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Saturday, March 17, 2012

Dérbi, dérbinho e cada vez menor

Nesta semana dois "dérbinhos" foram realizadas em Campinas e a Macaquinha venceu ambas as disputas realizadas no Brinco de Ouro, com vitórias por 2 a 1 no infantil e também no sub-17 em jogos válidos pela décima edição da Ouro. As partidas entre as categorias de base de Ponte Preta e Guarani, no entanto, não é exatamente o assunto do post. O que me motivou a escrever foi o torcedor Anderson Ferreira, hospitalizado pouco depois de confrontos entre grupos de torcedores rivais com traumatismo craniano e traumatismo toráxico bilateral e em coma induzido enquanto escrevo estas linhas.

Mesmo com as medidas preventivas como definição do horário de início das partidas para uma tarde de quinta-feira e todo o policiamento envolvido com viaturas, cavalaria e vários homens da Polícia Militar, ainda assim grupos de torcedores se enfrentaram mais tarde e o torcedor bugrino foi atingido por uma pedrada em frente ao estádio de seu time. Surgem então alguns questionamentos, principalmente em relação à data em que se disputaram esses "dérbinhos", cerca de dez dias antes do clássico dos profissionais. Como já é sabido por quem acompanha pelo menos um pouco o esporte, jogos de pouco apelo como showbol, futebol de salão e de categorias de base entre clubes rivais são até mais propícios a confrontos por terem menores contingentes policiais e atrairem majoritariamente o público de "pista". 

Considerando-se isso, é insensato marcar ou manter agendado um jogo de alto risco de incidentes para servir de preliminar para o evento principal, o dérbi de 24 de março válido pelo Paulistão. O acontecimento que envolveu Anderson Ferreira, mais do que uma agressão, é um novo fator de tensão da semana do clássico: a já explosiva inimizade entre dois clubes que raramente disputam mais do que a soberania municipal recebe agora um novo elemento com a expectativa de novos encontros, mais brigas e vítimas - talvez em estado ainda mais grave.

Além desse histórico recente, há os episódios do último dérbi disputado no Majestoso em que injustamente acusaram o locutor do estádio de incitar a torcida visitante. Apesar da depredação e do vandalismo começarem ainda no final do primeiro tempo, o funcionário do clube foi crucificado e perseguido enquanto a Ponte perdeu mandos de campo mesmo após ser prejudicada com a destruição de parte de seu patrimônio. Enfim, depois disso foi disputado um dérbi no Brinco com disponibilidade de apenas cinco por cento de ingressos para a macacada e agora a proporção de entradas disponíveis para bugrinos no Majestoso no próximo clássico será a mesma. Some-se à rigidez da PM após o último clássico no Moisés Lucarelli a chance de conflito desta semana em que entramos, principalmente agora que houve o aditivo da agressão de Anderson Ferreira e qualquer fagulha pode se tornar uma chuva de napalm sobre a cidade com a repercussão que tanto temo: o clássico com torcida única.

Último dérbi do Majestoso. Depois disso, perda de cinco mandos de campo para Ponte e GFC
Mas que tudo isso seja apenas paranoia minha de ver teorias de conspiração por trás de pequenos episódios do futebol,  não quero acreditar que o rapaz que citei tenha sido apenas uma ferramenta para acabar com uma das melhores disputas de arquibancada do Brasil ou gerar um efeito dominó que crie um estatuto do torcedor severo e autoritário visando a Copa de 2014.

Sunday, March 4, 2012

Um breve guia de turismo esportivo

Após algumas viagens feitas para assistir partidas de futebol em outras cidades e pela experiência acumulada no Majestoso, pensei em rabiscar algumas orientações básicas para quem quer viajar e ver jogos. Tudo isso que escreverei parece bem óbvio, mas nem sempre é fácil lembrar de alguns detalhes - e eu mesmo ainda consigo cometer uns e outros deslizes, apesar de deixar recomendações para os outros. Com o tempo vou aprender mais e mais macetes, mas pelo menos os marinheiros de primeira viagem que chegarem aqui através do Google já vão ter alguma base para suas viagens.

Escolha de partidas
Caso simpatize com algum time, tente assistir alguma partida sua como mandante para que seja mais fácil comprar ingressos. Porém, caso ela vá jogar de visitante na cidade pela qual você passará (algo possível em cidades com concentração alta de clubes, como Buenos Aires e Londres), esta é uma boa oportunidade para ver a torcida deste time como visitante - geralmente estes torcedores fazem uma festa melhor, porém deixa-se de conhecer o estádio desta equipe. Clássicos serão discutidos abaixo.

