Neste domingo, 26 de junho, completa-se um mês do dia em que
adotei Bubba. Algumas pessoas mais próximas sabiam com muita antecedência de
minha intenção de trazer um bichano para minha casa. No entanto, o plano demorou
a sair do papel devido a alguns obstáculos como meu receio de dividir com um
gato um apartamento pequeno e minha alergia, da qual eu era vítima constante quando
vivia com os gatos que hoje estão com meu pai e minha irmã. A vida, felizmente,
se incumbiu de aprontar alguns desencontros que levaram ao encontro com o
pretinho que dorme no meu colo enquanto escrevo esse post.
Como mencionado acima, passei a sofrer com alergia a pelos
de gatos na adolescência. Durante minha vida toda tive gatos em casa, mas só mais tarde
passei a sofrer crises de espirros e coceira na garganta devido à presença
deles. Passei a andar sempre por aí com uma cartela de antialérgicos na mochila
(inclusive recomendo o Histamin) porque eu não fazia questão alguma de evitar a
convivência com os gatos de minha família e de amigos.
Além disso, houve em abril a especulação de que eu
participaria de um rodízio de home office
devido à “superlotação” do meu time, que possui quase 30 integrantes e apenas
24 lugares disponíveis. Assim que soube disso, avisei à minha irmã e à minha
amiga Lê Moyses que daria um jeito de adotar uma gatinha preta caso realmente
precisasse trabalhar de casa por 2 ou 3 dias da semana, toda semana. Trabalhar de
casa desta forma pode parecer agradável (e realmente gosto de trabalhar de minha casa, desde que em doses homeopáticas), porém não é quando se vive sozinho num apartamento
de poucos metros quadrados.
O primeiro encontro |
Enfim, anunciei-lhes minha intenção e as duas prontamente
começaram a conspirar para que eu adotasse a tal gatinha preta. Assim correram
algumas semanas, até que na noite de 25 de maio, véspera do feriado de Corpus
Christi, meu celular começou a apitar com mensagens da Lê. Um gatinho preto, lindo e dócil havia pulado em seu colo quando ela estava num bar do centro de
Campinas, numa mesa de calçada. Recebi mensagens, fotos, uma ligação dizendo
que eu TINHA de adotar aquele gato. Respondi que eu pensaria a respeito e daria uma resposta até o dia seguinte. Consegui resistir aos encantos do bichinho por pouco mais de uma hora, se me lembro bem. Fazia frio naquela noite e em meu feed do
Instagram apareceu uma foto de campanha de adoção, com a imagem dum gato de rua
todo judiado. Sinal? Coincidência? Destino? Não sei, mas sei que foi um belo empurrão
para que eu o aceitasse e fosse buscá-lo na tarde seguinte, durante o feriado. Claro que ele não seria devolvido às ruas pela amiga da Lê, sua anfitriã temporária, mas quem eu achava que ainda enganava àquela altura?
Agora, uma observação sobre o nome do gato. Não deu tempo de
planejar nada, inclusive ele chegou aqui sem as telas na janela, mal havia ração
e nem um nome havia sido pensado. O primeiro nome que me ocorreu foi Bubba,
nome do fiel amigo de Forrest Gump. Reconheço que não é o nome mais fácil e que
sobrestimei a popularidade deste clássico do cinema, mas acho que, no fundo,
tanto faz como chamamos um gato porque normalmente ele não está nem aí para
nada mesmo. E assim vamos interagindo com ele, aqui como “Bubba”, ali como “Búba”,
quase sempre como “DESCEDAÍ!”.
Forrest, Bubba, Liutenant Dan |
Em recuperação, mas sem perder o bom humor |
Apenas uma nota negativa: assim que Bubba foi recebido, era
possível sentir um carocinho em seu peito. Em sua primeira consulta a veterinária
disse que deveríamos observar aquele montinho sob os pelos no decorrer das semanas
para decidir o que fazer, mas em cinco dias ele cresceu e se rompeu,
revelando que era um abscesso (uma bolha de pus). Medicado com antibióticos, Merthiolate
e Rifamicina durante duas semanas, agora ele já está plenamente recuperado. Graças
a um exame de raio x constatamos que havia uma vértebra fora do lugar em seu
esterno, bem próximo ao local do abscesso, o que leva à suspeita de que os dois
estão relacionados e talvez tenham sido causados por um chute. Cito a camiseta
do (ex-)jogador Adriano e espero “que Deus perdoe essas pessoas ruins”, porque
meus votos são de que o hipotético autor do chute sofra um belo prolapso retal.
Apesar da vértebra deslocada, o Bubba está muito bem. Brinca
bastante, não tem problemas respiratórios, é muito ativo e continua muito afetuoso. Em apenas um mês mudamos um
a vida do outro consideravelmente: apesar de às vezes ter algumas atitudes caóticas,
ele ainda me alegra muito e já lamento demais não ter adotado antes – embora,
caso já tivesse adotado outro gato, não o teria por aqui hoje. Felizmente não
tenho sofrido com a alergia, talvez devido à redução da quantidade de laticíniosque consumo ou à limpeza dos seios faciais com soro fisiológico. Quanto ao
pequeno, aquele gatinho que chegou aqui apático já cresceu, ganhando peso e
disposição. Acho que não é exagerado dizer que ele provavelmente nem estaria
vivo caso estivesse solto pelas ruas com uma ferida aberta no peito e exposto à
frente fria violenta e às tempestades que atingiram Campinas no último mês. Sou
muito, muito grato a todos que colaboraram neste estágio de adaptação. E caso
alguém indeciso tenha chegado a esse post pesquisando sobre adoção, recomendo
veementemente acolher um bichinho porque todos saem ganhando – claro, desde que
as circunstâncias sejam favoráveis, já que bicho não é brinquedo nem decoração.