com a cara de sujo do bar, o ambiente é bom para essa época do ano, com as mesas na calçada - e principalmente com o movimento da feira de artesanato do CDC no sábado. O público é mais maduro, apesar da presença de alguns universitários, mas a clientela - aqui e no restante da lista - foge do padrão "geração Abercrombie" que povoa o restante do bairro Cambuí durante a noite. Destaco por ser tradicional, estar habitualmente cheio e pela facilidade de acesso, mesmo num bairro em que até Teseu se perderia.

4 - Facca
Bar com cara de antigo frequentado por gente antiga. É o mais intimista dos cinco bares, o mais tranquilo e, da lista, seria o mais apropriado para uma visita a dois - até pelo pouco espaço em seu interior, não é muito recomendável ir em grandes grupos. As senhores e os senhores que frequentam também colaboram com a atmosfera propícia a boas conversas, com chopp e, para comer, recomendo a porção de mandioca frita - na verdade, uma massa moldada em pequenos bolinhos. Fica na rua Conceição, duas ou três quadras abaixo da Catedral.

3 - Casa Du e Du
O nome "Casa" é mais fiel do que se possa imaginar antes de conhecer o local: não há qualquer faixa, placa ou qualquer referência ao próprio nome para quem passa na rua, a uma quadra da Avenida Brasil, perto do McDonald's. Apenas o movimento e o barulho das conversas denuncia a presença dos frequentadores durante as noites e, mesmo assim, não por muito tempo, já que o bar fecha até cedo - talvez seu único ponto negativo. É um lugar comum sobre a Casa Du e Du citar que os garçons não servem as cervejas e que é necessário que o cliente vá até a geladeira para pegar novas garrafas e abri-las, mas há muito mais a se dizer: o bar é barato, tem boas e fartas porções, além do clima mais informal do ranking. O "self-service" de cerveja, aliás, tem uma função interessante: é uma forma prática do vivente saber qual é o seu teor alcóolico e quão bem ou mal está das pernas, algo mais difícil de se notar quando se bebe sentado por longos períodos.

2 - Casa Rio
Único bar da lista com música ao vivo, recebe alguns sambistas da cidade e outros de fora, inclusive tiveram uma temporada de shows dos Demônios da Garoa. Apesar do samba ter exclusividade, creio que a casa agrade independentemente do estilo musical de preferência de quem frequenta - eu mesmo, que não tenho uma mísera mp3 de samba, até gosto da música executada por lá. Evidente que ouvir algo no computador, em casa é uma coisa e ouvir a mesma música num local apropriado, com muita gente sambando (inclusive o garçom Pipoca, que já foi mestre-sala de alguma escola tradicional do Carnaval paulistano) são duas experiências completamente diferentes.

Enfim, sem mais divagações: este bar tem a mesma faixa de preço dos anteriores para comidas e bebidas, porém cobra uma taxa de entrada. O público é mais jovem e um pouco mais elitizado, mas não se veem muitas demonstrações de ego ou duelos de pitiboys (ainda se usa esse termo?). As noites costumam ser animadas e a feijoada de domingo, também com música, é excelente pela festa e pela comida, com vários tipos de feijão, carnes, saladas...

1 - Bar do Wili
Como disse no post de encerramento de 2011, esse bar é meu novo xodó por uma série de motivos: fica perto de casa, serve boas cervejas em pints e jarras, tem uma boa relação custo/benefício, tenho chances de encontrar algum conhecido mesmo que resolva passar por lá sem combinar nada previamente e, principalmente, é onde me sinto mais à vontade para passar e tomar uma cerveja, mesmo que apenas um copo só para molhar a garganta.

Bar do Wili no dia do UFC Rio

Sunday, January 1, 2012

Nas ruas

Contrariando o post anterior, enjoei de ficar em casa após um longo expediente de home office e a virada de ano sozinho, então resolvi sair um pouco apenas para dar uma volta, respirar um pouco e espairecer. Por volta de 00:30 desci à portaria e, sob uma fina garoa e um pouco de névoa dos fogos, tome a Júlio de Mesquita. Subi a Silva Telles com a intenção de ir à região dos bares para achar algum movimento e algum bar aberto, mas no caminho fui interrompido por um homem que pediu um dinheiro para comprar pinga. Pela honestidade e pelo inusitado do encontro, dei todas as moedas que tinha na carteira. Logo em seguida minha irmã me ligou para nos encontrarmos e fui com ela até sua igreja, quase como no ano passado, mas hoje peguei apenas o fim da festa.

Hoje de manhã acordei cedo para ir à casa da minha família e almoçarmos juntos. As ruas desertas, a garoa que ainda persistia em molhar Campinas e todo o comércio fechado davam uma sensação de estar em Silent Hill, apenas com a troca de aberrações medonhas por agentes de trânsito. Após andar por um trecho da Norte-Sul e subir pela ponte próxima ao balão do Galassi, reparei no contraste entre a concentração dos prédios do Cambuí e do Centro mais afastados e o casebre com um galinheiro e outros bichos logo abaixo do local onde eu estava. Assim que puder capturar uma boa imagem, publico-a no blog.

Após o almoço, retornei ao apartamento e saí para mais uma volta, desta vez mais breve, pelo Centro da cidade. Fui até o fim da Júlio de Mesquita, caminhei pela Moraes Salles, entrei na José Paulino e, ao descer até a Glicério pela Ferreira Penteado um rastro de vômito, excrementos e restos de comida me levou a um bando de uns dez mendigos na entrada do Poupatempo. Ouvi que os moradores de rua haviam até sido expulsos de Campinas para cidades vizinhas em ônibus da prefeitura e realmente era difícil encontrar algum pedinte pelas ruas da cidade, mas enquanto escrevo isso lembro do boato de que algumas destas pessoas foram assassinadas em ocasiões diferentes a marretadas por algum serial killer (dá para usar esse termo aqui?), então acho que isso justifica o tamanho do grupo - e, infelizmente, agora suspeito que os boatos sobre o assassino sejam reais.

Passei por eles, cruzei a Glicério e continuei pela Ferreira Penteado. Perto da Irmã Serafina vi um homem baixinho de longe e, mal acreditei era o mesmo rapaz da noite anterior:
- Amigo, tem algum trocado pra eu comprar uma pinga?
- Acho que você me pediu isso nessa noite, lá no Cambuí!
- Deve ter sido! Eu tento me livrar dessa merda, mas não é fácil.... eu não uso droga, olha - ele diz, enquanto mostra os braços e as mãos com os olhos marejados.
- Tá tudo bem, fica tranquilo, toma aí - eu disse e entreguei um real.
- Obrigado, eu juro que isso não vai durar muito!
- Não esquenta não, cara.
Ele saiu em direção à Glicério e continuei pela Ferreira Penteado, desta vez sem mais nenhuma aleatoriedade no caminho até o apartamento.

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