Hospedagem
O ideal é ficar num ponto acessível ao estádio, se possível, numa distância que permita voltar a pé quando encerrados os noventa minutos de jogo - assim não há problemas com engarrafamentos e ônibus/metrô lotados. Se for mais de um jogo, tente ficar num local estratégico, mais ou menos entre os dois ou mais campos. Antes da hospedagem, inclusive, é bom conversar com funcionários do hotel ou albergue para descobrir se eles conseguem a compra de ingressos - uma facilidade em viagens curtas e/ou em que o estádio a ser conhecido tenha capacidade limitada. Caso queira fazer tours, ver museus ou até assistir à partida com uma excursão, consulte a equipe do estabelecimento pois há a possibilidade de que eles façam esses serviços.

Ingressos
Caso não tenha recorrido aos funcionários do hotel, tente ir ao estádio um dia antes da partida para conhecer o caminho até lá, conferir o espaço e visitar o museu (se houver). Além disso, quem é sócio de seu clube pode perder o hábito de comprar entradas na bilheteria, assim pode encontrar uma fila gigantesca ou até ficar sem meio de entrar em partidas de grande público.

Assim não, poxa
É importante também conferir o setor que será ocupado no estádio: se o turista pretende ver a partida, fotografar o estádio e os grupos locais, é melhor ficar em uma das laterais do campo. Se quer economizar ou ficar no meio da organizada/barra/grupo ultra local, então é melhor procurar um ingresso da cabeceira da torcida local - geralmente os grupos que mais animam o estádio ocupam esse setor.

No estádio
Alguns cuidados para o dia do jogo: chegar com antecedência para ter certeza de não perder o início da partida e, talvez, até assistir a entrada de algum grupo. Alguns cuidados prévios são recomendados: lembrar de não vestir cores do rival ou do adversário do dia. Por exemplo: se o Coritiba enfrenta o Grêmio no Couto Pereira, não vá usar vermelho por esta ser a cor do Atlético Paranaense. Então o mais fácil é simplesmente usar algo da cor da torcida cujo setor será ocupado - ou, se quiser, compre algum artigo do time abaixo.

Na Arena da Baixada respeita-se o local marcado no ingresso. Não sei de outro estádio do Brasil que siga isso por enquanto, mas creio que seja algo corriqueiro nos estádios europeus mais modernos - pelo menos nos setores com cadeiras. De qualquer forma, é bom se informar a respeito disso em caso de desconfiança de bom comportamento da torcida local.

Sobre dinheiro, prefira andar com notas pequenas e dinheiro trocado. Em caso de uso de transporte público, isso facilita muito - assim como na compra de bebidas e comidas dentro ou nos arredores do estádio. Além disso, se quiser se misturar com a torcida local, fique atento aos vendedores ambulantes que trabalham perto do campo. Sempre há alguém vendendo algum boné, camiseta ou até camisa de jogo falsificada - mais um motivo para andar com dinheiro vivo.

Clássicos
Clássicos são mais complicados devido à grande procura por ingressos. Há também a questão do risco de incidentes e brigas, mas isto não se restringe a partidas que envolvem rivalidade - assistir um Cruzeiro x Flamengo, por exemplo, é um jogo que apresenta certo risco apesar de serem clubes geograficamente isolados. As soluções para estes dois problemas são cautela com a compra do ingresso e cuidado na hora de andar nas redondezas do estádio: tentar andar com a torcida, evitar pontos isolados e dar preferência a avenidas/vias mais movimentadas.

Aleatoriedades
- É interessante provar comidas diferentes nos estádios, como o tradicional (porém cada vez menor) tropeiro do Mineirão, o caldo de cana do Majestoso, o clandestino lanche de pernil do Morumbi ou beber um copo de café dos estádios gaúchos - achei inusitado isso, apesar de beber muito café - e outros lanches incomuns. Só não vale se empolgar e estragar a viagem - como meu fígado é uma piada, aprendi com muitas ressacas, enjoos e dores de cabeça que alguns limites foram feitos para serem respeitados.

Lanche de pernil, hoje só no mercado negro do Morumbi
- Não economize com a máquina fotográfica. Comprei uma máquina porcaria pensando em evitar prejuízo em caso de estrago causado pela chuva, por um possível esbarrão ou até por um roubo, mas nada disso jamais aconteceu. O que aconteceu, no entanto, foi a perda de todas as fotos que tirei no estádio do River Plate quando o aparelho travou e queimou o cartão de memória. Basta um bom planejamento para fugir da época de chuvas e, como falei acima, evitar pontos em que há pouco movimento e pode-se fotografar bem e em segurança.

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